5 de jul. de 2012

Panzer – The Strongest (CD)



Spiral Noise Records - Nacional
Nota 10
Por Marcos Garcia

A cena do Thrash Metal brasileira possui uma sonoridade muito particular, já que as bandas do país possuem uma fórmula que sabe mesclar a técnica, melodia e feeling da cena americana com a pegada pesada e extremamente agressiva da escola européia. Ou seja, um híbrido do que há de melhor em cada escola, mais um pouco de elementos musicais diversos: algumas com toques groove, outras com nuances de HC, outras um pouquinho de Industrial, e por aí vai. E em geral, esta alquimia dá certo.
Um dos nomes mais fortes que o Brasil já deu ao mundo em matéria de Thrash Metal é, sem sombra de dúvidas, o Panzer.
Oriundos de São Paulo, o quarteto (que começou como um trio) foi formado em 1992, e já com um CD na bagagem, Inside, de 1999 (hoje uma raridade), mas eles tinham muito para mostrar, e resolveram apostar suas fichas e lançaram, ainda quando o Thrash Metal no mundo dava sinais de uma provável ressurreição, The Strongest, e como o título deixa claro, era (e ainda é) um dos discos mais fortes em matéria de Thrash Metal made in Brazil, e talvez de toda a história do Metal nacional.
Produzido, mixado e masterizado por Mauro Juliany no Estúdio Alchimia, em SP, no período de 5 meses (de Janeiro a Maio de 2001), o CD foi lançado em 11 de Agosto do mesmo ano pelo selo Spiral Noise Records (que era da própria banda), mas sendo distribuído em toda América Latina pela Century Media Records, e no Japão pela Arco-Iris Records, a gravação do disco é realmente algo de impressionante em termos de Brasil para a época, soando forte e atual até os dias de hoje, pois a musicalidade da banda flui de forma natural e intensa, bem pesada e densa, seja nos momentos em que a banda pega pesado e rápido quanto em momentos mais densos e cadenciados. Poderíamos dizer que a banda é um dos precursores do Thrash Metal atual do Brasil. A capa, bem simples, é uma mostra do que aguarda o ouvinte.
Quando pomos o CD para rolar, a sonoridade intensa da banda é um verdadeiro fogo cruzado, pois temos vocais ora mais guturais, ora mais urrados e outros normais, guitarras fortes e agressivas (mas sem perder a melodia), e cozinha baixo-bateria muito pesada, seca e bruta, sabendo muito bem segurar a base rítmica da banda como variar os andamentos. 
O disco inteiro é como uma passagem de um regimento de tanques de guerra, sendo que a média de duração das músicas é de 3 minutos, ou seja, a probabilidade de algum ouvinte ficar bocejando é mínima. 
Começando pela azeda, pesada e bem trabalhada Fake Games of Heroes, com ótimas vocalizações e bases de guitarras ferozes, e que possui vídeo oficial; seguindo, temos a intensa e mezzo rápida, mezzo cadenciada Red Days, onde há um pequeno insert de Heaven and Hell, do Black Sabbath, bem encaixado e mostrando quanto os vovôs influenciaram os estilos mais modernos de Metal; Affliction, uma pedrada bem empolgante, com ótimo trabalho da bateria; em Show Me!, que é uma música ótima, temos um trabalho de guitarra excelente, com forte apelo ‘priestiano’, com um ótimo solo; Box e Speedy mostram um lado Thrash um pouco mais moderno (para os padrões da época), mas intenso e pesado e com bastante elegância; a curta e um pouco mais climática My Night; a veloz e ríspida Your Blood, esbanjando técnica (especialmente a bateria); a apelativa ao pogo The Strongest, que se inicia com uma introdução de baixo, e depois vira uma pancada bem trabalhada e com um pouco de melodia e groove, ambos elementos na medida certa, e certo toque de Hardcore nova-iorquino dos anos 80, mais um solo de tirar o fôlego; a bem variada e densa Fear of God, onde novamente a bateria dá uma aula de peso e técnica; a densa, climática e arrasadora House of Decadence, bem cadenciada e com certos toques setentistas e HC muito bem sacados, onde o vocal mostra um trabalho bem diferenciado; e finalizando com a The Strongest (Reprise), que como já diz o título, é uma repetição da faixa-título, em um CD irrepreensível. 
A banda depois disso caiu na estrada, começando com um na Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo, e depois fez uma excursão extensa pelo circuito paulistano, chegando até o Nordeste.
Mas infelizmente, nem sempre as coisas dão certo, e este tanque de guerra de primeira linha teve que parar.
Mas, como noticiado aqui mesmo no Metal Samsara e em vários veículos da imprensa especializada no dia 04/07/2012, a banda retoma suas atividades, ou seja, preparem-se para um assalto desse autêntico tanque de guerra Thrasher, disposto a não deixar pedra sobre pedra e despejar música da mais alta qualidade.
Ainda bem, e sejam bem vindos de volta, rapazes!
Power ON, Panzer!


Fake Games of Heroes

Tracklist:

01. Fake Games of Heroes
02. Red Days
03. Affliction
04. Show Me!
05. Box
06. Speedy
07. My Night
08. Your Blood
09. The Strongest
10. Fear of God
11. House of Decadence
12. The Strongest (Reprise)



Formação:

Edson Graceffi – Bateria 
André Pars – Guitarras 
Élcio Cruz – Vocais




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