Há bandas que realmente buscam inovar, usando de fórmulas ainda não pensadas e criando trabalhos diferenciados, como o quinteto DYNAHEAD, de Brasília, que foge dos modelos pré-existentes e usa de criatividade e miscigenação sonora para executar um trabalho musical imprevisível, como visto em ‘Chordata I’, seu mais recente trabalho.
Aproveitando o lançamento, e abusando da boa vontade de Eduardo Macedo da MS Metal Press, lá fomos nós bater um papo com eles.
Metal Samsara: Bem, agradecemos pelo tempo que nos concedem para esta entrevista, e começamos perguntando sobre o CD novo, ‘Chordata I’. Como surgiu o conceito que é abordado no CD, e poderia nos falar um pouco dele, no que se baseia?
Caio Duarte: Olá pessoal, muito obrigado pelo interesse! O conceito deste e do álbum anterior, 'Youniverse', foram muito influenciados pelos meus estudos em ciência. O 'Youniverse' é baseado em astronomia, e o 'Chordata' é inspirado na evolução biológica, darwiniana. Ele é um disco conceitual que acompanha a vida desde sua origem até os dias de hoje.
Metal Samsara: Ainda falando de ‘Chordata I’, como ele terá uma sequência, ou seja, um ‘Chordata II’, já existe alguma previsão de quando ele sai, e já possuem material pronto para isso?
Caio Duarte: Sim, o disco já está prontinho, apenas esperando para ver a luz do dia. Ele será lançado em 2014, quando as pessoas já tiverem tido um bom tempo para curtir a parte I.
Metal Samsara: Bem, vocês sabem que ainda existem focos de resistência a inovações no meio Metal, então, não acham um pouco arriscado serem tão ousados? Ou seja, não temem acabar ficando restritos a uma parcela pequena de fãs?
Caio Duarte: É arriscado sim, mas como não somos uma banda de pretensões comercialóides não é algo que nos assusta. Inclusive faz parte da nossa proposta questionar essas 'cláusulas pétreas' musicais impostas pela doutrinação comercial da imprensa e das gravadoras. A música precisa de ousadia para se manter viva.
Metal Samsara: Sendo um chato, reparamos que Deth Santos não pode gravar o CD devido a problemas pessoais, mas isso sempre leva àquela velha pergunta: ele saiu da banda, ou algo nesse sentido?
Caio Duarte: Sim, ele está fora. Fizemos tudo o que pudemos para ter ele como parte da banda na gravação do disco, que seria algo bem legal para a carreira dele, mas infelizmente vimos que não seria possível. Evitamos fazer alarde, mas somos apenas nós quatro agora... Até encontrarmos o cara certo.
Metal Samsara: Olhando a discografia da banda, de ‘Unknown’ de 2004 até chegarmos em ‘Chordata I’, qual seria sua visão sobre cada um deles? Há alguma evolução que possa dizer, em termos de banda e mesmo de produção/investimento?
Caio Duarte: A evolução da banda é bastante evidente, já que ao longo desses anos (são quase dez!) crescemos muito enquanto músicos e pessoas. Quanto ao investimento, sempre fomos uma banda "DIY": Cuidamos totalmente da nossa própria produção. Assim, a qualidade foi melhorando enquanto eu mesmo desenvolvia minhas habilidades como produtor, e não devido a investimentos financeiros crescentes. Seria muito legal ter bastante dinheiro, mas como a necessidade é a mãe da criatividade, é bom se ver confrontado com esse desafio... E conseguir registrar um disco muito bom gastando pouco ou quase nada.
Metal Samsara: Vocês são do Distrito Federal, que tem uma boa cena no tocante a Heavy Metal. Conte-nos um pouco sobre ela, e qual a experiência do DYNAHEAD dentro deste contexto?
Caio Duarte: A cena brasiliense é extremamente prolífica. Como é uma cidade funcional, as pessoas não costumam ter muito o que fazer nas horas vagas - então elas se trancam em casa e aprendem a tocar. Isso criou força na década de 80, com as "bandas de Brasília" que estouraram no mainstream (embora aqui já fosse um celeiro forte para a MPB e o underground em geral), e isso ainda continua, mas de uma forma menos reconhecida pela mídia. Como o público brasileiro de Metal aprendeu a consumir só o que 'sai na revista', a cena brasileira se focou totalmente no Sudeste... Mas aqui continua dando origem aos melhores músicos do país, além de bandas que, infelizmente, conseguem muito mais atenção lá fora do que no Brasil.
Metal Samsara: Ainda falando a geografia, não acreditam ser necessário ter maior alcance e impacto no eixo RJ-SP-MG, para que a banda alce voos mais altos? Existem planos, até mesmo algo de concreto, para shows nesses estados?
Caio Duarte: Com a internet não é mais 'necessário', mas seria muito legal fazer mais shows no Sudeste. Infelizmente a cena está dormente no país todo, e mesmo para bandas consagradas está difícil tocar sem ter prejuízo financeiro. Temos muitos fãs nessa região, mas mesmo assim é difícil disputar com as 'panelinhas'... Assim, acaba ficando bem difícil tocar para o público do Sudeste, que também tem o obstáculo da manipulação midiática, que evita permiti-lo conhecer o patrimônio que o resto do país tem a oferecer.
Metal Samsara: Em termos de expressão fora do Brasil, o DYNAHEAD já teve algum feedback do eixo EUA-Europa-Japão em relação aos discos anteriores? E já podem comentar como tem sido a recepção de ‘Chordata I’ dentro e fora do Brasil?
Caio Duarte: O 'Chordata I' ainda é bastante recente, mas de forma geral o feedback por parte do público, que ouviu o disco quando ele 'vazou' alguns meses atrás, está sendo fantástico. Algumas partes do mundo tem preconceito por ser uma banda brasileira, outras por conta do estilo musical (o Brasil não é o único país modista no mundo), mas de forma geral o público estrangeiro tende a ser extremamente receptivo conosco... Em alguns aspectos bem mais do que o Brasil.
Metal Samsara: Agradecemos demais por sua atenção e paciência, e pedimos que deixem sua mensagem para os leitores e fãs da banda.
Caio Duarte: Muito obrigado pela entrevista e pelo apoio! No nosso site oficial - www.dynahead.com.br - você encontra muitos vídeos, canais no Facebook, YouTube e Twitter, além da loja onde você pode comprar ou baixar gratuitamente o nosso material. Não deixe de curtir o patrimônio musical nacional sem preconceitos, e apoiar os artistas que desafiam o establishment. Nos vemos em breve!