2016
Importado
Nota: 10,0/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
Falar de bandas que retornam à atividade, vez por outra, é
um tema embaraçoso. Muitas já não possuem nada a dizer e vivem caçando níqueis,
outras nem gravam nada novo, vivendo de passado. Mas existe um grupo seleto de
bandas que, ao retornarem, dão seqüência a trabalhos formidáveis, dispostos a
recuperar o tempo perdido. E depois de incendiarem a terra prometida e causarem
uma aniquilação, os Senhores da Guerra brasileiros parecem mesmo dispostos a
não deixarem pedra sobre pedra. Sim, o REBAELLIUN, quarteto de Death Metal do
RS já chega desencadeando uma fúria brutal e de bom gosto em "The Hell's
Decrees", seu terceiro disco, o primeiro desde "Annihilation",
de 2001.
O que podemos dizer do quarteto, depois de tantos anos de
inatividade?
Basta dizer que o grupo mantém a fúria extrema de sempre,
parecendo estarem ainda mais agressivos que antes. Mas ao mesmo tempo, a
técnica individual de seus membros melhorou sensivelmente, e isso fez que a
música do grupo ganhasse mais diversidade, mais peso, mas sempre com aquele
toque de refinamento que os diferencia de tantos outros. Lohy está muito bem
nos vocais e no baixo (que em vários momentos aparece de forma brilhante); Penna
e Ronaldo estão criando riffs excelentes, e esmerilhando maravilhosamente nos
solos (que se prestarem atenção, não são meros acordes jogados ao acaso), e a
bateria de Sandro está apresentando um peso absurdo, fora uma técnica diferente
do que o estilo nos concede. Sim, eles voltaram, e estão dispostos a tomar o
mundo de assalto!
A produção do álbum foi feita pelo próprio Fabiano Penna
(guitarrista do quarteto), com masterização de Neto do Absolute Master Studio.
O resultado é óbvio: a sonoridade de "The Hell's Decrees" está moderna
e bem feita, brutal como sempre, mas em um nível absurdo, não visto nos
trabalhos de antes.
A arte é de Marcelo Vasco da PR2Design, e verdade seja dita:
se enquadrou perfeitamente no conceito musical/lírico do grupo.
Em "The Hell's Decrees", o REBAELLIUN mostra-se
maduro, no ponto exato para atingir objetivos ainda mais altos. A banda parece
ainda mais coesa, e isso se percebe na diversidade de arranjos bem feitos e
mudanças rítmicas (a banda lança mão de alguns momentos mais cadenciados
perfeitos). Mas se o trabalho musical está mais rico, nem por isso deixa de
soar espontâneo, e ainda mais cativante que antes. Sim, podemos aferir que o
álbum é o melhor que eles já fizeram.
Oito pedradas aguardam nossos ouvidos, mas o mais
interessante é que nada é descartável, tudo está em perfeita harmonia.
Affronting the Gods - A banda já começa o disco com uma
faixa rápida, mostrando uma dinâmica ótima entre baixo e bateria (com mudanças
de tempo ótimas), mas ao mesmo tempo, as guitarras despejam riffs pesados. E
sem falar na força de um refrão bem feito e que nos envolve facilmente (e onde
se percebe que a dicção dos vocais é clara, apesar do gutural).
Legion - Música do primeiro lyric vídeo de divulgação, é
outra pedrada nos ouvidos. Mais uma vez, um refrão que gruda no ouvinte (um dos
diferenciais do grupo, e um de seus pontos mais fortes). E como é bom ouvir esses
riffs insanos, esses solos matadores, esse requinte que alinhava tudo, e torna
a banda diferente de tantos outros nomes.
The Path of the Wolf - Aqui, vemos uma faixa que tem uma
pegada que nos recorda a banda em "Burn the Promised Land", embora
alguns momentos azedos um pouco mais cadenciados comecem a aparecer, o que
mostra o quanto a base rítmica do grupo é coesa e preciosa.
Fire and Brimstone - Uma faixa bem mais cadenciada e bruta,
mostrando alguns vocais um pouco diferente do costumeiro da banda em alguns
momentos. E nisso, podemos reparar o quanto a dupla de guitarras evoluiu, com arranjos
bem diversificados, mas sempre encaixados perfeitamente.
Dawn of Mayhem - Os urros guturais introduzem uma faixa rápida
e direta, com alguns momentos mais técnicos, mostrando aquela diversidade que o
quarteto sabe usar como ninguém. E que trabalho de bateria, pois a base rítmica
não é trivial.
Rebellion - Embora seja uma faixa não tão veloz, nem de
longe chega a ser cadenciada, mostrando o lado mais técnico do grupo. Mas é bom
prestar atenção como os vocais estão evoluídos e os solos estão bem encaixados.
Crush the Cross - Outra em que a pancadaria é livre! Rápida,
brutal, mas a técnica das guitarras acaba nos presenteando com uma muralha de
riffs insanos, mas de bom gosto, fora o refrão extremamente cativante. E
diversidade musical aqui não é problema!
Anarchy (The Hell’s Decrees Manifesto) - Outra em que a
diversidade de mudanças rítmicas não é trivial. Óbvio que a velocidade
tradicional da banda está presente, mas reparem como nos momentos mais
cadenciados os bumbos são incessantes e a bateria está bem. Mas cuidado, pois
baixo, guitarras e vocais também estão em ótima forma.
A Máquina de Guerra Death Metal do REBAELLIUN está azeitada para novas
conquistas, e é impossível não se render a "The Hell's Decrees", que é
um dos melhores discos de 2016, com toda certeza.
AT WAR!
Músicas:
1.
Affronting the Gods
2. Legion
3. The Path
of the Wolf
4. Fire and
Brimstone
5. Dawn of
Mayhem
6. Rebellion
7. Crush the Cross
8. Anarchy
(The Hell’s Decrees Manifesto)
Banda:
Lohy Fabiano - Vocais, baixo
Ronaldo Lima - Guitarras
Fabiano Penna - Guitarras
Sandro Moreira - Bateria
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Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)