Por Marcos “Big Daddy” Garcia
O nome de JOHN LAWTON está marcado na história do Rock ‘n’ Roll devido a seus muitos trabalhos como vocalista e compositor. Dono de uma voz poderosa e com trabalhos em bandas como LUCIFER’S FRIEND, URIAH HEEP e outros em seu currículo, ele está ativo como sempre. E ele gentilmente nos recebeu para esta entrevista, e aproveitamos para falar do passado, do presente e dos planos futuros dele.
John Lawton: Olá, Marcos… Obrigado por suas palavras gentis…
Antes de tudo, gostaria de agradecer muito a você por esta oportunidade, John. Vamos começar esta entrevista perguntando sobre suas raízes musicais: quando foi que começou o seu interesse no Rock ‘n’ Roll e quando começou a cantar?
John: acho que meu primeiro encontro com o Rock ‘n’ Roll começou quando ouvir ouvi pela primeira vez a canção “Diana” de Paul Anka (um pouco velho para alguns dos leitores). Acho que tinha 13 anos na época… OK, não é aquele Rock ‘n’ Roll, mas ela que deu o pontapé inicial no meu interesse por Elvis, Little Richard, Chuck Berry, etc... Então eu comecei a ouvir Blues com John Lee Hooker, Muddy Waters e caras assim que mudaram minha visão sobre música... Do Blues para o Rock é um passo bem pequeno 😊
Sobre o LUCIFER’S FRIEND: antes, a banda se chamava ASTERIX, e após o primeiro álbum, o nome foi trocado. Quais foram as razões da mudança? E porque LUCIFER’S FRIEND foi escolhido? Creio que deva ter causado grandes dores de cabeça com a mídia conservadora e os fãs na época.
John: Bem, o LUCIFER’S FRIEND como banda já existia ao mesmo tempo que o ASTERIX. Aquele album foi gravado como um projeto paralelo com um cantor chamado Tony Cavanagh. Eles buscavam um canto ingles para fazer os vocais do primeiro disco do LUCIFER’S FRIEND, chamado “Lucifer’s Friend”, e depois dos meus vocais no ASTERIX, eles chamaram. Não tive nada com a escolha do nome, os caras já haviam escolhido. O nome não foi um problema tão grande assim… Sim, houveram alguns comentários, mas a música superou de longe qualquer crítica...
BD: Nos anos 70, não existiam fronteiras para a visão musical criativa, então seus discos com o LUCIFER’S FRIEND mostram excelentes melodias e diferentes elementos, devido à doses de Rock Progressivo, e mesmo toques de Pop e Blues no som pesado e melodioso da banda. Você acredita que chutar todas as limitações musicais e mesmo os rótulos são uma parte importante de fazer um trabalho musical novo e diferente?
John: Naquela época, as gravadoras davam tempo para experimentar em estúdio, o que nós tínhamos. Eles nos davam tempo para criar aquilo que pensávamos ser nosso melhor trabalho. Atualmente, é diferente, por conta da tecnologia dos dias de hoje, um músico pode fazer um álbum em sua própria casa😊E sem precisar realmente de uma banda😊
Ouvindo hoje em dia “Lucifer’s Friend”, “Where the Groupies Killed the Blues”, “I’m Just a Rock & Roll Singer”, “Banquet” e “Mind Exploding”, você se arrepende de algo? E se pudesse voltar no tempo, você mudaria algo na música ou na forma que as coisas aconteciam na banda?
John: Musicalmente, não existe nada que eu mudaria. Tocamos e gravamos como nos sentíamos naquele tempo, e acho que fizemos bem. A única coisa que eu mudaria: teria aceitado a oferta Miles Copeland (o empresário do THE POLICE na época) para ser nosso empresário, que veio até a Alemanha nos fazer uma proposta. Infelizmente, nossa gravadora não quis entrar em uma discussão e estupidamente concordamos com eles… Em retrospectiva, nós deveríamos ter ido com ele…
Em 1976, você entrou no URIAH HEEP. Você saiu do LUCIFER’S FRIEND para entrar no URIAH HEEP, ou havia saído um pouco antes? E não sentiu a pressão por estar no lugar de David Byron, que era amado pelos fãs? E se lembra de como os fãs o receberam na época?
John: Naquele tempo, os caras (NR: do LUCIFER’S FRIEND), estavam todos fazendo projetos diferentes, Peter Hesslein e Peter Hecht estavam trabalhando com JAMES LAST ORCHESTRA, e eu estava no LES HUMPHRIES SINGERS. Todos tínhamos outras coisas acontecendo, e o Lucifer’s se tornou algo como um projeto paralelo, e quando o convite do URIAH HEEP, decidir ir com eles.
E claro, existiu pressão por eu vir depois de David no Heep, ele era o frontman de uma banda grande. No princípio, os fãs estavam um pouco apreensivos, mas após alguns shows e o lançamento do álbum “Firefly”, eles começaram a me aceitar...
Você gravou 3 discos com o URIAH HEEP, “Firefly” e “Innocent Victim” em 1977, e o clássico “Fallen Angel” em 1978 (sim, um de meus favoritos da banda). Quais são as suas boas recordações das gravações, tours e convivência com a banda? As más, deixemos de lado.
Ei, eu aprendi muito em meu tempo com o Heep, técnicas de estúdio/harmonias vocais e vi muito do mundo que eu provavelmente não veria...
Fizemos alguns concertos ótimos, e pude encontrar alguns músicos realmente grandes… Tivemos alguns momentos não tão bons, mas eles foram poucos e distantes uns dos outros…
Após sair do URIAH HEEP, você só gravou dois álbuns nos anos 80: seu disco solo “Heartbeat” em 1980, e “Stargazer”, do REBEL, em 1982. Mas parece que você ficou quieto demais até os anos 90. Quais foram os motivos desse silêncio tão longo?
John: Sim, tirei algum tempo e fiz muitos trabalhos de estúdio para outros músicos. Também formei uma banda de finais de semana (GUNHILL) com alguns amigos e tocamos em clubes pequenos ao redor de Londres, tocando covers e material que realmente gostávamos como, por exemplo, WHITESNAKE, BAD COMPANY e apenas boas canções de bandas que gostamos. Foi divertido, e me diverti muito com esses shows sem pressão alguma...
Mas pelo visto, após estes anos sabáticos, você retornou a plano vapor, gravando com muitas bandas e fazendo muitas tours. Parece que você ainda tem algo a dizer. Ou o Rock ‘n’ Roll não é apenas seu trabalho, mas um vício? E se for, e é um ótimo vício! Todos somos viciados em Rock ‘n’ Roll!
John: Bem, tenho sido um músico na maior parte da minha vida, e sim, suponho que seja um vício. A banda depois mudou o nome para JOHN LAWTON BAND e trabalhei com músicos realmente ótimos. Gravei o album “Sting In The Tale” com esta banda, que acho um bom disco em minha opinião… E o album “Stepping It Up” com LAWTON/DUNNING PROJECT, logo, realmente é um vício😊
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Lucifer's Friend |
Pulando para anos mais recentes, você voltou com o LUCIFER’S FRIEND. Parece que a coletânea “Awakening” (com algumas músicas novas) e o disco ao vivo “Live at Sweden Rock” os despertaram de um longo torpor. E no ano passado, “Too Late to Hate” veio ao mundo. O que o fez voltar com a banda? E como foi a recepção do álbum? E sua você realmente é maravilhosa, me permita dizer.
John: Bem, obrigado… Um pouco mais velho, é verdade😊… Recebi um pedido de um promoter Norte Americano para trazer o LUCIFER’S FRIEND de volta à ativa, mas isso não deu em nada. Mas nos deu o ponto de partida para reformar a banda.
A recepção para os 3 álbums tem sido realmente positiva, especialmente para “Live at Sweden Rock” e “Too Late to Hate”… A resenhas tem sido muito boas, apesar de termos estado ausentes por tanto tempo…
“Too Late to Hate” é um album muito bom, pois as canções são excelentes e sua voz está ótima. Como foram as gravações, e como o disco foi composto? E agora que está vindo tocar no Brasil, como espera que seja o público durante os shows?
John: Como sempre, Peter Hesslein faz a maior parte das músicas, e eu adiciono certas melodias e as letras… E por Peter ter a tecnologia para gravar a maior parte dos instrumentos na casa dele, isso faz tudo mais simples para mim. Gravei as linhas vocais aqui em Londres, e as linhas de bateria, baixo e teclados foram gravadas em Hamburgo. E pudemos mandar e-mails um para o outro com aquilo que estávamos gravando diariamente... Graças à Internet😊
Houveram algumas conversas sobre fazermos alguns shows no Brasil e na América do Sul, mas nada definido ainda. Gostaríamos muito de chegar no Brasil, pois sei que temos muitos fãs por aí... Vamos aguardar 😊
John, você está no Rock ‘n’ Roll cantando, compondo, excursionando e tudo mais por quase 50 anos. Como se sente ao olhar para o passado? Mudaria algo? Arrepende-se de alguma coisa? E espero que fique conosco por mais 50 anos de música! Óbvio, já que é um amigo de Lúcifer (risos)!
John: Oh, essa é bem difícil (risos)... Não creio que iria querer mudar algo musicalmente falando, consegui a maioria das coisas que queria quando comecei.
E terminamos a pouco de gravar um novo album do LUCIFER’S FRIEND, e aqui, uma exclusividade: ele se chamará “The Last Stand”… E não tenham idéias precipitadas por este título😊… 10 novas músicas com algumas surpresas... Podem aguardar...
Eu agradeço por sua gentileza e tempo. E por favor, deixe sua mensagem para nossos leitores e seus fãs.
John: Primeiramente, Marcos, obrigado pelo tempo e interesse, e a todos os nossos fãs (amigos) que estão aí, agradeço pelo apoio através dos anos, e talvez possamos nos encontra pessoalmente...
Fiquem bem.
John.
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