28 de fev. de 2016

DEGOLA - Tormenta (CD)


2016
Nacional

Nota 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "Acalmo o Demônio", "Vejo Você no Inferno", "Mais Pesado, Mais Rápido, Mais Agressivo", "Maculado", "Ao Acaso"


Fazer Metal extremo no Brasil é quase uma questão de honra para muitos. Para ser honesto, é um fator que está embutido no DNA do Metal nacional, que não cansa de mostrar bandas novatas de talento. E diretamente do Planalto Central, de Brasília, vem o furioso DEGOLA, rasgando ouvidos e destruindo pescoços com "Tormenta", seu mais recente álbum.

A banda detona um Thrash Metal furioso, brutal e moderno, mas a agressividade do grupo chega a vazar pelos falantes do aparelho de som. É rasgado e furioso, mas bem feito, com uma música que sangra em energia, e mesmo não sendo inovador, tem personalidade. E encara muitas bandas por aí de peito aberto e sem medo.

Degola
Zé Misanthrope (conhecido pelo seu ótimo trabalho com o OMPHALOS) e o próprio DEGOLA produziram o disco. E Zé ainda fez a mixagem e masterização de "Tormenta". Resultado: uma gravação extrema, na cara, mas com aquela clareza necessária para a compreensão do que o quarteto quer fazer com sua música. E o trabalho artístico, tanto para a capa e o encarte, é de primeira.

Só é necessário ter ouvidos bem atentos, pois debaixo de tanta agressividade, existem arranjos muito bons, uma preocupação com a estética sonora de cada instrumento e canção. Aqui, nada é demais, a violência sonora não é gratuita, mas se encaixa muito bem na proposta sonora do quarteto. E as letras em português mostram que a métrica de nossa língua, com os devidos cuidados, pode se encaixar no Metal sem problema algum.

Mesmo "Tormenta" sendo um disco muito equilibrado em termos de composições, a banda se destaca em algumas.

Acalmo o Demônio - Muita agressividade, com elementos de HC dando as caras vez por outra, mais a força opressiva do Thrash Metal de bandas como SEPULTURA e SLAYER, com riffs excelentes. E realmente, ela acalma qualquer demônio, nem que seja na base do tapa!

Vejo Você no Inferno - Veloz e azeda, além de ser recheada por bons vocais gritados. Mas não se iludam, pois existe um trabalho técnico bem pensado aqui, e uma amostra absurda de quão essa base rítmica é fantástica (baixo e bateria estão em grande forma, diga-se de passagem).

Mais Pesado, Mais Rápido, Mais Agressivo - Essa merece o nome que tem, e poderíamos dizer que rotula perfeitamente a proposta do DEGOLA: "Tormenta" é mais pesado, mas rápido e agressivo que seu antecessor, "Corrosão", e vemos nesta canção guitarras abusivamente agressivas.

Maculado - Cheia de mudanças rítmicas, oscila entre momentos mais velozes e outros mais cadenciados. E mais uma vez, baixo e bateria dão uma exibição de gala, mostrando técnica e peso absurdos.

Ao Acaso - Mais uma vez, apesar de ser prioritariamente uma canção veloz, a banda capricha na nas conduções e tempos. Mas quando cismam de cadenciar o som, aí sim mostram um talento ímpar, com guitarras faiscantes, solos melodiosos, baixo e bateria seguros e vocais ótimos. É uma das melhores do CD, sem dúvidas.

O DEGOLA ainda vai rachar o Planalto Central com uma música tão causticante assim, logo, ouçam "Tormenta" sem medo. E usem em um volume que incomode seus vizinhos chatos!





Músicas:

1. Acalmo o Demônio
2. Vejo Você no Inferno
3. Mais Pesado, Mais Rápido, Mais Agressivo
4. Maculado
5. Eu Sou a Peste
6. Aqui o Tempo Todo
7. Tormenta
8. Ao Acaso


Formação:

Flávio Arrais - Vocais
Wa Farias - Guitarras
Malcolm Macgaren - Baixo
Inaldo Ramos - Bateria


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CAVERA - Unfit for Rational Consumption (CD)


2016
Independente
Nacional

Nota 8,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "Creatures", "Controlled by the Hands", "Little General", "Seven", "Time to Die", "More Lies"


Cada vez mais, as bandas de Metal do Brasil andam abrindo os braços para novas possibilidades dentro dos estilos pré-existentes. E isso vai criando possibilidades e ampliando fronteiras já existentes. E um exemplo muito bom é do quarteto CAVERA, vindo de Carlos Barbosa (RS), e que mostram um trabalho muito bom em "Unfit for Rational Consumption".

Podemos dizer que a banda trabalha em cima de uma fórmula não convencional de Thrash/Groove Metal muito pesada, e personalizada. Mas muitos experimentalismos vão dando as caras, deixando o trabalho com uma sonoridade bem diferente dos clichês que ouvimos por aí. É pesado, intenso, cheio de energia e bom gosto, mas experimental, grudento e agradável.

Cavera
"Unfit for Rational Consumption" foi produzido por Ernani Tavares e co-produzido pelo quarteto. Óbvio que a sonoridade ficou abrasiva e pesada, com aquela sujeira densa e gordurosa que as vertentes que usam de Groove buscam ter, mas sem atrapalhar o entendimento do que a banda está fazendo. Não ficou perfeita, mas está muito boa. E o trabalho de capa e encarte, junto com a diagramação, estão muito bons, um atrativo a mais para o ouvinte (e que foge do padrão preto-branco-cinza-cores extremamente escuras).

Dinamismo, tempos quebrados, mudanças abruptas de andamento, elementos surgindo do nada, tudo em um "caos organizado" muito atraente e bem feito. E digamos de passagem que a ousadia do grupo fica evidente em arranjos musicais que encaixam perfeitamente, mesmo não aparentando.

O disco tem um bom nível em termos de músicas, mas abaixo, os destaques da obra.

Creatures - Muito Groove, cheia de guitarras agressivas e um andamentos muito bons, mas com algumas mudanças de ritmo muito interessantes. Destaque óbvio para baixo e bateria, que estão formando uma base sólida e pesada no meio de tantas variações.

Controlled by the Hands - O início é pesado, azedo e denso. E apesar de alguns momentos mais experimentais, é uma das canções mais simples e agressivas do CD, apresentando guitarras em riffs ótimos.

Little General - Uma canção bem cheia de mudanças rítmicas, vocais agressivos contrastando com outros mais melodiosos. Mas é interessante olhar a dinâmica das guitarras mais uma vez. 

Seven - A oscilação entre o caos experimental e o peso é interessante, algo que bandas mais modernas como SYSTEM OF A DAWN usam bastante, um contraste insano, mas agradável aos ouvidos.

Time to Die - Outra que tem muita agressividade entremeada com partes experimentais, fazendo as percepções mais simplórias entrarem em colapso. E que belo trabalho de baixo e bateria uma vez mais.

More Lies - Bruta, explosiva, mas com uma envoltória melodiosa e bem feita, lembrando um pouco o METALLICA da época do "... And Justice for All", mas logo toques experimentais aderem às canções, com vocais estranhos que, após nos acostumarmos, ficam muito bons.

O CAVERA ainda pode evoluir bastante, tem potencial para se tornar um ótimo nome do cenário. Mas o que eles oferecem em "Unfit for Rational Consumption" é realmente muito bom.




Músicas:

1. Collision
2. Creatures
3. Mental Killer
4. Controlled by the Hands
5. Little General
6. Glistening Lips
7. Seven
8. Snuff Box
9. Time to Die
10. Calhordas
11.  Unnamed Pills
12.  More Lies
13.  La Strega Rossa/Senza Cura


Banda:

Rodrigo Rossi - Vocais, guitarras
Catiano Alves da Silva - Guitarras, backing vocal
Leandro Mantovani - Baixo, backing vocal
Emerson Luiz dos Santos - bateria


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DRAGONFORCE - In the Line of Fire... Larger Than Life (CD+DVD)


2016
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "Fury of the Storm", "Three Hammers", "Seasons", "Cry Thunder", "Through the Fire and Flames", "Valley of the Damned", "Defenders".


Poucas vezes o Metal teve uma banda tão divisora de opiniões como o sexteto bretão DRAGONFORCE. Sim, pois é mesmo caso extremo de amor ou ódio, com louvores e críticas. Não há meio termos com eles, embora ninguém possa negar: a banda tem uma qualidade musical excelente. E apostando nisso, a Shinigami Records colocou o pacote CD + DVD "In the Line of Fire... Larger Than Life" no mercado nacional.

O grupo realmente é o que se propõe a ser: um sexto de Extreme Power Metal, ou seja, temos o bom e velho Power Metal com uma roupagem personalizada, com blast beats em vários momentos, backing vocals extremos, muitas vezes em uma velocidade alucinante, outras em momentos mais lentos, mas sempre pesado, técnico, bem acabado e diferente de tudo que já foi feito. Isso ninguém, detrator ou fã, pode negar. E por ser um registro ao vivo (gravado durante a tour promocional de "Maximum Overload", em 18/10/2014, no Loud Park Festival, Saitama Super Arena, no Japão), vemos uma banda que vai muito bem ao vivo, verdade seja dita. 

A produção sonora tanto do CD quanto do DVD é excelente. Sonoramente, você percebe claramente que é um show ao vivo, sem muitos recursos (como pré-gravações), e soa claro, nítido, mas com peso. Em termos de vídeo, os takes de câmera são ótimos, mostrando a banda em vários ângulos, sem deixar de exibir cada um dos seis integrantes da banda, e sem privilegiar os patrões Sam e Herman. E pelas tomadas do público, o local estava abarrotado. Há um mini-documentário sobre a produção do DVD em estúdio, com Herman e Damien Rainaud, chamado "The Right Mix".

Sobre a banda em si, não há muito que ser dito: todos estão muito bem, cada um deles tocando o seu melhor e com boa postura de palco. Sam Totman e Herman Li são uma dupla e tanto de guitarras, ao passo que o veterano Frédéric Leclercq no baixo e o novato Gee Anzalone na bateria (seu primeiro registro com o sexteto) formam uma base rítmica sólida e de dar inveja em muitos grupos, em termos de peso e técnica. O veterano Vadim Pruzhanov mostra-se muito bem, usando tanto seu teclado fixo como outro para se juntar a linha de frente do DRAGONFORCE. Marc Hudson é um ótimo vocalista, mas deveria deixar de dar tantos gritos agudos como faz em "Fury of the Storm", que não existem na versão original, pois isso destoa.

DragonForce
No DVD, entre partes do show, temos alguns mini-documentários com os músicos. E são muito legais, como ver Sam jogando e falando sobre fliperamas usando uma camisa do BATHORY (para quem ainda não sabe, ele era guitarrista/vocalista do finado grupo Neozelandês de Black Metal DEMONIAC, por onde Herman também passou), Frédéric  a casa dele tocando guitarras em formatos engraçados (a do célebre personagem japonês Doraemon é muito divertida). E é possível acessá-los também pelo menu.

O show no CD e no DVD são basicamente a mesma coisa, diferindo que no CD, temos a música "Defenders". No DVD, os extras mencionados abaixo.

A lista de músicas do show é ótima. Óbvio que alguns clássicos acabaram ficando de foram, como "Operation Ground and Pound" e "My Spirit Will Go On", e lembro o leitor que a prevalência do material de "Maximum Overload" se dá pelo fato de ser a tour promocional do mesmo. Mas ao ver a banda tocando algumas canções marcantes como "Black Winter Night", "Cry Thunder", "Through the Fire and Flames" e a clássica "Valley of the Damned" (eu fiquei observando as sessões de solos só para ver se eram fiéis ao que se ouve no estúdio, uma velha curiosidade), é impossível não se curvar ao talento e bom gosto do grupo. E como emociona ao ver o sexteto vir à frente do palco após o show, cumprimentar e agradecer ao público.

Como disse acima, amem ou odeiem, mas não neguem: o DRAGONFORCE é um nome de peso dentro do cenário mundial, e merece aplausos.

Tá esperando o que? Corra atrás da sua cópia logo de uma vez!!!!



Músicas:

CD:

1. Fury of the Storm 
2. Three Hammers 
3. Black Winter Night 
4. Tomorrow's Kings 
5. Seasons 
6. Symphony of the Night 
7. Cry Thunder 
8. Ring of Fire 
9. Through the Fire and Flames 
10. Valley of the Damned 
11. Defenders (faixa bônus do CD)

DVD (extras):

1. Tokyo Party  
2. Sam Off Tour  
3. Fred - Life in France  
4. Gee's Drums Journey  
5. Japan Show Day  
6. Behind the World Tour Part 1  
7. Marc's Inspirations  
8. Behind the World Tour Part 2  
9. The Crew  
10. Vadim Back Home  
11. Herman's Time Off  
12. Marc's Tokyo Adventure  
13. Fred Loves Japan  
13. The Right Mix


Banda:

Marc Hudson - Vocais 
Sam Totman - Guitarras, backing vocals
Herman Li - Guitarras, backing vocals
Vadim Pruzhanov - Teclados, backing vocals
Frédéric Leclercq - Baixo, vocais agressivos 
Gee Anzalone - Bateria


Contatos: