Nota 9,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Bem, não é mais novidade a tendência anos 80 em voga nos últimos anos. Ou seja, vemos bandas que buscam resgatar as sonoridades dessa época específica (como existem o que fazem o mesmo em relação aos 60 e 70). Temos dois grupos em que dividimos as bandas que compõem essa turma em dois grupos bem distintos: o de bandas que são apenas Dolly Metal (ou seja, clonagem, sem apresentarem absolutamente nada de novo. Algumas nessa linha chegam a beirar o plágio puro e simples, talvez por falta de personalidade em seus membros), e as bandas que resgatam o passado, mas são capazes de colocar algo que as tornem realmente valorosas, que venham a acrescentar. E é no segundo grupo que encaixamos o quarteto sueco ENFORCER, que pela segunda vez aparece nesse humilde site, dessa vez com seu novo disco, “From Beyond”.
Antes de tudo, é preciso ser claro e honesto: o quarteto pega todos os elementos usados por bandas da NWOBHM como SAXON, DIAMOND HEAD, IRON MAIDEN, mais algo do JUDAS PRIEST e do ACCEPT e faz seu trabalho. O que os difere da geração Dolly Metal é que podemos perceber que existe uma vontade da banda fazer algo relevante, não apenas repetir o que já está feito. Vocais em tons normais muito bons (mas que podem melhorar. Há momentos em que eles destoam um pouco, e acabam incomodando os ouvidos, como vemos no início de "Below the Slumber"), uma dupla de guitarras que capricha em riffs e solos (e os duelos de solos são ótimos, onde a influência das escolas de KK Downing/Glenn Tipton e Adrian Smith/Dave Murray é sensível), baixo e bateria com boa técnica e peso evidente, e sua música soa como aquele Heavy/Speed Metal característico dos anos de 1983 a 1985, mas com uma banda que busca não ser um clone. E assim, “From Beyond” já apresenta uma banda bem mais evoluída e solta que em seu trabalho anterior, “Death by Fire”.
Enforcer |
A produção sonora, apesar de ser feita com recursos modernos, soa bem orgânica e nada exagerada, mantendo o feeling que eles buscam para sua música (óbvio que falo dos anos 80), mas sendo mais limpa e clara do que a maioria das bandas da chamada NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal) se propõem a fazer. Tudo que a banda se dispõe a tocar está bem evidente aos nossos ouvidos. A arte é simples, mas funcional.
Se por um lado o trabalho do grupo está distante de ser original, tem seus méritos por não ser apenas mais uma cópia de alguém, o que fica bem claro em seus arranjos muito bons, uma dinâmica musical bem feita e nada forçada, músicas não tão complicadas tecnicamente, mas uma verdade precisa ser dita: musicalmente, soa datado.
O CD já abre com a melhor faixa do disco e música do vídeo de divulgação, “Destroyer”, que é rápida e com ótimo refrão e riffs excelentes. Em “Undying Evil”, temos uma música de andamento em meio tempo, com boas vocalizações e base rítmica forte, fora mais um refrão que entra pelos ouvidos e não sai mais. Iniciada com guitarras à lá IRON MAIDEN, vem outra canção não tão veloz, a empolgante faixa-título, mais uma vez com melodias bem grudentas. “One With Fire” é uma faixa bem á lá NWOBHM, com energia e melodia bem equilibradas. Em “Below the Slumer”, temos uma faixa que oscila entre momentos de balada bem açucarados, e outros mais pesados, e com trabalhos de guitarras em dueto e contrabaixo muito bons. Segue-se com a instrumental “Hungry They Will Come”, que não chega a acrescentar muita coisa, verdade seja dita, e depois vem uma faixa que fica entre o Hard Rock clássico e o Heavy Metal tradicional, a mais acessível e empolgante “The Banshee”, mais uma com refrão de fácil assimilação e belo trabalho de baixo. Em “Farewell”, temos 1:10 de uma introdução instrumental de balada (que poderia ser mais curta, digamos de passagem), até ganhar peso e virar uma canção que remete diretamente ao que a querida Donzela de Ferro fez na época de “Killers”. A adrenalina torna a atingir níveis elevados em “Hell Will Follow”, onde a velocidade mais uma vez é a tônica da música (embora existam momentos mais cadenciados bem ganchudos nela), apresentando riffs muito bons. O CD fecha com “Mask of Red Death”, outra com andamento não tão veloz, com fortes doses de peso e melodia associados, além de um trabalho de guitarras primoroso.
O ENFORCER pode até não estar entre os melhores nomes dos dias de hoje pelo fator de não serem inovadores (e o Metal precisa de inovação sempre, para continuar sobrevivendo), não se pode deixar de reconhecer seus méritos como uma banda que, apesar do uso de clichês, é ótima e não é um zumbi se decompondo fora de seu túmulo.
Um disco muito bom, verdade seja dita.
Músicas:
01. Destroyer
02. Undying Evil
03. From Beyond
04. One with Fire
05. Below the Slumber
06. Hungry They Will Come
07. The Banshee
08. Farewell
09. Hell Will Follow
10. Mask of Red Death
Banda:
Olof Wikstrand – Vocais, guitarras
Joseph Tholl – Guitarras
Tobias Lindqvist – Baixo
Jonas Wikstrand – Bateria
Contatos:
Facebook (página oficial do Brasil)