4 de abr. de 2016

REBAELLIUN - The Hell's Decrees (Álbum)


2016
Importado

Nota: 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Falar de bandas que retornam à atividade, vez por outra, é um tema embaraçoso. Muitas já não possuem nada a dizer e vivem caçando níqueis, outras nem gravam nada novo, vivendo de passado. Mas existe um grupo seleto de bandas que, ao retornarem, dão seqüência a trabalhos formidáveis, dispostos a recuperar o tempo perdido. E depois de incendiarem a terra prometida e causarem uma aniquilação, os Senhores da Guerra brasileiros parecem mesmo dispostos a não deixarem pedra sobre pedra. Sim, o REBAELLIUN, quarteto de Death Metal do RS já chega desencadeando uma fúria brutal e de bom gosto em "The Hell's Decrees", seu terceiro disco, o primeiro desde "Annihilation", de 2001.

O que podemos dizer do quarteto, depois de tantos anos de inatividade?

Basta dizer que o grupo mantém a fúria extrema de sempre, parecendo estarem ainda mais agressivos que antes. Mas ao mesmo tempo, a técnica individual de seus membros melhorou sensivelmente, e isso fez que a música do grupo ganhasse mais diversidade, mais peso, mas sempre com aquele toque de refinamento que os diferencia de tantos outros. Lohy está muito bem nos vocais e no baixo (que em vários momentos aparece de forma brilhante); Penna e Ronaldo estão criando riffs excelentes, e esmerilhando maravilhosamente nos solos (que se prestarem atenção, não são meros acordes jogados ao acaso), e a bateria de Sandro está apresentando um peso absurdo, fora uma técnica diferente do que o estilo nos concede. Sim, eles voltaram, e estão dispostos a tomar o mundo de assalto!

A produção do álbum foi feita pelo próprio Fabiano Penna (guitarrista do quarteto), com masterização de Neto do Absolute Master Studio. O resultado é óbvio: a sonoridade de "The Hell's Decrees" está moderna e bem feita, brutal como sempre, mas em um nível absurdo, não visto nos trabalhos de antes.

A arte é de Marcelo Vasco da PR2Design, e verdade seja dita: se enquadrou perfeitamente no conceito musical/lírico do grupo.

Em "The Hell's Decrees", o REBAELLIUN mostra-se maduro, no ponto exato para atingir objetivos ainda mais altos. A banda parece ainda mais coesa, e isso se percebe na diversidade de arranjos bem feitos e mudanças rítmicas (a banda lança mão de alguns momentos mais cadenciados perfeitos). Mas se o trabalho musical está mais rico, nem por isso deixa de soar espontâneo, e ainda mais cativante que antes. Sim, podemos aferir que o álbum é o melhor que eles já fizeram.

Oito pedradas aguardam nossos ouvidos, mas o mais interessante é que nada é descartável, tudo está em perfeita harmonia.

Affronting the Gods - A banda já começa o disco com uma faixa rápida, mostrando uma dinâmica ótima entre baixo e bateria (com mudanças de tempo ótimas), mas ao mesmo tempo, as guitarras despejam riffs pesados. E sem falar na força de um refrão bem feito e que nos envolve facilmente (e onde se percebe que a dicção dos vocais é clara, apesar do gutural).

Legion - Música do primeiro lyric vídeo de divulgação, é outra pedrada nos ouvidos. Mais uma vez, um refrão que gruda no ouvinte (um dos diferenciais do grupo, e um de seus pontos mais fortes). E como é bom ouvir esses riffs insanos, esses solos matadores, esse requinte que alinhava tudo, e torna a banda diferente de tantos outros nomes.

The Path of the Wolf - Aqui, vemos uma faixa que tem uma pegada que nos recorda a banda em "Burn the Promised Land", embora alguns momentos azedos um pouco mais cadenciados comecem a aparecer, o que mostra o quanto a base rítmica do grupo é coesa e preciosa.

Fire and Brimstone - Uma faixa bem mais cadenciada e bruta, mostrando alguns vocais um pouco diferente do costumeiro da banda em alguns momentos. E nisso, podemos reparar o quanto a dupla de guitarras evoluiu, com arranjos bem diversificados, mas sempre encaixados perfeitamente.

Dawn of Mayhem - Os urros guturais introduzem uma faixa rápida e direta, com alguns momentos mais técnicos, mostrando aquela diversidade que o quarteto sabe usar como ninguém. E que trabalho de bateria, pois a base rítmica não é trivial.

Rebellion - Embora seja uma faixa não tão veloz, nem de longe chega a ser cadenciada, mostrando o lado mais técnico do grupo. Mas é bom prestar atenção como os vocais estão evoluídos e os solos estão bem encaixados.

Crush the Cross - Outra em que a pancadaria é livre! Rápida, brutal, mas a técnica das guitarras acaba nos presenteando com uma muralha de riffs insanos, mas de bom gosto, fora o refrão extremamente cativante. E diversidade musical aqui não é problema!

Anarchy (The Hell’s Decrees Manifesto) - Outra em que a diversidade de mudanças rítmicas não é trivial. Óbvio que a velocidade tradicional da banda está presente, mas reparem como nos momentos mais cadenciados os bumbos são incessantes e a bateria está bem. Mas cuidado, pois baixo, guitarras e vocais também estão em ótima forma.

A Máquina de Guerra Death Metal do REBAELLIUN está azeitada para novas conquistas, e é impossível não se render a "The Hell's Decrees", que é um dos melhores discos de 2016, com toda certeza.

AT WAR!



Músicas:

1. Affronting the Gods
2. Legion
3. The Path of the Wolf
4. Fire and Brimstone
5. Dawn of Mayhem
6. Rebellion
7. Crush the Cross
8. Anarchy (The Hell’s Decrees Manifesto)


Banda:



Lohy Fabiano - Vocais, baixo
Ronaldo Lima - Guitarras
Fabiano Penna - Guitarras
Sandro Moreira - Bateria

(Foto: Synara Rocha)

Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa) 
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