2017
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. Lucifer
Prometheus Sun in Aries 0°0’0″ - Equinox
2.
Heptarchia Mystica - The Enochians Slaves Angelicae
3. The
Magician Hierophant of Hadit in Equinox
4. The
Paroketh Veil 0 The Sun of Tipharet
5. Draco
Estelar Ophidian Ignea
6. In
Astral Journey Through of Kingdom of the Quliphots
7. Le Messe Noir - Le Psychodrame Original
8.
Heptarquia Mystica - The Enochians Slaves Angelicae (orchestral version)
Banda:
Nyarlathotep - Vocais
Hellhammer - Guitarras
Znameni - Baixo
Convidados:
Jhoni Rodrigues - Bateria
Paulo Santiago - Samples, orquestrações, guitarra solo
(adicional), vozes (adicionais)
Jaque
Moraes - Vozes adicionais em “In Astral Journey Through of Kingdom of the
Quliphots”
Contatos:
Site Oficial: http://lordblasphemate.blogspot.com.br
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Instagram:
Bandcamp:
Assessoria:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Na mitologia Greco-Romana, Prometeu é um Titã, que se
absteve da guerra entre Zeus e seus irmãos (a terceira geração dos deuses)
contra Cronos e seus irmãos Titãs (a segunda geração), sendo poupado do castigo
que seus irmãos Titãs sofreram. Mas tempos depois, Prometeu roubou o fogo dos
deuses e o deu aos homens, que viviam como bestas entre outros animais. Nisso,
existe a figuração de que Prometeu não só criou o ser humano, mas que também
lhe deu o conhecimento (representado pelo o fogo). Punido, ele foi acorrentado
ao Cáucaso por Hefesto, aonde uma águia vinha devorar suas entranhas todas as
noites em um suplício eterno, pois seus órgãos se regeneravam devido a sua
imortalidade (embora mais tarde, Hércules o libertou de tal sofrimento). Alguns
autores exotéricos traçam uma similaridade entre o mito de Prometeu com
Lúcifer, o anjo rebelde, quedado do paraíso (embora esta visão não seja
correta, já que Lúcifer, a Estrela da Manhã, é uma divindade que auxilia Apolo
a erguer e guardar o sol todos os dias). Tudo isso para expor o que está por
trás de “Lucifer Prometheus”, quarto álbum do LORD BLASPHEMATE, de Natal (RN),
que nos chega as mãos graças ao trabalho primoroso da Heavy Metal Rock Discos.
Assim como grande parte das bandas de Black Metal de sua
região, o grupo faz um Black Metal mais focado em algo soturno e climático que
nos lembra o que é feito pela escola grega do estilo, ou seja, a presença
daquele jeito mórbido e melodioso à lá ROTTING CHRIST em seus discos mais
antigos. Mas não tirem conclusões precipitadas, já que o grupo tem uma gama de
influências bem maior que isso e sabe usar em seu benefício na hora de criar
sua música agressiva e malevolamente melódica. E, diga-se de passagem: eles
sabem muito bem trabalhar seus arranjos.
A produção ficou muito boa: seca, crua e pesada, mas de
forma que todos os instrumentos e detalhes musicais das canções que compõem “Lucifer
Prometheus” fiquem audíveis e inteligíveis. E digamos de passagem: um disco
como esse merece, para ser assimilado em sua integridade.
A parte gráfica, um trabalho de Alcides Burn, da Burn Arts (https://www.burnartworks.com/),
ficou perfeita. Arte de capa, diagramação, encarte, cada detalhe trabalhado em
um Digipack luxuoso em três páginas. Sim, a apresentação gráfica de “Lucifer
Prometheus” é linda, coisa de primeiro mundo.
Com tudo isso, resta uma pergunta: o LORD BLASPHEMATE tem música
que sustente todos esses aparatos que receberam
A resposta é bem simples: muito mais que suficiente, pois “Lucifer
Prometheus” é um disco grandioso, com músicas muito bem arranjadas, a dinâmica
entre instrumentos e vocais é ótima. E assim, a música do grupo é riquíssima em
detalhes. Teclados, violinos, e isso sem falar que baixo, guitarras, bateria e
vocais já são, por eles mesmos, ótimos.
“Lucifer Prometheus Sun in Aries 0°0’0” - Equinox” é rica em
mudanças de andamento, cheia de um clima extremamente soturno e envolvente,
onde as melodias dos teclados se funde à rispidez das guitarras e criam uma
aura densa e pesada. A longa e sinistra “Heptarchia Mystica - The Enochians
Slaves Angelicae”, criando estruturas rítmicas ótimas, sem contar com a
grandiosidade das linhas melódicas e das orquestrações, fora momentos de vocais
limpos. Em “The Magician Hierophant of Hadit in Equinox” busca soar um pouco
mais seca e tradicional em termos de Black Metal, mas como o grupo não segue
linhas musicais muito convencionais, a canção é rica em detalhes e arranjos
(fora os vocais estarem muito bem). Mais uma vez, a banda lança mão de uma
canção que excede os 10 minutos em “The Paroketh Veil - The Sun of Tipharet”,
que é sinistra e introspectiva, mas azeda até os ossos, onde mais uma vez as
partes de teclados e os riffs das guitarras se associam de forma perfeita, e é
rica em mudanças de andamentos. Bela e adornada com lindas melodias macabras é “Draco
Estelar Ophidian Ignea”, outra em que os vocais se sobressaem justamente pela
diversidade de tons, mesmo sendo curtinha. Em 15 minutos de puro êxtase, temos
acesso à uma proeminência de arranjos muito bem pensados e tempos que mudam em “In
Astral Journey Through of Kingdom of the Quliphots”, inclusive com uma
belíssima inclusão de vocais femininos. Mesmo com melodias não tão evidentes e o
grupo lançando mão de algo mais tradicional mais uma vez, “Le Messe Noir - Le
Psychodrame Original” é uma canção de extremo bom gosto, bom trabalho de baixo
e bateria, mas com aquela pegada um pouco mais agressiva e dura. E a versão
puramente orquestral de “Heptarquia Mystica - The Enochians Slaves Angelicae”
mostra a diversidade e mesmo mente aberta de um grupo que merece chegar muito
longe. A criatividade deles parece ser inesgotável!
No mais, o LORD BLASPHEMATE merece aplausos, superou todas
as expectativas e fez de “Lucifer Prometheus” um dos grandes discos do Metal
nacional de 2017.
“Francamente, odeio todos os deuses; devem-me favores e
pagam-me com iniqüidade.” (Prometeu Acorrentado, de Ésquilo).