2017
Selo: Independente
Nacional
Nota: 9,4/10,0
Tracklist:
1. Intensity
2. Ambivalent
(Newton’s Cradle)
3. Katharsis
4. Too Late
to Rewind
5. Evolved and
Raw
6. Digital
Ocean
7. Talking
To
8. Essential
Ignorance (Piano Version)
Banda:
Rafael Sousa - Guitarras, vocais
Fábio Carito - Baixo, vocais
Rogério Fergam - Vocais, programador
Roberto Santos - Bateria, vocais
Convidados:
Warrel Dane - Vocais em “Digital Ocean”
Daniel Baraan - Pianos em “Essential Ignorance”
Marcus Vinícius - Violino em “Digital Ocean”
Contatos:
Site Oficial: www.instincted.com
Facebook: www.facebook.com/instincted
Twitter:
Instagram: www.instagram.com/instincted
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail: contact@instincted.com
Texto: Marcos
“Big Daddy” Garcia
Do caos vem a criação, pois a criação em si é algo caótico.
Sim, pois a tendência a padronizar é algo humano, e a natureza da arte em todas
as suas formas é ser amorfa, buscando sempre fugir de vagas definições e
regras. Por isso, muitas vezes, as pessoas tendem a não compreender estilos
musicais novos ou experimentalismos. É da experiência sem fronteiras, da
coragem de criar ao invés de se limitar pelos padrões, é que surge tudo de bom,
que irá fazer com que o Rock e o Metal floresçam e se adaptem às novas
gerações. E é assim que o quarteto INSTINCTED, de São Paulo (SP) chega com “If”,
seu novo disco, pronto para quebrar regras e mostrar que novas possibilidades
sempre existem para os que desobedecem regras.
Caótico, pesado, inovador, a banda pegou o estilo moderno e
próximo ao New Metal que mostraram no EP “...Is All That I Am”, de 2013, e
resolveram arregaçar as mangas e meter influências musicais vindas de
Industrial, Rock’n’Roll, Metal, e sabe-se lá mais o que dentro de um caldeirão.
E verdade seja dita: a digestão de “If” não é simples, é um disco realmente bem
difícil de ser assimilado. Mas é uma questão de costume, e logo perceberá que
tem uma jóia rara nas mãos, cheia de segredos que, a cada ouvida, se revelam
para o ouvinte.
Sim, é isso que leu: “If” é um puta disco, digno de aplausos
pela coragem em ousar.
A gravação e a produção são de Rogério Fergam (um dos quatro
membros do grupo) no Liverpool Studios, com mixagem e masterização das mãos do
próprio Rogério em seu home studio. O resultado é que a qualidade sonora ficou
muito boa, clara ao ponto de entendermos as sutilezas de cada instrumento e dos
efeitos, mas mantendo uma sonoridade densa e caótica, com bons timbres de
guitarra, baixo e bateria.
Até a arte de “If” é bem diferente: toda focada em branco,
com uma capa mais sinistra (uma associação do tempo com a questão da
mortalidade), a diagramação é superinteligente e clara (letras pretas em um
fundo branco são uma estratégia ótima para a nossa compreensão). Mas se
prestarem muita atenção, todo conceito lírico do disco está à mostra: a palavra
“if” vem de “se”, como se propondo um desafio: “se” ouvir e se despir de toda
sua carga ideológica e limites, será que não gostará?
“If” é isso: um desafio à convicções e pensamentos, idéias e
concepções às quais nos prendemos todos os dias, e muitas vezes, por toda uma
vida. Aqui, impera o caos criativo, o experimentalismo, as regras foram implodidas
em favor da criatividade, e isso é bom. E nas mãos desses quatro loucos (pois a
genialidade tem em si um toque de anormalidade, ainda bem), o disco vem mesmo
para nos ganhar de vez.
“Intensity” é cheia de caos musical, bases rítmicas que
mudam do nada, com baixo e bateria alternando o ritmo inesperadamente, fora um
caos de riffs e efeitos insanos e partes grooveadas/rapeadas de primeira. Teclados
e baixo pulsam com firmeza, introduzindo a criativa “Ambivalent (Newton’s
Cradle)”, um inferno de puro New Metal/Industrial pesado, com vocais macios se
contrapondo ao peso absurdo da canção com seu ritmo hipnótico. Se querem
experimentar uma mistura de ritmos musicais díspares entre si, ouça a
instrumental “Katharsis”, cheia de toques regionais que surgem de forma
espontânea na mistura, onde chocalhos, efeitos eletrônicos e outros criam uma
canção intimista, mas com momentos grandiosos. Em “Too Late to Rewind”, reparem
bem que os timbres das guitarras e do baixo estão bem mais agressivos, mas
existem linhas melódicas bem acessíveis em vários pontos, fora vocais
interessantes e parte quase que Progressivas no meio do pesadelo de mudanças
caóticas da canção (não se apegue a nada, é a melhor forma de assimilá-la). E
se ainda não conseguiu assimilar tantos contrastes, é melhor se preparar, pois é
o que terá em “Evolved and Raw” mais uma vez, com contrastes de tempos mudando,
vocais ferozes e outros mais suaves, partes quase jazzísticas suaves e outras
de peso agressivo. O começo é mais calmo e sensível, com lindas melodias e
vocais macios, e assim temos “Digital Ocean”, com uma bela linha melódica mais
complexa (reparem bem no trabalho técnico do baixo), e para dar um toque extra
de classe, uma participação especial de Warrel Dane que termina em um crescendo
que precede a continuidade da calmaria e um belo solo surge. E lá vem muito
Groove e agressividade transpirando na gordurosa e moderna “Talking To”, mas logo
momentos mais brandos contrastam com uma pancada New Metal de primeira. E
fechando, a linda “Essential Ignorance (Piano Version)”, um remake em piano e
voz da canção do primeiro EP do grupo, que ficou linda.
No mais, o INSTINCTED veio para mostrar que caos e
criatividade podem ter espaço, e estarem associados a boa qualidade, se você
tiver mente aberta.