Por Marcos “Big Daddy” Garcia
O Rio Grande do Sul é uma terra extremamente fértil em termos de Rock, como o livro "Tá no Sangue – A História do Rock Pesado Gaúcho" atesta. LEVIAETHAN, ASTAROTH, KRISIUN, SYMPHONY DRAKONIS e outras excelentes bandas surgem neste celeiro musical há anos. E um dos nomes mais fortes da cena gaúcha é do excelente quarteto SUPERSONIC BREWER, de Bento Gonçalves.
Formado por músicos experientes e com várias influências musicais diferentes, o que ouvimos em "Overthrow the Bastards", disco mais recente da banda, é uma aula de agressividade com feeling bem peculiar.
Aproveitando o momento, e agradecendo a MS Metal Press por intermediar o contato, fomos bater um papo com o quarteto e conhecer um pouco de sua história e planos.
BD: Antes de tudo, quero agradecer de coração pela entrevista. Conte um pouco a história da banda para nós, e uma das coisas que primeiro chama a atenção no grupo é seu nome. Como foi que a idéia para ele surgiu? Uma idéia bem particular minha é que ele me lembra alguma coisa ligada ao trabalho do BLACK LABEL SOCIETY...
Vini: Nós que agradecemos pelo espaço concedido Marcos, sobre a pequena história da banda o Rodrigo contará melhor.
Rodrigo: Putz, eu nem me lembro direito, hehehehehe... Mas foi algo do tipo, que depois de tentar montar várias e várias bandas e conhecer vários caras, nenhum queria levar a serio, apenas encher a cara e pegar menininhas, mas a parte das menininhas não rolava, hehehehe... Até conseguir montar a banda que estamos hoje. Foi algo por ai.... E o nome teve sim uma pequena dose de influencia do BLS.
BD: Em 2010, vocês lançaram "Broken Bones" de maneira totalmente independente, e seguraram a barra de gravar e mixar o disco sozinhos. Por que preferiram tomar as rédeas sozinhos na época, e esta experiência tem algum reflexo no trabalho de vocês nos dias de hoje?
Vini: Esse sim podemos dizer que foi totalmente independente, criamos, produzimos, gravamos, fizemos o mix e masterizamos. Tomamos essa decisão, pois na época para nós era a opção mais coerente a se tomar, não nos arrependemos de jeito nenhum de nossa escolha e essa grande experiência refletiu em todos os sentidos nos próximos discos.
BD: Ainda falando de "Broken Bones", como foi a recepção deles pelos fãs? Chegaram a ter algum feedback de outras regiões do Brasil, ou mesmo do exterior? E como foram os shows de divulgação?
Vini: Não houve tanta divulgação como estamos tendo agora com nosso lançamento do "Overthrow the Bastard" pela MS Metal Agency, mas digamos que atingiu proporções grandes pela pouca divulgação que fizemos, de todas partes do Brasil e também de alguns países estrangeiros, mas como toda banda tem um cartão de visitas, posso dizer que o nosso é o "Overthrow the Bastard", nosso segundo disco, pela divulgação e distribuição que esta tendo.
Rodrigo: Exato, e um dos motivos que estamos regravando o "Broken Bones" e lançando em formato de EP via Ms Metal Records é pelo fato que todo mundo acha que nosso primeiro disco é o "Overthrow the Bastard", estamos querendo mostrar para o pessoal que estamos na estrada já faz algum tempo e esse lançamento será muito legal, contará com 5 faixas do "Broken Bones", uma música inédita e um cover para o Led Zeppelin.
BD: Bem, já avançando para tempos mais atuais, "Overthrow the Bastards" já representa um passo adiante. Como foi o processo de composição? Existe uma idéia mais explícita por trás do título e capa do CD que poderiam nos contar?
Vini: Não existe nenhuma explicação obscura por trás do titulo e da capa, a ideia é aquilo e terminou, mas cada um acaba tendo seu ponto de vista particular e isso que é o mais legal em uma música, você tem uma perspectiva e eu tenho outra totalmente diferente, e isso apenas a música pode fazer.
Rodrigo: A gente apenas mostrou o que estávamos sentindo em um determinado momento, e se tu chegar a ver a época que estávamos compondo e gravando vai ver que era um momento difícil de nosso Brasil e o mundo, não que isso esteja melhor, mas tudo acaba influenciando em uma canção.
BD: Ainda sobre "Overthrow the Bastards", é sensível que existem muitas influências musicais distintas no CD, mas ao mesmo tempo, elas não dão aquela impressão de uma banda que atira para todos os lados. Longe disso, é bem conciso o trabalho de vocês. Não chega a ser difícil associar tantas influências musicais ao mesmo tempo? Tudo bem que em bandas, o processo de composição tende a ser sempre democrático, ou seja, se bobear, um agarra no pescoço do outro (risos).
Vini: Hehehehe... Não, de jeito nenhum, o negócio flui mesmo, não existe essa história de fazermos uma música Thrash, outra Heavy e outra mais light estilo Southern, simplesmente vai rolando, se a música merece um andamento mais rápido, ela terá, caso contrário será do jeito que soe melhor para nós. Quando criamos algum riff ou música, nos botamos no lugar do ouvinte, pensando o que gostaríamos de ouvir se caso fosse outra banda tocando aquilo.
BD: Outra característica interessante do som de vocês é que ele foge um pouco à invasão Old School que temos no Brasil no momento. Não que seja ruim, longe disso, mas muita gente tentar refazer o que já foi feito e mesmo esgotado, enquanto vocês estão buscando ter uma personalidade mais própria, e mesmo uma "vibe" do Southern Rock americano. Não chega a ser um fator que dificulte a aceitação de vocês por um público maior por aqui? Ou no RS, essa tendência "anos 80" tem menor impacto que em outras regiões?
Vini: Não vejo por esse lado, como um fator que dificulta nossa aceitação, pois me parece que esta acontecendo ao contrário.
Rodrigo: Cara, é o seguinte: cada um de nós tem suas influências particulares e algumas como um todo. Nossas musicas refletem tudo isso junto, então, dane-se o Old School, o que estamos fazendo é o nosso próprio som sem nos vendermos para a mídia.
BD: Ainda falando da cena gaúcha, vocês são de uma terra que já deu ótimos nomes ao Brasil, como REBAELLIUN, KRISIUN, ASTAROTH, LEVIAETHAN e tantos outros nomes na música pesada. Como é a cena daí, e quais as maiores dificuldades que vocês sentem em atingir outras regiões do país? Este autor conheceu o RS em 2011, e sentiu uma forte aura roqueira, especialmente em Santa Maria... Parece ser quase uma herança do povo gaúcho (e uma bela herança, diga-se de passagem).
Vini: A cena local está crescendo e evoluindo em todos os aspectos, bandas, produtores, locais de shows, etc... Uma das grandes dificuldades que estamos tendo para tocar fora do RS é o alto custo das despesas que tem para uma viagem.
Rodrigo: Essa terra é uma terra de muita batalha e é o que estamos fazendo como muitas bandas que estão no mesmo barco que nós. E graças a essa grande mídia que temos no nosso país, que só divulga lixo, faz com que bandas como a nossa e as citadas acima se fodam para conseguir alguma coisa, mas ainda temos os guerreiros das mídias especializadas que nos apoiam e fazem a cena metal ficar cada vez mais forte.
BD: "Overthrow the Bastards" tem um vídeo oficial de divulgação em "End Times" e dois lyric vídeos, um para a própria "Overthrow the Bastards" e outro para "Broken Line". Como surgiu a idéia para eles, e como foram escolhidas justamente estas músicas? E me permitam elogiar: o trabalho visual de "Overthrow the Bastards" e "End Times" ficou muito bom.
Vini: Tudo graças ao Ernani. Tínhamos pensado em "Vatican’s Downfall" para o clip, por ser uma música “porrada”, mas Ernani chegou com a ideia visual de "End Times", então fechou todas!
Rodrigo: E antes de "End Times", lançamos "Overthrow the Bastard", uma música que em nossa opinião representa o álbum musicalmente falando.
BD: Em março próximo, "Overthrow the Bastards" completará um ano de lançamento, então, como foi a recepção de público e crítica especializada? Conseguiram atingir a meta que tinham? E mesmo em tão pouco tempo, já existem planos para um sucessor do CD?
Vini: Podemos dizer que sim, que estamos satisfeitos pelo resultado tanto com o público quanto a mídia especializada, pois para muitos, esse representa nosso cartão de visita.
Rodrigo: E esse é um dos motivos que estamos preparando um novo EP, com regravações do nosso primeiro disco, e iremos lançar ainda no primeiro semestre desse ano, e também já estamos preparando algumas musicas para o terceiro full-lenght, que planejamos lançar em 2016.
BD: Bem, ora de criar um pouco de polêmica: como todas as bandas que possuem discos lançados, o SUPERSONIC BREWER deve ter sofrido com os downloads ilegais. Qual é o ponto de vista de vocês sobre o assunto? E quais seriam as melhores formas de lidar com o problema?
Vini: Pra mim não existe mais controle no download ilegal e acho que irá demorar muito para ter algum tipo de controle. Temos que conviver e aproveitar ao máximo esse mundo online a nosso favor. Semanas atrás achei uns sites russos com nosso último disco para download, achei fantástico! Iriamos demorar muito para alcançar algum público na Rússia e países vizinhos a ela sem o apoio de uma grande gravadora.
BD: E shows? Como andam os shows desde que "Overthrow the Bastards" foi lançado? Já existem possibilidades para algo no Sudeste, Nordeste e outros estados fora do Sul? E algum contato do exterior para licenciamento do CD por lá?
Rodrigo: Pouquíssimos. Estamos em contato com alguns produtores, mas para Sudeste e Nordeste no momento é difícil, mas para alguns estados próximos estamos em negociação, e estamos indo atrás para licenciar nosso CD no exterior.
BD: Bem, vamos encerrando por aqui, e gostaria de mais uma vez agradecer pela entrevista. Por favor, deixe sua mensagem aos nossos leitores e seus fãs. E quando eu retornar ao RS, espero poder tomar um bom chimarrão com vocês (risos).
Vini: Churrasco e bom chimarrão!! Hehehehehee.... Nós quem agradecemos pelo espaço concedido.
Rodrigo: Mantenham o metal como religião, pois essa máquina não pode parar!!
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