24 de ago. de 2013

Hevilan - The End of Time (CD)

Independente 
Nacional
Nota 10/10

Por Marcos Garcia


E eis que o Metal nacional mais uma vez surpreende, e muito, já que encontrar um CD com esta qualidade musical é surpreendente, pois uma vez que aquilo que chamamos de Metal Tradicional Moderno andava um tanto quanto enfadonho há uns tempos. E eis que o excelente quarteto HEVILAN, de São Paulo, vem para balançar as convicções de muitos que duvidam do Metal brazuca com seu ótimo primeiro Full Length, o arrasador 'The End of Time', que foi feito de forma independente, mas que terá distribuição pela Voice Music e está à venda nas boas lojas especializadas.

O grupo faz, como já dito, uma linha bem moderna de Metal Tradicional, ou seja, aquele híbrido entre a melodia e estruturas harmônicas bem definidas e limpas do Metal com a agressividade pesada dos estilos mais modernos, com timbres bem intensos e agressivos dos instrumentos (especialmente das guitarras), e no caso do HEVILAN, esse mix chega a extremos muito prazerosos  com vocais fortes e que usam bem mais de seus tons graves normais (algo como o que o Rob Halford faz em sua carreira solo e Russel Alen no SYMPHONY X), guitarras afiadas e muito agressivas em seus timbres gordurosos em riffs abrasivos e solos melodiosos, com baixo e bateria criando uma base rítmica pesada, coesa e diversificada, onde as mudanças de andamento são ótimas, e ainda temos corais operísticos empolgantes (sim, a presença de um quarteto de vocalista se faz presente e abrilhanta as músicas onde se fazem presentes), fazendo a aquisição desse CD obrigatória a qualquer fã de Metal que se preze.

Gravado em quatro estúdios diferentes (Norcal, Spark, El Rocha e no estúdio do próprio guitarrista, o Johnny's Lair), tendo a produção do próprio conjunto, mais a ajuda de Adair Daufembach, Brendan Duffey e Adriano Daga (sendo que estes dois últimos também fizeram a mixagem e masterização), a sonoridade realmente é coisa de primeiro mundo, sabendo harmonizar a agressividade e melodia da banda nas medidas certas e sem limar nenhuma de suas características mais marcantes. Em termos de produção gráfica, vemos uma extensão da perfeição da sonoridade nela, já que temos um luxuoso formato Digipack extremamente bem cuidado e toda a arte é finíssima, em um trabalho muito esmerado de Robson Piccin, já que as letras versam sobre o tema do final dos tempos, comuns à várias religiões e mitologias, bem como mostra a persistência da vida em meio ao desespero e caos reinante, e a viva esperança de uma recriação futura.

Musicalmente, uma palavra descreve muito bem o que ouvimos: perfeito.

Sim, uma vez que embalado por tanto sacrifício (um disco ser independente com uma produção tão bem cuidada assim deve ter custado os olhos da cara, acreditem!) implica diretamente que o conteúdo musical não fica atrás. E vejam bem que ainda nem citamos que o batera do disco é ninguém menos que o "Thunder Fists" Aquiles Priester (ele mesmo, o que tocou no ANGRA e que hoje continua firme no HANGAR), e que Vitor Rodrigues (do VOODOOPRIEST) se faz presente em três faixas.

Não dá para destacar faixas aqui, esqueçam, é impossível! Este autor ouviu o disco mais de oito vezes, desistiu e se rendeu à banda!

O CD abre com a maravilhosa e agressiva 'Regenesis', onde temos um show das guitarras e dos vocais (olhem bem a presença dos corais citados acima), seguida da envolvente e mais cadenciada 'Shades of War', com um trabalho da bateria muito bom, além dos vocais muito bem postados (Vitor soube dar um sabor especial à faixa, junto com esses vocais "halfordianos" de Alex Pasqualle). 'Minus is Call' é bem cadenciada, com riffs ganchudos que não saem mais da cabeça do ouvinte e novamente corais muito bem encaixados. As 12 badaladas do Big Ben (o velho relógio da Torre de Londres) anuncia o início de 'End of Time', com o refrão feito pelo coro operístico, enquanto a faixa é bem abrasiva e intensa, com a cozinha baixo/bateria ditando as regras. 'Desire of Destruction' é outra faixa bem ganchuda conduzida pela guitarra, então vem a arrasa-quarteirões 'Sanctum Imperium', onde Aquiles cismou de mostrar todo seu arsenal, e Johnny Moraes (guitarrista) mais uma vez arregaça as mangas e faz acordes soberbos, assim como Biek Yohaitus (baixo) faz acordes sublimes, tornando-a uma faixa perfeita. 'Dark Throne of Babylon' é outra a pegar bem pesado e ser mais cadenciada, onde as melodias vocais são bem evidentes diante da agressividade da banda. A agressiva 'Son of Messiah' mostra a banda em uma música mais veloz, com direito à blast beats, solos debulhantes e corais bem encaixados (onde a soprano Adriana Navarro faz um belo solo). Fechando, é uma balada maravilhosa e cheia de emoção, onde obviamente os vocais se sobressaem bastante, e temos ainda a presença de celos (por Douglas Pereira), viola (por Mauro Shimada) e violino (por Renato Pereira), enquanto baixo e bateria mostram-se antenados com o clima ameno, até que um crescendo dá lugar à um solo de guitarra bem feito e longe de qualquer virtuosismo, mantendo a estrutura bela da canção. Fechando, uma versão regravada de 'Blind Faith', de seu primeiro EP, aqui com o nome de 'Blind Faith 2013', exclusiva da versão brasileira do CD, uma faixa um pouco mais virtuosa que as outras, mas mesmo assim, mantendo o peso e pique do CD.

Este autor só pode fazer duas coisas ao final da última audição antes de escrever: se erguer da cadeira com os olhos cheios de lágrimas (pois 'End of Time' emociona muito o ouvinte), e aplaudir a banda. Eles merecem, e muito.

Nota máxima é pouco, muito pouco, para definir o que podemos ouvir, logo, nos resta pôr o CD desde o começo de novo, e de novo, e de novo...




Tracklist:

01. Regenesis
02. Shades of War
03. Minus Is Call
04. End of Time
05. Desire of Destruction
06. Sanctum Imperium
07. Dark Throne of Babylon
08. Son of Messiah  
09. Loneliness
10. Blind Faith 2013


Formação:

Alex Pasqualle - Vocais
Johnny Moraes - Guitarras
Biek Yohaitus - Baixo
Aquiles Priester - Bateria (convidado)
Vitor Rodrigues - Vocais em 'Shades of War', 'Desire of Destruction' e 'Sanctum Imperium' (convidado)
Douglas Pereira - Celo (convidado)
Mauro Shimada - Viola (convidado)
Renato Pereira - Violino (convidado)

Coral "The End of Time":
Adriana Navarro - Soprano (convidada)
Susie Boettger - Soprano (convidada)
Priscilla Olegário - Contrauto (convidada)
Marcos Fujimoto - Tenor (convidado)
Douglas Lima - Tenor (convidado)
Claus Xavier - Baixo (convidado)
Gustavo Lassen - Baixo (convidado)


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Prophajnt - A New Beginning (EP)

Independente - Nacional
Nota 9,0/10

Por Marcos Garcia 


Hoje em dia, graças à diversidade do Metal em conjunto com o maior acesso a instrumentos musicais de ponta e tecnologias de gravação cada vez melhores, a cena nacional pode enfim mostrar toda sua grandiosidade, de Norte a Sul, de Leste a Oeste de todo esse país, revelando bandas ótimas. E é uma grata surpresa conhecer o honesto trabalho do quarteto PROPHAJNT, de Porto Alegre (RS), que chega com seu primeiro testemunho em mídia física, o EP 'A New Beginning', de forma independente.

O grupo foca seus esforços em um Metal tradicional forte e melodioso com algumas nuances de Power Metal, e graças aos belos vocais femininos (que não usam o canto lírico ou uma voz rasgada, mas a forma natural e melodiosa), que somado aos riffs pesados e solos bem feitos das guitarras, e à base baixo/bateria bem entrosada e pesada, mais o molho especial dado por teclados não exagerados, e temos um produto sonoro agradável aos ouvidos, pesado, elegante e cheio de vida, com belos arranjos (mas sem ser nada extremamente complexo).

Gravado nos AudioFARM Studios, em Viamão (RS), Mateus Borges foi o responsável por produzir, mixar e masterizar o EP, e pode-se dizer que ele acertou a mão em tudo, pois a sonoridade do disco soa forte e vibrante, mas límpida, de forma que podemos aproveitar do trabalho do grupo de forma plena, com cada instrumento em seu devido lugar e com seu brilho particular. O trabalho gráfico é bastante simples, feito apenas com fotos da banda, e na capa, um belo amanhecer, antenado com o conceito abordado pelo título do disco (e com a faixa que nomeia o EP).

Musicalmente, o grupo mostra um trabalho bem homogêneo, com cada faixa com seu próprio brilho próprio, como a forte e envolvente 'Strong Enough' (onde os andamentos empolgam bastante, e a bela voz de Verônica nos embala por toda música), a pesada e elegante 'Face Your Truth' (com um trabalho de guitarras muito bom, com riffs que levam a mente à muito do que era visto nos anos 80 em termos de Hard'n'Heavy de primeira qualidade, e que belo solo), e 'Inner Mess' segue o mesmo padrão (reparem no trabalho forte do baixo e teclados). Já 'Angel of Mine' é uma linda semi-balada, que realmente nos embala (e onde o baixo se destaca bastante, com um belíssimo trabalho), mesmo nos momentos mais pesados. Em 'Escape from the Fire', novamente temos uma empolgante pegada Hard'n'Heavy requintada muito boa, onde a bateria mostra sua força. Fechando, 'A New Beginning', uma balada acústica muito bonita, onde mais uma vez, o belo canto de Verônica se sobressai.

Um belíssimo disco, que merece "bis" muitas e muitas vezes. E que eles gravem logo um Full só deles, pois a banda tem todos os méritos para isso.




Tracklist:

01. Un Sentiment
02. Strong Enough
03. Face Your Truth
04. Inner Mess
05. Angel of Mine
06. Escape from the Fire
07. A New Beginning


Formação:

Verônica Pasqualin - Vocais
Márcio Ritter - Guitarras, teclados
Gustavo Refosco - Baixo, backing vocals
Rodrigo Marques - Bateria


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