17 de abr. de 2016

IMPERATIVE MUSIC VOL. XI (coletânea)



2016
Imperative Music
Nacional

Nota: 8,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Já não é de hoje que as coletâneas são uma excelente forma das bandas se unirem e lançarem ótimos trabalhos, e assim, se divulgarem mutuamente. Em que pese que o radicalismo musical em que o Brasil vive imerso, elas continuam sendo uma alternativa e tanto.

E o volume IX da Imperative Music chega para mostrar a força do underground.

Não existem nomes grandes neste volume, ou seja, as bandas são todas de mesmas dimensões (em termos de reconhecimento), e assim, o ouvinte pode ter uma idéia mais cara do que cada uma pode oferecer. Óbvio que nem todos vão gostar das mesmas bandas, mas pelo menos darão uma chance aos próprios ouvidos. E apesar de sua vocação aos gêneros extremos (embora algumas bandas de gêneros mais melodiosos estejam presentes), ainda assim a diversidade impera.

Em termos de qualidade sonora, óbvio que as famosas variações sempre existirão. Cada banda tem sua forma própria de gravar e soar, logo, não sejam tão exigentes com aquelas em que a sonoridade não lhe descer bem. Pode ser do estilo, da opção de cada banda, ou mesmo das possibilidades econômicas de cada uma delas.

Em termos de nível musical, todas as bandas são ótimas, verdade seja dita. Mas existem aquelas que merecem uma menção honrosa, sem no entanto desmerecerem as outras.

Melhores momentos:

O SEMBLANT arrasa em "Dark of the Day", com sua sonoridade agressiva e azeda, cheia de vocais guturais; o A SORROWFUL DREAM arregaça com seu Dark Metal pesado e sinistro em "Only Blood Knows" (que é permeada de belo trabalho vocal); o GUILT AS CHARGED vem destruindo tudo pelo frente com um Thrash Metal agressivo e melodioso em "Leap of Faith" (com um trabalho de guitarras ótimo, diga-se de passagem). O EYES OF GAYA é a dose de melodia certa para dar aquela diversidade tão legal ao disco com "Heart Never Lies" e seu peso absurdo (guitarras, baixo e bateria estão em um nível ótimo, além de vocais soberbos); a brutalidade Deathcore do DISGUST do Canadá em "Atheism Overcame Adversity" (a bateria é algo de fantástico em termos de velocidade e técnica);  o trabalho técnico e bruto do FRAGMENTA  da Austrália em "Repository of Human Ills" (embora os vocais possam dar uma melhorada no futuro) (facebook.com/fragmenta); o belo trabalho melodioso do WILD ONE do Japão em "Crawl Through Illusions";  a explosão de agressividade e bom gosto do DEVILSIN em "Hell to Pay"; e a destruição extremada do japonês BASILISK em "In Most Septile" com um jeitão Death/Black Metal de primeira.

No mais, mais um ótimo volume dessa coletânea.



Músicas:

1. SEMBLANT (Brasil) - Dark of the Day 
2. UNDEAD VISION (Suíça) - UFO
3. A SORROWFUL DREAM (Brasil) - Only Blood Knows
4. GUILTY AS CHARGED (Bélgica) - Leap of Faith 
5. EYES OF GAIA (Brasil) - Heart Never Lies
6. GAME ZERO (Itália) - The City With No Ends
7. PUBLIC MENACE (Japão) - Nightmare Chillin
8. DISGUST (Canadá) - Atheism Overcame Adversity
9. HANIWA (Itália) - Haniwa
10. FRAGMENTA (Austrália) - Repository of Human Ills
11. WILD ONE (Japão) - Crawl Through Illusions
12. SEVERAL EYES (Brasil) - Final Front
13. KOAN (Suíça) - It Is Right
14. DEVILSIN (Brasil) - Hell to Pay
15. SOULTHERN (Brasil) - Runaway
16. BASILISK (Japão) - In Most Septile
17. CURSED COMMENT (Brasil) - Cannibal Attack 
18. CONFINEMENT (Brasil) - The Stumbling Stone


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GAMMA RAY - Heading For Tomorrow - Anniversary Edition (álbum duplo)


2016
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Em 1988, após o HELLOWEEN chegar ao sucesso graças às duas partes de "Keeper of the Seven Keys", o fundador da banda, Kai Hansen, deixou o quinteto, por problemas que, até os dias de hoje, são motivos de discussões acaloradas. Nisso, Kai resolveu começar um novo projeto em 1989, como ele falou em uma entrevista para a Rock Brigade (ainda me lembro dela com bastante clareza). E junto com o vocalista Ralph Scheepers (um amigo de Kai de longa data), mais Uwe Wessel no baixo e Matthias Burchardt na bateria, nasceu o GAMMA RAY, um dos nomes mais conhecidos e amados do Heavy/Power Metal. E como ano passado foi o aniversário de 25 de "Heading For Tomorrow", a earMUSIC (gravadora do grupo) foi e lançou uma versão comemorativa do grupo. Mas a Shinigami Records, mais uma vez prestando serviço aos fãs brasileiros, lançou a versão nacional de "Heading For Tomorrow - Anniversary Edition", mantendo o disco no formato duplo comemorativo.

Diferentemente do que vemos e ouvimos nos discos mais recentes, em "Heading For Tomorrow", vemos o quarteto em um formato mais melodioso e experimental (como Kai havia falado na entrevista em menciono acima), mais solto em termos de guitarras. No fundo, o grupo devia estar buscando uma personalidade na época, o que torna a audição do disco algo maravilhoso e bem diversificado. Mas a força das guitarras dobradas, dos corais e das letras fortes e positivas continua ali, imutável, já que é uma característica de tudo que Kai trabalha.

A produção do disco ficou nas mãos do próprio Kai, tendo Tommy Newton na mixagem. Mas nessa versão, temos que Alexander Dietz e Eike Freese, que trabalharam na remasterização, fizeram um trabalho primoroso, dando brilho, peso e volume às canções, sem descaracterizar a sonoridade a que estamos acostumados. E a arte de Hervé Monjeaud para esta versão ficou linda, mas resgatando a foto da original, trabalhando a foto em forma de desenho e adicionando alguns elementos que caíram muito bem.

Este disco é e sempre foi uma obra prima. Não há o que falar de negativo, não há espaço para críticas, tudo encaixa e funciona em perfeita harmonia. E no encarte, até mesmo as letras das músicas bônus estão lá, algo quase inédito em termos de relançamentos. E dando um brilho especial, ainda temos as presenças especiais de Tommy Newton nas guitarras em "Free Time", Mischa Gerlach nos teclados, Dirk Schlächter (que viria a integrar a banda posteriormente como guitarrista, e depois como baixista) tocando baixo em "Money" e baixo adicional em "The Silence", e Tammo Vollmers (do PLKRZ) na bateria em "Heaven Can Wait".

No disco um, encontramos o CD original, logo, temos o prazer de ouvir hinos do grupo com uma qualidade remasterizada. Mas o que podemos dizer de clássicos como a forte e melodiosa "Lust for Life" e seus vocais marcantes e peso, da clássica "Heaven Can Wait" e seu ritmo forte, excelentes guitarras e forte refrão (e que até hoje aparece nos shows da banda), do peso azedo de "Space Eater", da melodiosa, bela e introspectiva "The Silence" (que me perdoem os fãs, mas isso é a balada que o HELLOWEEN sempre quis fazer e nunca conseguiu), ou a clássica e pesada "Heading For Tomorrow"? 

Não há o que dizer delas!

E como se já não fosse muito, ainda temos a ótima versão para o clássico "Look at Yourself", que ganhou uma roupagem mais moderna excelente (que se encontra na versão original do disco, e onde podemos ver como o trabalho do quinteto foi importante para a formação do Power Metal e suas subvertentes), além das faixas bônus "Mr. Outlaw" (que pertence à versão japonesa do disco), além de "Sail On" e "Lonesome Stranger" (Ambas sendo músicas do lado B do EP "Heaven Can Wait").

E se já não fosse suficiente para convencer vocês do valor do CD, o disco 2 tem um monte de bônus: faixas nunca antes lançadas, versões demos e de EPs, músicas ao vivo, karakokês, enfim, um delicioso adicional que torna a aquisição de "Heading For Tomorrow - Anniversary Edition" obrigatória aos fãs da banda e de Power Metal. Na realidade, qualquer fã de Metal que se preze.

No mais, ouçam no mais alto volume. E um agradecimento a Shinigami Records por nos presentear com um lançamento tão precioso.





Músicas:

Disco 1:

1. Welcome
2. Lust for Life
3. Heaven Can Wait
4. Space Eater
5. Money
6. The Silence
7. Hold Your Ground
8. Free Time
9. Heading For Tomorrow
10. Look at Yourself (Uriah Heep cover)
11. Mr. Outlaw  
12. Sail On
13. Lonesome Stranger 

Disco 2:

1. Who Do You Think You Are?
2. Heaven Can Wait (versão do EP)
3. Money (versão Demo com Kai nos vocais)
4. Sail On (versão Demo com Kai nos vocais)
5. Heading for Tomorrow (ao vivo, medley)
6. Space Eater (ao vivo)  
7. The Silence (versão Demo com Kai nos vocais)
8. Mr. Outlaw (versão Instrumental)
9. Heaven Can Wait (versão Demo com Kai nos vocais)
10. Heading For Tomorrow (versão Karaokê)
11. Space Eater (versão Karaokê)
12. Lonesome Stranger (versão Demo)


Banda:


Ralf Scheepers - Vocais
Kai Hansen - Guitarras, vocais adicionais em "Money" e "Heading For Tomorrow"
Uwe Wessel - Baixo
Matthias Burchardt - Bateria


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W.A.S.P. - Babylon (Álbum)


2009
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Existem bandas que, mesmo nunca atingindo o status de gigantes do Metal, também nunca ficaram relegadas aos porões do undeground. E um dos exemplos disso é o quarteto norte americano W.A.S.P., que mesmo tendo experimentado um sucesso assombroso em seu início (que era o auge da era Hard Rock nos E.U.A., ou seja, a década de 80), não manteve seu status de monstro. Mas mesmo assim, o grupo é considerado uma lenda no cenário, um ícone.

E como tal, vemos em "Babylon", que a Shinigami Records acaba de lançar no Brasil, o motivo de ainda ser uma banda tão respeitada e cultuada mundo afora.

Nesse disco, a banda continua com seu estilo bem definido de sempre: uma mistura de Hard Rock com Heavy Metal pessoal, criada ainda nos tempos de "The Headless Children" e "The Crimson Idol". Vemos peso e agressividade nas medidas certas, mas em um trabalho musical de bom gosto e bem feito. E isso resulta em uma pesada e de qualidade, mas melodiosa e envolvente nas medidas certas. E como é bom ouvir a gangue de Blackie Lawless em plena forma.

"Babylon" é mais um álbum produzido pelas mãos de Blackie Lawless, tendo Marc Moreau e Mike Dupke na engenharia. Mas o diferencial é mesmo a mixagem e masterização de Logan Mader, que fez com que o disco soe com um peso evidente e limpo, sem que o lado mais acessível e envolvente da música do W.A.S.P. fosse deixado de lado. E a sonoridade ganhou um alinhavo moderno.

Arranjos bem feitos, músicas bem pensadas, o W.A.S.P. já se mostra em uma zona de conforto. Mas isso não é nenhum pecado, já que o grupo já fez sua parte e criou discos clássicos, mesmo porque "Babylon" é um discão, com uma qualidade excelente.

O que "Babylon" nos oferece: a grudenta "Crazy" (uma faixa de abertura no estilo do quarteto, com equilíbrio entre peso e melodia bem balanceado, apresentando guitarras ótimas e um refrão de primeira), a cheia de energia e boas doses de melodias "Live to Die Another Day" (mais uma com ótimo refrão, e certo toque de despojamento, mas sem soar relaxado. E que belo trabalho da base rítmica), a pesada à lá American Metal "Babylon's Burning" com seu jeito mais moderno e acessível (e outra em que baixo e bateria se mostram firmes), a balada pesadona "Into the Fire" (que é bem melodiosa e introspectiva, mas que ganha mais agressividade e peso no refrão. E é ótimo ver como os vocais se encaixam bem em todos os momentos), as mais voltadas ao Hard'n'Heavy comercial "Thunder Red" e "Seas of Fire", e a baladíssima "Godless Run" (outra em que peso e sofisticação se encontram perfeitamente, mostrando um trabalho de guitarras de primeira, especialmente nos solos). Agora, interessante é ver como a banda lidou com dois covers em "Babylon": uma versão pesada e bem feita para "Burn" do DEEP PURPLE (e assim podemos ver como o quarteto absorveu de influências dos ingleses, já que em termos de peso e elegância, o PURPLE é uma referência absoluta), e a versão despojada e descompromissada de "Promised Land" de CHUCK BERRY (que mesmo sendo um Rockão de primeira, aqui ganhou uma bela dose de agressividade e peso, fora os vocais estarem mostrando uma bela versatilidade).

Se "Babylon" é um disco antigo (pois foi lançado originalmente em 2009), por outro lado se mostra atual e uma jóia que o W.A.S.P. nos oferece.




Músicas:

1. Crazy
2. Live to Die Another Day
3. Babylon's Burning
4. Burn
5. Into the Fire
6. Thunder Red
7. Seas of Fire
8. Godless Run
9. Promised Land


Banda:


Blackie Lawless - Vocais, guitarra base, teclados
Doug Blair - Guitarra solo
Mike Duda - Baixo, backing vocals
Mike Dupke - Bateria


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YURI FULONE - In the Steel You Can Trust (EP)


2016
Independente
Nacional

Nota: 9,0 /10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


É sempre um grande prazer poder ouvir um trabalho novo de YURI FULONE, músico brasileiro muito produtivo, e que retorna com seu terceiro e novo EP, "In the Steel You Can Trust". São três EPs em 2 anos, e sempre mantendo o ótimo nível de produção.

O que temos é sempre o bom e velho Heavy/Power Metal de sempre, com influência de nomes como GRAVE DIGGER, RHAPSODY OF FIRE e MANOWAR, mas agora, com uma diferença: em "In the Steel You Can Trust", o trabalho sonoro está mais pesado, sem perder o senso melódico e a força que já ouvimos antes.

Ou seja, o trabalho mostra apenas uma faceta diferenciada do que já conhecemos, e é sempre muito bom.

A produção, dessa vez, ficou todas nas mãos de Pedro Esteves (guitarrista do LIAR SYMPHONY e conhecido produtor musical de São Paulo), e tudo foi gravado no Masterpiece Digital Studio. Óbvio que a qualidade sonora do EP é ótima, com bons timbres instrumentais, e tudo em seu devido lugar. Nada está exagerado, nada está sem peso ou pesado demais, tudo bem feito.

A arte, mais uma vez, é um trabalho do próprio Yuri, e ficou muito boa, encaixada no contexto lírico/musical do trabalho.

Em "In the Steel You Can Trust", Yuri mais uma vez trouxe convidados de alto nível, com Nuno Monteiro (do LIAR SYMPHONY) fazendo os vocais, Anderson Alarça (também do LIAR SYMPHONY) na bateria, além de mais uma vez contar com os solos de guitarra de Paulo Lucas de Souza. E como dito antes, este EP é o mais pesado feito por Yuri, mas é uma continuação do que ouvimos em "When the Sky Meets the Earth"e "The Blacksmith".

Não é trabalho fácil destacar uma ou outra faixa no EP, pois a impressão é que em tudo, Yuri faz questão de trabalhar suas músicas de forma que se encaixem como uma unidade, e não músicas trabalhadas separadamente.

Rowing - Uma música grandiosa, com belos arranjos de guitarras e teclados, que nos envolve completamente. A aura bárbara é contagiante, e nos toma de assalto. E isso sem mencionar que os vocais mais agressivos de Nuno se encaixaram como uma luva.

In the Steel You Can Trust - Antes de tudo, é preciso dizer que Nuno está dando uma aula de interpretação nessa canção. Sendo não tão rápida assim, permite observar o bom trabalho de baixo e bateria, e ao mesmo tempo, a diversidade dos arranjos de teclados. E verdade seja dita: é outra que fica grudada em nossas mentes.

Time of Sword - Apesar de bem pesada, existe uma tendência clara de que os elementos mais elegantes e clássicos dos trabalhos anteriores estão ali. E sim, graças aos belos arranjos de teclados, além de um refrão excelente. E vejam como existem arranjos belíssimos de violinos nesta canção.

By Odin Side - Aqui temos uma faixa mais climática e introspectiva sob a força do peso musical e de belíssimos arranjos de teclados. É daquelas músicas que emocionam devido à atmosfera carregada e ao andamento mais cadenciado. E outra vez, os vocais dão são extremamente interpretativos, ao ponto do conteúdo da letra ficar evidente sem nem ao menos olhar o encarte.

Mais um trabalho excelente de YURI FULONE, mas mais uma vez, cobro: hora de um CD completo.



Tracklist:

1. I Continue (Intro)
2. Rowing
3. In the Steel You Can Trust
4. Time of Sword      
5. By Odin Side


Banda:


Yuri Fulone - Teclados, guitarra base, baixo, violino
Nuno Monteiro - Vocais
Anderson Alarça - Bateria
Paulo Lucas de Souza - Guitarra solo


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