26 de mar. de 2017

MASSIVE FIRE - Atomic Fusion (álbum)


2017
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0


Tracklist:

1. Chapter II
2. The Gates
3. Atomic Fusion
4. The Land
5. Two Paths
6. The Remgore
7. Thy Wish
8. Until We All Die Free
9. Limitless
10. Times Ago


Banda:


Pedro Soriano - Vocais, guitarras
Lulu Ribeiro - Baixo 
Thomás Martin - Bateria 


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Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Rio de Janeiro, apesar de seus problemas de cenário, possui uma fertilidade enorme em termos de Metal e Rock. Algumas em vertentes mais pesadas e agressivas, como é a tradição do estado desde os tempos do DORSAL ATLÂNTICA deixando os fãs de Metal extremo com os ouvidos apitando. Mas existem bandas de linhas mais melodiosas interessantes na história do Metal carioca, como AZUL LIMÃO, METALMORPHOSE e tantos outros. E para se juntar ao time das bandas de trabalhos mais melódicos, temos o MASSIVE FIRE, um trio bem jovem e que acaba de lançar seu segundo trabalho, o álbum “Atomic Fusion”.

Óbvio que o grupo usa de momentos mais pesados e agressivos, mas no geral, a banda possui um enfoque melodioso e moderno, com influências como JUDAS PRIEST, IRON MAIDEN, METALLICA e mesmo algum odor de bandas mais jovens e acessíveis de Rock ‘n’ Roll. Mas isso não desqualifica o trio, muito pelo contrário: é justamente esta fusão de melodias, groove e peso que pedia um representante em terras cariocas. Pedia, pois essa necessidade está satisfeita.

“Atomic Fusion” foi pré-produzido por Renato Tribuzy, e a produção do CD é de Celo Oliveira. O resultado é uma sonoridade clara e bem limpa, mas deixando que a banda soe com peso e melodia nas mesmas proporções, além de bons timbres em cada instrumento. E justamente esse aspecto faz com que a banda soa acessível para uma plateia não tão exigente em termos musicais. E a arte da capa é ótima, um desenho bem feito que mostra a cidade do Rio de Janeiro, mas sob uma ótima bem humorada e irônica.

Com muita adrenalina e uma sonoridade mais simples, o MASSIVE FIRE consegue um resultado ótimo no disco, soando moderno, melodioso e mesmo acessível. Mas isso justamente se dá porque a banda não rebusca a técnica musical, se preocupando em como cada canção soará por si mesma. E assim, “Atomic Fusion” soa muito bem aos ouvidos e é uma opção para quando não queremos ouvir algo agressivo demais.

A rigor, o disco possui 9 canções (já que “Chapter II” serve como introdução do disco), e destacam-se as seguintes: a sinuosa e acessível “The Gates” (que até possui momentos mais agressivos, mas no geral, as melodias são de assimilação fácil, e é um dos hits do CD, e temos um trabalho ótimo de bateria), a igualmente acessível e deliciosamente mais Rocker “Atomic Fusion”, o charme melodioso e sedutor de “The Land” (música do vídeo de divulgação, mostrando um trabalho simples e muito bom das guitarras), a agressividade mais direta de “Two Paths”, o toque Hard’n’Heavy de “The Remgore” (onde o baixo mostra um trabalho forte e preciso), os ritmos um pouquinho mais complexos em “Thy Wish”, o contraste entre partes mais introspectivas e outras mais agitadas mostrado em “Until We All Die Free” (essa um pouco mais acessível) e “Times Ago” (e essa mais pesada).

No geral, o MASSIVE FIRE é uma boa banda, uma ótima revelação, e “Atomic Fusion” é um disco e tanto.

BLACKDOME – The Chaos Suite (álbum)


2017
Nacional

Nota: 8,5/10,0


Tracklist:

1. Blinded Nation
2. The Chaos Suite
3. Haters
4. Surrogates
5. In My Mind
6. Sandstorm
7. Do You Believe
8. Madman’s Lie
9. Born With Me
10. Reality


Banda:


Cleiton Rodrigues - Vocais
Felipe Colenci - Guitarras
Fábio De Borthole - Baixo
Zico Teixeira - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Cada vez mais, as jovens gerações de bandas descobrem como fazer o chamado Metal tradicional moderno, ou seja, o bom e velho Metal tradicional com uma pegada mais moderna e com arranjos atuais, o que permite que o gênero continue vivo e forte. E o grupo paulista BLACKDOME mostra que sabe o que quer de sua música em “The Chaos Suite”, seu disco de estréia.

Pesado e moderno, mais ainda assim com lindas melodias e um trabalho instrumental bem feito, a banda não foca suas energias em algo técnico, mas em uma forma sólida onde todos os integrantes possam aparecer de forma igualitária, soando como uma unidade. Embora outras bandas já tenham feito abordagens bem semelhantes, o quarteto se sai muito bem e se mostra cheio de personalidade. Além disso, as melodias da banda são de primeira qualidade.

Gravado no estúdio Music House, com produção, mixagem e masterização feitos por Felipe Colenci, a sonoridade de “The Chaos Suite” é boa, embora não seja perfeita. Cada um dos instrumentos musicais e dos arranjos pode ser ouvido sem problemas, com bons timbres instrumentais. Além disso, o peso e agressividade estão evidenciados. E o trabalho gráfico de Carlos Fides e Rodrigo Bueno ficou ótimo.

A maturidade musical da banda transpira em cada uma de suas canções, ricas em linhas melódicas de bom gosto e arranjos dinâmicos entre cada um dos instrumentos. E a banda mostra-se promissora.

Das dez faixas do CD, destacam-se as seguintes: a pesada e rápida “Blinded Nation”, onde se percebe um trabalho muito bom das guitarras, com riffs fortes e pesados; a bem variada e trabalhada “The Chaos Suite”, com doses enormes de melodia e um trabalho ótimo dos vocais; a não tão veloz e atual “Haters”, onde o virtuosismo de baixo e bateria são evidentes; a grudenta e mais acessível “Surrogates”; a intimista e soturna “Sandstorm”; a linda e melodiosa “Do You Believe?”, que tem a participação especial de Marilia Violino e Hugo Rafael; a pesada e com ótimo alinhavo agressivo “Born With Me”; além da ótima “Reality”.

Um disco de estréia de primeira, logo, podemos esperar muito do grupo no futuro!


KOSMUS – Kosmus (álbum)


2017
Nacional

Nota: 7,5/10,0


Tracklist:

1. Intro
2. Nightfall
3. Chaos Surrounding My Soul
4. Kosmus
5. Final Destination
6. Cor


Banda:


Pedro Acker - Vocais, guitarra
Sebastian Viret - Guitarra
Daniel Ohnesorge - Baixo
Felipe Novellino - Teclados 
Guilherme Giglio - Flauta, saxofone
Leonardo Santiago - Bateria 


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Rock Progressivo e suas vertentes foram estilos de sucesso nos anos 70, época em que gigantes como JETHRO TULL, YES, PINK FLOYD e outros encontraram sua maior prevalência. Dos anos 80 para cá, o estilo ficou sumido, e por este motivo, são raros os nomes jovens que estão lançando discos. Mas é muito bom poder conhecer o trabalho do grupo carioca KOSMUS, que nos chega por meio de seu primeiro trabalho, o álbum “Kosmus”.

A banda investe em uma forma de música que, na maior parte do tempo, é mais intimista e melodiosa do gênero, com toques de Jazz e Fusion, com um bom nível técnico e muitas viagens progressivas virtuosas. Mas ao mesmo tempo, há claros elementos de Prog Metal aqui e ali, e mesmo alguns vocais com tons mais agressivos (sim, referências claras a influência do Metal extremo) e riffs de guitarra com timbres abrasivos, o que permite que o estilo do sexteto seja bem atual, longe de soar datado. E o melhor de tudo, único.

Produzido, mixado e masterizado pelo vocalista/guitarrista Pedro Acker, o disco poderia ter uma sonoridade melhor, já que o nível de crueza está um pouco além do que a música do grupo precisa. Óbvio que está claro e compreensível, mas poderia ser melhor. Mas mesmo assim, é suficiente para percebermos que o trabalho deles é muito bom.

O grupo, nessa característica híbrida que ostenta, eles sabem criar bons arranjos e momentos grandiosos, além de nos seduzir com melodias muito bem pensadas. A técnica instrumental individual de cada um dos integrantes flui de forma espontânea, sem ser uma aula de autoindulgência que só entediaria os ouvintes. 

Em “Nightfall”, a banda mostra uma canção híbrida entre o intimismo jazzista, o virtuosismo do Progressivo e elementos do Metal e alguns vocais urrados, mas sempre sendo consensual e inteligível, com belo trabalho dos vocais e dos teclados. Na longa “Chaos Surrounding My Soul”, onde se destacam saxofones e o trabalho técnico e consistente da base rítmica, mas mesmo assim, se preparem para momentos pesados e com vocais extremos. Em “Kosmus”, uma instrumental bem interessante e intimista, com um trabalho belíssimo das guitarras. “Final Destination” já se mostra mais voltada ao Prog Metal, com bastante peso nas bases de guitarra com tons abrasivos modernos, mas com sutis partes de teclados muito bem encaixadas. E em “Cor”, temos a volta das partes mais calmas típicas de locais mais intimistas, e que belíssimos arranjos de teclados, baixo e saxofones.

Eles são talentosos e sabem o que querem de sua música. Mas uma produção mais esmerada os ajudará a chegar ainda mais longe.

TEARS ÖF RAGE – Tears öf Rage (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 7,5/10,0


Tracklist:

1. Walk in the Valley of the Shadows of Death
2. Devil’s Child
3. Tears of Rage
4. Vengeance
5. Across the Bridge
6. Eternal Torment
7. Collapses in Paradise
8. Curse of Eternity


Banda:


Cleber Reis - Vocais, guitarras
Luan Mussoi - Guitarras
Cristian Porto - Baixo
Guilherme Adamatti - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Atualmente, o Metal é um estilo essencialmente underground. Mais de 90% das bandas existentes está ou em selos pequenos ou soltam seus trabalhos de forma independente, usando a raça e a vontade como matizes ara sua música. E esse é o caso do quarteto TEARS ÖF RAGE, de Caxias do Sul (RS), que nos chega por meio de seu primeiro trabalho, que leva o nome do grupo.

Usando de uma fórmula que é 80% baseada no Metal tradicional (tanto da escola inglesa como da germânica), mais 20% de Thrash Metal (devido a alguns arranjos das guitarras e alguns vocais), o grupo se sai bem. O grupo mostra personalidade em seu trabalho, e embora ainda seja uma banda jovem (e que precisa de alguns pequenos ajustes), o que lhes falta de maior experiência, lhes sobra de energia e força de vontade, tornando a audição de “Tears öf Rage” algo agradável.

O calcanhar de Aquiles do disco, como em grande parte das produções nacionais do gênero, está justamente na qualidade sonora. Embora muito boa, soa crua além do necessário para o estilo sonoro deles. Óbvio que está muito longe de ser algo ruim ou mesmo de difícil compreensão, mas poderia ter sido algo um pouco mais burilado, mais limpo. E no que tange a arte visual, a arte usa dos bons e velhos clichês já conhecidos, mas continuam tão funcionais como sempre foram.

Nos cinco anos de existência que separam a fundação do grupo e o lançamento do CD, percebe-se que os caras trabalharam muito duro, montando composições com boas linhas melódicas e personalidade. Aqui, a energia da banda mostra-se deliciosamente sedutora, com arranjos de fácil assimilação, belas guitarras e tudo nos conformes.

Melhores momentos do CD: o trabalho ótimo de baixo e bateria que a banda mostra na dinâmica “Walk in the Valley of the Shadows of Death” (reparem como usam de momentos não muito usuais ao estilo em muitas partes); a agressividade densa de “Devil’s Child” (assentada sob um andamento típico do Metal tradicional, mas onde as guitarras fazem a diferença); e pegada mais pesada e direta de “Tears of Rage”; o andamento grudento em “Vengeance” (a cabeça balança sozinha, de tão envolvente que a canção é); a força rítmica de “Collapses in Paradise” e suas mudanças de tempo; e aquela dose de maior acessibilidade musical que se tem em “Curse of Eternity” (um refrão muito bom, além de vocais com bons timbres).

Uma produção um pouco melhor e alguns shows a mais ajudarão a banda a chegar ao ponto dos ótimos nomes da cena nacional. Mas por agora, “Tears öf Rage” é um disco muito bom.

APOTEOM – Paper God (album)


2017
Nacional

Nota: 9,0/10,0


Tracklist:

1. The Power Rises
2. Power of Game
3. Collapse
4. Paper God
5. Bring Me Something New
6. Two Wolves
7. Invisible Dictatorship
8. Rise Again
9. Conformity
10. My Sanity Remains
11. Alienation


Banda:


Pedro Ferreira - Vocais, guitarras
André Licht - Guitarra solo
Mauricio Tôrres - Baixo
Pablo Castro - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Rio Grande do Sul é um estado com longa tradição em termos de Rock ‘n’ Roll e Heavy Metal, verdade seja dita. O número de bandas de alto nível vindo dessa região dos Pampas é algo muito interessante de ser pensado e mesmo estudado (o livro “Tá no Sangue” é uma ótima opção para se conhecer a história detalhada da cena gaúcha). E honrando a história do cenário gaúcho do Metal, vem o quarteto APOTEOM, e Santa Maria, que chega pondo a casa abaixo com “Paper God”.

Se a banda já havia feito um bom trabalho em “Alienation”, em “Paper God” eles evoluíram bastante como música, pois conseguiram casar perfeitamente a força do Thrash Metal melódico e cheio de groove que eles fazem com um melhor acabamento em termos de composição. Ou seja, há um maior equilíbrio entre todos os lados da personalidade musical do grupo. 

Simplificando: musicalmente, o quarteto amadureceu.

O grupo teve uma produção musical razoável, em um trabalho esforçado do produtor Léo Mayer, que também fez a engenharia de som, a mixagem e masterização. Mas poderia ser melhor, porque ainda está crua além do ponto que eles precisam. Não está ruim, longe disso, apenas poderia ser melhor, com uma sonoridade um pouco mais definida. Já o lado visual é claro: a capa ficou muito boa, deixando óbvio o que a banda trata em suas letras azedas.

Como dito acima, o APOTEOM evoluiu bastante musicalmente, se tornando mais coeso e pesado, com arranjos bem feitos e boas linhas melodiosas. Os timbres instrumentais ajudam bastante no aspecto de coesão, e mostram que temos uma banda bem raivosa e cheia de energia em mãos. E ainda temos as participações especiais de Bruno Vaz nos vocais em “Alienation”, Edilberto Bérgamo na cordeona em “Rise Again”, e Léo Mayer nos overdubs em “The Power Rises”, “Paper God”, “Rise Again”, e “My Sanity Remains”.

O disco tem 10 faixas ótimas (já que “The Power Rises” é uma introdução), sendo as melhores: o ótimo trabalho técnico agressivo de “Power of Game”, onde a força e melodia das guitarras dominam nessa velocidade Thrasher de primeira; a intensa e cheia de tempos complexos “Collapse”; a força mais simples e cheia de impacto de “Paper God” (ótimo trabalho dos vocais, pois essa linha mais melodiosa não é tão simples assim de ser feita); a cadência pesada e envolvente de “Two Wolves”; as melodias bem feitas e envolventes de “Rise Again” (foram um bom trabalho de baixo e bateria estar presente nessa canção); e a mistura entre momentos Thrashers com alguns toques de Groove em “My Sanity Remains”. Além delas, ainda temos um “remake” para a faixa “Alienation”, do disco anterior, que nos permite perceber como a banda evoluiu, mas mantendo suas características musicas.

Um disco ótimo, sem sombra de dúvidas.

MACABRE AGONY – Dry Mankind (álbum – relançamento)


2017
Selo: Eternal Hatred Records
Nacional


Tracklist:

1. Apocalypse Now
2. Sarcastic Marvel
3. Macabre Agony
4. Essential
5. Aborting the Beast
6. Vox Clamantis
7. Evil’s Poetic


Banda:


Felipe Mras - Vocais, guitarras
William Ferreira - Baixo
Yudi Fernandez - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Algumas vezes, pensamos na dificuldade de encontrar CDs nas lojas. Isso se dá devido à pouca demanda do púbico, cada vez mais dado a downloads ilegais, mas existem os fãs que preferem o material físico, e com isso, oxigenam a combalida indústria musical. E muitas vezes, existem aqueles discos que parecem que vieram ao mundo muito antes de seu tempo, que seriam mais bem aceitos em outros tempos. E é o caso de “Dry Mankind”, do trio MACABRE AGONY, de São Paulo.

O trio está retornando a atividades, e o relançamento de “Dry Mankind” mostra uma banda com uma pegada “old school”, mas que ao mesmo tempo, possui um trabalho um pouco mais avançado, já que o Death Metal do grupo é bruto e muito agressivo, mas mesmo assim não se furta a usar arranjos musicais um pouco mais polidos ou mesmo algumas passagens com teclados, como se ouve claramente alguns momentos. E soa tão atual hoje, mas na época de seu lançamento original (2001) deve ter deixado muitos fãs de boca aberta.

Gravado no Mr.Som Studios, tendo produção, mixagem e masterização de Marcelo Pompeu e Heros Trench, a sonoridade do disco é brutal, crua e opressiva, mas feita com um bom nível de clareza, para se entender o que o grupo está tocando. Os timbres são bem agressivos, mas bem gravados. E a arte nova do CD é do guitarrista/vocalista Felipe Mras, simples e direta.

Arranjos brutais e opressivos, velocidade quase sempre mediana ou lenta, o MACABRE AGONY transita em uma forma musical diferente do que costumamos ouvir, inclusive com um trabalho instrumento diferente (percebam como o baixo é técnico em muitas partes, fugindo da simples marcação de ritmo).

No mais, “Sarcastic Marvel”, “Macabre Agony”, “Aborting the Beast” e “Evil’s Poetic” são mostras de uma banda de talento e que tem muito a oferecer. Mas como “Dry Makind” já é um disco bem velhinho e eles retomaram a estrada, nada melhor que um lançamento novo, não acham?

No aguardo!

THE CROSS - The Cross (álbum)


2017
Nacional

Nota: 9,0/10,0


Tracklist:

1. Cold is the Night Beyond Death
2. The Final Nail in the Coffin
3. The Skull & the Cross
4. The Last Prayer
5. Resquiat in Pace
6. Garden of Silence
7. House of Suffering
8. Poe’s Silence


Banda:


Eduardo Slayer - Vocais
Felipe Sá - Guitarras
Paulo Monteiro - Guitarras
Mario Baqueiro - Baixo
Louis - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O que chamamos de Doom Metal é visto, na maioria das vezes, apenas como releituras do som que o BLACK SABBATH fazia em seus primeiros discos. Mas para os que sabem, é um estilo com características próprias, uma vez que bandas como THE OBSESSED, ST. VITUS, TROUBLE, WITCHFINDER GENERAL, CANDLEMASS e o PENTAGRAM ajudaram a conferir ao Doom Metal uma característica sonora bem própria, e as fronteiras foram expandidas nos anos 90, com nomes como MY DYING BRIDE, ANATHEMA e PARADISE LOST fundindo o gênero com Death Metal ou outras formas de expressão musical.

E o Brasil começa a dar frutos ótimos no gênero, uma vez que além do clássico IMAG MORTIS no RJ, ainda temos o FALLEN IDOL em SP, e o THE CROSS, um quinteto veterano de Salvador (BA), que nasceu em 1900, mas que começa a ter sequência e lançar seus discos agora. E agora, eles finalmente conseguem lançar seu primeiro álbum, chamado “The Cross”.

Podemos aferir que o THE CROSS mostra um DNA voltado a um meio termo entre o Doom Metal clássico e o Doom Death Metal de raiz, já que a banda prefere usar os tempos e arranjos do Doom Metal dos anos 80 com vocalizações agressivas, com timbres mais rasgados. E isso gera uma forma de música introspectiva, azeda e bem lenta, mas com um impacto forte, sem mencionar que esses sujeitos estão aqui para mostrar aos mais jovens algumas lições importantes sobre o gênero.

E é ótimo!

“The Cross” foi produzido, mixado e masterizado por Marcos Franco e Dan Loureiro, que preferiram uma sonoridade mais raiz e crua, sem muito embelezamento, para preservar o aspecto “old school” da banda. Mas isso não quer dizer que o CD é mal gravado ou que a sonoridade seja ruim, bem longe disso. É uma opção que o grupo tomou para que sua identidade sonora seja preservada. E você consegue ouvir bem os instrumentos musicais separadamente, bem como consegue compreender o que o grupo se propõe a fazer. E como eles são veteranos, e aparentemente nada afeitos à modernidade, a arte gráfica de Marcelo Almeida para a capa reflete justamente esse lado mais de raiz, mais soturno e opressivo, que se encaixa como uma luva no que o THE CROSS quer de sua música.

E é justamente sua música que nos seduz, com esses tempos cadenciados e forte azedume instrumental. É pesado e bruto, mas sempre com um requinte que vem da longa experiência do grupo. E mesmo quando apelam para canções longas (o que é uma característica do Doom Metal e suas vertentes), elas não se tornam enfadonhas de forma alguma.

O disco possui 8 canções fúnebres e soturnas, sendo os destaques as seguintes: o azedume pesado e intenso chamado “The Final Nail in the Coffin” (com um ótimo trabalho de guitarras e arranjos musicais mais simples, mas que tem uma vida toda própria), as fúnebres “The Skull & the Cross” (adornada com belíssimas melodias densas, que reforçam a atmosfera soturna da canção, onde temos mais uma vez ótimos riffs de guitarra, mas agora acompanhados de um trabalho vocal muito bom) e “The Last Prayer” (baixo e bateria mostram uma coesão pesada absurda aqui, fora boas mudanças de ritmo), a rançosa e opressiva “Resquiat in Pace” e suas passagens hipnóticas (com um jeito mais “sabbathíco” denso e deliciosamente pesado), e a fúnebre “Poe’s Silence”.

Um disco de primeira e inspirador, pelo qual os fãs esperaram mais de 20 anos. Mas valeu a pena!