2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. The Loss of Fury
2. Bring the War Home
3. Passage of the Crane
4. They Shall Not Pass
5. Downshifter
6. Prey to God
7. My Heart is My Compass
8. Save Me
9. Corium
10. Extermination Order
11. A River of Crimson
12. The Cry of Mankind
Banda:
Marcus Bischoff - Vocals
Maik Weichert - Guitarras
Alexander Dietz - Guitarras
Eric Bischoff - Baixo
Christian Bass - Bateria
Convidados:
René Liedtke - Vocais e guitarras solos adicionais
George “Corpsegrinder” Fisher - Vocais em “Prey to God”
Nick Hipa - Guitarra em “Save Me”
Aðalbjörn Tryggvason - Vocais em “The Cry of Mankind”
Katharina Radig - Vocais
Contatos:
Site Oficial: http://www.heavenshallburn.com/
Twitter: https://twitter.com/officialhsb
Instagram: http://instagram.com/heavenshallburnofficial
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail: info@heavenshallburn.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Tem dia em que, olhando as mídias sociais, temos a impressão que o Brasil anda cheio de ódio ao futuro quando falamos em bandas jovens. É sempre a mesma frase já se ouviu um milhão de vezes desde os anos 80: “isso não é Metal!”. E sinto muito em dizer aos radicais nascidos após 1990 e se acham anos 80, e até mesmo aos meus colegas de época, mas as bandas jovens são tão Metal como aquelas da época, tão boas quanto. O problema é não se prender ao passado, como muitos fazem com o objetivo de serem visto como fodões por muitos, mas não passam de idiotas.
Digo isso porque não esqueço o festival de reclamações de “veteranos” bundões quando o nome do HEAVEN SHALL BURN foi confirmado em um show por aqui. Só que o músico principal havia escolhido a banda. Talvez ele tenha ouvido o ótimo “Wanderer”, mais recente lançamento do quinteto alemão, e que acaba de sair no Brasil pela Shinigami Records.
Para início de conversa, esse bando de néscio chorões anos 80 que parece não saber ouvir algo para depois analisar, o HSB não é uma banda de Metalcore (como muitos alegaram), mas sim de uma forma muito pessoal de Death Metal melódico, muito influenciada pela escola sueca de Gotemburgo, com forte ranço moderno, mas bem personalizado. A música do grupo é dinâmica, crua e cheia de energia, cativante e sedutora, e sem fazer esforços, a cabeça começa a balançar por si mesma. É uma banda sensacional e injustiçada por uns linguarudos.
Produzido pelos guitarristas Alexander Dietz e Maik Weichert, além de mixado e masterizado por Tue Madsen, “Wanderer” é capaz de fundir a clareza moderna com a agressividade bruta da música da banda e suas melodias encorpadas, sem perder aquela pegada essencial de peso cavalar. Tudo está no devido lugar, a escolha dos timbres modernos dos instrumentos foi bem feita, de forma a manter o peso e a melodia, mas sendo agressivos.
O trabalho gráfico do disco, tanto na capa como no encarte, é baseado em fotos de paisagens naturais (exceto uma, no final do encarte), uma referência muito clara ao título do disco, e que contrasta com a brutalidade sonora do quinteto.
Em “Wanderer”, o HEAVEN SHALL BURN chega a um nível de maturidade incrível, sabendo aliar todos os aspectos de sua música em formato ainda mais sólido e coerente que antes. Melodia, agressividade, brutalidade e modernidade estão muito bem equilibrados, a dinâmica entre instrumental e vocais é de primeira, e o grupo mostra que realmente pode se tornar uma das pontas de lança dos gêneros mais modernos do Metal. E não é à toa que são tão apreciados por fãs mais jovens ou mais velhos de Metal. E o disco ainda tem uns convidados interessantes: George “Corpsegrinder” Fisher (do CANNIBAL CORPSE) faz vocais em “Prey to God”, o guitarrista Nick Hipa (do WOVENWAR e ex-AS I LAY DYING) mostra sua habilidade nas seis cordas em “Save Me”, Aðalbjörn Tryggvason (do SÓLSTAFIR) faz vocais em “The Cry of Mankind” um cover do MY DYING BRIDE, além de Katharina Radig nos vocais femininos pelo disco inteiro.
Melhores momentos do álbum:
“Bring the War Home” - Uma faixa bem furiosa, ardida como pimento e um coice de mula cheio de mudanças rítmicas fortes interessantes, fora algumas partes bem encaixadas de efeitos eletrônicos. E como baixo e bateria são precisos e técnicos!
“Passage of the Crane” - A vocação mais melodiosa do quintet surge nessa canção, enfocando bem as raízes do Death Metal melódico, com muito peso e um andamento ameno. Destaque para as guitarras, rasgando riffs melodiosos e furiosos, mais algumas passagens introspectivas com vocais femininos.
“They Shall Not Pass” - Andamento ganchudo que empolga o ouvinte, melodias excelentes e uma ambientação moderna perfeita. E como essas guitarras fazem duetos melodiosos à lá IRON MAIDEN, mas logo estão mandando riffs agressivos intensos.
“Downshifter” - Uma carga emocional densa alinhavada por partes melodiosas intensas, belas harmonias e esses timbres urrados perfeitos dos vocais.
“Prey to God” - Pronto: eles desembestaram na porradaria, criando uma canção veloz, caótica e hiper-agressiva de doer os ouvidos. Nas partes mais lentas, os duetos vocais entre “Corpsegrinder” e Marcus são fenomenais.
“Save Me” - Um começo cheio de melodias que transpiram emoção, seguido de um apocalipse de riffs insanos guiados por Maik e Alexander, fora a insanidade de solos surgindo do meio da muralha sonora criada pelas guitarras. Uma canção variada e perfeita.
“A River of Crimson” - Melodia e agressividade aliadas para criarem uma canção marcante e com pequenos toques de Groove moderno. E novamente, a cozinha de Eric (baixo) e Christian (bateria) rouba a cena.
“The Cry of Mankind” - Essa versão ficou mais seca e agressiva que a original do MY DYING BRIDE, as forçou o HSB a uma direção um pouco mais amena, onde os vocais mostram maior diversidade de timbres. E ficou ótima.
No mais, o HEAVEN SHALL BURN mostra que veio para ficar, para ser grande e em “Wanderer”, mostra-se em seu melhor momento.
Aproveitem!