7 de jan. de 2017

MORTAL STRIKE – For the Loud and the Aggressive (Álbum)


2014
Independente
Importado


Tracklist:

1. For the Loud and the Aggressive
2. Here Comes the Tank
3. Outburst of Fury
4. Against the Wall
5. MG 42
6. Smash the Tyrants – Storm the Gates
7. Strike
8. One Against All
9. The Tides of War Arise (Part 1)
10. Unleash the Hounds of War (Part 2)
11. Zombie Attack (Tankard Cover)


Banda:


Matthias – Vocais
Chrir – Guitarra base
Etzi – Guitarra solo
Dominique Heine – Baixo
Max Scheiber – Bateria


Contatos:



Nota:

Originalidade: 8
Composição: 9
Produção: 9

9/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Fazer Thrash Metal se tornou algo difícil nos dias de hoje, uma vez que os gigantes do estilo estão em boa forma. Mas isso não impede que algumas bandas mais jovens não ousem meter a mão em seus instrumentos e criar algo de valor. E verdade seja dita: quando falamos na Europa, nomes e mais nomes interessantes estão surgindo nos últimos 10-15 anos. E um excelente nome que ficou mio escondido pela avalanche dos últimos anos é do quinteto austríaco MORTAL STRIKE. E se preparem, pois o primeiro álbum deles, “For the Loud and the Agressive” é um tanque de guerra Thrasher atacando tudo e todos sem dó ou piedade de quem quer que seja!

O trabalho do quinteto é uma mistura dos melhores aspectos da escola norte-americana (as linhas melódicas, e os riffs marcantes e de impacto) e da alemã (vocais com timbres normais agressivos e uma cozinha rítmica de primeira). Mas é bom não ficarem pensando que eles são um clone, já que o MORTAL STRIKE faz uso de alguns elementos não muito convencionais ao Thrash Metal Old School (algumas conduções em blast beats, muitas mudanças de ritmo), o que lhes confere uma identidade bem própria, além de ser algo ganchudo, algo que gruda e não solta mais. É o disco que fica no aparelho de CD por dias, quase sempre repetindo sem dó, pois não é entediante em momento algum.

Norbert Leitner (guitarrista/vocalista do LORDS OF DECADENCE) é o produtor do disco. Assim, a qualidade de gravação é próxima daquilo que muitas bandas de Thrash Metal mais moderna estão usando, ou seja, algo seco e bem claro, a ponto de se compreender cada instrumento musical separadamente. Mas ao mesmo tempo, não falta aquele “punch”, aquele peso essencial e bruto. E a arte da capa é bem simples e funcional, o suficiente para manter a atenção do fã na música do grupo.

Vocais de primeira (que sabe usar muito bem uma diversidade interessante de timbres), uma ótima dupla de guitarras (riffs sólidos e solos muito bem feitos), baixo e bateria usando e abusando da técnica e pegada pesada, e tudo isso vibrando com vida e personalidade. É isso que o quinteto nos oferece, e esteja certos: é muito mais do que suficiente.

É bom se prepararem para essa blitzkrieg Thrasher que eles impõem o tempo todo. E mesmo sendo um disco de alto nível como um todo, podemos destacar como melhores momentos do CD a ótima “For the Loud and the Aggressive” (uma pegada intense, com um trabalho firme e de primeira das guitarras tanto nos riffs como nos solos), a opressividade dos tempos de “Here Comes the Tank” (é absurdo o nível de peso que os andamentos um pouco mais arrastados proporcionam, e se destacam baixo e bateria, especialmente em alguns blast beats bem localizados), o massacre veloz imposto por “Outburst of Fury” (os vocais estão de primeira, se encaixando muito bem e preenchendo bem os espaços) e “MG 42” (outra vez com alguns blast beats locais de primeira), a mais trampada e variada “Smash the Tyrants - Storm the Gates”, o ataque de riffs insanos proporcionado em “Strike”, alguns vocais guturais muito bem encaixados em “The Tides of War Arise (Part 1)” e em “Unleash the Hounds of War (Part 2)” (uma aula de interpretação dos vocais, além de baixo e bateria estarem muito bem mais uma vez). E ainda temos uma faixa bônus no cover de “Zombie Attack”, do TANKARD, que está arrasador e atualizado, sem destoar da versão original.

O disco é do final de 2014, logo, o MORTAL STRIKE deve estar quase lançando algo novo. 

Esperamos ansiosos!


SONATA ARCTICA – The Ninth Hour (Álbum)


2016
Nacional


Tracklist:

1. Closer to an Animal
2. Life
3. Fairytale
4. We Are What We Are
5. Till Death’s Done Us Apart
6. Among the Shooting Stars
7. Rise a Night
8. Fly, Navigate, Communicate
9. Candle Lawns
10. White Pearl, Black Oceans (Part II: By the Grace of the Ocean)
11. On the Faultline (Closure to an Animal)
12. Run to You (Bryan Adams cover)


Banda:


Tony Kakko - Vocais, teclados, programação
Elias Viljanen - Guitarras
Henrik Klingenberg - Teclados
Pasi Kauppinen - Baixo
Tommy Portimo - Bateria


Contatos:

Facebook (Sonata Arctica Brasil)


Nota:

Originalidade: 8
Composição: 10
Produção: 10

9/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Desde que o chamado Power Metal melódico ganhou o mundo na segunda metade dos anos 90, muitas bandas surgiram e deram segmento a longas carreiras, com oscilações de qualidade em seus discos. Mas isso é normal, já que quanto mais velha a banda, mais ela comete erros, mas apenas os mais preparados aprendem com eles e acumulam acertos. 

E um dos nomes que mais dividem opiniões é mesmo o do quinteto finlandês SONATA ARCTICA. Poucas vezes se viu uma banda tão amada e odiada em proporções tão próximas na história do Metal. E eles estão de volta com “The Ninth Hour”, seu mais recente trabalho, que ganhou versão nacional graças à dupla Shinigami Records e Nuclear Blast Brasil.

Mas o que os fãs podem esperar do disco?

Antes de tudo, é preciso dizer que fãs ocasionais de músicas como “Weballergy” ou “San Sebastian” e outras canções rápidas com dois bumbos galopantes o tempo todo irão se decepcionar (embora existam momentos à moda antiga), pois a banda não aposta mais em andamentos velozes constantes. Pelo contrário, os tempos estão mais amenos, e embora o peso costumeiro da banda esteja presente, eles preferiram algo mais econômico (embora com um nível técnico ótimo), chegando a ser bem acessível, com melodias simples de serem assimiladas (algumas beirando o Pop). Outra diferença clara é a maior presença das guitarras, uma vez que os teclados estão mais comportados (mas sempre presentes), e os vocais apostam em tons não tão altos como antes (algo mais simples de ser reproduzido ao vivo). 

No fundo, é o bom e velho estilo da banda, apenas de um ponto de vista diferente. E assim, eles mostram-se prontos para ir adiante.

A produção do disco está de alto nível, mostrando que o trabalho de Pasi Kauppinen (baixista da banda e que fez a mixagem) e de Svante Forsbäck (masterização) foi feito com esmero. A sonoridade está vibrante, limpa como deve ser, mas com os devidos toques de peso. Tudo está no devido lugar, soando com timbres muito bem escolhidos.

A arte da capa é linda, algo que o quinteto sempre apresentou. Janne “ToxicAngel” Pitkänen caprichou, e tudo isso em um belíssimo formato Digipack, e que a versão nacional reproduz fielmente.

Em “The Ninth Hour”, sem fazer muitos experimentos ou se aventurar por caminhos diferentes, o quinteto mostra amadurecimento musical e sobriedade, algo que lhes renderá mais tempo em atividade. Mas ao mesmo tempo, a estética do SONATA ARCTICA não é trivial, é madura e de bom gosto, além do capricho em termos de arranjos. O nível de composição realmente é alto, e melhora ainda mais com os convidados especiais Troy Donockley tocando flauta em “We Are What We Are”, aron Newport na parte narrada em “Closer to na Animal”, e Mikko P. Mustonen nas orquestrações em “White Pearl, Black Oceans (Part II: By the Grace of the Ocean)”.

O disco é bem homogêneo, mas não se pode deixar de citar a força acessível e envolvente de “Closer to an Animal” (ótimos arranjos nos vocais e backing vocals bem como dos teclados), a bela e cheia de lindos arranjos de teclados e guitarras “Life” (nela, se percebe uma acessibilidade enorme, especialmente no refrão), a bela balada “We Are What We Are”, a força macia e encorpada de “Till Death’s Done Us Apart” (baixo e bateria mostrando um trabalho de primeira no comando da base rítmica do grupo), a forte e mais rápida “Rise a Night” (aqui, alguns elementos da fase mais clássica da banda aparecem, como bumbos duplos rápidos e refrão recheado de backing vocals, mas sem exagerar nos tons altos de voz), e a longa e trabalhada “White Pearl, Black Oceans (Part II: By the Grace of the Ocean)” (que é cheia de orquestrações, mudanças de ritmo, indo do suave ao rápido sem nenhum problema). E para os fãs brasileiros, a dobradinha da Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil ainda os presenteia com um bônus: a versão da banda para “Run to You”, do cantor Pop Bryan Adams, que ganhou uma roupagem mais melodiosa e com boa dose de peso, embora respeite a versão original.

Em suma: quem ama, continuará amando; quem odeia vai continuar arrancando os cabelos do traseiro com os dentes. Mas não se pode negar que “The Ninth Hour” é um discão.


MICKEY JUNKIES - Since You’ve Been Gone (Álbum)


2016
Nacional


Tracklist:

1. Nothing to Say
2. Something About Destruction
3. Since You’ve Been Gone
4. Use Me (to Move On)
5. Stoned
6. Tryin’ to Resist
7. Sweet Flower
8. Big Bad Wolves
9. Alguma Coisa
10. A Tired Vampire


Banda:



Rodrigo Carneiro - Vocais
Érico Birds - Guitarras
André Satoshi – Baixo, violão
Ricardo Mix - Bateria, percussão


Contatos:



Nota:

Originalidade: 8
Composição: 9
Produção: 7

8/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Durante a primeira metade dos anos 90, o Rock Alternativo e o Grunge estavam em seu maior momento de sucesso nos EUA, onde ambos os gêneros haviam substituído o Glam Metal e derivados como estilo de sucesso nas rádios e TV. E isso teve reflexo no Brasil, já que por aqui, bandas como PIN UPS, PITBULLS ON CRACK, DE FALLA, MUZARELLAS, GANGRENA GASOSA, OKOTÔ, YO HO DELIC e tantos outros seguiam por esta veia, mas cada um com sua contribuição diferenciada. E desta época vem o quarteto MICKEY JUNKIES, de São Paulo, que lançou o primeiro disco, chamado “Stoned” em 1995, até que o estilo caiu no underground mais uma vez, e o grupo cessou atividades, voltando em 2007. E em 2016, eles lançaram seu segundo disco, a pedrada “Since You’ve Been Gone”, distribuído pela Shinigami Records.

O grupo faz um trabalho sonoro cheio de referências às sonoridades voltadas ao Rock’n’Roll psicodélico e denso do final dos anos 60 e início dos 70, mas com muito Groove e vibração vinda do Blues. Ou seja, sente-se algo que nos remete aos trabalhos de JIMI HENDRIX, BLUE CHEER e mesmo THE CREAM e BLACK SABBATH, mas sempre com uma dose enorme de personalidade. E sim, existe espaço para bandas com um trabalho tão bom assim nos dias de hoje.

Produzido e mixado por Michel Kuaker, a sonoridade do disco é crua e azeda, justamente referenciando o período áureo do Rock alternativo. Mas é esse despojo e sujeira que são essenciais ao trabalho do grupo. Sem isso, sua música soaria sem vida e artificial, e temos justamente o oposto. E a arte, um trabalho com fotos, ficou interessante, ainda mais usando o formato Digipack, que deu um toque de elegância ao lado gráfico.

Em termos de sonoridade, a espontaneidade é o ponto forte do MICKEY JUNKIES, que consegue fundir um vocal bem bluesy e cru com riffs psicodélicos pesados, baixo e bateria mostrando solidez na base e muita técnica, e tudo isso está coeso e inspirado, mostrando que o grupo usa desses aspectos para criar músicas de primeira. Embora o grupo se foque no inglês, existe um trecho em português em “Sweet Flower” e uma canção toda no idioma de nosso país, que é “Alguma Coisa”.

O CD possui dez faixas, todas muito boas, mas não destacar o peso e groove de “Nothing to Say”, a viagem lisérgica provocada pela sedutora “Something About Destruction” (uma aula do baixo em termos técnicos, e nisso, a bateria também mostra sua força e técnica), a totalmente hippie “Since You’ve Been Gone” e seus momentos mais pesados, a sabbathica e introspectiva “Stoned”, aquele Blues/Rock lento e melodioso em que as linhas vocais variam de timbre que encontramos na excelente “Sweet Flower” (como os vocais dão um show de interpretação) e na tribal e quase Pos Punk “Alguma Coisa”, e a beleza Folk Rock de “A Tired Vampire”. Mas isso sem desmerecer as outras canções, que são muito boas.

Ótimo retorno, e esperamos que a banda engrene e nos dê muitas alegrias ainda!