18 de jul. de 2017

INSTINCTED - If (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 9,4/10,0


Tracklist:

1. Intensity
2. Ambivalent (Newton’s Cradle) 
3. Katharsis 
4. Too Late to Rewind 
5. Evolved and Raw 
6. Digital Ocean
7. Talking To 
8. Essential Ignorance (Piano Version)


Banda:


Rafael Sousa - Guitarras, vocais
Fábio Carito - Baixo, vocais
Rogério Fergam - Vocais, programador
Roberto Santos - Bateria, vocais

Convidados:

Warrel Dane - Vocais em “Digital Ocean”
Daniel Baraan - Pianos em “Essential Ignorance”
Marcus Vinícius - Violino em “Digital Ocean”


Contatos:

Site Oficial: www.instincted.com
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Do caos vem a criação, pois a criação em si é algo caótico. Sim, pois a tendência a padronizar é algo humano, e a natureza da arte em todas as suas formas é ser amorfa, buscando sempre fugir de vagas definições e regras. Por isso, muitas vezes, as pessoas tendem a não compreender estilos musicais novos ou experimentalismos. É da experiência sem fronteiras, da coragem de criar ao invés de se limitar pelos padrões, é que surge tudo de bom, que irá fazer com que o Rock e o Metal floresçam e se adaptem às novas gerações. E é assim que o quarteto INSTINCTED, de São Paulo (SP) chega com “If”, seu novo disco, pronto para quebrar regras e mostrar que novas possibilidades sempre existem para os que desobedecem regras.

Caótico, pesado, inovador, a banda pegou o estilo moderno e próximo ao New Metal que mostraram no EP “...Is All That I Am”, de 2013, e resolveram arregaçar as mangas e meter influências musicais vindas de Industrial, Rock’n’Roll, Metal, e sabe-se lá mais o que dentro de um caldeirão. E verdade seja dita: a digestão de “If” não é simples, é um disco realmente bem difícil de ser assimilado. Mas é uma questão de costume, e logo perceberá que tem uma jóia rara nas mãos, cheia de segredos que, a cada ouvida, se revelam para o ouvinte.

Sim, é isso que leu: “If” é um puta disco, digno de aplausos pela coragem em ousar.

A gravação e a produção são de Rogério Fergam (um dos quatro membros do grupo) no Liverpool Studios, com mixagem e masterização das mãos do próprio Rogério em seu home studio. O resultado é que a qualidade sonora ficou muito boa, clara ao ponto de entendermos as sutilezas de cada instrumento e dos efeitos, mas mantendo uma sonoridade densa e caótica, com bons timbres de guitarra, baixo e bateria.

Até a arte de “If” é bem diferente: toda focada em branco, com uma capa mais sinistra (uma associação do tempo com a questão da mortalidade), a diagramação é superinteligente e clara (letras pretas em um fundo branco são uma estratégia ótima para a nossa compreensão). Mas se prestarem muita atenção, todo conceito lírico do disco está à mostra: a palavra “if” vem de “se”, como se propondo um desafio: “se” ouvir e se despir de toda sua carga ideológica e limites, será que não gostará?

“If” é isso: um desafio à convicções e pensamentos, idéias e concepções às quais nos prendemos todos os dias, e muitas vezes, por toda uma vida. Aqui, impera o caos criativo, o experimentalismo, as regras foram implodidas em favor da criatividade, e isso é bom. E nas mãos desses quatro loucos (pois a genialidade tem em si um toque de anormalidade, ainda bem), o disco vem mesmo para nos ganhar de vez.

“Intensity” é cheia de caos musical, bases rítmicas que mudam do nada, com baixo e bateria alternando o ritmo inesperadamente, fora um caos de riffs e efeitos insanos e partes grooveadas/rapeadas de primeira. Teclados e baixo pulsam com firmeza, introduzindo a criativa “Ambivalent (Newton’s Cradle)”, um inferno de puro New Metal/Industrial pesado, com vocais macios se contrapondo ao peso absurdo da canção com seu ritmo hipnótico. Se querem experimentar uma mistura de ritmos musicais díspares entre si, ouça a instrumental “Katharsis”, cheia de toques regionais que surgem de forma espontânea na mistura, onde chocalhos, efeitos eletrônicos e outros criam uma canção intimista, mas com momentos grandiosos. Em “Too Late to Rewind”, reparem bem que os timbres das guitarras e do baixo estão bem mais agressivos, mas existem linhas melódicas bem acessíveis em vários pontos, fora vocais interessantes e parte quase que Progressivas no meio do pesadelo de mudanças caóticas da canção (não se apegue a nada, é a melhor forma de assimilá-la). E se ainda não conseguiu assimilar tantos contrastes, é melhor se preparar, pois é o que terá em “Evolved and Raw” mais uma vez, com contrastes de tempos mudando, vocais ferozes e outros mais suaves, partes quase jazzísticas suaves e outras de peso agressivo. O começo é mais calmo e sensível, com lindas melodias e vocais macios, e assim temos “Digital Ocean”, com uma bela linha melódica mais complexa (reparem bem no trabalho técnico do baixo), e para dar um toque extra de classe, uma participação especial de Warrel Dane que termina em um crescendo que precede a continuidade da calmaria e um belo solo surge. E lá vem muito Groove e agressividade transpirando na gordurosa e moderna “Talking To”, mas logo momentos mais brandos contrastam com uma pancada New Metal de primeira. E fechando, a linda “Essential Ignorance (Piano Version)”, um remake em piano e voz da canção do primeiro EP do grupo, que ficou linda.

No mais, o INSTINCTED veio para mostrar que caos e criatividade podem ter espaço, e estarem associados a boa qualidade, se você tiver mente aberta.

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