24 de fev. de 2016

DISGRACE AND TERROR - El Papa Negro (álbum)


2016
Nacional

Nota 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "El Papa Negro", "Sanatorium", "Suicide", "Agony", "Beneath the Hate"


Sabem quando uma vertente de Metal tem a cara de um país?

Disgrace and Terror
É a clara sensação de quando ouvimos bandas que ficam entre o Death e o Thrash Metal. Sim, pois quando você coloca uma para ouvir, temos a idéia clara de ser uma banda do Brasil. E isso se dá ao longo histórico de boas bandas nessa mistura que surgiram nos anos 80 e segue firme e forte até hoje. E muitos dos grandes nomes do gênero estão no Norte e no Nordeste do Brasil. Logo, ver uma banda do quilate do DISGRACE AND TERROR (de Belém, no Pará) não é de surpreender. Ainda mais com um trabalho ótimo, "El Papa Negro", seu mais recente álbum.

Reduzido a um trio, com Rot assumindo o baixo (além dos vocais), óbvio que algumas mudanças na sonoridade são esperadas. O disco soa bruto e agressivo como se deve esperar, mas ao mesmo tempo, é bem trabalhado, com uma técnica bem personalizada. Esse power trio tem toda a pegada azeda do Death Metal, as levadas cruas e certeiras do Thrash, mas alguns elementos do Rock'n'Roll de raiz entram no som deles (reparem nos solos de guitarra do novato Vinícius). Ou seja, é diferente do que a maioria faz, e mesmo deu uma melhorada substancial em relação a "The Final Sentence", de 2013.

Hector Escobar, El Papa Negro
O trio, junto com Marcos Saraiva, produziu o CD no Legacy Estúdio, em Belém (PA) onde "El Papa Negro" foi gravado, mixado e masterizado. A sonoridade do disco é crua, respeitando as raízes underground do DISGRACE AND TERROR. Mas não soa sujo em excesso, longe disso: a sonoridade é clara, audível, com cada instrumento em seu lugar. Os timbres é que puxam para este lado mais "Old School", mas é justamente esta sonoridade mais crua e bruta que faz com que o disco coe tão bem. E a arte de Diogo Ferreira para a capa ficou muito boa. E tudo isso em um formato Digipack excelente.

Hector Escobar, autor colombiano conhecido como "O Papa Negro Latino Americano" devido aos seus livros sobre Satanismo e Esoterismo, é o homenageado da obra. E podemos dizer que as letras transpiram seus ensinamentos em vários pontos. E a banda evoluiu bastante em termos musicais, com arranjos bem feitos, andamentos empolgantes e uma dinâmica musical muito boa dentro de cada canção.

O disco não possui destaques, já que todas as faixas são bem homogêneas, e cada uma delas tem seu próprio valor.

El Papa Negro - Um meio termo entre o arrastado e o técnico é o que ouvimos, com um trabalho de guitarras ótimo, em riffs certeiros e solos bem feitos. Mas não dá para não falar das ótimas mudanças rítmicas.

God of Carnage - A mesma pegada técnica e brutal de antes, mas com uns riffs que não saem da cabeça devido ao trabalho bem feito nas seis cordas. Mas não se iludam pois o baterista Aldyr está em uma fase maravilhosa, alternando entre levadas mais Thrashers e outros momentos ótimos de grind.

Sanatorium - Muitas mudanças rítmicas, solo inspirado, tempos ganchudos e vocais arrebatadores. É um dos grandes momentos do CD, sendo recheada de nuances musicais excelentes.

Soul Suicide - Brutalidade e técnica muito bem aliadas, mais uma vez em uma canção cheia de variações harmônicas e ritmos. E a cozinha rítmica do grupo se mostra coesa, firme e compacta, mesmo no meio de tantas mudanças.

Death's Frontier (PJC) - Aqui, temos uma canção brutal e agressiva, um pouco mais direta e focada no lado Death Metal do grupo, lembrando bandas como DISMEMBER e ENTOMBED do início dos anos 90. Mas óbvio que a essência Thrasher está por ali, garantida por bases de guitarras bem feitas.

Agony - No início, reina o azedume, com tempos mais cadenciados e pesados, deixando a canção com aquele jeitão bruto e intenso que marca o ouvinte, mostrando uma bateria ótima uma vez mais. Depois, a velocidade reaparece, deixando tudo mais ríspido, mas os tempos vão se alternando entre o veloz e o cadenciado, criando uma faixa climática, com vocais excelentes e belo trabalho das guitarras.

Black Aeon - É uma instrumental de cordas limpas, encerrando a brutalidade com um leve toque introspectivo e mostrando a versatilidade do novo "axeman" do DISGRACE AND TERROR. E no final uma narrativa que parece ser do próprio Hector Escobar.

Mas como se já não fosse muito, ainda temos 3 faixas ao vivo, vindas da excursão de 2014, quando a banda passou pelo Equador, que são "Deep Insanity", "Human Remains", e "The Final Sentence". A qualidade de áudio está bem legal, verdade seja dita. E fechando, a versão do grupo para "Beneath the Hate", do lendário quinteto HEADHUNTE DC, que ganhou uma roupagem ótima, mantendo o lado bruto da original, mas imprimindo a personalidade do DISGRACE AND TERROR nela.

Ou seja, o DISGRACE AND TERROR mostrou mais uma vez que tem tudo para ser um dos nomes mais fortes do gênero em nosso país. E eles já andam dando um amplo giro na América do Sul mais uma vez, bastando olhar o cartaz abaixo.






Músicas:

01. El Papa Negro
02. God of Carnage
03. Sanatorium
04. Soul Suicide
05. Death's Frontier (PJC)
06. Agony
07. Black Aeon 
08. Deep Insanity 
09. Human Remains 
10. The Final Sentence 
11. Beneath the Hate 


Banda:

Rot - Baixo, vocais
Vinicius Carvalho - Guitarras 
Aldyr Rod - Bateria


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