2017
Selo: Shinigami
Records
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. F.P.C.
2. Hang ‘Em
High
3.
Dogmaniacal
4.
Intention to Deceive
5. Ingsoc
6.
Masterplan
7. Peace is
in Pieces
8. Claiming
Certainty
9. Wake Up
10. Circling
the Drain
11. String
Break
12.
Slaughtered (Pantera cover)
Banda:
David
Sanchez - Vocais, guitarra base
Reece
Scruggs - Guitarra solo, backing vocals
Nick
Schendzielos - Baixo, backing vocals
Pete Webber
- Bateria
Contatos:
Site Oficial: http://havokband.com/
Facebook: http://facebook.com/havokofficial
Twitter:
https://twitter.com/HAVOKthrash
Instagram: https://www.instagram.com/havokbandofficial/
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
O tempo é senhor de tudo. Tudo pode ser feito, refeito e
aprimorado, ainda mais quando a oportunidade bate às nossas portas. E graças à Shinigami
Records, temos a chance de fazer um review “reboosted” de “Conformicide”,
último disco do HAVOK.
Ele já havia sido resenhado no Metal Samsara, mas a
oportunidade de refazê-lo melhor ainda é tentadora, logo, por que não?
Como dito antes, o Thrash Metal tem passado por um ótimo
momento. A diferença de nossa época para a década de 80 é simples: a obviedade
no domínio do Big 4 norte-americano e no trio de ferro da Alemanha já não
existe. Hoje, mesmo donos de nomes lendários, SLAYER, METALLICA, MEGADETH e
ANTHRAX não são mais unanimidades, e precisam lutar para encarar nomes mais recentes
que ou levam o estilo adiante inovando, ou reciclam com sabedoria o que foi
feito nos anos 80. Tudo está nivelado em termos de qualidade de trabalho, e por
isso bandas como o HAVOK, de Denver (Colorado) são tão conhecidos. E fazem
frente a bandas de grande porte, bastando prestarmos atenção (sem dar uma de fundamentalista
de bandas antigas, por favor).
O que o HAVOK faz em “Conformicide” é Thrash Metal agressivo
e raivoso (veja pela rispidez dos vocais), mas com muitas de partes mais
grooveadas (como é evidente nos “slaps” do baixo em “F.P.C.”), além de uma
energia enorme e empolgante. A banda não se furta em usar influências do Thrash
Metal/Crossover mais furioso e rasgado possível, tendo referências em bandas
como D.R.I., M.O.D. e NUCLEAR ASSAULT, mas a selvageria do EXODUS na muralha de riffs que o
grupo usa. São influências, já que o quarteto soa cheio de personalidade e
sentando o porradeiro sem dó dos pescoços alheios, sem falar que eles fogem dos
clichês e mostram boa técnica individual em muitos pontos.
A música do HAVOK não é politicamente correta em momento
algum. Aliás, é ofensiva, rude, bruta, e sangrando em energia empolgante, como
uma banda de Thrash Metal deve ser.
As mãos de Steve Evetts (SYMPHONY X, EVERY TIME I DIE,
M.O.D., SEPULTURA, entre outros) estão na produção e mixagem do álbum, enquanto
a masterização é de Alan Douches. E por esse background diferente nas etapas da
gravação e edição, a sonoridade bruta e agressiva de “Conformicide” foge do
convencional para as bandas da nova geração do Thrash Metal americano. O disco
soa coeso, pesado e bruto, mas nos permitindo compreender o que o quarteto está
tocando. Além disso, a ótima qualidade dos timbres instrumentais ferozes e
fortes é de deixar todos de queixo caído.
Na capa de Halsey Swain, uma declaração: pensem fora da
caixa, ou seja, parem de pensar conforme foram ensinados (ou adestrados). E
toda a arte do encarte deixa isso claro, pois a oposição ao politicamente
correto (em “F.P.C.”), a cegueira imposta aos sentidos por religiões (“Dogmaniacal”),
a opressão militarista que alimenta o lucro das empresas armamentistas (“Peace
is in Pieces”) e outras mostram que a realidade do HAVOK nada tem com esquerda
ou direita. Na realidade, a crítica é para todos os lados dessa sujeira
generalizada, uma cuspida Thrashcore nos olhos de todos que vivem no
conformismo de idéias, de qualquer tipo de ideologia.
“Conformicide” nos
mostra o quarteto com um trabalho técnico mais elaborado que antes, com
arranjos bem feitos e fluidos, e uma dinâmica maior. É o primeiro disco do
baixista Nick Schendzielos (que toca também no CEPHALIC CARNAGE e do JOB FOR A
COWBOY, e que tem passagem pelo CATTLE DECAPITATION), que é um fator definitivo
para ajudar David Sanchez (vocais, guitarra base), Reece Scruggs (guitarra
solo, backing vocals) e Pete Webber (bateria) a darem um salto qualitativo
enorme em relação aos discos antigos.
A pergunta é: “Conformicide” é um bom disco?
“Hang ‘Em High” - Rápida e brutal, onde o baixo se destaca
bastante, fora um refrão raçudo e um excelente acabamento em termos de arranjos.
“Dogmaniacal” - Um pesadelo cheio mudanças rítmicas e muito
peso, além d euma energia empolgante. Reparem como a bateria é criativa e
técnica, dando suporte à artilharia pesada do grupo.
“Intention to Deceive” - Mais técnica e com andamento em
velocidade mediana, percebe-se nela o diferencial que o quarteto impôs a si
mesmo no disco inteiro.
“Ingsoc” - Pesada como o inferno e cheia de passagens
melodiosas que não descaracterizam a agressividade explícita dos riffs de
guitarra. Aliás, os riffs da banda estão exageradamente secos e pesados.
“Masterplan” - Uma golfada técnica Thrasher cheia de boas
passagens, ritmos se alternando, e onde os vocais estão muito bem, fora os
backing vocals raçudos e slaps de baixo se encaixarem perfeitamente.
“Wake Up” - Uma ode explícita ao não conformismo, recheada
por muitas mudanças de ritmo, peso em profusão, fora riffs agudos e de primeira.
“Circling the Drain” - Mais refinada, mesmo assim cheia de
agressividade intensa, um azedume Crossover de primeira com força na base
rítmica.
“Slaughtered” - Esta é um cover do PANTERA (que está no “Far
Beyond Driven”), e que ficou mais seca que a original, mais cortante, mas ainda
assim sinuosa e cheia de groove, onde o mais legal é ver o uso de vocais
agressivos urrados contrastando com o rasgado de David (sem mencionar que baixo
e bateria estão fenomenais). è uma das duas faixas bônus, assim como “String Break”.
E pode parar, pois ainda não terminei.
“F.P.C.” - Faixa que abre o disco e merece um detalhamento
maior. Ela tem a primeira parte parte bem funkeada à lá MORDRED, com o refrão
soando mais agressivo, com muito groove no baixo, e parte um Thrash Metal
agressivo e rasgado de causar moshpits insanos (com lindos duetos de guitarra e
vocais abusivamente rasgados). E é nela que vemos que o HAVOK é um autêntico
puro sangue Thrasher, pois a sigla significa “Fuck Political Correctness”, ou
seja, “Foda-se o Politicamente Correto”, uma declaração de guerra a uma
maldição que está causando problemas até no Metal, como a aparição de SJWs,
antifas e censura à liberdade de expressão. E o HAVOK chega em boa hora,
mostrando que o gênero se opõe a abusos e alienação de qualquer lado, sem dó de
quem quer que seja.
Respondendo agora: “Conformicide” é um dos discos de 2017,
talvez o disco de Thrash Metal mais forte e divertido do ano, sem sombra de
dúvidas.
No mais, “Conformicide” vem para estabelecer o HAVOK como um
dos nomes mais fortes do estilo, e à Shinigami Records, fica nosso
agradecimento por disponibilizar a versão nacional do CD.