11 de jan. de 2015

Angra – Secret Garden (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Uma das maiores maldições que se acometem com bandas de Metal é sempre a troca de vocalistas. Bateristas, baixista e guitarristas, em geral, não chegam a causar grandes comoções, mas vocalistas sempre são trabalhosos de serem substituídos. Ainda mais se a banda já tiver notoriedade, pois não faltam exemplos na história do Metal de imensos mimimis de fãs ortodoxos. O ANGRA então é um dos que mais sofre com isso, pois após a saída de André Matos e chegada de Edu Falaschi, era um tormento. Edu saiu, algumas viúvas achavam que a banda voltaria com a formação do “Holy Land”, mas não foram assim as coisas: entraram o vocalista Fabio Lione (do RHAPSODY OF FIRE e VISION DIVINE), o baixista Felipe Andreoli (que tocou no ALMAH e gravou com DETONATOR E AS MUSAS DO METAL, entre outros trabalhos) e o baterista Bruno Valverde. E essa turma, mais os guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, contrariando a idéia de que esta formação só faria a tour de 20 anos do “Angels Cry”, entraram em estúdio e soltaram “Secret Garden”, novo disco da banda, após quatro anos de espera.

O disco mostra que a banda continua firme e forte, com uma música vigorosa, elegante e cheia de peso. O único fator que diferencia a banda de suas formações anteriores é que “Secret Garden” mostra-se um disco mais pesado e menos dispersivo (ou seja, onde importa mais a técnica individual do que a música em si), com melodias envolventes, os famosos toques de música regional brasileira estão presentes (como o ANGRA faz há anos), mas o peso está bem evidente. As guitarras estão fantásticas em riffs e solos (talvez nesse quesito, seja o disco onde melhor elas aparecem), o baixo está ainda mais criativo que antes (e bem mais evidente na gravação), a bateria mostra peso e técnica em bom nível. Sobre os vocais: é realmente necessário falar de algo onde Fabio Lione está? A interpretação é perfeita, os timbres variam muito bem conforme a música pede, a impostação é corretíssima. Sem desmerecer Edu ou André, mas Fabio é O Cara.

Angra
A produção e mixagem são do famoso Jens Bogren (nem vou colocar com quem ele trabalhou porque é desnecessário), a masterização é de Tony Lindgren. O resultado é dos fãs: um presente em forma de música que soa muito bem aos ouvidos, com boa qualidade sonora e peso. A arte, de Rodrigo Bastos Didier (que também fez o layout) ficou primorosa, e reflete bem a idéia musical do CD.

Falar do ANGRA chega a ser repetitivo. Eles já mostraram que são ótimos músicos separadamente, que podem funcionar como banda, mas em “Secret Garden”, a idéia de uma banda realmente unida é bem evidente. Basta perceber que os arranjos da banda estão ótimos, sente-se em alguns momentos alguns toques mais Jazz/Fusion, mas a banda sempre mostra arranjos ótimos.

Pouco se pode dizer das dez músicas de “Secret Garden” são ótimas, cada uma a sua maneira, cada um com sua própria dignidade. Assim, fica bem difícil destacar uma ou outra canção em um trabalho tão homogêneo. Mas menção especial para “Newborn Me”, que parece ser uma declaração de uma banda renovada, feita por meio de uma música que inicia com toque regionais bem evidentes, ótimo trabalho de guitarras e vocais, e um refrão extremamente grudento e elegante, além da pesadíssima “Final Light” com seu trabalho excelente de vocais e bateria (realmente, Fabio foi uma escolha perfeita); a ótima “Storm of Emotions”, uma lindíssima power-ballad, que ganha peso no refrão; e a maravilhosa “Upper Levels”.

O ANGRA chega a um novo ápice em sua carreira, que obviamente pode não agradar a todos, mas que é valioso como outros.



Músicas:

01. Newborn Me 
02. Black Hearted Soul 
03. Final Light 
04. Storm of Emotions 
05. Violet Sky 
06. Secret Garden 
07. Upper Levels 
08. Crushing Room 
09. Perfect Symmetry 
10. Silent Call 


Banda:

Fabio Lione – Vocais 
Rafael Bittencourt – Guitarras, backing vocals
Kiko Loureiro – Guitarras, teclados
Felipe Andreoli – Baixo, teclados
Bruno Valverde – Bateria 


Contatos:

Hoffman & O'brian (Assessoria de imprensa)
Top Link Music (Management)

Marduk – Frontschwein (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



E eis que a máquina de guerra sueca de Black Metal volta ao front, disposta a arrasar as terras com fogo, sangue e música extrema de primeira qualidade.

Sim, o MARDUK, quarteto famoso por suas muitas obras no gênero volta à carga com “Frontschwein”, seu mais recente disco. E que brutalidade!

Antes de tudo, é preciso que se fale que entre “Serpent Sermon”, de 2013, e “Frontschwein” existem diferenças musicais interessantes, já que o quarteto parece ter não só revisado seus tempos de “Panzer Division Marduk” e “World Funeral”, mas adicionou a isso muito do que eles vêm fazendo e experimentando desde “Plague Angel”. Ou seja, as esteiras da máquina de guerra estão azeitadas e prontas para uma longa guerra, e um cerco definitivo aos fãs!

Mortuus continua cantando maravilhosamente, usando bem seu timbre único em cada canção, sempre com ótima dicção. A base rítmica criada pelo experiente Devo (baixo) e aliado ao novato Fredrik Widigs (bateria) continua dando aquele peso e força ao som do MARDUK, mas já se percebe que a banda procurou dar uma certa simplicidade, mas sem perder suas características (quem conhece bem o MARDUK, sabe do que falo). E por último, a alma da banda: Morgan continua sendo um mestre nos riffs, sempre criativo, sempre esbanjando peso, mas sem apelar para fritadas ou técnica mirabolante. Não é à toa que este autor o chama de “Tony Iomi do Black Metal”. E reunido, este time foi capaz de criar um disco fabuloso, pesado, agressivo, que sabe ser bom seja em momentos mais velozes, ou nos momentos mais cadenciados e climáticos.

Marduk
Em termos de produção sonora, o disco está com uma sonoridade suja e crua, como a banda anda buscando fazer desde “Rom 5:12”, mas parecem estar cada vez mais acertando o resultado, pois a qualidade está muito boa. A agressividade e rispidez do quarteto estão plenamente audíveis, mas seu instrumental também. Em termos de arte, o MARDUK mais uma vez invoca o tema de guerra em sua capa, quase que uma declaração como “voltamos, e é melhor saírem da frente, pois não vamos poupar ninguém”.

Musicalmente, o MARDUK dispensa apresentações. A mesma rispidez, brutalidade e força mostradas ao longo de 25 anos de carreira está intacta, as convicções também. Basta observarem os arranjos musicais do grupo, que está além da maturidade.

O massacre começa com “Frontschwein”, uma canção rápida e bem agressiva, mostrando riffs perfeitos e grandes vocais, que retornam com tudo na mais comportada (em termos de andamento) “The Blond Beast”, onde baixo e bateria conduzem muito bem os tempos, com algumas boas variações rítmicas. Em “Afrika”, é bom tomar cuidado, pois é uma das grandes músicas do CD, rápida e agressiva, com excelentes arranjos de guitarras (é por isso que falo: Morgan é um gênio das seis cordas), enquanto “Wartheland” é mais cadenciada, azeda e bruta, com Mortuus mostrando o quanto é um excelente vocalista, além de riffs sinuosos e belo trabalho de Fredrik na bateria. Mais velocidade e opressão surgem em “Rope of Regret”, onde mais uma vez Mortuus mostra sua versatilidade nos vocais, sabendo variar bem os timbres de sua voz. Levada em um tempo que varia entre o mediano e a pancadaria desmedida, temos “Between the Wolf-Packs”, uma canção com belo trabalho de Devo nas cinco cordas. Em “Nebelwerfer”, temos uma canção azeda e muito cadenciada, soturna, também apresentando arranjos musicais fantásticos, em especial nas guitarras e nos timbres vocais. O inferno vem à terra em “Falaise: Cauldron of Blood”, outra faixa bem veloz no velho estilo do MARDUK, onde mesmo assim, vemos baixo e bateria mostrando força, segurança e boa técnica. A longa e pesada “Doomsday Elite” é outra com mudanças rítmicas interessantes, tempo não muito velozes (embora a bateria mostre alguns momentos bem acelerados vez por outra) e assim, uma das melhores canções do CD, bem soturna, enquanto “503” é outro azedume lento, pesado de doer os ossos, com ótimo trabalho das guitarras, urros inimitáveis de Mortuus e belos momentos de Devo. “Thousand-Fold Death” fecha o disco como mais uma faixa veloz, mas a dicção de Mortuus cantando desse jeito chega a ser assustadora. 

Com o MARDUK não se brinca. Se confia, pois esse nome garante qualidade sempre!



Músicas:

01. Frontschwein
02. The Blond Beast 
03. Afrika 
04. Wartheland 
05. Rope of Regret 
06. Between the Wolf-Packs 
07. Nebelwerfer 
08. Falaise: Cauldron of Blood 
09. Doomsday Elite 
10. 503 
11. Thousand-Fold Death


Banda:

Mortuus – Vocais 
Morgan – Guitarras 
Devo – Baixo 
Fredrik Widigs – Bateria 


Contatos: