15 de set. de 2016

PATRICK PEDROSO - Labyrinth (Álbum)



2016
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0


Músicas:

1. New Ways
2. Rage of the Storm
3. Only Ashes
4. Revolution
5. New Days
6. Some Creations
7. The New World Was Born
8. Inspiration
9. Visions of Time
10. Sounds of Mind
11. Freedom


Banda:


Patrick Pedroso - Guitarras
Marcos Janowitz - Baixo
Jarlisson Jaty - Bateria


Contatos:

Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O virtuosismo nas seis cordas que surgiu nos EUA na primeira metade dos anos 80, ganhou força na segunda e é aceito no mundo todo (até por aqueles que não tocam instrumento algum) tem alguns adeptos notáveis no Brasil. Falar do talento deles é chover no molhado, e ouvir um disco como "Labyrinth", do guitarrista PATRICK PEDROSO, é de fazer os sentidos chorarem de pura emoção.

Antes de tudo, é preciso dizer que "Labyrinth" é um disco instrumental, logo, o enfoque é mesmo no trabalho da guitarra. Mas diferente de muitos, Patrick prefere que sua técnica virtuosa expresse o sentimento das canções, e não que se exibam em uma mostra de auto-indulgência chata. Não, aqui, a técnica é sóbria, e é conseqüência das músicas, não a motivação por trás delas. As linhas melodiosas são respeitadas, e assim, o disco mostra algo semelhante ao que ouvimos em discos de JOE SATRIANI: a técnica servindo ao feeling, e não o oposto.

Produzido por Marcos Janowitz (baixista do trio) e pelo próprio Patrick, a sonoridade que o disco apresenta é muito boa, clara para que entendamos tudo que o guitarrista deseja expressar com suas canções. Mas óbvio que o peso é evidente, aquela dose de agressividade que distingue um disco de Rock de outro de Pop, logo, não há o que reclamar da qualidade sonora.

O disco é ótimo, e mostrando que a idéia principal de "Labyrinth" não é ser um disco orientado para guitarristas apenas, temos as participações do próprio Bruno e de Karim Serri em alguns solos, de Jailson Danielli nos violões, e de Anghelo Rodrigues nos teclados, logo, o disco soa ótimo em termos de composição, com músicas de primeira.

Apesar de ser bem homogêneo, podemos dizer que os melhores momentos do CD são: a pesada e variada "Rage of the Storm" (que apesar de ser bem agressiva, mostra alguns momentos mais introspectivos e versáteis, cheios de beleza), a raivosa "Only Ashes" (baixo e bateria mostram-se bem entrosados e com boa técnica, mas sem que o brilho do trabalho das seis cordas seja obliterado. Existem boas mudanças de ritmo, e uma dinâmica enorme em termos de arranjos de guitarra), a belíssima e sensível "New Days" (é uma música mais lenta, com ótimos arranjos das guitarras, em especial os fraseados bem feitos), a arrasadora e acessível "Some Creations" (é incrível ver a dinâmica de baixo e bateria com a guitarra, que exibe solos de primeira), a mais voltada ao Fusion Rock "The New World Was Born", a terna e envolvente "Inspiration", e "Sounds of Mind" e sua grande influência de música clássica.

"Labyrinth" é uma ótima estréia, e esperamos mais de Patrick, que se mostra mais um grande monstro das seis cordas.

DIABOLICAL TYRANTS - A Glimpse ov the Profane (EP)



2016
Independente
Nacional

Nota: 8,5/10,0


Músicas:

1. A Glimpse ov the Profane
2. Seere
3. Strength, Honor and Glory


Banda:


Consemptius Tenebrarum - Vocais
Ares - Guitarras
Frater Prophanous - Baixo, backing vocals 
Infernus - Bateria


Contatos:


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O Black Metal é um dos gêneros do Metal mais cheio de polêmicas, verdade seja dita. Mas ao mesmo tempo, não há como negar a qualidade dos trabalhos feitos dentro do gênero, bem como a criatividade que o estilo possui. E em termos de Brasil, quando um estilo que permite tantos experimentalismos se encontra com o jeito latino que o brasileiro tem em seu sangue para música, em geral, o resultado é o mais positivo possível.

E digamos de passagem: o trabalho do quarteto DIABOLICAL TYRANTS, de Uberlândia (uma cidade com forte histórico em termos de Metal) é de primeira linha, bem melhor que muitas bandas já consagradas do gênero e que andam vivendo do nome. Que o diga o primeiro trabalho deles, o EP "A Glimpse ov the Profane", que foi lançado em 2015.

A música da banda não se permite outro rótulo que não seja Black Metal. Mas isso não quer dizer que a música da banda seja simples. De forma alguma, eles conseguem transitar por quase tudo que o Black Metal pode oferecer, mas sem perder a coesão ou objetivo. Há momentos com aquela velocidade mais tradicional do estilo, outros mais fúnebres e sinistros (adornados por aquela melodias cheias de melancolia), e sempre com boas mudanças de ritmo, arranjos bem pensados, e sem medo de ousar e descontentar alguns ouvintes mais radicais e chatos. Não, o grupo se impõe, e sua música é cheia de energia, mórbida e fascinante.

"A Glimpse ov the Profane" foi gravado no próprio homestudio da banda, mas os trabalhos de mixagem e masterização ficaram nas mãos de Felipe Eregion (ex-vocalista/guitarrista do UNEARTHLY), que fez um trabalho de primeira. Ou seja, sem deixar de soar como uma banda de Black Metal (ou seja, existe aquela crueza obrigatória do gênero), tem uma qualidade diferenciada, mais seca e agressiva, mas ao mesmo tempo, clara, nos permitindo compreender o que o quarteto está fazendo.

A parte gráfica é um trabalho muito legal de Getúlio Faria (do Studio Vision Art), que deu ao formato papersleeve triplo usado um toque de classe e obscuridade. 

O grupo usa de faixas longas, pois assim se permite mostrar o quanto sabem ser diversificados e fugir do marasmo musical que assola todos os gêneros do Metal atualmente. E justamente por fugirem de fórmulas, o grupo é capaz de lançar mão de tantos elementos ao mesmo tempo, sendo que tudo está de primeira. E o mais legal: a banda usa bastante de solos de guitarras, ou seja, possuem personalidade bem forte.

"Infant Sorrow Prelude" - Em seus mais de sete minutos de duração, o grupo mostra um trabalho um pouco mais tradicional em termos de Black Metal, algo próximo aos pioneiros da SWOBM lá do início dos anos 90, mas mesmo assim, os momentos mais lentos e soturnos vão surgindo e transformando a audição em algo prazeroso aos ouvidos. Destaque para o trabalho de baixo e bateria, que estão muito bons.

"Seere" - Uma faixa permeada de uma atmosfera densa e mórbida, onde linhas melodiosas nas guitarras surgem e nos cativam nos primeiros momentos da audição. E reparem que, como dito antes, os solos são presentes. Nem mesmo quando os vocais rasgados aparecem, a aura soturna é quebrada. E embora o ritmo seja cadenciado, existem mudanças de tempo ótimas.

"Strength, Honor and Glory" - O começo é suave, com guitarras limpas bem melodiosas, criando aquela atmosfera melancólica e depressiva. A música alterna momentos assim com outros mais agressivos, mas mantendo o ritmo mais lento e azedo, sem perder a noção de morbidez sonora. E os vocais mostram um trabalho muito bom. São mais de dez minutos de puro prazer sombrio em forma de música.

Fica claro para o ouvinte que o DIABOLICAL TYRANTS pode oferecer ainda mais em termos musicais, e assim, tem tudo para ser um dos grandes nomes do gênero no Brasil.

Ouçam, comprem o EP e percebam como o Brasil tem bandas excelentes!

DOLORES DOLORES - ID Superpower (Álbum)



2014
Independente
Nacional

Nota: 8,5/10,0


Músicas:

1. Infant Sorrow Prelude
2. Confused
3. Behind the Hills
4. Crystal Ball
5. Perfect Man
6. Nothing to Lose
7. Waiting for a Train
8. Mama Technology
9. I Was Wrong
10. In Spite of Me
11. Time to Confess
12. Dramatic Lover
13. Infant Sorrow


Banda:

Willie Muries - Vocais
Humberto Maldonado - Guitarras
Rodrigo Cordeiro - Baixo
Alessandro Bagni - Bateria


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Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


E mais uma vez, um disco nos chega atrasado para uma resenha. Mas não tem problema, já que boa música não é erodida pelo tempo, apenas se torna cada vez mais prazerosa de ser ouvida. E podem ter certeza: o DOLORES DOLORES, de Belo Horizonte (MG) é daquelas bandas que ouvimos hoje, amanhã, e daqui a dez ou 20 anos, e a sensação de prazer que sua música dá é perene. Que o diga o segundo CD da banda, "ID Superpower".

Não se pode fixar o trabalho do quarteto em um único estilo dentro do Rock, já que temos a presença de influências e elementos variados dentro de sua música: Notadamente, seria um Hard Rock clássico com muita influência de Rock Pop, alguns toques de Blues aqui, uma influência de Rock dos anos 70 ali, e assim vai. E a banda capricha, não sendo cansativa aos ouvidos em momentos algum, trazendo uma experiência bem diferente em sua música espontânea e cheia de energia.

Gravado no Estúdio Solo, tendo a produção do guitarrista Humberto Maldonado, e com mixagem e masterização feitas por Rodrigo Aires Grillo, temos como resultado uma qualidade musical orgânica, densa e bem feita, com cada arranjo audível aos nossos ouvidos, e os instrumentos estão com timbres bem próximos do que a banda faz ao vivo, sem se preocupar demais com uma superprodução. 

Espontâneo, livre de rótulos musicais ou de pretensões, a música do DOLORES DOLORES funciona muito bem, nos envolvendo com suas melodias bem feitas, com os arranjos encaixando perfeitamente com cada passagem rítmica. E assim, o grupo nos seduz.

Melhores momentos: a pesada e insinuante "Confused" e suas guitarras de primeira (sem falar no ótimo trabalho de baixo e bateria), as melodiosas e modernas "Behind the Hills" (é incrível como o lado mais pesado se encontra com a acessibilidade musical para criar uma canção tão envolvente, principalmente porque os vocais estão bem e existem passagens ótimas de teclado) e "Crystal Ball" (que tem o maior enfoque na guitarra, embora a acessibilidade musical esteja presente), a força moderna e intensa da pesada "Perfect Man" (novamente, arranjos mais modernos surgem em meio às melodias do grupo, mas alguns backing vocals e corais parecem herdados do Rock Progressivo anos 70), a grooveada e azeda "Mama Technology" (aquele groove do Hard/Blues dos anos 70, mas é pesada, embora existam toques mais limpos e belos, focando bastante no trabalho das guitarras), e a belíssima balada "In Spite of Me" (recheada por toques mais Pop em alguns momentos, mas é permeada por arranjos lindos de guitarra, vocais macios de primeira, e um trabalho ótimo de baixo e bateria). Mas o disco como um todo é muito bom.

Ouçam "ID Superpower", e deixem que o DOLORES DOLORES os guiem pelos divertidos caminhos do Rock'n'Roll descompromissado.


MELANIE KLAIN - Melanie Klain (álbum)



2016
Independente
Nacional

Nota: 9,0/10,0


Músicas:

1. Desrespeitável Público
2. Abençoados por Deus
3. Diálogo
4. Fé Cega
5. Guerra
6. Marcas do Abandono
7. Lavagem Cerebral
8. Cartas de Um Suicida
9. Cólera Nação
10. Rede Social
11. Análise do Caos
12. Reflexão


Banda:


Duzinho - Vocal, guitarras 
Leandro Viola - Guitarras
Chapolim - Guitarras, vocais 
Vick - Baixo
Pedro - Bateria


Contatos:

Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Enquanto isso, em Mococa...

Existem discos que são surpreendentes, mostrando o quanto a cena do Rock feito no Brasil sabe ser diversificada. E entre as bandas que estão lançando trabalhos e buscando seu lugar ao sol, temos o quinteto MELANIE KLAIN, que soltou no dia 16 de julho deste ano (o dia do Rock) seu primeiro álbum, "Melanie Klein".

O quinteto faz uma sonoridade híbrida: buscando algo mais moderno e forte, o grupo aglutina influências de Rock'n'Roll, Metal, Hardcore e toques de modernidade são alguns dos elementos que o caldeirão de influências da banda cozinha, e nos concede em termos de som algo personalizado, fugindo do ponto comum. É moderno, ganchudo e cheio de energia. E sim, o trabalho deles difere bastante de tudo que estamos acostumados a ouvir, nos desafiando a cada momento da audição.

Produzido pelo próprio grupo e Fábio Dias, e com tudo gravado no SeteStudio em Guaxupé (MG), a sonoridade que a banda recebeu é suja como o Rock'n'Roll precisa ser, mas seca e com boa clareza instrumental, nos permitindo compreender o que a banda está tocando. Poderia ser melhor, mas por outro lado, soa espontânea e orgânica, longe da perfeição que muitos buscam.

Em termos de arte gráfica, o grupo realmente tem uma apresentação visual ótima, com uma capa interessante e ilustrações nas letras que realmente é bem diferente do usual, usando recortes de jornal, folhas de caderno, e o layout ficou muito bom. Belo trabalho de Carol Melo (ilustrações) e Paulo Júnior (direção de arte e design).

Indo do Rock rasgado até ao Hardcore, do sujo e intenso ao melancólico melodioso, o MELANIE KLAIN mostra-se uma banda de mil facetas, sempre surpreendente, e sempre de primeira. É uma mistura coerente e homogênea, bem arranjada e espontânea, e com letras que realmente são de primeira, com muita revolta contra o sistema (reparem na introdução "Desrespeitável Público", e terão uma idéia do que eu digo).

Melhores momentos:

"Abençoados por Deus" - Mezzo Hardcore, mezzo Rapcore em alguns momentos, esta canção tem peso, mais ao mesmo tempo, uma dose muito interessante de acessibilidade musical. O trabalho dos vocais são ótimos, com boas mudanças de timbres, além de backing vocals de primeira.

"Diálogo" - Esta aqui é outra cheia de mudanças de ritmo, e mesmo de enfoque musical. Ela mistura o Rock sujo e despojado com momentos cheios de teclados melancólicos e fúnebres. Sim, eles fazem isso de forma coerente, e o trabalho das guitarras é muito bom, diga-se de passagem.

"Fé Cega" - Uma música mais pesada, andamento um pouco mais cadenciado, cheia de momentos mais introspectivos densos (onde os vocais narrativos encaixam como uma luva), e uma dinâmica muito agressiva. Tudo para que as letras críticas encaixem de maneira perfeita.

"Guerra" - Outra com pegada mais pesada, mas com muitas mudanças de ritmo (algumas rápidas, outras mais cadenciadas, e mesmo momentos mais limpos e suaves), mas sempre mantendo o interesse do ouvinte. Fica clara a forte influência de Rapcore, mas de uma forma ainda mais densa e explosiva que os grandes nomes do estilo costumam usar.

"Marcas do Abandono" - O começo é acústico, usando bem de violões melodiosos e vocais macios, mais logo surge uma pegada mais soturna e dura, cheia de uma melancolia forte, vinda não só do instrumental, mas das letras (falar de crianças abandonadas realmente é algo sofrido). E que trabalho ótimo de baixo e bateria.

"Cólera Nação" - Um início bem ameno e tranqüilo, para logo surgirem partes mais funkeadas (onde o baixo se destaca bastante, com seu groove intenso), e então, um ataque de guitarras distorcidas se faz presente. Óbvio que baixo e bateria se destacam mais uma vez, mas sem que as guitarras fiquem muito distantes.

"Análise do Caos" - Mais uma em que a diversidade de influências bem diferentes torna tudo muito interessante. Óbvio que muito groove funkeado está presente (reparem na entonação dos vocais, bem como sua dicção), mas reparem que muito de HC se faz presente, e mesmo momentos de bateria extrema no 1 X 1.

Uma banda com muito ecleticismo, e que soube construir seu trabalho musical sem se importar com regras e limites. E assim, o MELANIE KLAIN crava com unhas e dentes sua presença no cenário, como uma das melhores revelações do ano.