1996
Selo: Osmose Records
Nacional
Tracklist:
1. Summon the Darkness
2. Beyond the Grace of God
3. Infernal Eternal
4. Glorification of the Black God
5. Darkness It Shall Be
6. The Black Tormentor of Satan
7. Dracul va Domni Din Nou in Transilvania
8. Legion
Banda:
Legion - Vocais
Morgan Steinmeyer Håkansson - Guitarras
B War - Baixo
Fredrik Andersson - Bateria
Contatos:
Site Oficial: http://www.marduk.nu/
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Twitter:
Instagram: http://instagram.com/mardukofficial
Assessoria:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
1996.
O Black Metal havia sido exposto devido ao assassinato de Øystein “Euronymous” Aarseth em 1993, o julgamento de seu assassino, Varg Vikernes, incêndio em igrejas e outros. Mas a caldeira do estilo estava em efervescência, permitindo que disco e mais discos que se transformaram em clássicos fossem lançados e cativassem fãs por todos os cantos do mundo. E um dos então veteranos da cena sueca iria lançar um de seus melhores discos. Vindo ao mundo em 24 de Junho de 1996, “Heaven Shall Burn... When We Are Gathered”, do quarteto MARDUK, se tornaria uma lenda entre os fãs do gênero.
O que há no disco que o torna tão importante?
Antes de tudo, como dito acima, o Black Metal estava tomando o espaço que o Death Metal tinha até então como estilo de destaque dentro do cenário underground. E o MARDUK usou seus três primeiros discos como uma preparação para um pico de inspiração musical que durou (e ainda dura) por muitos anos. E o propósito do guitarrista Morgan de criar a banda mais blasfema do mundo estava, enfim, começando a se tornar real. Se “Opus Nocturne”, disco anterior, já havia chamado a atenção dos fãs do gênero para a banda, é com “Heaven Shall Burn...” que eles se mostram prontos para atingir o objetivo, pois o disco mostra 7 composições inspiradas, em um nível de qualidade muito alto até então. Além disso, é o primeiro disco com a formação clássica, a estréia de Legion nos vocais, logo, todos os elementos estavam em seu lugar. Além disso, se os discos anteriores ainda mostravam a banda com elementos de Death Metal, é aqui que isso se encerra e a banda de vez mostra seu estilo plenamente desenvolvido: primando por uma velocidade extrema e uma agressividade sem par, mas sempre com requinte e bom gosto.
“Heaven Shall Burn...” também marca o início da parceria da banda com Peter Tägtgren, que viria a produzir e mixar seus discos por muitos anos, e é o primeiro a ser gravado no The Abyss Studios, na terra natal do quarteto. A sonoridade do disco é sólida, pesada e agressiva, mas com o nível de qualidade auditiva necessária para podermos aproveitar o que a banda oferece musicalmente. A arte é de Alf Svensson, que deu um ar sombrio à capa, com uma horda de criaturas das trevas usando escudos com o logotipo da banda, e o layout de Roger Karmanik completa a obra, com gravuras que expressam as letras de cada música. Mesmo o tom roxo usado nas fotos do quarteto deixam tudo ainda mais soturno e macabro.
Os vocais rasgados bem pessoais de Legion, aliados aos riffs simples e bem pensados de Morgan (que poderia ser comparado a um Tony Iommi do Black Metal por tais qualidades, sem medo de exageros), e ao trabalho técnico e pesado do baixo de B. War e a bateria rápida de Fredrik Andersson é para deixar qualquer fã de Metal extremo que se preze babando. Isso sem falar que as letras começam a abordar temas interessantes, como os trechos em romeno de “Beyond the Grace of God” (“Singe Este Viata...” significa “O Sangue é Vida”, e “Moarte Calatoreste Repede...” é “Pois os Mortos Viajam Rápido”, duas referências à obra “Drácula”, de Bram Stoker, embora a segunda venha do poema “Lenore”, cujo “insert” referido foi usado em sua obra de sucesso), e com a ajuda de Tony “It” Särkkä nas letras de “Darkness It Shall Be” e “Dracul va Domni Din Nou in Transilvania” (que significa “Dracul novamente governará a Transilvânia”) mostram claramente referências à Drácula, o clássico personagem histórico.
Em termos musicais, chega a ser difícil falar algo que já não tenha sido dito, além de que “Heaven Shall Burn...” nasceu em berço de ouro. É um clássico.
Capa da versão remasterizada de 2004. |
O disco abre com a introdução de guitarras “Summon the Darkness”, antes de uma virada de bateria anunciar a entrada de “Beyond the Grace of God”, primeira faixa do disco, onde a ferocidade dos riffs de guitarra é absurda, bem como o trabalho dos vocais é incrível, e nos momentos mais lentos, impera a técnica de baixo e bateria. Ainda com muita velocidade e brutalidade, temos a grudenta “Infernal Eternal” (uma aula de interpretação de Legion), e a opressiva “Glorification of the Black God” (com um trabalho fantástico de bateria, sem contar que o tema é uma adaptação da música “Night on Bald Mountain”, do compositor russo Modest Mussorgsky, com a banda chegando a tocar partes da obra de forma brutal). Então, surge o hino feroz e de pura velocidade da banda em “Darkness It Shall Be” (a letra é icônica, um chamado por todos os que estão quebrados e cansados de serem seguidores e servos a se juntarem às legiões de fãs da banda, e isso embalado por riffs fenomenais de Morgan), além do massacre imposto em “The Black Tormentor of Satan” (mais uma vez, a interpretação de Legion e as guitarras de Morgen reinam absolutas). Para dar um descanso ao pescoço, vem “Dracul va Domni Din Nou in Transilvania”, uma das faixas mais cadenciadas do grupo, e onde começam a contar a história de Vlad “Tepes” Drakul, o lendário nobre que iria inspirar Bram Stoker séculos depois de sua morte, e que será continuada no disco posterior. E encerrando, uma aula de mudanças de ritmo em “Legion”, com Fredrik e B. War mostrando coesão e peso, e onde é falado pela primeira vez um dos primeiros slogans do MARDUK: “Death to Peace”, ou seja, “Morte à Paz”.
No mais, a versão remasterizada de 2004 ainda nos brinda com 4 faixas extras: “Beyond the Grace of God”, “Glorification”, “Black Tormentor/Shadow of Our Infernal King” e “Infernal Eternal/Towards the Land of Damned”, todas gravadas durante junho de 1995 (as sessões de “Heaven Shall Burn...”), e como as demais remasterizadas nos Endarker Studio em fevereiro de 2004 pelo baixista Devo.
Podemos aferir que “Heaven Shall Burn...”, juntamente com “Nightwing” de 1998 e “Panzer Division Marduk” de 1999 formam o trio mágico da banda, os seus clássicos máximos. Se já conhece, sabe do que eu digo, mas se ainda não conhece, não sabe o que está perdendo...
Encerrando: gostaria apenas de dizer que enquanto muitos se apegam a fofocas sobre a banda (como as que causaram problemas na recente tour americana do grupo), lhes diria apenas para curtir a música e deixar as polêmicas de lado.
O Metal agradece...