Independente
Nota 8,5/10
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Raivoso, incontrolável, agressivo, sujo e destruidor, quase como se um tanque de guerra anti-sistema e anti-alienação invadisse um antro de politiqueiros, puxa-sacos e outros tipos de meliantes. É essa a impressão clara que o CD "DNR." do DNR. (que significa DO NOT RESUSCITATE, uma expressão para que uma ordem legal para que pessoa hospitalizada e em estado terminal não precise ser mantida vida por aparelhos), de Jundiaí, nos transmite nas primeiras ouvidas.
O grupo é adepto de um Thrashcore furioso e sem dó dos ouvidos alheios, extremamente pesado e com boa técnica, cuspindo letras violentas e politicamente incorretas (em português) para todos os lados. E com eles, não tem meio termo: é tijolada encima de tijolada, sem dó ou piedade dos ouvidos alheios e dos pescoços mais sensíveis.
Vocais extremamente rasgados, guitarras pesadas e intensas durante todo o CD (mas muito bem trabalhadas, diga-se de passagem), baixo e bateria com boa técnica e peso abusivo, mantendo a coesão rítmica. E o resultado, meus caros, é uma música intensa, gordurosa, abrasiva e pesada, capaz de gerar slamdancing e stagedives sem nenhum esforço. E que energia absurda, chega a ser abusiva!
Produzido pelo próprio quarteto em conjunto com o Wink Estúdio, mais a mixagem de Juliano Oliveira e masterização de Emiliano Brescacin (que também ajudou na mixagem), preparem os ouvidos, pois a sonoridade do disco é impactante, na cara, com timbres para lá de bem escolhidos e, apesar a intensidade musical, percebe-se que há uma preocupação com clareza instrumental, logo, todos aqueles detalhes que fazem a diferença estão audíveis. Já a arte, feita pelo próprio grupo, é simples e beira as produções gráficas de muitas bandas de HC, mas incorpora claramente a música do grupo. Só faltou um selo dizendo "ouça com cuidado, pois pode danificar seus tímpanos".
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DNR |
São pouco mais de 27 minutos da mais pura e intensa pancadaria sonora possível, mas mesmo assim, sob a agressividade sonora, se percebe que o grupo se preocupou em fazer algo burilado, mas sem perder a espontaneidade de seu trabalho. E isso, meus caros, torna "DNR." um disco obrigatório tanto para a audição quanto para a aquisição. Se não é do meio, saia da frente, porque o grupo mostra no CD a disposição ímpar de atropelar tudo e todos que ficarem no caminho ou meterem os bedelhos em suas convicções sonoras.
As músicas duram, no máximo, três minutos e alguns segundos, logo, não é enjoativo, tendo como pontos altos a bruta e quase BeatDown "Novas Grades" (reparem na força da bateria nessa canção, bem como na técnica nos bumbos e viradas), a abrasiva e caótica "Controle Inativo" (baixo e bateria mais uma vez roubam a cena), a rasgada e intensa "Atrofiando Mentes" (a junção de riffs bem pensados e vocais brutos faz dessa música um hino do Thrashcore), a ótima instrumental "Desarmônico" (onde se percebe bem a técnica apurada de cada instrumentista do grupo), e a trinca-corturnos "Ação e Reação" (caramba, como essa canção deixa o pescoço doendo por dias!). Mas vale dizer que destacar essas faixas não significa que as outras sejam ruins, muito longe disso. Trilha sonora perfeita para manifestos populares!
Se esse disco não causar moshpit em sua casa, tenha certeza: você está em estado catatônico lendo esta resenha, pois é impossível se segurar!
Ótimo CD, sem sombra de dúvidas!
Tracklist:
01. Reclame
02. Novas Grades
03. Controle Inativo
04. Atrofiando Mentes
05. Ciclo Da Imundície
06. Lei do Cão
07. Desarmônico
08. Digerindo o Nada
09. Ação e Reação
10. Parasitas
Banda:
Raphael Zavatti - Vocais, guitarras
André Muerto - Guitarras
Zé Cantelli - Baixo
Thiago "Spa" Zavatti - Bateria
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