1 de jul. de 2017

HAVOK - Conformicide (Álbum - Boosted review)


2017
Selo: Shinigami Records
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Tracklist:

1. F.P.C.
2. Hang ‘Em High
3. Dogmaniacal
4. Intention to Deceive
5. Ingsoc
6. Masterplan
7. Peace is in Pieces
8. Claiming Certainty
9. Wake Up
10. Circling the Drain
11. String Break
12. Slaughtered (Pantera cover)


Banda:


David Sanchez - Vocais, guitarra base
Reece Scruggs - Guitarra solo, backing vocals
Nick Schendzielos - Baixo, backing vocals
Pete Webber - Bateria


Contatos:

Site Oficial: http://havokband.com/

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O tempo é senhor de tudo. Tudo pode ser feito, refeito e aprimorado, ainda mais quando a oportunidade bate às nossas portas. E graças à Shinigami Records, temos a chance de fazer um review “reboosted” de “Conformicide”, último disco do HAVOK.

Ele já havia sido resenhado no Metal Samsara, mas a oportunidade de refazê-lo melhor ainda é tentadora, logo, por que não?

Como dito antes, o Thrash Metal tem passado por um ótimo momento. A diferença de nossa época para a década de 80 é simples: a obviedade no domínio do Big 4 norte-americano e no trio de ferro da Alemanha já não existe. Hoje, mesmo donos de nomes lendários, SLAYER, METALLICA, MEGADETH e ANTHRAX não são mais unanimidades, e precisam lutar para encarar nomes mais recentes que ou levam o estilo adiante inovando, ou reciclam com sabedoria o que foi feito nos anos 80. Tudo está nivelado em termos de qualidade de trabalho, e por isso bandas como o HAVOK, de Denver (Colorado) são tão conhecidos. E fazem frente a bandas de grande porte, bastando prestarmos atenção (sem dar uma de fundamentalista de bandas antigas, por favor).

O que o HAVOK faz em “Conformicide” é Thrash Metal agressivo e raivoso (veja pela rispidez dos vocais), mas com muitas de partes mais grooveadas (como é evidente nos “slaps” do baixo em “F.P.C.”), além de uma energia enorme e empolgante. A banda não se furta em usar influências do Thrash Metal/Crossover mais furioso e rasgado possível, tendo referências em bandas como D.R.I., M.O.D. e NUCLEAR ASSAULT, mas a  selvageria do EXODUS na muralha de riffs que o grupo usa. São influências, já que o quarteto soa cheio de personalidade e sentando o porradeiro sem dó dos pescoços alheios, sem falar que eles fogem dos clichês e mostram boa técnica individual em muitos pontos.

A música do HAVOK não é politicamente correta em momento algum. Aliás, é ofensiva, rude, bruta, e sangrando em energia empolgante, como uma banda de Thrash Metal deve ser.

As mãos de Steve Evetts (SYMPHONY X, EVERY TIME I DIE, M.O.D., SEPULTURA, entre outros) estão na produção e mixagem do álbum, enquanto a masterização é de Alan Douches. E por esse background diferente nas etapas da gravação e edição, a sonoridade bruta e agressiva de “Conformicide” foge do convencional para as bandas da nova geração do Thrash Metal americano. O disco soa coeso, pesado e bruto, mas nos permitindo compreender o que o quarteto está tocando. Além disso, a ótima qualidade dos timbres instrumentais ferozes e fortes é de deixar todos de queixo caído.

Na capa de Halsey Swain, uma declaração: pensem fora da caixa, ou seja, parem de pensar conforme foram ensinados (ou adestrados). E toda a arte do encarte deixa isso claro, pois a oposição ao politicamente correto (em “F.P.C.”), a cegueira imposta aos sentidos por religiões (“Dogmaniacal”), a opressão militarista que alimenta o lucro das empresas armamentistas (“Peace is in Pieces”) e outras mostram que a realidade do HAVOK nada tem com esquerda ou direita. Na realidade, a crítica é para todos os lados dessa sujeira generalizada, uma cuspida Thrashcore nos olhos de todos que vivem no conformismo de idéias, de qualquer tipo de ideologia.

 “Conformicide” nos mostra o quarteto com um trabalho técnico mais elaborado que antes, com arranjos bem feitos e fluidos, e uma dinâmica maior. É o primeiro disco do baixista Nick Schendzielos (que toca também no CEPHALIC CARNAGE e do JOB FOR A COWBOY, e que tem passagem pelo CATTLE DECAPITATION), que é um fator definitivo para ajudar David Sanchez (vocais, guitarra base), Reece Scruggs (guitarra solo, backing vocals) e Pete Webber (bateria) a darem um salto qualitativo enorme em relação aos discos antigos.

A pergunta é: “Conformicide” é um bom disco?

“Hang ‘Em High” - Rápida e brutal, onde o baixo se destaca bastante, fora um refrão raçudo e um excelente acabamento em termos de arranjos.

“Dogmaniacal” - Um pesadelo cheio mudanças rítmicas e muito peso, além d euma energia empolgante. Reparem como a bateria é criativa e técnica, dando suporte à artilharia pesada do grupo.

“Intention to Deceive” - Mais técnica e com andamento em velocidade mediana, percebe-se nela o diferencial que o quarteto impôs a si mesmo no disco inteiro.

“Ingsoc” - Pesada como o inferno e cheia de passagens melodiosas que não descaracterizam a agressividade explícita dos riffs de guitarra. Aliás, os riffs da banda estão exageradamente secos e pesados.

“Masterplan” - Uma golfada técnica Thrasher cheia de boas passagens, ritmos se alternando, e onde os vocais estão muito bem, fora os backing vocals raçudos e slaps de baixo se encaixarem perfeitamente.

“Wake Up” - Uma ode explícita ao não conformismo, recheada por muitas mudanças de ritmo, peso em profusão, fora riffs agudos e de primeira.

“Circling the Drain” - Mais refinada, mesmo assim cheia de agressividade intensa, um azedume Crossover de primeira com força na base rítmica.

“Slaughtered” - Esta é um cover do PANTERA (que está no “Far Beyond Driven”), e que ficou mais seca que a original, mais cortante, mas ainda assim sinuosa e cheia de groove, onde o mais legal é ver o uso de vocais agressivos urrados contrastando com o rasgado de David (sem mencionar que baixo e bateria estão fenomenais). è uma das duas faixas bônus, assim como String Break”.

E pode parar, pois ainda não terminei.

“F.P.C.” - Faixa que abre o disco e merece um detalhamento maior. Ela tem a primeira parte parte bem funkeada à lá MORDRED, com o refrão soando mais agressivo, com muito groove no baixo, e parte um Thrash Metal agressivo e rasgado de causar moshpits insanos (com lindos duetos de guitarra e vocais abusivamente rasgados). E é nela que vemos que o HAVOK é um autêntico puro sangue Thrasher, pois a sigla significa “Fuck Political Correctness”, ou seja, “Foda-se o Politicamente Correto”, uma declaração de guerra a uma maldição que está causando problemas até no Metal, como a aparição de SJWs, antifas e censura à liberdade de expressão. E o HAVOK chega em boa hora, mostrando que o gênero se opõe a abusos e alienação de qualquer lado, sem dó de quem quer que seja.

Respondendo agora: “Conformicide” é um dos discos de 2017, talvez o disco de Thrash Metal mais forte e divertido do ano, sem sombra de dúvidas.

No mais, “Conformicide” vem para estabelecer o HAVOK como um dos nomes mais fortes do estilo, e à Shinigami Records, fica nosso agradecimento por disponibilizar a versão nacional do CD.