Um dos maiores valores do Metal é sempre saber se renovar, graças à bandas que surgem em todos os cantos do mundo que, amem ou odeiem, criam algo novo e ampliam os horizontes musicais do estilo.
No Brasil, uma das bandas que mais se destaca na nova geração justamente pela ousadia é o SILENT CELL, que acaba de soltar ‘The Absense of Hope’, seu primeiro CD, que mostra uma banda ousada e sem medo de encarar desafios.
Graças à gentil ajuda da MS Metal Press, pudemos bater um papo com a banda, e saber um pouco de sua história e de seus planos para o futuro.
Metal Samsara: Primeiramente, queremos agradecer a atenção de vocês. Para começar a conversa, conte-nos um pouco sobre como surgiu a ideia da banda, e como se deu a transição entre a ideia surgir e a banda ser formada. Vocês já se conhecem a muito tempo, mas a banda só surgiu mesmo em 2010...
Nós que agradecemos a oportunidade Marcos! A ideia surgiu depois de alguns anos tocando juntos na verdade. A gente tocava em uma banda de pop rock pra arrecadar uma grana, e pelo fato de todos os integrantes terem passado a vida inteira ouvindo e tocando metal em outras bandas, nosso som era meio ‘pop rock from hell’.
Foi o caminho óbvio a ser seguido, e a transição foi bem natural. Cansamos de tocar pros outros, e decidimos começar a tocar e compor pra nós mesmos.
Metal Samsara: O nome da banda, SILENT CELL, a priori, soa um pouco estranho, então, poderiam nos dizer qual foi o contexto em que ele surgiu, e em que ele está ligado ao som de vocês?
Quem veio com o nome na verdade foi o Horror, nosso baterista / vocalista.
A tradução ao pé da letra significaria uma ‘cela silenciosa’, abandonada. O motivo por escolher esse nome em particular foi o jeito como ele soou, e como as letras se formaram no papel. O nome clicou com todo mundo e deu no que deu.
Não existe nenhum significado obscuro por trás dele.
Metal Samsara: Essa é bem clichê: quais as bandas que influenciaram o trabalho de vocês? E como vocês se rotulariam, dentro de uma vertente do Metal, apesar de acreditarmos que esta idéia não faz sentido?
Não somos fãs de rótulos também, mas até entendemos o motivo da existência deles. Costumamos dizer que somos uma banda de ‘metal alternativo’, sendo que a mistura de estilos e influências que se ouve no CD são extremamente distintas.
As influências em si passam por todo o espectro do Rock e vertentes. Cada membro vem de uma escola diferente, cada um colocou seu toque de Thrash, Prog, Synth Pop e tantas outras coisas na hora de compor.
Metal Samsara: ao ouvirmos ‘The Absense of Hope’, a ideia clara que temos é que este disco deve ter levado muito tempo entre a concepção das músicas e a gravação, sendo que esta última é a que mais contribui para este pensamento, pois é extremamente profissional, em nível internacional. Então, como foi a experiência de entrarem em estúdio? O produto final os satisfez em 100%, ou acham que poderia ser melhor?
Levamos quase 3 anos. A experiência foi gratificante e frustrante ao mesmo tempo. Demos tudo o que tínhamos pra dar na hora de compor, fazer melodias, letras, etc. Mas infelizmente, o estúdio não estava sempre disponível pra gente, então fomos gravando tudo em pedaços. O que atrapalhava bastante, pois toda vez que a gente sentava pra gravar, já haviam passado alguns meses, as ideias já não estavam tão frescas e demorava pra começar a fluir de novo. Mas fora isso, o apoio que o Fabiano Pires (estúdio Pires, onde foi gravado o cd) deu pra gente foi fundamental pra realização do nosso projeto, e não teríamos conseguido sem ele.
Levando em conta todos os obstáculos que tivemos que atropelar, nós diríamos que o produto final ficou excelente. Não ficou 100%, faltaram alguns detalhes que acabamos deixando de fora por falta de tempo, mas estamos orgulhosos do trabalho que criamos.
Metal Samsara: A produção do trabalho, feita por Marcos Maluf, e a mixagem de Alexandre Garcia, deixou o disco soando limpo e bruto, logo, esperam poder trabalhar com eles no futuro? Aliás, no permita o comentário: quando lemos a ficha técnica do CD e demos de cara com esses nomes, ficamos bem estupefatos aqui (risos)...
Pois é, foram eles mesmos os responsáveis por essa bagunça toda (risos)!
Brincadeiras a parte, o Marco Maluf foi uma peça chave pra gravação e produção do cd. Mas infelizmente, ele teve outros compromissos durante o processo final, e tivemos que correr pro Ale mixar.
O que acabou dando certo no final das contas, pois ambos conseguiram colocar a sua pegada no cd, e o resultado final ficou mais forte e pesado por conta disso.
Metal Samsara: ‘The Absense of Hope’, de certa forma, marca o início de uma nova fase no Metal nacional, já que esta sonoridade de vocês é algo bem corajoso em termos de público, pois por aqui, impera o radicalismo conservador no Metal. Como se sentem sendo os pioneiros? E justamente o radicalismo do público não chega a ser uma preocupação?
Existe o lado bom e o lado ruim de ser pioneiro em qualquer coisa. O lado bom é ser único, sair na frente dos outros e se destacar com mais facilidade. O lado ruim é que o processo todo acaba se tornando mais lento, pois o público demora pra assemelhar o que é novo, e a aceitação nem sempre ocorre de uma forma fácil. E de fato existe todo esse lance do metaleiro tradicionalista no Brasil, que é bitolado em Maiden e qualquer coisa que fuja da regra é coisa de poser e vendido.
Nada contra Maiden, ou qualquer outra banda que toque qualquer outra vertente do metal, mas acho que existe espaço pra todo mundo ser feliz. E não é porquê tal música tem um efeito eletrônico, ou porquê um refrão é mais lento que a banda é ruim, ou falsa.
A mentalidade da galera esta mudando aos poucos, e essa balança esta ficando cada vez mais equilibrada, é só ouvir as bandas novas que estão estourando por aí, é um som mais foda que o outro. Mas ainda falta muito chão.
Metal Samsara: Ainda sobre o CD, existe uma diversidade muito grande no que ouvimos, pois a banda soa ora mais bruta e seca, ora mais melodiosa e com forte dose de feeling, logo, como foi trabalhar com esses dois lados ao mesmo tempo? Isso é, expor tanta diversidade, mas ao mesmo tempo, ainda soar como algo conciso?
Achamos que isso tenha acontecido por dois motivos. O primeiro são as variedades de influências que cada músico trouxe pra equação, o outro foi que nós tomamos a escolha de não colocar nenhum tipo de limite ou barreira durante o processo de composição. Gravamos o que soava bem pra gente, independente de qualquer coisa.
Metal Samsara: Para a promoção de ‘The Absence of Hope’, a banda gravou um vídeo para ‘Devoted’. Por que justamente ela? E como surgiu a concepção do vídeo, bem como foi o trabalho de fazê-lo? Aliás, por falar nisso, um fato curioso são os trajes da banda. Eles têm algum significado?
A ‘Devoted’ é uma música que mescla bem os elementos que fazem do som da SILENT CELL o que é. Ela é pesada, tem um groove massa, refrão marcante...foi fácil escolher.
O clipe foi feito pelo pessoal da Triton Filmes, aqui de Bragança Paulista mesmo. O Fernando acreditou no nosso som e pulou no barco. Obviamente existiam algumas limitações financeiras e técnicas pra gravar, então tomamos o caminho mais simples e fizemos um clipe só da banda tocando, sem firula. O resultado ficou muito acima do que até a gente mesmo esperava.
Em relação aos uniformes, foi mais pelo apelo visual mesmo. Todos na banda são fãs de Kiss, Slipknot, Alice Cooper, Mudvayne, etc. Bandas que chamaram atenção não só pelo som, mas pelo visual. Usamos eles como referência.
Metal Samsara: Voltando a falar do ‘The Absence of Hope’, ele foi lançado no meio do ano, em formato independente, logo, como tem sido a recepção dele por parte do público e da crítica? Já tem uma idéia de como as coisas estão indo? E alguma coisa em termos de Europa e EUA?
A recepção tem sido monstra! Pelo menos pelo mundo online e pelas redes sociais, pegou todo mundo da banda de surpresa. Estamos com mais de 80.000 views no youtube e 40.000 likes no face, isso sem nenhuma turnê grande, apoio de gravadora e poucos shows, pra muita banda isso pode até não significar nada, mas pra gente isso mostra que o nível de aceitação é grande e o público existe. Não tem como negar.
Metal Samsara: Bem, o CD foi lançado, logo, isso significa que vocês devem estar caindo na estrada, certo? Já há alguma coisa concreta em termos de shows fora de SP, em outros estados? Aliás, o nome de vocês seria uma ótima para o Rock in Rio, pois o SILENT CELL cairia como uma luva no festival, pois sua proposta musical é bem acessível...
Se alguém quiser colocar a gente pra abrir pro Metallica no Rock In Rio, estamos com a agenda livre! (risos)
Fora isso, estamos correndo atrás de shows. No nosso caso já é um pouco mais difícil, pois estamos bem no meio da linha entre ser uma banda de metal, e ser uma banda ‘pop’ no caso. Então em muitos festivais que rolam por aí a gente não encaixa, uns a gente é pesado demais, pra outros somos muito leves, então tem essa trave. Mas estamos construindo os contatos e temos uns planos grandes no gatilho, um deles inclui uma turnê europeia pro final do ano, e alguns shows pela América latina. Só não da pra divulgar agora.
Metal Samsara: Vocês pertencem ao cast da MS Metal Press, então, como tem sido trabalhar com eles?
Eles tem ajudado muito, o Eduardo acredita bastante na gente, assim como nós neles, eles sabem exatamente o que querem das bandas que eles representam. Mas a verdade é que o grande trabalho ainda não começou. Estamos dando um passo de cada vez, e organizando os pontos pra fazer um barulho forte na cena. A única coisa que podemos dizer no momento é pra galera aguardar um pouco, pois ainda vamos girar a cabeça de muito nego por aí.
Metal Samsara: Agradecemos muito por sua gentileza, e deixamos o espaço para sua mensagem.
Mais uma vez, nós que agradecemos a oportunidade!
Segue abaixo nossos links e um telefone pra contato, Valeu!
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