2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Músicas:
1. And My Father Left Forever
2. To Shiver in Empty Halls
3. A Cold New Curse
4. Feel the Misery
5. A Thorn of Wisdom
6. I Celebrate Your Skin
7. I Almost Loved You
8. Within a Sleeping Forest
Banda:
Aaron Stainthorpe - Vocais
Calvin Robertshaw - Guitarras
Andrew Craighan - Guitarras
Lena Abé - Baixo
Shaun Macgowan - Teclados, violino
Contatos:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Em termos de Metal, sabemos que cada vertente do mesmo possui bandas lendárias, gigantes que, nas origens de cada uma delas, ajudou a criar as fundações e características pelas quais um gênero é conhecido. E falar de bandas assim, para um escritor, nem sempre é fácil pela importância histórica que elas carregam. Mas sempre existe aquele prazer em poder observar o quanto algumas delas continuam criando discos ótimos e relevantes, por mais que não estejam mais revolucionando.
E este é o caso do MY DYING BRIDE, clássico grupo inglês de Halifax, conhecido por ser um dos pilares do Doom-Death Metal/Doom Metal atual. Óbvio que eles possuem clássicos como “Turn Loose the Swans” e “The Angel and the Dark River” (que são tão importantes para o gênero como um “Altars of Madness” é para o Death Metal atual), e algumas derrapadas. Mas em geral, o saldo da banda é positivo, e “Feel the Misery”, seu mais recente disco, é a prova do quanto eles ainda podem dar ao Metal. Ainda mais agora que a Shinigami Records colocou uma versão nacional do disco nas lojas.
Se estão querendo algo de extremamente inovador do MY DYING BRIDE, esqueçam. O estilo da banda está cristalizado, aquele Doom Metal melancólico e melodioso, com muito refinamento musical, impera. E embora existam momentos com vocais mais agressivos, a banda se mantém firme em sua própria zona de segurança. Mas vejam bem: a zona de segurança do grupo é muito vasta, lhes proporcionando possibilidades musicais que poucas bandas possuem, e mesmo sem querer inventar mais nada, o quinteto continua forte e impondo-se sem medo.
“Feel the Misery” foi produzido e mixado pelo experiente Mags (bem conhecido por seus trabalhos com CRADLE OF FILTHY, BAL-SAGOTH, PRIMORDIAL e o próprio MY DYING BRIDE), e mais uma vez, ele soube captar a essência musical do que o grupo queria para o disco. E assim, criou uma sonoridade esmerada, limpa e cristalina, beneficiando o lado mais soturno e introspectivo da banda, mas sem deixar de ter peso em doses generosas.
Em termos de arte gráfica, a capa de Andrew Craighan é muito bela, evocando o lado lírico melancólico do grupo. E o design e layout de Matt Vickerstaff estão muito bonitos.
Em termos musicais, o MY DYING BRIDE continua com aquela marca registrada: músicas longas, onde eles podem expressar uma riqueza de arranjos muito boa. E são brilhantes o tempo todo, e isso em um álbum em que o grupo estava sem baterista fixo. Quem gravou as partes de bateria foi Dan "Storm" Mullins, que trabalhou as gravações do disco, e já tocou com BAL-SAGOTH e o próprio MY DYING BRIDE.
“Feel the Misery” tem oito ótimas canções, e merecem destaque as seguintes:
“And My Father Left Forever” – Uma canção cheia de variações de ritmo, indo do introspectivo ao melancólico, mas sempre com aquelas melodias muito bem pensadas, e sem exageros técnicos. E em meio a tantas mudanças, quem se destaca é mesmo vocal do veterano Aaron, pois seu timbre limpo é envolvente, e consegue expressar bem todo o sentimento que o grupo carrega, sem falar pelas belas incursões de teclados.
“To Shiver in Empty Halls” – Aqui, temos algo mais denso e agressivo, rebuscando os elementos de “As the Flower Withers”, com muito uso do vocal gutural de Aaron (mas não se prendam a isso, pois o grupo não se prende a nada). Mas vale destacar o soberbo trabalho de Calvin e Andrew nas guitarras, e os teclados providenciais de Shaun.
“A Cold New Curse” – Se você conhece bem o trabalho deles, sabe que mixar peso, melodia e introspecção de forma equilibrada, e ainda pôr momentos extremos no meio disso tudo, é uma das especialidades do grupo. Mas ela é envolvente, de tal forma que ficamos presos a ela do princípio ao fim, especialmente devido ao trabalho ótimo de Lena no baixo e de Dan na bateria.
“Feel the Misery” – É um dos momentos em que a alternância entre momentos mais pesados e outros mais amenos e melancólicos se faz presente. É incrível perceber como o grupo nos envolve nesses momentos, especialmente porque os vocais estão de primeira com esse timbre mais limpo, e a envoltória melódica criada pelos teclados é muito boa, sem falar na dinâmica entre as guitarras. E o toque de elegância é dado por alguns violinos providenciais (outra marca registrada do grupo).
“A Thorn of Wisdom” – A faixa mais curta do CD, com pouco mais de 5 minutos de duração. Outro momento mais introspectivo do grupo, e com alguns toques experimentais nas partes de teclados. Belíssimas melodias uma vez mais, fora o baixo e a bateria estarem perfeitos.
“I Celebrate Your Skin” – Justamente nos momentos mais introspectivos dessa canção, vemos como os vocais naturais e guturais se encaixam com perfeição, e apresentam mesmo até uma expressividade que poucas vezes se percebe em outras bandas. O andamento é bem arrastado, priorizando aquela aura densa e introspectiva que o grupo sempre apresentou.
“I Almost Loved You” – Uma música mais climática e bela, levada apenas por voz, teclados e pianos, que dá aquele toque de requintada diversidade ao álbum.
“Within a Sleeping Forest” – Podemos dizer que, justamente por ser a mais longa de todo o disco, é a mais expressiva, onde o quinteto usa esses mais de dez minutos de duração para fazer um compêndio musical de todos os elementos que o disco possui. Há momentos mais agressivos, outros mais belos, outros com forte conotação introspectiva, mas a qualidade imposta é algo assombroso.
Sim, cada uma das faixas foi devidamente analisada, pois “Feel the Misery” é um álbum excelente em tudo, feito com qualidade inquestionável, e é um presente para os fãs.
Imperdível!