2017
Nacional
Nota: 9,2/10,0
Tracklist:
1. The Rise
of Hannibal
2. Hispania
(The Siege of Saguntum)
3. Crossing of the Alps
4. Suavetaurilia (Intermezzo)
5. Cato Major: Carthago Delenda Est!
6. Ad
Victoriam (The Battle of Zama)
7. The
Spoils of War
8. The
Roman
Banda:
Maurizio Iacono - Vocais
J-F Dagenais - Guitarras
Stéphane Barbe - Guitarras
Dano Apekian - Baixo
Oli Beaudoin - Bateria
Convidados:
Clemens Wijers - Orquestrações
Contatos:
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Assessoria:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
A força, lendas e conquistas do Império Romano ainda são
termas fascinantes que atraem a atenção dos mais jovens. Basta ver como o tema
é recorrente no renascimento do cinema épico que ocorre no momento, bem como há
resgates da cultura romana antiga em várias partes do mundo. Seja pelo povo
italiano, que parece estar recuperando as noções de orgulho de seu passado,
seja pelos descendentes espalhados pelo mundo que ainda olham para a cidade
imortal com orgulho de suas raízes, Roma nunca morrerá. E alguns de seus
períodos são apaixonantes, como é falar das Guerras Púnicas, travadas entre
Roma e Cartago, onde vários heróis (de ambos os lados) travaram lutas intensas.
Um deles é Aníbal Barca, general e estadista cartaginense que atravessou os Pirineus
e os Alpes com um exército e elefantes, algo que faz parte da cultura da Europa
(fato ocorrido na Segunda Guerra Púnica, entre 218-201 a.C.). Suas façanhas estratégicas
lhe legaram o título de maior estrategista de todos os tempos.
E rebuscando a história das Guerras Púnicas por meio da
música pesada, o quinteto EX DEO chega com seu terceiro álbum, “Immortal Wars”,
que acaba de sair no Brasil pela Shinigami Records.
O que afere ao conjunto confiabilidade é o fato que quatro
de seus cinco membros são todos do KATAKLYSM, com a diferença que Stéphane
Barbe aqui toca guitarra, ao passo que o baixo está nas mãos de Dano Apekian
(do ASHES OF EDEN). O grupo é um projeto paralelo de Maurizio Iacono, onde sua
paixão pela história de Roma ganha vida. Além deles, J-F Dagenais nas guitarras
e Oli Beaudoin na bateria (ambos também do KATAKLYSM) completam as fileiras
desses centuriões do Metal extremo.
O estilo do quinteto é aquilo que podemos denominar como Symphonic
Death Metal, ou seja, o bom e velho Death Metal feito com toques melodiosos e grandiosas
orquestrações. E como dito: estamos falando de músicos experientes, logo, podem
esperar coisas boas, já que o trabalho rico do grupo é de primeira linha. Chega
a ser surpreendente o nível das composições, com arranjos de primeira, boas
linhas melódicas, mas uma agressividade forte e pujante.
A produção do CD é do próprio grupo, tendo a engenharia de J-F
Dagenais e Oli Beaudoin. Mas vendo o nome de Jens Bogren na mixagem e
masterização, já sabemos de cara que podemos esperar uma qualidade sonora
excelente. E nossas expectativas são realmente supridas, pois a sonoridade do
disco é pesada e bruta, mas com um nível de clareza enorme. Assim, se aproveita
toda a capacidade criativa do grupo na melhor forma.
E em termos de arte gráfica, a capa de Eliran Kantor e o
layout da Ocvlta Designs dão todo embasamento visual para a música do quinteto,
deixando claro que terão uma aula de história sobre as Guerras Púnicas em um
formato musical para lá de ótimo.
Sim, o trabalho do EX DEO é de primeira, algo realmente de alto
nível, onde brutalidade e melodia se mesclam de uma maneira bem harmoniosa e
nos permite ver que o grupo sabe arranjar suas músicas de forma a expressar sua
identidade musical de maneira perfeita. E antes que façam a bendita pergunta:
não, o EX DEO não parece o KATAKLYSM!
Orquestrações épicas e um andamento em tempo mediano surgem
em “The Rise of Hannibal”, onde a agressividade do Death Metal consegue expressar
o lado épico e grandioso da história, sem falar que as guitarras estão ótimas. Em
“Hispania (The Siege of Saguntum)”, a agressividade cresce, ao mesmo tempo em
que arranjos um pouco mais simples surgem, as orquestrações soam um pouco mais
melancólicas, e aparecem ótimas mudanças de andamento (e se destaca bastante o
trabalho de baixo e bateria). “Crossing of the Alps” é épica, quase military,
com um peso absurdo, bons solos de guitarra e mesmo duetos, fora arranjos muito
bons. “Suavetaurilia (Intermezzo)” é apenas um interlúdio feito com teclados e
efeitos sonorous, para que o ouvinte tenha um descanso para a opressiva “Cato
Major: Carthago Delenda Est!”, azeda, bruta e agressiva, com forte clima épico,
e vocais ótimos (interessante notar como Maurizio sabe usar vários timbres
agressivos), onde o tema é a necessidade de vencer o império cartaginense, algo
exposto pela célebre frase do senador romano Catão Maior: Cartago deve ser
destruída!
Bruta e com certa cadência, “Ad Victoriam (The Battle of
Zama)”, onde mais uma vez, guitarras com solos melodiosos aparecem em meio às
orquestrações grandiosas e ritmo bruto. Agora, o esporro sonoro come solto em “The
Spoils of War”, que tem uma pegada um pouco mais introspectiva em alguns
pontos, mas de resto, a essência do Death Metal tradicional está bem evidente
tanto nos riffs das guitarras como nas conduções rítmicas de baixo e bateria. Encerrando,
“The Roman” vem com sua dose forte de melancolia épica (graças às
orquestrações), muito peso e um ritmo mais cadenciado, onde os vocais se
destacam, dando voz à Roma depois da destruição de Cartago.
Mas é bom que o leitor saiba que o líder romano Públio
Cornélio Cipião Emiliano Africano chorou pela queda de Cartago e morte de seus
adversários, pois via no fim do Império Cartaginense o futuro fim do Império
Romano, como todos os impérios que o precederam caminharam para o fim conforme
os anos mostravam sua decadência.
No mais, “Immortal Wars” não é apenas uma aula de História,
mas também um disco fantástico. E o EX DEO tem lugar em qualquer coleção de CDs
de Metal que se preze.