Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O Thrash Metal sempre teve muitos medalhões. Isso é ser repetitivo, já que o "Big Four" americano é bem conhecido de todos, assim como o chamado "Big Teutonic Four". A diferença está na nacionalidade, já que em termos de anos 80, o Thrash Metal era dividido em duas escolas: a Norte-Americana, onde melodia e técnica eram bem evidentes, e a Alemã, que preferia muito mais a força bruta em suas músicas, mas onde a técnica também esteve presente. Nomes não precisam ser ditos nesse sentido, mas a primeira banda alemã do gênero a ter estilo consolidado foi o trio DESTRUCTION, que desde sua estréia em disco sempre teve aquela pegada pesada, brutal, agressiva, mas bem trabalhada. E brindando os fãs, finalmente temos uma versão nacional para "Thrash Anthems", uma explêndida compilação.
Antes de tudo, é bom frisar que todo material presente no CD é quase totalmente regravado. Sim, todas as faixas foram regravadas, dando uma roupagem nova aos velhos hinos que estão em seu setlist há tantos anos. O bom é que assim, cada faixa ganha peso novo, e em sua devida medida, uma atualização e uma merecida bateria mais técnica (que me perdoem os saudosistas dos anos 80, mas o batera Tommy era bem fraquinho em termos técnicos). Logo, não espere ouvir os clássicos com uma camada de mofo por cima, longe disso: o DESTRUCTION sabe o que faz. Os vocais de Schmier estão próximos a um timbre mais agressivo e quase Hardcore em sua voz, ao mesmo tempo em que seu baixo pulsa firme e com boa técnica (é um dos poucos baixistas/vocalistas do mundo que consegue cantar e tocar em alto nível aoa vivo); Mike continua um dos melhores guitarristas do Thrash Metal mundial, pois tanto seus riffs quanto seus solos são pesados e técnicos ( com forte noção melódica nos últimos), e Mark Reign se mostrou uma excelente escolha, já que sua pegada pesada e sua técnica de bumbos e caixa se encaixa perfeitamente ao som da banda. Resultado: TOTAL DESTRUCTION!!!!!!!!!!!!
Tendo o próprio trio na produção, mais a mão de Jacob Hansen na mixagem e masterização, podemos dizer que em "Thrash Anthems", finalmente os grandes clássicos do grupo ganharam uma sonoridade mais seca e bruta, digna delas, chegando próximo da força que o grupo toca ao vivo. Mas ao mesm tempo nenhuma nota ou arranjo das músicas desaparece, pelo contrário: agora se ouve cada um separadamente, com a clareza e peso que o grupo merece.
A arte é um capítulo à parte: o trabalho de Marco Schirmer é perfeito. Desde a capa com o Butcher com cartas de baralho onde surgem as velhas capas do grupo, até o encarte, onde a capa de cada disco da banda de sua era clássica (vamos definir como aquilo que vai do EP "Sentence of Death" até o LP "Cracked Brain", já que é o último disco da banda de Thrash Metal antes da volta de Schmier em 1999), fotos da época e depoimentos dos músicos da banda e mesmo de seus ex-membros (no caso, o baterista Oliver "Olly" Kaiser e o guitarrista Harry Wilkens). Existem alguns bem impagáveis, como Schmier e Mike falando sobre o EP "Sentence of Death" e o álbum "Infernal Overkill". Vale a pena ler.
Musicalmente: NÃO HÁ O QUE DIZER! Em nome de tudo de bom que já foi feito no Metal, o que dizer desses clássicos, meus sais??? Não haveria Thrash Metal brasileiro sem esses caras, e não estou brincando! Nos anos 80, era uma das bandas mais respeitadas de grandes músicos daqui, inclusive do SEPULTURA e outros. Se não me engano, a banda até tocou "Curse the Gods" pouco após a entrada de Andreas nas guitarras.
Vale citar a presença de Ramona Götz, André Grieder (que cantou o "Cracked Brains" no lugar do Schmier, que havia saído da banda, Frank Winkelmann e V.O. Pulver nos backing vocals (sendo que este ainda fez o solo de guitarra em "Unconscious Ruins"), além de Jacob Hansen nos solos em "Invincible Force" e "Death Trap", e do ex-guitarrista Harry Wilkens em ""Release from Agony" e "Cracked Brain", mostrando que "Thrash Anthems" é uma homenagem da banda a si, aos seus ex-membros e aos seus fãs.
|
Destruction |
Falando primeiramente de "Profanity" e "Deposition (Your Heads Will Roll)", que são duas faixas inéditas. Ambas são excelentes, sendo que "Profanity" possui riffs bem cortantes e excelentes vocalizações, e com belas variações de tempos; já "Deposition (Your Heads Will Roll)" é introduzida por acordes mais calmos e belíssimo trabalho de bateria, enquanto a voz de Schmier em tom mais fantasmagórico aclimata o ouvinte, quase uma semi-balada, para virar uma tijolada direta no nariz de puro Teutonic Thrash Metal sem dó, em uma faixa mais cadenciada e com Mark mostrando tudo que sabe de bateria.
Agora, torno a dizer: falar de músicas como "Bestial Invasion", "Mad Butcher" (que ficou mais agressiva que a versão do EP original e do EP "Mad Butcher", onde, na época, já aparecia com a bateria mais técnica. Mas como os vocais e guitarras ganharam mais "punch"), "Total Desaster" (a introdução com a voz demoníaca foi trazida de volta, mas sem o solo original. Nem mesmo a sessão de gritos de Schmier que precedem o solo da versão original está presente. Mas nem me atrevo a falar mal dessa canção. É a primeira deles que o Pai Marcão aqui ouviu, e foi amor à primeira ouvida), "Invincible Force", ou "Curse the Gods"?
Não há o que ser dito, além de que as mesmas ganharam muito com a técnica de Mark na bateria, ao passo que a música "Cracked Brain" (única do álbum), mostrando que a música sempre pediu a voz de Schmier (e pelos detalhes no encarte, vemos que ele ajudou no processo de composição, logo fica claro o porque a voz dele encaixou tão bem).
Ainda bem que chegou este lançamento ao nosso alcance, logo, comprem, ouça e se deleitem!
Tracklist:
01. Bestial Invasion
02. Profanity
03. Release from Agony
04. Mad Butcher
05. Reject Emotions
06. Death Trap
07. Cracked Brain
08. Life Without Sense
09. Total Desaster
10. Deposition (Your Heads Will Roll)
11. Invincible Force
12. Sign of Fear
13. Tormentor
14. Unconscious Ruins
15. Curse the Gods
Banda:
Schmier - Vocais, baixo
Mike - Guitarras
Marc "Speedy" Reign - Bateria, backing vocals
Contatos: