2017
Selo: Season of Mist
Importado
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. Opening
2. Charlie
3. Blood
Queen
4. Charles
Francis Coghlan
5. Song for
the Dead
6. In de Naam Van de Duivel
7. Pitch
Black Box
8. The
Possession Process
9. Three
Times Thunder Strikes
Banda:
Seregor - Guitarras, vocais
Namtar - Bateria, percussão
Ardek - Teclados, pianos, orquestrações, backing vocals
Convidados:
Patrick Damiani - Guitarras, baixo
Nikos
Mavridis - Violinos em “Blood Queen”, “Charles Francis Coghlan” e “Three Times
Thunder Strikes”
Contatos:
Site Oficial: http://www.carach-angren.nl/
Facebook: https://www.facebook.com/carachangren/
Twitter: https://twitter.com/carachangren
Bandcamp: https://carachangrenbm.bandcamp.com/
Assessoria:
E-mail: info@carach-angren.nl
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Vivemos em uma época em que muitas bandas se preocupam com
tudo: visual, assessorias, arte gráfica de discos, produtores, gravação, e tudo
mais. Mas em geral, muito do realmente é importante tem sido perdido: a música
em si. Cada vez mais, a clara idéia é que estamos vivendo um período de
repetição, que as bandas desaprenderam a criar seu próprio caminho para trilhar
o de outros (o que leva-as ao status de cópia), ou a diluição de seu próprio
estilo em prol de algo mais palatável para muitos. Mas o bom é saber que
existem alguns que resistem, como o trio holandês CARACH ANGREN. Basta uma
audição em “Dance and Laugh Amongst the Rotten” e perceberão a essência de
minhas palavras.
Podemos dizer que a banda se mantém firme em seu Symphonic
Black Metal de sempre, sem muitas mudanças na estética. Na realidade, nem é
muito correto dizer que a banda faz Symphonic Black Metal puro e simples, pois
a estética baseada em orquestrações e toda uma aclimatação sonora e visual os
credencia a serem tratados como uma banda de Extreme Horror Rock. E em relação
à “This is Not a Fairytale”, a banda se mostra um pouco mais agressiva (pois as
guitarras e a bateria foram evidenciadas na produção) e com linhas melódicas
mais simples, mas bem mais envolventes. Sim, podemos dizer que a banda deu uma incrementada
na agressividade (pouca, verdade seja dita, mas ainda assim, está evidente), mas
ganhou melodias um pouco mais simples e continua elegância, mas não se
preocupem: a essência tenebrosa do CARACH ANGREN não mudou em absolutamente.
Direto e reto ao ponto: a banda deu uma bela evoluída, mas
continua a mesma.
A banda se internou no estúdio The Abyss, e sob a tutela deles
mesmos, com a mixagem de Peter Tägtgren, mais a masterização de Jonas Kjellgren.
A sonoridade segue a tendência dos discos anteriores: peso na medida certa,
agressividade também, mas a qualidade como um todo é bem seca, privilegiando
bastante a pegada agressiva do grupo, com guitarras, baixo e bateria aparecendo
bem mais que antes, mas sem descaracterizar o lado mais sinfônico e as
orquestrações de teclados (que são o centro nervoso da música do trio). Está,
em poucas palavras, sendo a melhor produção sonora que tiveram desde o início.
A capa é um trabalho do artista romeno Costin Chioreanu (que
já fez artes para PATRIA, AT THE GATES, SPIRITUAL BEGGARS, entre outros), e
esboça o humor negro da banda, e ao mesmo tempo, reflete o conceito central do
disco:
Em termos de música, o CARACH ANGREN mostra em “Dance and
Laugh Amongst the Rotten” seu amadurecimento musical, sabendo colocar todos os
elementos de sua música bem claros. Óbvio que as linhas melódicas um pouco mais
simples adicionaram uma dose acessibilidade, mas não pensem demais: esses
Mestres do Horror sabem o que fazem.
Com letras falando sobre a tábua de OUIJA (“Charlie”), temas
de ficção fantástica (como a estória do ator Charles Francis Coghlan, na música
que leva seu nome, já que o caixão contendo o corpo do mesmo foi retirado de
seu lugar, no Texas, por uma tempestade, e foi encontrado 7 anos depois na
costa do Canadá, dando origem ao mito do “caixão que regressa ao lar”), entre
outras estórias de horror que o grupo tece em suas letras, percebe-se que o enfoque
do grupo é bem mais teatral e lúdico que estamos acostumados no Black Metal. E
por isso, diferente e fascinante.
Das 8 canções do disco (pois “Opening” é uma introdução toda
feita em teclados), citamos como destaques de em “Dance and Laugh Amongst the
Rotten”:
“Charlie” - Uma canção que mostra vocais em tons diferentes,
o contraste entre vocais normais no refrão com o rasgado tradicional de Seregor,
fora o trabalho dinâmico de baixo e bateria (como Namtar está tocando no disco,
com uma técnica ótima). Mas se preparem para mudanças de ritmo e mesmo de
atmosferas durante a canção.
“Blood Queen” - A agressividade ríspida da banda tem como
contraponto as lindas harmonias das orquestrações (Ardek é um mestre nos
teclados, verdade seja dita), mais a presença de violinos que deram um toque
extra de classe ao trabalho do grupo. E que refrão marcante. E mais uma vez, os
vocais usam timbres diferentes, declamados em certos momentos.
“Charles Francis Coghlan” - O andamento fica mais
cadenciado, onde mais uma vez a bateria mostra toda sua técnica, os vocais usam
de vários timbres novamente, e a estética é toda fundamentada em um clima
soturno e “noir”, graças aos arranjos fundamentais e pianos, mas sem que os
riffs de guitarra percam sua evidência. Tema certo para os que possuem a
capacidade de se aprofundar na música (sem necessariamente ser músico).
“Song for the Dead” - Quase uma música romântica se não
fossem os vocais ríspidos, adornados por orquestrações e sinos. Nisso, se percebe
o quanto o grupo consegue ser versátil em suas composições, como são capazes de
criar obras de sutil beleza no meio de elementos mórbidos.
“In de Naam Van de Duivel” - O título vem do holandês, e
significa “Em Nome do Diabo”. A canção em si tem uma estética bem semelhante ao
que eles fizeram musicalmente em “Where the Corpses Sink Forever”, ou seja, o
contraste entre a agressividade e elementos sinfônicos grandiosos, algumas
partes voltadas à aclimatação de horror (que referenciado aos trabalhos da
Hammer Productions inglesa), alternando bastante os andamentos, indo do clima
de terror gótico ao lado mais agressivo sem pudor algum.
“The Possession Process” - Eles voltam a soar mais
agressivos, com peso e certas partes mais rápidas. A dinâmica entre os riffs de
guitarras, os vocais e os teclados é impressionantes, fora o trabalho de baixo
e bateria soarem coesos e bem pesados.
“Three Times Thunder Strikes” - Fechando o disco, uma faixa
bem agressiva, com muitas mudanças de levadas, mas mantendo certa velocidade. E
mesmo com teclados focando em tons bem mais voltados ao horror, existem belíssimas,
onde mais uma vez os violinos ajudam a reforçar a atmosfera grandiosa. Ponto
para baixo e bateria, mas sem que os vocais fiquem longe.
Na versão deluxe do álbum, temos como bônus uma versão
totalmente orquestral para “Charles Francis Coghlan”, que ficou perfeita, com
um forte ranço tenebroso de filmes antigos de horror. Se Peter Cushing,
Christopher Lee ou Vincent Price tocassem teclados e pianos, provavelmente esse
seria o tema favorito deles.
No mais, o CARACH ANGREN já não precisa provar nada a
ninguém com “Dance and Laugh Amongst the Rotten”, e já pede uma versão
nacional.
Um dos dez melhores plays de 2017, sem sombra de dúvidas!
Esse eu concordo na nota. Nalguns acho meias exageradas. A música que mais gostei foi Pitch Black Box
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