12 de dez. de 2015

DIRTY GLORY - Mind the Gap (CD)

Músicas:

01. Sticks and Stones
02. Failing the Test
03. 20 Years of Moving On
04. Beyond Time
05. Black Lightning
06. Fire
07. Damn the Human Race
08. Every Time I Think About You
09. What's Her Name Again?
10. Mr. Jack
11. Modern Gods
12. The Sentence
2015
Independente
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Contatos:

ASE (Assessoria de Imprensa)


AS COISAS ANDAM mudando no cenário brasileiro, pois dada vez mais, o Hard/Glam Rock tem dado as caras por aqui. Sim, pois cada vez mais, ótimas bandas do gênero andam dando as caras no Brasil. Ainda bem, pois isso nos confere maior diversidade musical, mostra que a tendência e tradição extrema do cenário brasileiro andam mudando (e espero que a mentalidade mude junto), e além disso, ouvir discos como o excelente "Mind the Gap" do quinteto paulista DIRTY GLORY é realmente um privilégio.

Neste disco, nada mais que o puro e ganchudo Hard Rock à lá Sunset Strip, com aquela pegada pesada envolvente, ótimos refrões, corais na medida certa. E isso tudo apoiados em vocais excelentes (os timbres de voz são ótimos e bem pensados), guitarras roncando com riffs e solos naquele meio termo entre o pesado e o acessível, e uma cozinha rítmica peso-pesado, com boa técnica e conduzindo bem os andamentos do quinteto. Nada complexo, nada inovador, mas tudo excelente, com energia, envolvente e de dar inveja em muito marmanjo metido a veterano que odeia Hard/Glam.

Com produção dividida entre o vocalista Jimmi DG e Luís Lopes (que ainda mixou o CD), e com a masterização feita nos BlackBelt studios em Seattle (EUA) pelas mãos de Levi Seitz (exceto por "The Sentence") deixou a sonoridade da banda bem firme, pesada e seca, com belos timbres nos instrumentos, mas sem deixar de soar clara, com cada instrumento com seu devido volume. E a arte como um todo é ótima, com uma capa bem pensada e layout inteligente, enriquecendo ainda mais o disco.

O trabalho do quinteto é fantástico em todos os pontos. A proposta de se fazer um Hard/Glam de primeira está em seu ápice, pois o grupo sabe o que faz. Arranjos bem feitos, dinâmica ótima, e tudo em um nível que beira a perfeição. E além disso, a banda ainda usa de pianos, harmônica, e percussões que enriquecem o disco. E além disso, vale citar que toda a parte de baixo foi gravada por Vinni Novack.

Nem dá para destacar uma ou outra faixa do disco. É esforço demasiado, já que "Mind the Gap" é um disco perfeito.

Sticks and Stones - O disco já abre com um Hardão de primeira, ganchudo e belo trabalho de vocais e backing vocals, refrão de fácil assimilação e que solos de guitarra!

Failing the Test - O andamento é um pouco mais lento, mas aquele clima Hard/Glam californiano está presente, onde baixo e bateria se destacam bastante.

20 Years of Moving On - Ô musiquinha grudenta do cão! É um dos melhores momentos do CD, esbanjando acessibilidade musical, transitando entre o Hard e o Rock'n'Roll, bem despojada, participação de harmônica, e novamente um refrão inesquecível. Nem precisa de uma segunda ouvida para ficar grudado!

Beyond Time - Uma canção um pouco mais acessível, mostrando um lado um pouco mais AOR de sua música. E mais uma vez, as guitarras mostram solos excelentes, mais melodiosos.

Black Lightning - Um Rock'n'Glam mais sujo e intenso, novamente com backing vocals providenciais e a bateria usa muito bem daquele bom e velho peso Hardão que todos os fãs do gênero adoram.

Fire - Definitivamente, esses caras arrombaram uma fábrica de chicletes, pois sabem fazer canções grudentas! Outro grande momento, com uma pegada bem ato astral e cheia de acessibilidade musical. Essas guitarras são um vício!

Damn the Human Race - Aqui, a banda inteira está em excelente forma, mostrando um Hard'n'Roll descompromissado, com vocais muito bons e um jeitão meio AOR em muitos momentos. 

Every Time I Think About You - Uma belíssima balada, muito bem feita, com cordas limpas e vocais bem encaixados. Tem aquele jeitão Hard Pop anos 80 maravilhoso visto em bandas como FIREHOUSE e BON JOVI. 

What's Her Name Again? - Aqui, a banda torna a pegar um lado mais acessível do Hard, mesmo mantendo doses fortes de peso. Harmônica e percussão mais uma vez dão um toque especial à canção.

Mr. Jack - Equilibrando bem o peso, a agressividade e a acessibilidade musical, a banda se sai em grande forma, com baixo e bateria mostrando a força e peso da base rítmica da banda, sem deixar de ter uma técnica bem sensível. E se eu falar em refrão grudento mais uma vez é pura redundância.

Modern Gods - Repete-se a mesma fórmula de "Mr. Jack", apenas com um pouco mais de peso e leve toque de ironia em alguns momentos. Mas o que seria o Hard sem este elemento essencial? Ponto para os vocais mais uma vez.

The Sentence - Mais uma baladinha, dessa vez toda feita em piano e voz. É belíssima, mostrando o quanto os vocais da banda são ricos em timbres e versáteis.

Uma banda desse nível no Brasil é algo absurdo, e vem se juntar a PÚRPURA INK, FÚRIA LOUCA e outros nesse front do Hard Rock brasileiro.

Banda:

Jimmi DG - Vocais, piano, harmônica
Dee Machado - Guitarras, backing vocals
Reichhardt - Guitarras, backing vocals
Vikki Sparkz - Baixo, backing vocals
Sas - Bateria, percussão










LYRIA - Catharsis (CD)

Músicas:

01. The True War 
02. Revenge 
03. Jester
04. The Phoenix Cry
05. Reflection
06. Insanity
07. The Phoenix Rebirth
08. Light and Darkness
09. What Do You Want from Me?
10. Craven

2014
Independente
Nacional

Nota 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Contatos:

Blog n Roll (Management)


Fazer Symphonic Metal no Brasil é algo bem difícil.

Sim, o estilo tem enormes problemas em ser feito por aqui, uma vez que o nível de exigência sobre a questão técnica é elevado, e ao mesmo tempo, é necessário manter a música o mais atraente possível para aqueles que não se importam demais com virtuosismo instrumental. E atingir este equilíbrio não é simples nem mesmo no exterior. 

Mas mesmo assim, bons nomes surgem a todo momento no Brasil, e é interessante ver que no Rio de Janeiro, terra marcada por radicalismos extremos no cenário local, surgirem bandas ótimas como o LYRIA, um trio que faz um trabalho ótimo. Basta ouvir "Catharsis" e perceber isso claramente.

A banda lança mão dos elementos já conhecidos no gênero, mas o que os diferencia da maioria é o uso de timbres mais agressivos e pesados em sua música, sem deixar que ela se torne menos acessível ou melodiosa. O trabalho do trio é ótimo, com vocalizações ótimas, belos arranjos de guitarra (mesmo não tendo um guitarrista efetivo na época da gravação, e nem um tecladista. Todas as partes dos teclados foi feita por Marcelo Oliveira, que ainda fez alguma programação de bateria, gravou parte das guitarras, além de produzir, mixar e masterizar o disco. E outro que ajudou nas seis cordas foi Sérgio Filho, além da participação de Rafael Picolo tocando flauta), baixo e bateria firmes na base rítmica, mas com bom nível técnico. Óbvio que a banda não chega a ser inovadora (pois a fórmula usada aqui já foi ouvida em muitos trabalhos), mas veio para dar sua contribuição e somar, sem imitar ninguém e impondo sua personalidade.

Em termos de sonoridade, a banda conseguiu aliar os requintes do Metal sinfônico com a garra do Metal, usando, como dito acima, timbres mais agressivos. Só que mesmo assim, cada elemento está em seu devido lugar, com o volume correto, e uma clareza bem evidente.

Musicalmente, o LYRIA capricha nas suas composições, polindo bem os arranjos, mas a espontaneidade de suas canções não é afetada. E a duração média de quatro minutos ajuda bastante, pois o ouvinte não se sente em momento algum entediado ou sonolento, pois a dinâmica instrumental é sempre interessante.

Melhores momentos: "The True War" (uma faixa climática, de andamento mediano, onde baixo e bateria mostram bastante sua força e técnica), a forte e mais pesada "Revenge" (belíssimos vocais preenchem uma cheia de sutilezas nos teclados e riffs agressivos), a melodiosa e grandiosa "Jester" (faixa do vídeo oficial, com muita elegância nos arranjos, mais uma vez apresentando vocais lindos e bem feitos), a belíssima "Insanity" (intensa, mostrando vocais mais operísticos em muitos momentos), "Light and Darkness" e sua riqueza de contrastes, especialmente no assentamento das belíssimas vocalizações femininas sobre um instrumental pesado e cheio de agressividade, e "What Do You Want from Me?", onde as participações de flautas aparecem no início, sem deixar de ter suas partes mais pesadas.

Um CD honesto feito por uma banda honesta, com músicas ótimas aguardando os ouvintes.

E viva ao Metal feito com classe e elegância!


Banda:

Aline Happ - Vocais
Thiago Zig - Baixo, vocais adicionais 
Eliezer André - Bateria