26 de mai. de 2013

Red Front - Memories of War (CD)

Independente - Nacional
Nota 8,5

Por Marcos Garcia


Sinceramente, falar do Metal nacional é prazeiroso. Esta terra, em termos de Metal, tudo dá, já que a diversidade do cenário brazuca é enorme, gerando bandas que vão do Hard Pop ao mais brutal Black-Death, quase sempre com boa pegada. E mais um nome forte em termos de Metal brazuca é, sem sombra de dúvidas, o quinteto paulista RED FRONT, um rupo que se especializou em fazer um Thrash/Crossover extremamente bruto e agressivo de fazer qualquer detrator do Metal sair correndo de medo, especialmente pelo trabalho que vemos em 'Memories of War', seu primeiro CD.

Óbvio que a anda apresenta uma boa técnica em músicas ótimas, mas estes caras são de uma brutalidade e agressividade ímpar em se tratando de fazer Metal, mas sem abrir mão da qualidade de seu produto final. É uma autêntica avalanche de vocais que vão do gutural ao rasgado sem medo e pudores, guitarras em bases chapantes e solos bem feitos, baixo e bateria preocupados em manter os andamentos coesos e firmes, mas sem abrir mão de um trabalho técnico muito bom, logo, isso resulta em uma música corrosiva e de bom gosto, mas de letras ácidas.

A produção, feita ao longo de 2009 pelo próprio grupo em seu home studio, deixou a música deles intensa e com uma agressividade forte e pujante, mas sem abrir mão de qualidade no tocante à limpeza sonora, embora pareça levemente 'esfumaçada', mas o que deixa este trabalho ainda mais cativante.  A parte gráfica lembra bastante um diário de guerra, com as letras em forma de anotações em folhas de cadernos, como em um report do que está acontecendo no front de uma guerra.

Quando o disco começa a tocar, salta os olhos a maturidade musical do grupo, pois a banda mostra um nível de composições bem alto, com destaques para as músicas 'Memories of War', onde o ritmo rápido e energético leva ao "headbanging" intenso sem esforços, com ótimos vocais e bases de guitarra extremamente densas e chapantes; a mais cadenciada 'Disaster', com ótimo trabalho de bateria e baixo, com uma base rítmica sólida; a trinca-coturnos 'Institutions Down'; a rápida e extremamente pogante 'Just a Game'; a mais cadenciada e agressiva 'Circle of Hate', que é intensa e abrasiva, especialmente pelos berros insanos que transpiram o conteúdo lírico da música; a ganchuda 'Get out Here'; a azeda e ultra-cadenciada 'Self Flagellation', onde as guitarras e baixo dão mostras de sua técnica; e 'Metalsplash', uma paulada rascante, com ótimo trabalho da bateria, tendo a participação especial de Heros Trench, Marcelo Pompeu e Antonio Araújo (do KORZUS) nos backing vocals. E como se não fosse muito, ainda temos o vídeo clipe para a faixa 'Circle of Hate'. E para os fãs de downloads, não precisam ficar procurando por aí em fontes ilegais: o quinteto liberou 'Memories of War' para download gratuito legal aqui.

Um disco honesto e raivoso, e que a banda, que no momento está passando por mudanças em sua formação, não esmoreça e retorne logo com sua música intensa e de bom gosto.



Tracklist:

01. Welcome to Chaos
02. Memories of War
03. Disaster
04. Killer 
05. Institutions Down
06. Just a Game
07. Circle of Hate
08. Get out Here
09. Self Flagellation
10. Born to Death
11. Metalsplash (Bonus)
12. Circle of Hate (Video Clip Bônus)  


Formação:

Leo - Vocais
Oscar - Guitarras
Marcelo - Guitarras
Marq - Baixo
Braddock - Bateria



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Malnàtt - Principia Discordia (CD)

Bakerteam Records - Importado
Nota 9,5/10

Por Marcos Garcia

Tem dias em que tudo concorre para ouvirmos bandas boas, e uma grata revelação é o trabalho do ótimo quarteto italiano MALNÀTT, vindo da Bolonha, que nos presentea com este ótimo disco, 'Principia Discordia', que foi lançado no apagar das luzes de 2012.

O grupo faz um mix inteligente e bem equilibrado de Black Metal e Melodic Death Metal, que é técnico, bem feito, mas agressivo e bruto, e que realmente é bem diferente do que anda saindo por aí. E vale citar que as letras do grupo são cantadas em italiano, sua língua pátria. Vocais guturais urrados na maior parte, mas com a presença de rasgados e belas intervenções de vocais femininos aqui e ali, guitarras com riffs ótimos e contagiantes, baixo e bateria formando uma unidade, e mantendo peso e técnica o tempo todo. Resultado: uma música bruta e destruidora de pescoços, mas de bom gosto e bem feita.

A produção do disco foi feita por Simone Mularoni, que também cuida de toda engenharia sonora (gravação, mixagem, masterização), logo, a sonoridade que fui do CD é pesada, intensa e bruta, mas sempre limpa em um nível satisfatório, deixando a música da banda bem clara. A arte do CD, por sua vez, é interessante e feita sob medida do que ouviremos.

E quando começa a tocar, saiam da frente, pois o trabalho desses quatro é realmente supreendente, mantendo um alto nível de composição o tempo todo, fazendo o CD um disco ótimo. Destaques para 'Manifesto Nichilista', uma faixa que começa direta e bruta, com bumbos duplos aqui e ali, mas logo começam mudanças de andamento ótimas, e elementos novos surgem;  a ótima e complexa 'L'Amor Sen Va', onde logo no início o baixo mostra sua técnica quase jazzística, em uma faixa trabalhada e com andamento moderado e algumas passagens complexas à lá SABBATH dos anos 70, devido à presença do bom e velho Hammond; a brutal e opressiva 'Iper Pagano', com bumbos duplos fantásticos e vocais ótimos; a excelente 'Nel Dì dei Morti', com ótimos riffs e cozinha mostrando uma diversidade técnica acima da média; a pesada e não tão veloz 'Don Matteo'; a fantástica 'Ave Discordia', outra cheia de momentos empolgantes e vocais que transitam entre rasgado, gutural e limpos; e a riquíssima 'Ulver Nostalgia', com belos vocais limpos masculinos e femininos em contraposto. 

Discão, e o MALNÀTT merece ganhar maior expressão, bem como merece uma conferida carinhosa e o investimento. Grazie per un grande CD!

Ah, sim: agradecimentos pela dica ao amigo Ricardo Batalha.


Tracklist:

01. Manifesto Nichilista
02. L'Amor Sen Va
03. Il Canto dell'Odio
04. Iper Pagano
05. Intramezzo Erisiano
06. Nel Dì dei Morti
07. Don Matteo
08. Ave Discordia
09. Ho Sceso Dandoti il Braccio
10. Ulver Nostalgia
11. Il Sentiero dei Nidi di Ragnarok


Formação:

Porz - Vocals
Bigat - Guitarras
Aldamera - Baixo
Lerd - Bateria
Sara Pistone - Vocais  femininos em 'Ulver Nostalgia' (convidada)
Simone Mularoni - Teclados em 'L'Amor Sen Va' (convidado)


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Satan's Wrath - Galloping Blasphemy (CD)

Metal Blade Records - Importado
Nota 6,5

Por Marcos Garcia

Quando se fala em Black-Thrash Metal, a primeira concepção que temos é um híbrido de ambos os estilos, musicalmente falando, mas há casos que realmente fogem à esta idéia, como é o caso do SATAN'S WRATH, grupo grego que mostra a cara em seu primeiro Full Length, 'Galloping Blasphemy'.

O grupo preferiu usar um estilo musical que é uma mistura de elementos do Thrash-Death lá da primeira metal dos anos 80 com letras satânicas, que é muito legal, mas há momentos em que a banda apenas repete clichês já exauridos sem soprar vida própria na música que fazem. É legal, cheio de energia e bastante empolgante, mas não chega a ser algo impecável. Vocais 'from the depths', trabalho de guitarras fantástico (usando e abusando de melodias, muitas vezes remetendo diretamente a MERCYFUL FATE nos solos e algumas bases), baixo e bateria pesados e técnicos na medida certa. A música, como dito acima, é boa, mas ainda precisa de um 'boost' de vida própria.

A produção do trabalho buscou dar limpeza e energia ao som do grupo, que ficou muito claro e limpo, mas ao mesmo tempo pesado e com energia. Está bem cuidada e em um nível acima da média. Já a produção visual realmente remete aos aspectos anos 80 do som da banda, apenas trazendo o logo do grupo na capa. É óbvio que é intencional e rebusca algo, mas poderiam fazer algo um pouco mais trabalhado.

Sonoramente, esta dupla realmente é aplicada e resgata aspectos sonoros fortes e interessantes dos anos 80, e há momentos sublimes aqui e ali, mas outros em que a clicherama é óbvia demais.

Há ótimas faixas, como a excelente 'Leonard Rising - Night of the Whip', com guitarras ótimas em bases e duetos de solos belíssimos, o trabalho ótimos de baixo e guitarras de 'One Thousand Goats in Sodom', a excelente 'Hail Tritone, Hail Lucifer', apesar de certa chupada em MERCYFUL FATE nas bases de guitarra aqui e ali, a ótima instrumental 'Galloping Blasphemy' e a refreada e ótima 'Satan's Wrath'. Mas em 'Between Belial and Satan' e 'Death to Life' existem chupinhadas de POSSESSED claras, a primeira em 'The Exorcist' e a segunda em 'Pentagram' (até a intro da faixa é quase idêntica). Assim não dá, e é uma pena: o trabalho do grupo promete demais, mas neste CD, ficaram no quase...

Ou seja, o SATAN'S WRATH mostra claramente que tem um potencial enorme para fazer música de alto nível e de primeira linha, mas precisa, e muito, largar os velhos clichês e andar com as próprias pernas.


Tracklist:

01. Leonard Rising - Night of the Whip
02. Between Belial and Satan
03. One Thousand Goats in Sodom
04. Hail Tritone, Hail Lucifer
05. Galloping Blasphemy
06. Death Possessed
07. Death to Life
08. Slaves of the Inverted Cross
09. Satan's Wrath


Formação:

Stamos K - Guitarras
Tas Danazoglou - Vocais, bateria, baixo



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Nervosa - Demo 2012 (CD Demo)


Independente - Nacional
Nota 8

Por Marcos Garcia

É incrível como nos últimos anos, mais e mais bandas que são compostas só de mulheres ou possuem integrantes femininas em suas fileiras, e as garotas estão mostrando que merecem respeito em trabalhos ótimos. E um nome bastante falado na cena, causando até mesmo discussões acaloradas é o do NERVOSA, trio Thrasher feminino de São Paulo. E em meio a tanta polêmica, resolvemos ouvir o primeiro trabalho da banda, seu Demo CD de 2012.

Como dito acima, o trio segue os caminhos do Thrash Metal, com uma pegada bem EXODUS e KREATOR, mas com personalidade, bem pesado e agressivo de doer os dentes. Vocais rasgados à lá 'Zetro' Souza, riffs de guitarras brutos e bem feitos e solos equilibrados e sem exageros, baixo vibrante e vigoroso, e um trabalho de bateria fantástico é o que essas garotas oferecem, em um trabalho bem cheio de energia e méritos. Usando a expressão de que elas "não tentam reinventar a roda", ou seja, não tentam fazer algo inovador, mas conseguem ter personalidade. Mas mesmo assim, algumas arestas ainda precisam ser aparadas, coisa que shows e ensaios irão pôr no devido lugar no tempo certo. E como estte trabalho é do ano passado, acreditamos que tais arestas já estejam sanadas.

Tendo as mãos de Heros Trench na produção, além de Marcello Pompeu na mixagem e masterização, é óbvio que a gravação seria de alta qualidade, deixando o trabalho do trio pesado e intenso, mas limpo e com todos os instrumentos audíveis sem problemas. E que diga-se de passagem: as guitarras e bateria estão em um nível ótimo de qualidade. A arte ficou eficiente e impactante, transmitindo a idéia de fim de mundo que assolava o mundo todo até o dia 21 de dezembro de 2012.

Três músicas compõem o trabalho: a forte, agressiva e trampada 'Time of Death', que virou título do trabalho da versão em vinil lançada pela Napalm Records, com boas variações de andamento e destaque óbvio para o ataque de guitarras e vocais extremamente agressivos e bem trabalhados; a curta e rápida 'Invisible Oppression'; a fechando, a peso-pesado e bruta 'Masked Betrayer', música do clip, com um andamento abrassivo e variado, evidenciando bastante o trabalho de baixo e bateria, especialmente este último, que está fantástico, fora os ótimos backings.

Óbvio que o grupo realmente ainda não conseguiu pôr para fora tudo que pode, ou seja, transformar em música todo seu potencial, mas é questão de tempo até as garotas mostrarem tudo o que podem em termos musicais.

Promessa e uma revelação muito boa do Metal nacional.

Em tempo: a baterista Fernanda Terra não se encontra mais na banda, mas as minas continuam na lua.



Tracklist:

01. Time of Death
02. Invisible Oppression
03. Masked Betrayer


Formação:

Fernanda Lira - Baixo e vocais
Prika Amaral - Guitarras e backing vocals
Fernanda Terra - Bateria



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