30 de ago. de 2015

Motörhead - Bad Magic (CD)

2015 - UDR Music - Importado

Nota 9,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Quanto mais velho, melhor o vinho. É um ditado muito certo quando se trata de Heavy Metal, já que bandas antigas andam lançando bons trabalhos, ainda relevantes e no nível de novatos geniais. Os mestres sempre têm algo que ainda podem ensinar, um ás na manga. E quem possui um Ás de Espadas, realmente ainda tem muito o que mostrar. E mesmo imerso em tantos problemas de saúde de seu líder, a gangue do MOTÖRHEAD volta à carga e dispara mais um torpedo, "Bad Magic", seu mais novo disco, que comemora os 40 anos de existência da banda.

Muito imitado, mas nunca igualado (sinto muito, Dolly Metal clones, mas é trabalho demais para vocês), eles voltam. Mas o que se pode esperar de "Bad Magic", no final das contas?

Sem fanatismos e com muito pé no chão, todos já sabem que o trio nunca foi muito dado a experimentos com sua música, sempre seguindo a mesma linha desde "Motörhead", de 1977. Ou seja, aquela música indefinível que o trio faz e que inspirou bandas de Metal e Punk por mais de quatro décadas continua o mesmo, ou seja, potência, sujeira, agressividade e ironia continua ali, firme e forte. A diferença do MOTÖRHEAD para seus seguidores (e clones) é que eles sempre sabem abordar o próprio estilo sem serem repetitivos ou chatos, sem se tornarem uma banda cover se si mesma. E digamos: ouvir a voz esganiçada e urrada de Lemmy, seu baixo trovejando, as guitarras azedas e firmes de Phil e a bateria pesada e técnica de Mikkey (que foi a única coisa que o grupo mudou esses anos todos, pois a técnica dele se encaixa como uma luva na banda) é algo sempre prazeroso aos ouvidos.

Motörhead
Como em time que está ganhando não se mexe, mais uma vez a produção do disco é de Cameron Webb (que trabalha com a banda desde "Inferno", de 2004), bem como a mixagem. Ou seja, o MOTÖRHEAD consegue aquilo que poucas bandas da velha guarda consegue com ele no comando: trazer o som da banda para a atualidade sem perdas, pois ainda soa abrasivo e feroz, só que limpo e bem pesado. E a arte, uma contribuição de vários artistas, ainda tem o bom e velho Snaggletooth ali, emblemático.

Se for falar da música do trio, prefiro usar sempre a definição de "ouça. Se gostar, beleza, se não, deixa para lá", pois rótulos não são muito com o grupo (Lemmy os odeia. Detesta que chamem o trio de banda de Metal). Os arranjos ainda são simples, nada muito excessivo, e talvez seja essa a fonte da juventude de onde bebem. Mas existe um brilho a mais no disco: Brian May (guitarrista do QUEEN) dá uma canja e faz o solo de "The Devil". Se por um lado não temos um clássico como "Overkill" ou "Ace of Spades" (isso só o tempo dirá), temos mais um amassa crânios que deve entrar em qualquer coleção que se preze.

Não dá para destacar nada por aqui, pois a banda sempre mantém um nível alto em suas composições, mas a instigante "Victory and Die" (com um andamento não tão veloz, belos riffs e a voz esganiçada do mestre sempre em boa forma), a abrasiva e envolvente "Thunder and Lightning" (mais uma vez, riffs ferozes e solo grandioso, em uma levada rítmica insana, refrão pegajoso e reparem como o baixo troveja a música inteira), a exibição de gala da bateria em "Shoot out All of Your Lights" (outra com refrão alucinante e belos backing vocals), a totalmente Rock'n'Roll "The Devil" (outra bela mostra que a voz de Lemmy ainda é inimitável, fora o solo brilhante de Brian May), a semi-balada Bluesy "Till the End" (concordo que é estranho ver uma balada com a voz rosnada de Lemmy, mas acreditem, ficou ótima, mostrando que a melodia faz parte da força do trio. E que refrão e solo!), o hit "When the Sky Comes Looking for You", e a versão insana para "Sympathy for the Devil", do THE ROLLING STONES, mostrando a versatilidade desse trio, que soube dar uma roupagem mais intensa e robusta à velha canção dos Stones. 

Sendo sincero: com o estado de saúde de Lemmy ficando cada vez mais deteriorado, pode ser que este seja o último disco de estúdio da banda. E se for, por toda sua longa e ótima discografia, "Bad Magic" seria o fechamento com chave de ouro desses 40 anos de dedicação. E se for, não fiquemos tristes, mas agradeçamos por toda alegria que o MOTÖRHEAD deu às gerações de fãs de boa música nesses 40 anos.

No mais, "Bad Magic" é um ótimo disco, e que merece aplausos com toda certeza.











Músicas:

01. Victory or Die 
02. Thunder and Lightning 
03. Fire Storm Hotel 
04. Shoot out All of Your Lights 
05. The Devil 
06. Electricity 
07. Evil Eye 
08. Teach Them How to Bleed 
09. Till the End 
10. Tell Me Who to Kill 
11. Choking on Your Screams 
12. When the Sky Comes Looking for You 
13. Sympathy for the Devil


Banda:

Lemmy Kilmister - Baixo, vocais
Phil Campbell - Guitarras, backing vocals, piano em "Sympathy for the Devil" 
Mikkey Dee - Bateria


Contatos:

Facebook (Motorhead Brasil)