21 de out. de 2016

OPETH – Sorceress (Álbum)


2016
Nacional


Músicas:

CD 1:

1. Persephone
2. Sorceress
3. The Wilde Flowers
4. Will O The Wisp
5. Chrysalis
6. Sorceress 2
7. The Seventh Sojourn
8. Strange Brew
9. A Fleeting Glance
10. Era
11. Persephone (Slight Return)

CD 2:

1. The Ward
2. Spring MCMLXXIV
3. Cusp of Eternity (live)
4. The Drapery Falls (live)
5. Voice of Treason (live)


Banda:


Mikael Åkerfeldt – Vocais, Guitarras
Fredrik Akesson – Guitarras
Joakim Svalberg – Teclados
Martin Mendez – Baixo
Martin Axenrot – Bateria


Contatos:



Nota:

Originalidade: 7
Composição: 8
Produção: 9

8/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Falar de trabalhos novos de bandas bem estabelecidas pode ser algo muito difícil. Isso sem contar que é preciso que tenhamos uma visão mais ampla do que uma banda pode fazer, especialmente quando ela está há muitos anos na estrada.

E imaginem isso quando se trata de uma banda como OPETH, que sempre primou pela evolução dentro do que chamamos de Progressive/Avantgarde Death Metal. São mais de 25 anos criando música e se destacando dentro do cenário que ajudaram a criar, e o grupo é uma das principais influências em música que desafia barreiras.

Então, o que o grupo liderado por Mikael Åkerfeldt tem a nos oferecer em “Sorceress”, mais novo disco da banda, que acaba de ganhar sua versão nacional pela dobradinha Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil?

Resposta: se “Heritage” e “Pale Communion” já haviam testado os fãs, e ambos se mostraram com o tempo como discos de uma fase de transição. E em “Sorceress”, o que temos é a continuação óbvia de seus dois antecessores, com o grupo matando toda e qualquer esperança dos fãs mais antigos de encontrarem algo mais brutal. Esqueçam, pois todo e qualquer traço de seus tempos de Death Metal do passado foi apagado de uma vez por todas nos discos anteriores, e abraçaram de vez o Progressive Rock/Metal setentista. 

Mas isso seria bom ou ruim? 

Atendo-nos apenas ao CD, ele é um disco muito bom, verdade seja dita. Óbvio que existem momentos pesados, com guitarras bem gordurosas, uma peso enorme vindo da base rítmica do grupo, e os teclados são diversificados (devido ao uso de muitos e diferentes instrumentos do tipo). Existem momentos mais técnicos, outros mais calmos e amenos, a melodia é sempre onipresente, e muito experimentalismo setentista se faz presente. Mas mesmo o minimalismo extremo da banda começa a ceder espaço para algo mais acessível e cheio de feeling, com arranjos mais fluidos e menos abruptos. É muito bom, só não é o OPETH de sua fase mais antiga.

Mikael produziu o disco juntamente com Tom Dalgety (que já havia trabalhado com o grupo em “Pale Communion”, e ainda fez a engenharia sonora e a mixagem). A masterização é de John Davis. O resultado é uma sonoridade muito limpa e clara, mas com peso adequado nos momentos certos. Mas é preciso dizer que toda carga progressiva/psicodélica de “Sorceress” está com uma qualidade moderna, nada retrô em termos de gravação, o que por si só já é um mérito deles.

A parte gráfica, feita por Travis Smith (que fez a capa) e Nina Johansson ficou muito bonita e elegante, pondo a nova identidade da banda no visual.

 “Sorceress” causou muitas reações, tanto positivas e negativas. E se por um lado isso quebrou a sinergia entre o quinteto e uma boa parte de seus fãs mais antigos (em especial os da fase “Orchid” e “Morningrise”), acaba chamando para si uma enorme parcela de fãs novos. E como apontado por seus antecessores, as músicas estão ficando com duração cada vez menor, indo em direção de algo mais palatável para uma audiência mais ampla.

Melhores momentos:

“Sorceress” – É uma canção forte, psicodélica e intensa, com muitos arranjos de teclados progressivos e guitarras estridentes. O andamento é em meio tempo, com a cozinha rítmica exibindo muito peso. E os arranjos são mais simples do que estamos acostumados em termos do trabalho do quinteto.

“The Wilde Flowers” – Alguma complexidade se faz presente, e embora o peso esteja presente em muitos momentos. Existem solos muito bons, e a força progressiva esteja evidente graças aos arranjos dos teclados.

“Will O The Wisp” – Aqui, temos algo musicalmente mais intimista e ameno, com muitos arranjos de teclados e cordas, algo muito bem feito por Joakim Svalberg (que é um multi-instrumentista de primeira). Beira o Folk Rock dos anos 60/70. Os vocais estão eficientes, embora Mikael não seja o melhor vocalista do mundo. E que belos solos com guitarras limpas.

“Chrysalis” – Muito peso progressivo e agressividade, nos lembrando dos momentos mais elétricos de bandas como JEFFERSON AIRPLANE e HAWKWIND, embora um pouco mais técnico e com algum minimalismo. Óbvio que o trabalho pesado e técnico de Martin Mendez (baixo) e Martin Axenrot (bateria) está de primeira, mas não há como deixar esses teclados maravilhosos de fora. E isso em sete minutos de duração.

“Strange Brew” – Junto com “Chrysalis” são as duas maiores faixas do disco. Esta tem mais de oito minutos, onde a banda passa por momentos técnicos e agressivos, e outros amenos e extremamente intimistas (onde apenas os teclados e efeitos aparecem). É uma bela exibição das seis cordas de Mikael e Fredrik Akesson.

“A Fleeting Glance” – O intimismo do Jazz dá a partida na canção, mas logo a complexidade minimalista da banda aparece, então aparecem momentos Folk. E essas partes vão se misturando e se alternando conforme a canção vai evoluindo e crescendo. Mais um ótimo momento de baixo e bateria.

Mas o bom é que esta versão nacional ainda tem em seu segundo disco algumas faixas extras muito interessantes, como a intimista e com forte dose de Folk Rock e Jazz “The Ward”, e a melodiosa e envolvente “Spring MCMLXXIV”. E além disso, temos versões ao vivo para “Cusp of Eternity”, “The Drapery Falls” e “Voice of Treason”, todas com a banda sendo acompanhada pela Orquestra Filarmônica de Plovdiv (que se reuniu unicamente para esse evento de 2015, pois se encontra fora de atividade desde 2012).

Finalizando: se você gostou de “Heritage” e “Pale Communion”, podemos garantir que “Sorceress” foi feito para você, sendo mais um passo da banda nesse caminho. Se você for fã da fase mais antiga e agressiva do OPETH, nada o proíbe de gostar, mas o aviso é que não deve procurar nesse disco algo do passado da banda.

No mais, é uma ótima aquisição.