5 de set. de 2015

Slayer – Repentless (CD)



2015 - Nuclear Blast – Importado
Nota 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Quanto mais tempo uma banda vive, maior a ansiedade por seus trabalhos. E imagine isso com dois fatores adicionais: 

01. Alguns trabalhos estão aquém de seu potencial real;
02. Uma banda que ajudou a consolidar um gênero dentro do Metal;
03. O ano de 2015 vem sendo bem produtivo para bandas já consagradas.

Certamente, isso causa uma pressão enorme na cabeça de qualquer um, mesmo que a banda tem história. Mas quem é rei não perde a majestade, e o SLAYER não iria perder sua força assim. E "Repentless", seu novo disco, chega em uma hora realmente providencial.

O quarteto californiano, como todos sabemos, é um dos pilares do Thrash Metal (além de ser uma das fontes de inspiração para o Death Metal e o Black Metal), sofreu problemas extremos desde que lançaram em 2009 "World Tainted Blood", seu último disco de estúdio. A seqüência de discos que ficaram longe de sua melhor fase (compreendida entre "Show No Mercy" de 1984 até "Seasons in the Abyss", de 1990), e em 2013 a saída traumática de Dave Lombardo em fevereiro e a morte trágica de Jeff Hanneman em maio, a mudança de selo, somados à musicas do álbum liberadas antes de seu lançamento (algumas causaram muito descontentamento nos fãs) realmente foi colocou "Repentless" sob olhares de desconfiança. Mas para quem conhece o quarteto de longa data, sabe que eles sempre conseguem nos surpreender quando querem. E conseguiram!

Se não estão tão bem como em sua fase mais criativa (já citada acima), Tom Araya, Kerry King (que escreveu grande parte das músicas sozinho), junto com o regresso Paul Bostaph e Gary Holt (guitarrista do EXODUS), conseguiram em fim criar algo realmente excelente, ainda destrutivo e agressivo, mas sempre com aquele bom gosto e melodias estruturando cada canção. E a identidade do SLAYER continua ali, firme, forte e extremante selvagem! Preparem os pescoços!

Terry Date e Greg Fidelman trabalharam muito bem na produção do álbum, recuperando algo que andava ausente da sonoridade do grupo. O equilíbrio sonoro entre a agressividade e peso da banda em relação à uma qualidade que nos permita compreender o que a banda está tocando está ótima. Até os timbres das guitarras melhorou demais. E a arte, feita pelo designer brasileiro Marcelo Vasco é quase que um "comeback" às obras usadas nas capas de "Reign in Blood", "South of Heaven" e "Season in the Abyss".

Slayer
No geral, o SLAYER soube recobrar elementos de "Seasons in the Abyss" (onde a banda finalmente havia conseguido, na época, equilibrar todos os elementos de seu estilo pessoal), mantendo a agressividade vista em "God Hate Us All". Não está tão fácil de digerir e assimilar quanto antes (não há uma faixa realmente marcante, um hit, em todo disco), mas está bem melhor do que a banda anda fazendo há uns dez anos, com arranjos bem mais bem feitos. Realmente, a saída de Rick Rubin (o superestimado produtor) fez muito bem ao quarteto.

O disco se nivela por cima, embora existam faixas que pouco contribuam para melhorar a qualidade do CD (como "When the Stillness Comes"), mas nada que pedradas como as velozes "Repentless" (as guitarras estão insanas em riffs absurdos, e tom continua se mostrando um vocalista privilegiado e com um timbre bem pessoal de voz. E que duetos de solos!) e "Take Control" (embora esta seja recheada de momentos não tão velozes, mas com Paul mostrando que é um excelente baterista), a mais cadenciada e azeda "Chasing Death" (novamente com um show de bateria e Tom cantando em ótima forma, usando bem seus timbres agudos e graves), a também cadenciada mas bruta "Piano Wire" (uma das últimas contribuições de Jeff, com um andamento lento e azedo no inicio, depois dá uma acelerada não muito exagerada, mas na média, lembra os momentos mais densos de "Seasons in the Abyss". E não é por um acaso que os riffs e solos são insanos), a destruidora de tímpanos conhecida como "You Against You".

Verdade seja dita: assim como IRON MAIDEN com "The Book of Souls" e o MOTÖRHEAD com "Bad Magic", "Repentless" mostra que o SLAYER ainda tem muita lenha para queimar, muito o que dar, mas é preciso que a banda aça logo duas coisas:

01. Efetivar de uma vez Gary Holt como membro da banda (uma vez que foi creditado como músico convidado);

02. NUNCA MAIS deixar Rick Rubin chegar perto da mesa de controle ou da produção da banda.

Fora isso, é uma ótima homenagem a Jeff, e sejam bem vindos de volta!





Músicas:

01. Delusions Of Saviour
02. Repentless
03. Take Control
04. Vices
05. Cast the First Stone
06. When the Stillness Comes
07. Chasing Death
08. Implode
09. Piano Wire
10. Atrocity Vendor
11. You Against You
12. Pride In Prejudice


Banda:

Tom Araya - Vocais, baixo
Kerry King - Guitarras
Gary Holt - Guitarras
Paul Bostaph - Bateria


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