11 de fev. de 2016

MINDCRAFTER - Signs Revealed (álbum)


2016
Nacional

Nota: 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "The Night Wizard", "A Warrior’s Blaze", "Against the Ravens in the Sky", "The Grasping Hand", "Challenge of the Gods", "Endless Hope".


Fazer Prog Metal no Brasil é um trabalho duro. Se por um lado requer um time de músicos de boa técnica em seus instrumentos, demanda também criatividade para sair do ponto comum, e o desprezo de uma parcela do público pelo gênero. E sobre este último, é uma pena ver que os fãs brasileiros, presos ao radicalismo, perdem a oportunidade de conhecer trabalhos ótimos como "Sign Revealed", da banda carioca MINDCRAFTER, que acaba de sair do forno.

Melodioso, bem feito, com um "insight" técnico muito bom. Mas assim como algumas bandas ótimas do gênero, a técnica aqui surge como uma conseqüência da música em si, não sua motivação. Óbvio que existem momentos mais cheios das viagens "heavyssivas" que cairão no gosto dos fãs do gênero. E digamos de passagem: o disco é muito bom, permeado até mesmo de um ecleticismo muito interessante (como visto em "A Warrior’s Blaze", onde toques de ritmos regionais no Norte/Nordeste do Brasil aparecem).

Phelipe Henriques (Mindcrafter)
Gravado no HR Estúdio (RJ), com produção de Phelipe Henriques, mais mixagem e masterização de Daniel Escobar, e podemos dizer que a qualidade sonora de "Signs Revealed" é muito boa, com alguns timbres mais secos, e com tudo bem audível. Não está perfeita, mas muito boa. E o lado gráfico é um trabalho ótimo de Rodolfo Ferreira (da Obsidian Design), que realmente traduz para o físico algo tão etéreo e abstrato como é a música do grupo.

Não é de estranhar que "Signs Revelad" seja tão bom. Se por um lado as músicas são muito bem arranjadas, com esmero bem evidente em cada momento, por outro, o disco soa espontâneo e livre de pretensões absurdas. Ele é o que é: um disco excelente, com cada faixa tendo seu próprio valor. E, além disso, para ainda dar um toque extra de classe, temos em mãos um álbum conceitual, cujos temas giram em torno das experiências dos personagens The Night Wizard, Avatar e Black Crowned Heart (este sendo o vilão). E vemos a relação entre o ser humano e o sobrenatural, expressa pela caminhada de Avatar em sua jornada pelo desconhecido. E vale citar a presença de Thiago Velasquez (ex-STATIK MAJIK, e músico de estúdio) fazendo todas as linhas de baixo do disco.

Melhores momentos:

The Night Wizard - Apesar de ser bem técnica, vemos uma música cheia de feeling. Óbvio que existem variações rítmicas e mudanças de momento ótimas, com alguns mais lentos e limpos. Ponto para o trabalho das guitarras, que está ótimo, seja nas bases ou nos solos.

A Warrior’s Blaze - Outra que é cheia de contrastes entre momentos mais limpos (onde solos de guitarra se encaixam perfeitamente) e outros mais pesados. E como dito antes, alguns toques regionais dão um molho especial à ela.

Against the Ravens in the Sky - Uma instrumental muito boa, com belas variações rítmicas. Óbvio que as guitarras são bem valorizadas, mas não dá para não citar o trabalho excelente de baixo e bateria.

The Grasping Hand - Com alguns toques de Rock Progressivo que mostram influências à lá YES e JETHRO TULL, a música transpira peso e inspiração, graças ao trabalho bem feito dos vocais e guitarras. Alguns ritmos quebrados não convencionais acentuam este lado "Heavyssívo" da canção.

Challenge of the Gods - Técnica, recheada de tempos jazzísticos e um peso avassalador, é uma canção bem agressiva. Ponto para a cozinha rítmica, que guia muito bem os andamentos mais complexos.

Endless Hope - Um pouco mais introspectiva e azeda, se caracteriza por um lado mais pesado e azedo. E assim, valoriza muito as guitarras mais uma vez, com bases excelentes. E isso sem falar nas incursões limpas, que se encaixam perfeitamente e geram um contraste quase barroco.

O MINDCRAFTER veio para ficar, e é recomendado a todos sem medo. 

Um trabalho ótimo, verdade seja dita!


Músicas:

1. The Night Wizard
2. A Warrior’s Blaze
3. Against the Ravens in the Sky
4. Paths to Redemption
5. The Grasping Hand
6. During the Storm
7. Secret Worlds
8. Challenge of the Gods
9. Alternative Fields
10. Endless Hope


Banda:

Phelipe Henriques - Guitarras, violão, vocais
Kim Karvalho - Guitarras
Lucas Amaya - Baixo
Felipe Bonomo - Bateria


Contatos:

Youtube
MS Metal Agency Brasil (Assessoria de Imprensa)

CROSSROCK - Come On Baby (álbum)


2016
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "Call You", "Tonight", "It's All I Need", "Any Road", "My Life", "When Love Goes Away", "Let's Dance", "Never Give Up".


Há tempos que podemos reparar que a cena Hair Metal/Glam Rock no Brasil tem crescido e revelado nomes excelentes. E nunca devemos cansar de ter em mente que isso é bom, pois a cena ganha diversidade, e assim, continuará sobrevivendo. E se junto ao time que já tem FÚRIA LOUCA, PÚRPURA INK, DESERT DANCE e DIRTY GLORY, entre tantos outros, chega o quarteto paulista CROSSROCK, detonando em "Come On Baby".

Aqui, o papo é curto e grosso: vemos aquela música envolvente e chicletosa dos anos 80, cheia de ótimos refrões de assimilação simples, aqueles corais bem postados, vocais competentes, e, além disso, o estilo da banda é extremamente melodioso, com doses generosas de AOR aqui e ali com um instrumental ótimo. Óbvio que não há cheiro de mofo aqui, ou mesmo a sensação de clonagem. Não, tudo no trabalho musical do quarteto pulsa com energia, com vida, e é extremamente empolgante ouvir esse disco.

Crossrock
A produção do CD é muito boa, dando aquela clareza essencial para entendermos o que o grupo está tocando, mas também deu uma dose de peso bem evidente. Sim, está pesado e denso, mas sem fazer a banda soar suja demais. Poderia ser um pouquinho melhor em alguns pontos (um pouquinho mais limpa, e as guitarras poderiam ter uns timbres melhores), mas não deixa de ser ótima. E o lado visual buscou ser mais simples, com uma capa e layout bem simples, mas funcionais.

O ponto forte do quarteto: transpor as características musicais do estilo para atualidade, dando à sua música uma personalidade. Isso se percebe no capricho dos arranjos, na dinâmica dos andamentos, na espontaneidade de seu trabalho. E a técnica, se não soa exagerada (e realmente não o é), também não é simplista demais.

O disco todo é ótimo, de ponta a ponta, mas os melhores momentos são:

Call You - Uma faixa com andamento em velocidade bem moderada, com arranjos muito bons dos vocais (que chegam a ter tons bem próximos ao de Jon Bon Jovi em seu início de carreira). E, além disso, tem uns toques bem AOR presentes.

Tonight - Envolvente, com um jeitão um pouco mais melodioso, que esbarra no Hard Pop, que nos lembra bandas como o TYKETTO. E que belo trabalho nas guitarras, diga-se de passagem.

It's All I Need - Uma das mais interessantes. A música é bem pesada e dura, exibindo o lado mais Metal do trabalho do quarteto. Mas mesmo assim, é um dos melhores refrões de todo o CD, e uma faixa ótima para perceber o quanto a cozinha rítmica do grupo é forte e precisa.

Any Road - Novamente, a banda usa o expediente de uma faixa com toques sutis de AOR (especialmente nos backing vocals), mas resulta em um grude daqueles que ouve uma vez e fica preso nela por dias. E as guitarras estão ótimas, especialmente nos solos.

My Life - Sim, não dá para não citar esta aqui, que equilibra muito bem os aspectos pesados e melodiosos da banda, sem que a acessibilidade musical seja perdida. Belo trabalhos dos vocais, os corais são bem feitos, e belíssimo refrão.

When Love Goes Away - Uma música acústica linda, com belos violões, vocais caprichados e um jeitão Country que é cativante. É curtinha, mas gruda mais que chiclete!

Let's Dance - Outro murro Glam Metal nos tímpanos, recheado de guitarras bem pensadas e backing vocals insanos.

Never Give Up - Uma música mais simples, e bem grudenta. Lembra o mesmo tipo de feeling que sentimentos em canções secundárias de bandas como BON JOVI, que apesar de não serem hits, são excelentes.

O disco é muito bom, mas ainda é claro o sentimento de que eles podem fazer bem mais que isso. E verdade seja dita: se botarem para fora tudo o que eles podem, ninguém segura o CROSSROCK.

No mais, "Come On Baby" é um disco excelente.





Músicas:

1. Call You
2. Tonight
3. It's All I Need
4. Any Road
5. My Life
6. So Live
7. When Love Goes Away
8. Without Love
9. Let's Dance
10. I Feel Your Cold
11. Come On Baby
12. Never Give Up
13. A Letter 4 U


Banda:

Rane Cross - Vocais, guitarras
Israel Nicoleti - Guitarras, backing vocals
Júnior Lima - Baixo, backing vocals
J.P. - Bateria, backing vocals


Contatos:

Youtube
MS Metal Agency Brasil (Assessoria de Imprensa)