15 de out. de 2016

SCORPION CHILD – Scorpion Child (álbum)


2016
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Músicas:

1. Kings Highway
2. Polygon of Eyes
3. The Secret Spot
4. Salvation Slave
5. Liquor
6. Antioch
7. In the Arms of Ecstasy
8. Paradigm
9. Red Blood (The River Flows)
10. Keep Goin’


Banda:


Aryn Jonathan Black - Vocais
Christopher Jay Cowart - Guitarras
AJ Vincent - Guitarras
Alec Padron - Baixo
Jon “The Charn” Rice - Bateria


Contatos:



Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Fazer o que se rotula como Retrô-Rock, ou seja, aquele estilo com claras referências musicais aos anos 60 e 70, se tornou uma moda atual, idêntica a essa onda de Metal anos 80 que se faz presente. Óbvio que a maioria das bandas nessas ondas são mais do mesmo, gente que teima em bater em cachorro morto, o que nos dá a falsa impressão que este movimentos são oportunistas. Mas vez por outra, aparecem trabalhos ótimos, justamente mostrando nomes muito bons no meio do marasmo.

E se diferenciando no meio do tsunami retrô anos 70 está o SCORPION CHILD, um quinteto texano que faz um ótimo trabalho em seu debut, “Scorpion Child”. E apesar de ser de 2013, a Shinigami Records bancou o desafio, e por meio de sua parceria com a Nuclear Blast Records, lançou uma versão oficial dele no Brasil.

O lado retrô da banda é destilado por meio de um Hard Rock clássico à lá anos 70, mas com boa dose de peso, muita melodia e a pitada correta de agressividade. Há um jeitão Bluesy de fundo que dá aquele gostinho especial diferenciado. E um dos aspectos mais legais é que o quinteto tem a facilidade de criar refrões de fácil assimilação, o que torna tudo ainda mais agradável, e mesmo algumas doses de influências não tão antigas (há certa influência de Stoner Metal/Rock no trabalho deles).

“Scorpion Child” teve na produção Chris “Frenchie” Smith, que já foi indicado para o Grammy. E a mão dele foi essencial para que o disco soasse tão bem feito, embora com aquela sonoridade mais retrô anos 70 bem característica, mas com qualidade e clareza em alto nível. É orgânico e com sua dose certa de sujeira, mas sem que isso deixe o disco soando excessivamente cru.

Qualitativamente falando, o grupo capricha nos arranjos, sem que se perca a essência e peso e muito menos a espontaneidade de suas canções. Embora a banda seja criativa, os minimalismos técnicos são evitados, tudo em prol do feeling e da melodia.

Das 10 canções que compõem “Scorpion Child”, podemos destacar:

“Kings Highway” – Um toque muito bom do Blues psicodélico à lá LED ZEPPELIN é evidente (graças ao trabalho das guitarras e vocais), mantendo momentos mais introspectivos e outros mais intensos. 

“Polygon of Eyes” – Criativa e com uma pegada mais energética e rápida, é cheia de arranjos de primeira, com refrão e riffs muito cativantes. E mesmo nas partes mais cadenciadas e pesadas, essa pegada ganchuda não é perdida.

“Salvation Slave” – Existem alguns toques experimentais à lá anos 70 nessa canção que são ótimos, fora o peso absurdo dado por baixo e bateria. Após alguns minutos, você está fisgado por eles.

“Liquor” – Eles não cansam de criar arranjos musicais que vão tomando-nos de assalto, e sem que consigamos resistir ao instrumental instigante. Reparem bem como os riffs de guitarra são sinuosos e cheios de grandes momentos.

“Antioch” – Uma lindíssima semi-balada que gruda nos ouvidos, cheia de uma dinâmica de primeira entre os arranjos de guitarra e os vocais. E o refrão, surge aquela dose extra de peso e energia.

“Paradigm” – Aqui o grupo mostra seu lado mais acessível, capaz de atingir uma parcela maior de público, fugindo um pouco dos que costumam consumir a música deles. Tem certo toque de THE WHO em alguns pontos que é maravilhoso.

“Red Blood (The River Flows)” – Por ser uma canção bem longa (tem mais de 13 minutos de duração), a banda usa de muitas mudanças de ritmos, passagens mais introspectivas e melodiosas, outros momentos mais agressivos, mas sempre mantendo a qualidade. E não tem como destacar este ou aquele músico, pois todos estão em forma.

“Keep Goin’” – Essa canção bonus é um cover do LUCIFER’S FRIEND, uma antiga banda alemã de Hard Rock da década de 70 (que teve inclusive John Lawton, que fez parte do URIAH HEEP por um bom tempo). A banda fez uma versão que não descaracteriza a original, mas que coloca sua própria personalidade, com vocais excelentes.

No mais, “Scorpion Child” é um disco excelente, que vale a pena ouvir várias e várias vezes. E ainda bem que agora temos acesso a ele de maneira mais simples.

Esperemos agora pela chegada de "Acid Roullete", disco mais recente do grupo, em sua versão nacional.


CARNIFEX – Slow Death (álbum)


2016
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Músicas:

1. Dark Heart Ceremony
2. Slow Death
3. Drown Me in Blood
4. Pale Ghost
5. Black Candles Burning
6. Six Feet Closer to Hell
7. Necrotoxic
8. Life Fades to a Funeral
9. Countess of the Crescent Moon
10. Servants to the Horde


Banda:



Scott Lewis - Vocais
Cory Arford - Guitarras
Jordan Lockrey - Guitarras
Fred Calderon - Baixo
Shawn Cameron - Bateria


Contatos:



Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Gêneros do Metal, quando começam a ficar evidentes demais, causam o esgotamento dos mesmos, já que a quantidade de bandas que surgem em determinada vertente (seja por vontade própria ou por oportunismo) é enorme. E isso vai desgastando o gênero e a paciência dos fãs, até que ambos se tornem saturados. Nesse momento que se percebe quem realmente está na coisa de coração, e quem está apenas aproveitando o momento.

Mas de uma coisa podemos ter certeza: em termos de Deathcore, o quinteto californiano de San Diego CARNIFEX sobrevive a qualquer dificuldade. Seu sexto álbum, “Slow Death”, é a prova de que eles não são tão respeitados sem motivos.

Podemos dizer que a banda faz algo bruto e explosivo, mas com boa técnica. Mas ao mesmo tempo, eles se diferenciam por usarem um “approach” mais moderno, mas sem abrir mão de um arsenal musical extremamente brutal e opressivo, mais algumas melodias bem sacadas e nada de exageros que tenderiam a cansar nossos ouvidos. Para ser sincero, apesar do rótulo Deathcore, a banda não é tão presa a esta fórmula, o que torna “Slow Death” um disco ótimo de ser ouvido.

Preparem o pescoço e os ouvidos!

A produção de “Slow Death” é feita por Jason Suecof e Mick Kenney, e tem mixagem e masterização de Mark Lewis. O resultado é uma qualidade brutal e agressiva, mas que é esteticamente bem feita, com clareza que nos permite compreender o que a banda está tocando. E com isso, podemos dizer que a agressividade do quinteto explode pelos falantes.

A parte gráfica é um trabalho de Godmachine, o mesmo que trabalho com o NERVOSA em “Agony”, e ficou ótima, pois mesmo simples, expressa visualmente tudo que o quinteto faz em termos musicais.

Bem trabalhado, com momentos mais introspectivos sensacionais, sabendo evitar clichês desnecessários, apresentando arranjos musicais esmerados, mas sendo o centro de sua música o fato de não serem convencionais dentro do Deathcore. O CARNIFEX é bem diferente, verdade seja dita. E como convidados especiais, Jason Suecof toca guitarras em “Pale Ghost” e na instrumental “Life Fades to a Funeral”, e Sims Cashion também toca guitarras em “Countess of the Crescent Moon”

Melhores momentos:

“Dark Heart Ceremony” – O disco já abre em grande estilo, com uma explosão de brutalidade bem tocada. A técnica de baixo e bateria durante as mudanças de ritmo é absurda, bem como o impacto sonoro imposto pelo quinteto. E que excelentes arranjos de guitarras!

“Slow Death” – Uma golfada de agressividade bem trabalhada, cheia de toques melodiosos de primeira linha. E como as guitarras são fantásticas, bem como alguns momentos mais limpos muito bem feitos, com teclados providenciais e solos melodiosos.

“Drown Me in Blood” – Aqui, vemos um alinhavo introspectivo denso surgindo devido às linhas melódicas do quinteto. E há momentos bem sinistros que nos remetem ao Blackned Death Metal anos 90, graças às guitarras azedas e ao uso de timbres rasgados nos vocais.

“Pale Ghost” – A criatividade é uma característica marcante desses caras, especialmente devido à mudanças rítmicas de primeira. Mas reparem como os vocais oscilam entre momentos mais guturais e outros mais rasgados sob uma colcha de ritmos quebrados.

“Necrotoxic”  Outra em que o uso de alguns momentos mais melancólicos com o som de teclados de fundo. É uma faixa um pouco mais simples, mas as mudanças rítmicas mostram o quanto baixo e bateria sabem segurar o peso da banda, mas lhes conferindo uma boa diversidade técnica.

“Servants to the Horde” – Outra em que existe um fundo melancólico de primeira, com a presença de teclados melodiosos sob um instrumental extremamente bruto e agressivo. Óbvio que existe aquela atmosfera moderna devido à sonoridade das guitarras, mas os vocais estão mais uma vez se destacando.

Ou seja, “Slow Death” é mais um belo lançamento da parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil. Então, aproveitem!!!!


HEREGE - Terra Morta (Álbum)


2016
Nacional

Nota: 8,5/10,0

Músicas:

1. Policia Corrupta
2. Terno e Gravata
3. Dinheiro
4. Basta de Preconceito
5. Cegueira
6. Terra Morta
7. Mentes da Alienação
8. Instinto Corrupto
9. Inferno Nuclear
10. Bandidos no Plenário
11. Em Nome do Progresso
12. Ilusão  
13. Aqui Jaz
14. Inferno Nuclear (Live)
15. Inocentes (Live)
16. Mentes da Alienação (Live)
17. Repressão (Live)  
18. Terra Morta (Live)


Banda:


Davi Ambrósio (Homem Bomba) - Baixo, vocais
Everton Silva (Peste) - Guitarra, vocais
Juliano Freitas (Herege Maldito) - Bateria

Contatos:



Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A mistura de Death Metal com Grindcore sempre deu muito certo. Existem bandas que ficam com os pés mais fincados no Grindcore, outros do lado mais Death Metal, e outros em vários pontos na região entre ambos. Cada banda segue os preceitos sonoros que desejar, sem limites. E uma banda ótima do gênero, aqui no Brasil, é o trio HEREGE, de Iúna (ES), que se encontra na luta desde 2015, e chega com um disco muito bom, “Terra Morta”.

O enfoque da banda é mais para o lado Death Metal Old School, ou seja, possui a crueza e força do Death Metal, mas com o despojo e crueza do Grindcore. E é bem legal sentir que bandas assim ainda existem, e estão por aí vomitando suas críticas sociais nos ouvidos alheios. A velocidade, embora esteja presente em muitos momentos, não chega a ser extrema. Não é o enfoque da banda, pois este fica no peso, na simplicidade técnica e em músicas curtas, mas impactantes.

Gravado nos estúdios Nova Forma, e com mixagem e masterização de Lucas (do LucStudio), a qualidade sonora é crua, suja e bruta. Mas se esperava algo limpo e bem definido, acho que não entendeu a proposta sonora deles: aqui, é Old School, sem muitas firulas, e a sujeira faz parte do que a banda buscou para si. Pode ser que em futuros discos eles usem algo um pouco mais limpo, mas em “Terra Morta”, essa crueza toda nos lembra do clima de shows ao vivo, o que provavelmente foi a intenção deles.

A arte gráfica de Cleubber Toskko (capa) e Conrado Maroni (encarte) não é complexa. É bem simples, direta e “in your face”, algo que transmite perfeitamente o que eles querem transmitir com suas músicas.

O HEREGE tem seu lugar garantido com aqueles que preferem algo mais sujo e de raiz, e é um deleite nesse sentido. Mas lembrem-se, caros leitores: não é porque os arranjos da banda são simples que eles deixam de ter seu brilhantismo.

Melhores momentos: a ganchuda e azeda “Policia Corrupta” com seus riffs fortes e vocais guturais sujos (entremeados por gritos urrados), a cadenciada e bruta “Terno e Gravata” (que possui aquele feeling anos 90 tão precioso), a totalmente “velha guarda” “Cegueira”, a curta e empolgante “Terra Morta” (cheia de boas mudanças de ritmo), o trator Death/Grindcore “Inferno Nuclear”, a raivosa e doentia “Em Nome do Progresso”. Fora as 13 faixas do CD, ainda temos mais cinco que são bônus, gravadas no Splattercore Festival 8, onde a qualidade é bem tosca, mas audível.

No mais, o HEREGE é uma ótima banda, tem muito a oferecer e render ainda. Enquanto o próximo não chega, vamos de “Terra Morta” até os ouvidos explodirem.

Em tempo: a banda agora é um quarteto, com a entrada do guitarrista Lucas Barbosa.