2 de nov. de 2016

VORGOK - Assorted Evils (Álbum)


2016
Independente
Nacional


Músicas:

1. Deception in Disguise
2. Hunger
3. Kill Them Dead
4. Last Nail in Our Coffin
5. Antagonistic Hostility
6. Hell's Portrait
7 Headless Children
8. Man Wolf to Man
9. Drowning 
10. Mass Funeral at Sea


Banda:


Edu Lopez - Guitarras, vocais
Bruno Tavares - Guitarras
João WIlson - Baixo
Jean Falcão - Bateria


Contatos:

http://roadie-metal.com/press/vorgok/ (Assessoria de Imprensa)


Nota:

Originalidade: 8
Composição: 10
Produção: 9

9/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Nos dias de hoje, com esse “revival” anos 80 que ocorre desde o final dos anos 90 para cá, podemos distinguir as bandas em dois grupos bem distintos: aqueles que nada podem dizer e cujos trabalhos são realmente indignos de estarem na coleção de muitos, já que são apenas processo de clonagem de tudo que já foi feito; e aqueles em que realmente o espírito sonoro dos anos 80 está presente, independente da época.

Não, a diferença não está na roupa, idade, e nem mesmo na gravação ou nos ideais do músico. Está no que o músico tem no coração, naquilo que realmente existe gravado a ferro e fogo na alma, e acaba nascendo da convivência no referido período. E isso, meus caros, não tem papo, livro, conversa ou diploma que substitua, sinto muito.

E justamente por fazer um link inteligente entre a sonoridade dos anos 80 e a atualidade que o grupo carioca VORGOK é tão bom. Você sente no álbum deles, o recém lançado “Assorted Evils” este sangue nos olhos e fogo na alma que somente alguém que viveu os anos 80 pode ter, e transformar em música de primeira linha.

Aqui, você vai encontrar o mais puro e verdadeiro Thrash Metal dos anos 80, com claras influências de SLAYER e alguns toques de Crossover e algumas influências do CELTIC FROST e da escola Thrash germânica. É agressivo, bruto e empolgante, mas bem feito e com ótimos arranjos (os duelos de solo são fantásticos), e apesar do bom nível técnico, se percebe que o mais importante em si é a música.

É uma saraivada de riffs insanos, vocais agressivos, baixo e bateria segurando uma base rítmica sólida e pesada. E é tão ganchudo que se ouve e se ama de primeira.

“Assorted Evils” é mais uma produção de Celo Oliveira, que procurou deixar a sonoridade seca e agressiva, mas com aquela preocupação estética em deixar tudo sonoramente claro. A crueza da música do grupo não vem da qualidade sonora, mas da música em si.

A capa em si é algo sinistro, evocando o nome da banda, que é “o conjunto de todos os males praticados pela humanidade, passados, presentes e no futuro”, e ao mesmo tempo, reflete a temática do grupo, que evoca temas como a intolerância, manipulação, opressão, extermínio das espécies e direito dos povos do terceiro mundo à condições de vida mais humanas.

O som do VORGOK tem o DNA dos anos 80, aquela agressividade forte e raçuda, acompanhada de uma música que não chega a ser extremamente complexa, mas que é bem feita. A qualidade dos arranjos é ótima, o dinamismo entre os instrumentos musicais e os vocais é de alto nível. A verdade é: “Assorted Evils” é um discão de primeira.

É difícil destacar uma ou outra música no álbum, pois “Assorted Evils” é um disco matador do início ao fim.

“Deception in Disguise” - Um ataque feroz e veloz de agressividade crua, sangrando em vitalidade e peso. E se preparem, pois a ferocidade das guitarras é incomum, com riffs intensos solos bem construídos, com boas melodias, onde os duelos realmente nos lembram o SLAYER em seu auge.

“Hunger” - Outra que é bem rápida e intensa, em uma explosão de agressividade que nos agarra pelos ouvidos. Mais uma vez, o trabalho de guitarras é ótimo, e algumas mudanças de andamento nos permitem comprovar in loco como a base rítmica da banda é coesa. É a faixa do clipe oficial de divulgação, perfeita para causar dores de ouvidos no seu vizinho chato e churrasqueiro de fim de semana.

“Kill Them Dead” - Um dos Singles do álbum, aqui o andamento mostra-se variado, já com algumas mudanças para algo um pouco mais cadenciado e azedo, embora existam momentos com velocidade moderada, onde baixo e bateria se destacam, justamente por guiarem com sobriedade e peso essas variações nos tempos.

“Last Nail in Our Coffin” - Sabem quando uma faixa perde em velocidade, mas ganha em técnica e peso, com aquele andamento mais cadenciado, mostrando arranjos musicais de primeira? Pois é, este é justamente o caso dessa aqui, onde percebemos que baixo e bateria se destacam por sua técnica que, além de não obliterar o lado agressivo do trabalho musical do quarteto, dá peso à canção.

“Antagonistic Hostility” - Outra que mixa agressividade e andamento mais lento (mesmo com alguns momentos mais trampados e rápidos), permitindo que as guitarras mostrem riffs dilacerantes. E em termos de vocais, eles estão ótimos, encaixados muito bem na base instrumental.

“Hell's Portrait” - Novamente, a banda lança mão de andamentos alternados, com o início mais lento e pesado, e depois tome velocidade e agressividade. É onde podemos observar muito certa influência de Death Metal que permeia a música da banda, mais uma vez com ótimo trabalho dos vocais.

“Headless Children” - Novamente a banda evoca os andamentos em tempos que não são velozes ou lentos, mas em um meio termo saudável, mesmo com algumas mudanças (onde o ritmo se torna mais lento). Mas uma coisa é notada: o refrão é daqueles que empolga, e isso no meio de uma torrente de agressividade absurda, com riffs memoráveis e backing vocals bem colocados.

“Man Wolf to Man” - Agora, tome uma velocidade alucinante, backing vocals intensos e a banda em uma sintonia enorme, onde tudo flui bem, seja nos momentos mais velozes (onde as influências de Crossover e HC são bem nítidas). E reparem nos solos distorcidos, com ótimos momentos onde as alavancas são usadas com sabedoria.

“Drowning” - Uma instrumental com violões, mostrando clara influência de música Flamenca, onde o caos musical vai surgindo próximo de seu final, criando uma expectativa enorme para o encerramento do álbum na próxima faixa.

“Mass Funeral at Sea” - Longa e com um andamento em que a influência do Death Metal da velha escola é clara (especialmente do DEATH e do CELTIC FROST em alguns momentos). Ou seja, o quarteto soube aglutinar e adaptar suas influências ao que seu som pede. E é uma faixa um pouco mais longa, com vocais mais intensos e em tons mais baixos; e cheia de um trabalho ótimo de guitarra e da cozinha rítmica.

O VORGOK é uma ótima revelação, se mostra ser diferenciado, e “Assorted Evils” é daqueles discos que se ouve sem cansar. Mas o que se espera de uma banda onde seus integrantes têm na bagagem nomes como EXPLICIT HATE, NECROMANCER, DARKTOWER, DEMOLISHMENT e outros?

Agora, é ir aos shows da banda e ter torcicolos por dias, pois é headbanging certo!



POP JAVALI - Live in Amsterdam (CD ao Vivo)


2016
Nacional


Tracklist:

1. Intro
2. Road to Nowhere
3. Freemen
4. Lie to Me
5. A Friend that I’ve Lost
6. Wrath of the Soul
7. Time Allowed
8. I Wanna Choose


Banda:


Marcelo Frizzo - Baixo, vocais
Jaéder Menossi - Guitarras
Waldemar Rasmussen - Bateria


Contatos:



Nota:

Originalidade: 8
Composição: 10
Produção: 7

8/10

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Gravar discos ao vivo é uma tradição dentro do Metal, e uma arte.

A tradição dita que, quando a banda está em um pico em sua carreira, ela deve lançar um disco ao vivo, para que se possa saber em que nível ela se encontra. O lado da arte vem de como a banda escolhe seu setlist, de como lida com o estar sobre o palco. 

Se levarmos ambos os quesitos à risca, podemos aferir que o POP JAVALI, power-trio de Americana (SP), passa com louvor no teste, já que “Live in Amsterdam” é um ótimo disco ao vivo.

Fruto do giro que a banda deu pela Europa em 2015 para promover o disco “The Game of Fate”, esse ao vivo é capaz de dar ao fã a calara impressão de como é a energia do trio ao vivo, da potência, peso e melodia do Hard Rock clássico do grupo, que possui claras influências do Rock’n’Roll clássico e do Progressivo. Mas ao mesmo tempo, o trabalho do grupo soa atual, vivo e vigoroso. 

Gravado ao vivo em 19/10/2015 no The Waterhole, em Amsterdã (Holanda), com o som ao vivo captado por Onno Postma, o disco foi produzido, mixado e masterizado por Andria Busic, a sonoridade de “Live in Amsterdam” é crua, com aquele jeitão de disco “alive” à lá anos 70, ou seja, sem muitos overdubs. Mas isso não quer dizer que a banda não soa clara e pesada, muito pelo contrário.

Já a arte foi feita pelo João Duarte (da J. Duarte Design), que fez uma capa ótima, além de ter dado ao grupo aquele clima bem Old School em termos de encarte e diagramação. O que desejo dizer: no encarte, encontramos fotos dos shows e da banda em vários locais, bem como em seus momentos mais relaxados e divertidos, algo que está ausente dos discos ao vivo dos últimos anos.

Em “Live in Amsterdam”, é sensível a sinergia entre público e banda, com boa participação da plateia em vários momentos, e sem falar que o POP JAVALI está justinho, se apresentando muito bem. E foram tão bem que até mesmo o jornalista brasileiro radicado em Londres, Antônio Celso Barbieri, chegou a ficar surpreso com o show deles na cidade.

E verdade seja dita: tendo como base do show o CD “The Game of Fate”, não tem como não gostar da banda, especialmente em momentos ótimos como a forte e melodiosa “Road to Nowhere”, a sinuosa e cheia de improvisos “Lie to Me” (incrível como a técnica no baixo não atrapalha Marcelo nos vocais), a pesada “A Friend that I’ve Lost” (onde o show é todo de Waldemar “Loks” na bateria), a densa e um pouco mais cadenciada “Wrath of the Soul” (Jaéder realmente está muito bem no CD, trazendo toda uma gama de partes de guitarra improvisadas nos momentos certos), e na ótima “I Wanna Choose”.

Este disco bem que poderia ser duplo, mas mesmo assim, “Live in Amsterdam” é um ótimo trabalho, bem como nos ajuda a conter a ansiedade pela vinda do próximo do trio, que já se encontra em fase de pré-produção.