13 de mar. de 2016

JÄILBÄIT - Who Da Fuck Are You? (CD)


2016
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Cada vez mais, aquela fórmula simples de se fazer Rock'n'Roll sujo e pesado tem mostrado bons frutos no Brasil. Ainda mais em um momento em que o mundo perdeu o MOTORHEAD e que o AC/DC anda combalido e cheio de problemas, é bom ver que a fórmula desses gigantes encontrou sucessores dignos no nosso país. E uma banda como o JÄILBÄIT, de Paripueira (AL) merece aplausos, pois "Who Da Fuck Are You?" é um disco muito bem.

Sujo, sem pretensões, azedo e esporrento, o trabalho do quarteto não deixa dúvidas: é Rock'n'Roll à lá MOTORHEAD até os dentes, mas feito com personalidade, com vocais ácidos, riffs de guitarra distorcidos e pesados, solos melodiosos e simples, além de uma base rítmica pesada e também simples, mas bem sacada. Mas isso tudo sobre um alinhavo melodioso simples, mas muito bom. E a banda, quando anda em alta velocidade ou mesmo um pouco mais cadenciada (onde a influência do AC/DC fica um pouco mais evidente) sai vitoriosa. E o maior vencedor é o ouvinte.

Jäilbäit
Tudo foi gravado e produzido nos Fat Sound Studios, pelas mãos de Edu Silva. E o resultado foi uma gravação suja e gordurosa, como o som do quarteto pede, mas ao mesmo tempo, não se tem problemas em compreender os instrumentos (o baixo mesmo troveja o disco todo). E o trabalho gráfico, apesar de ser simples e baseado em fotos da banda, ficou muito bom, ligado diretamente ao nome da banda (que pode ser traduzido como "chave de cadeia"), em um trabalho bem legal de Ítalo Samuel e de Alex Walker.

O grupo caprichou em suas composições, sem deixar de soar espontâneo e despretensioso. E é justamente nisso que está a fórmula triunfal do disco: quanto mais solto, melhor.

"We are Jäilbäit" com seu andamento sujo e suas guitarras bem postadas, "Going to Wacken" e sua energia crua e empolgante (com um trabalho muito bom de baixo e bateria), a azeda "Take it Easy", a grudenta e esfuziante "Jailbait Squad", a pesada e bruta "Otaro (Sucker)" (que vocais legais, cheios de ironia), a cadenciada e "Born to Win" e "Bäit Blues" (um Blues/Rock bem legal mesmo, com a participação de Jhonata Barros nos teclados).

Uma banda corajosa, e muito boa mesmo!

Ouçam sem medo, e aproveitem que o disco pode ser ouvido na íntegra no perfil da banda no Soundcloud. Mas acho que irão querer a cópia física depois da experiência.




Músicas:

1. We Are Jäilbäit
2. Going to Wacken
3. Take It Easy
4. Jailbait Squad
5. Just A Boy
6. Do You Wanna Be A Rockstar?
7. Otaro (Sucker)
8. Born to Win
9. Lone Wolf
10. Bäit Blues


Banda:

Zenitilde Neto - Vocais
Adailton Junior - Guitarras
Wilson Santos - Baixo
Cleyton Alves - Bateria


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SPELL FOREST - Lucifer Rex (CD)


2016
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


É incrível como certas bandas do underground brasileiro, apesar de muitos trabalhos lançados, ficam sem uma expressão maior. Não é preciso falar tantos nomes assim, mas graças à parceria entre a Sulphur Records e a Wolves Curse Records, uma banda ótima consegue enfim um lançamento digno de sua música: o lendário SPELL FOREST, de São Paulo, que tem relançado seu segundo disco, "Lucifer Rex".

O grupo faz um Black Metal soturno e mórbido, na linha das bandas da Second Wave of Black Metal (ou SWOBM, aquela leva de bandas da Grécia, Noruega e Suécia que trouxeram o estilo de volta, após anos de sumiço nos porões do underground europeu), com velocidade moderada e alguns arranjos ótimos de teclados que criam aquela atmosfera obscura e intensa. Isso sem falar que os vocais usam de bons timbres rasgados, guitarras em riffs muito bem feitos, baixo e bateria com a base rítmica criativa e pesada. Ou seja, o quinteto sabe o que faz em termos musicais.

Spell Forest
A produção é de Lord Mephyr e Hamon, que souberam criar aquele clima denso e fúnebre que bandas de Black Metal com sonoridades que remetem aos primórdios da SWOBM precisam ter. O som flui cru e agressivo, mas com uma qualidade sonora clara, onde se compreende o que o grupo quer atingir.

Já a parte gráfica, com arte de capa, layout e fotografias por Beto Martins ficou muito boa, verdade seja dita, em que pese o fato do uso de tons vermelhos para as letras não ficarem tão legíveis nas cores de fundo usadas. Mas nada que desabone o resultado final

O SPELL FOREST mostra em "Lucifer Rex" um nível de qualidade musical bem alto, se distanciando um pouco dos modelos pré-estabelecidos e buscando algo mais pessoal para si. E conseguem, pois cada arranjo mostra uma banda ótima, e que na época, se encontrava muito bem.

Melhores momentos de "Lucifer Rex":

When Only Vengeance and Hate Prevails - Uma faixa longa e com certa velocidade, mas mostrando boas mudanças de ritmo e mostrando um trabalho de guitarras muito bom, além de vocais rasgados muito bem encaixados na base instrumental.

Pride in Lucifer's Worshipping (Lucifer Rex) - Esta é realmente um dos melhores momentos do disco, já que a agressividade vanguardista da banda é adornada por melodias sinistras surgindo das guitarras, mas percebam como a banda transita entre o soturno e o bruto sem pudores, sempre com arranjos fantásticos.

Ritual on the Mountain's Forest - Outra canção longa, com um clima bem agressivo, cheia de partes rápidas e riffs de guitarras bem ríspidos, mas atentem para como baixo e bateria estão engrade forma, além de belas incursões de teclados e guitarras limpas. E se preparem, pois a banda sabe alternar bastante seus tempos, justamente tornando-a rica.

Blessed by Satan Dark Sword - Um festival de guitarras opressivas entremeadas por teclados sinistros, e mais um trabalho ótimo dos vocais. E que melodias bem pensadas nas partes dos solos de guitarra! É um deleite para fãs de Black Metal, sem dúvidas!

Dominus Satanas - Ave Lucifer - Outro ponto alto do CD, mostrando mais uma vez que a mistura agressividade + morbidez está bem equilibrada, usando de mudanças de ritmo e variações de timbre vocais, além de teclados e guitarras bem pensados, para tornar a canção deliciosa aos nossos ouvidos e corações.

Além das faixas do CD original, esta versão possui dois bônus: "Pride in Lucifer's Worshipping (Lucifer Rex)" e "When Only Vengeance and Hate Prevails", ambas gravadas em um show da banda em 2005. Se a gravação não ajuda, fica o testemunho do potencial do grupo em shows, onde sua música não perde o impacto.






Músicas:

1. When Only Vengeance and Hate Prevails
2. Pride in Lucifer's Worshipping (Lucifer Rex)
3. Throne of Skulls
4. Ritual on the Mountain's Forest
5. Marching Over the Weak Disgusting One
6. Blessed by Satan Dark Sword
7. Full Moon over Profane Souls
8. Dominus Satanas - Ave Lucifer
9. Outro
10. Pride in Lucifer's Worshipping (Lucifer Rex) (ao vivo)
11. When Only Vengeance and Hate Prevails (ao vivo)


Banda:

Lord Mephyr - Vocais, guitarra solo, guitarra acústica, teclados
Vlad D'Hades - Guitarras, backing vocals
Shammash - Guitarras
Daemon - Baixo
Hamon - Bateria, percussão


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Imperative Music Volume 10 (Compilação)


2016
Nacional

Nota 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Compilações são discos que, na maioria das vezes,tem uma fórmula bem definida: alguns nomes bem grandes para atrair a atenção dos fãs, e muitas que são tão boas quanto, mas de menor expressão, podendo nos trazer revelações interessantes. E é nessa formatação que podemos encaixar o décimo volume da Imperative Music, que chega muito bem.

Podemos dizer que este volume está um pouco mais eclético que os anteriores (que tinham um enfoque nos estilos mais extremos do Heavy Metal), já que os grandes nomes desse volume denunciam isso. Você pode ver que estão aqui o Techno Thrash Metal agressivo e atual do KREATOR e o Hard'n'Heavy melodioso e criativo do LOUDNESS. Mas ao mesmo tempo, se sente esta mesma dualidade tão saudável por toda a compilação, o que gera diversidade, evita que a audição seja maçante, e isso é muito bom. 

E não, meu caro leitor, não é um "tem para todos", mas sim uma compilação que reúne vários estilos, nos moldes das que você vê no exterior. Mesmo porque, lá fora, a idéia de "radicalismo" soa muito alienígena nos dias de hoje. Pode ser uma herança em termos de Brasil, mas soa totalmente non sense no exterior.

Como é comum a todas as coletâneas que puder encontrar, há mudanças na produção sonora de banda para banda. Mas o motivo é simples: cada grupo sabe o que quer da sua música, buscando a melhor sonoridade para si; ou o mesmo grava com as condições que possui em mãos e que lhe são permitidas. Mas isso não diminui o valor de "Imperative Music Vol. 10" de forma alguma.

Os melhores momentos: O KREATOR arrasando em "Civilization Collapse" (uma composição extremamente agressiva e técnica, mostrando um trabalho de guitarras insano), a brutalidade diversificada e quase experimental do SIRIUN em "Transmutation" e do RAGE DARKNESS "Engine of Misanthropy" (ambas muito técnicas e brutais, mas cada uma com sua própria personalidade), o bom gosto sinfônico do SEMBLANT em "What Lies Ahead", a força crua e melódica do LOUDNESS em "Great Ever Heavy Metal" (as guitarras de Akira Takasaki continuam mágicas em riffs e solos ótimos), o poder bruto e moderno do DEATH HORN em "Black Forest" (uma mistura muito bem feita de Death com Thrash Metal, bruta e fenomenal) e do DEGRACE em "Terminated Nightmare" (outra banda que faz Death/Thrash Metal sem dó dos ouvidos alheios), o bom gosto melódico de "YURI FULONE" em "The Blacksmith" (Power/Melódico de primeira, com peso e muita energia, com guitarras e vocais excelentes. Mas óbvio, já que Mario Pastore fez os vocais), e a melodiosae fascinante "Fatal Movement", do ELEANOR. 

Estas listadas acima são as melhores, sem desmerece o trabalho das outras bandas. E tirando os que já possuem álbuns lançados, creio que todas merecem essa chance.

Excelente compilação, e esperamos para breve o volume 11. 


Músicas:

1. KREATOR - Civilization Collapse
2. SIRIUN - Transmutation
3. RAGE DARKNESS - Engine of Misanthropy
4. SEMBLANT - What Lies Ahead
5. LOUDNESS - Great Ever Heavy Metal
6. NEW BAND - Fire Fall From the Sky
7. SKOX - Years of Legion
8. DEATH HORN - Black Forest
9. DEGRACE - Terminated Nightmare
10. THE WASTED - Dead New World
11. RADUX - Frozen Messiah
12. VIOLENT X - Sunday
13. NUMBNESS - Catch the Rainbow
14. INCIDENCE - Biological War
15. CLANDESTINED - Fall Outver2
16. YURI FULONE - The Blacksmith
17. MASTERDOM - Masterdome
18. ELEANOR - Fatal Movement


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TAURUS - Ao Vivo 30 Anos (DVD + CD)


2016
Urubuz Records
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Nunca esqueci uma tarde em 1985, enquanto ouvia o finado programa Guitarras, na Fluminense FM. Naquele dia, eu e outros headbangers tivemos o primeiro contato com "Batalha Final" e "Gladiadores", da primeira Demo Tape da banda carioca TAURUS, vinda de Niterói. E de lá para cá, muitas águas passaram por baixo da ponte, com a banda parando nos anos 90, e retornando na década passada. Óbvio que o Metal nacional é cheio de dificuldades, e o quarteto conhece cada uma delas. Mas não há como não aplaudir ou sentir as lágrimas de alegria descendo pelos olhos ao ver "Ao Vivo 30 Anos", pacote DVD + CD em Digipack da banda que a Urubuz Records acaba de pôr no mercado.

O que temos, a priori, é a apresentação da banda no Super Peso Brasil, festival realizado em 2014 em São Paulo, onde bandas seminais do Metal brasileiro tocaram (sendo elas SALÁRIO MÍNIMO, STRESS, CENTÚRIAS, METALMORPHOSE e o próprio TAURUS). Podemos aferir que em termos de qualidade visual e sonora, o DVD está perfeito, com vários ângulos ótimos, cenas escolhidas com parcimônia, tudo funcionando muito bem, parecendo transpor o ouvinte para posições privilegiadas no evento. Ponto para a produção em ambos os aspectos.

O trabalho artístico ficou ótimo, todo bem feito em um Digipack lindo. Além disso, o encarte tem um histórico da banda, um depoimento de Alex Camargo (do KRISIUN), outro de Carlos Lopes, muitas fotos de toda história da banda, cartazes de show, e tudo isso muito bem feito e ordenado.

Taurus
Sonoramente, o TAURUS é uma das bandas mais conhecidas dos anos 80, idolatrada por fazer Thrash Metal com influências da Bay Area de San Francisco, ou seja, bem trabalhado e melodioso, mas pesado. E como uma herança, a maior parte de suas letras é em português, tornando a compreensão simples para o ouvinte. E a formação clássica está ali, apenas com Felipe Melo no lugar de Jean, baixista original do quarteto. Mas Felipe se mostra um excelente músico, verdade seja dita. Otávio está muito bem nos vocais, além de ter boa postura e comunicação com o público, assim como a movimentação de Cláudio Bezz está muito bem nas guitarras e Sérgio Bezz segura o ritmo com força e precisão. Por isso, pergunto: realmente passaram-se 30 anos de "Signo de Taurus" para cá? Os caras estão em ótima forma!

É incrível poder ver e ouvir canções novas como "Fissura" e "Dias de Cão", aliadas a clássicos como "Mundo em Alerta" (com a participação de Luiz Carlos Louzada, do VULCANO), "Damien", "Trapped in Lies", "Pornography" e a clássica "Massacre" (que tem um pequeno insert de "Heaven and Hell", do BLACK SABBATH no final). Mas ainda temos dois bônus no DVD: "Massacre", gravada no show em que a banda abriu para o TESTAMENT em 2007 e que conta com Jaziel nas guitarras e vocais, e Beto de Gásperis no baixo, além de "Gladiadores", gravada no Brutal Devastation, em novembro de 2007, em BH, também com a formação em quinteto.

A maior parte do CD é basicamente o som do Super Peso Brasil, apenas com uma qualidade sonora um pouco melhor, mais cristalina. Mas que possui bônus ótimos, especialmente "Born to Die" (que tem a participação de Carlos "Vândalo" Lopes, do DORSAL ATLÂNTICA, gravada em 1989), e "Medo (Só Pra Empurrar)" (gravada em 1992).

No mais, "Ao Vivo 30 Anos" merece aplausos, e agradecimentos à Urubuz Records por nos trazer um lançamento desse nível a todos nós, mas uns pedidos finais:

1 - Que o produtor do Super Peso Brasil faça uma segunda versão do evento;

2 - Otávio, Cláudio, Felipe e Sérgio: dá para gravarem "Gladiadores" em um disco de uma vez por todas? Estou esperando isso desde os anos 80!

Ave TAURUS!


Músicas:

DVD:

1. Fissura
2. Batalha Final
3. Signo de Taurus
4. Mundo em Alerta
5. Dias de cão
6. Trapped in Lies
7. Pornography
8. Damien
9. Massacre

Bônus:

10. Gladiadores ao vivo em BH 2007
11. Massacre ao vivo no Rio 2007
12. Taurus video release
13. Teaser

CD:

1. Fissura
2. Batalha Final
3. Signo de Taurus
4. Mundo em Alerta
5. Dias de cão
6. Trapped in Lies
7. Pornography
8. Damien
9. Massacre

Bônus:

10. Gladiadores (ao vivo em BH)
11. Aria
12. Born to Die
13. Medo (Só pra Empurrar)/Intermezzo
14. O Viciado
15. Plunder Taurus (menu)


Formação:

Otávio Augusto - Vocais
Cláudio Bezz - Guitarras
Felipe Melo - Baixo
Sérgio Bezz - Bateria


Contatos: