2016
Selo: Heavy Metal Rock
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. Tyr
2. UruR
3. Isa
4. MannaR - Drivande
5. MannaR - Liv
6. Raido
7. Pertho
8. Odal
9. Wunjo
10. Runaljod
Banda:
Lindy-Fay Hella - Vocais
Einar “Kvitrafn” Selvik - Vocais, chifres, harpas, flautas,
bateria, percussão, programação
Convidados:
Arne Sandvoll - Vocais
H.C. Dalgaard - Vocais
Eilif Gundersen - Lure, chifres, flauta, percussão de gelo
Ask Einarson Nybro - Vocais em “Odal” e “Wunjo”
Tuva J. Einarsdatter Nybro - Vocais em “Odal” e “Wunjo”
Skarvebarna Children's Choir - Vocais em “Wunjo”
Contatos:
Site Oficial: http://www.wardruna.com/
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Instagram:
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail: kvitrafn@wardruna.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
No fundo do coração de todos nós, existe algo de pagão, algo
ancestral e que nos une aos nossos ancestrais que há muito partiram. Este é o
motivo de que regras e cultos, ensinos e filosofias, não conseguem destruir o
fascínio que o passado exerce sobre cada um. Muitos possuem ligações com as
formas de paganismo europeias (em especial a nórdica), outros com os indígenas
da América, outros tanto com o paganismo africano, enfim, sempre há traços
fortes do paganismo, e alguma de suas manifestações irá seduzir você. E isso
acaba sendo trazido para o Pagan/Folk Metal e suas manifestações, sejam
estrangeiras ou nacionais, e é a principal motivação do estilo atrair tantos e
tantos fãs. E pelo que se ouve em “Runaljod - Ragnarok”, terceiro álbum do grupo
norueguês WARDRUNA, de Bergen, vocês serão seduzidos pelo trabalho deles. E o
melhor de tudo: ele ganhou uma versão nacional graças aos esforços da Heavy
Metal Rock.
Antes de tudo, não esperem do WARDRUNA algo pesado e
agressivo. Não, o enfoque da banda não é na velha fórmula guitarra + baixo +
bateria. Aqui, usa-se um insight mais atmosférico e climático, voltado para o
uso de instrumentos tradicionais da música Folk como harpas, chifres, flautas e
outros. Mas longe de outros grupos, o trabalho do grupo nada tem alegre ou
festivo, sendo mais introspectivo e, em certos momentos, soturno. Uma boa
denominação seria Ambient/Folk, baseado em vocais pagãos, orquestrações e
ambientações densas, baseados em instrumentos não muito convencionais. Mas é
justamente este experimentalismo que lhe concede personalidade e vida bem
particulares.
Verdade seja dita: a produção de “Runaljod - Ragnarok” não é
simplória, e demandou muito esforço. O trabalho Einar “Kvitrafn” Selvik na
produção, gravação engenharia sonora e mixagem não foi simples, mas ele
conseguiu uma aura mística e uma sonoridade atmosférica incríveis, tendo o
acabamento dado pela masterização de Tony Lindgren. Desta forma, a qualidade
sonora do disco é ótima, nos permitindo entender e absorver tudo que há de
melhor na música do grupo.
A arte gráfica em si é linda, e merece aplausos.
Fora a runa da capa, no encarte temos fotos, letras e todos
os detalhes técnicos do CD. Mas como a banda canta em sua língua natal, ainda
temos a gentileza das letras traduzidas para o inglês, o que permite que um
público mais amplo possa compreender os temas tratados pelo grupo. Ainda se
encontram explicações sobre runas, e mesmo sobre o teor lírico, já que “Runaljod
- Ragnarok” encerra uma trilogia criada pelo grupo (antecedido por “Runaljod - Gap
Var Ginnunga” de 2009, e “Runaljod - Yggdrasil” de 2013).
Sinuoso, denso e atmosférico, os detalhes de “Runaljod -
Ragnarok” vão sendo absorvidos por nossos sentidos de forma bem gradual, pois é
bem rico e expressivo aos nossos sentidos. Além disso, é uma ótima opção quando
nossos ouvidos estão um pouco cansados de só Metal e Rock.
Chega a ser um ato de suma covardia destacar uma ou outra
faixa do disco. Mas apenas como referência aos fãs, indicamos as seguintes:
“Tyr” - Grandiosa e cheia de partes envolventes com vocais
altamente viciantes, fora a presença de baterias tribais e chifres sendo
soprados. As melodias evitam a complexidade “dândi”, e por isso, nos evolve.
“UruR” - Usando sua duração longa (mais de 10 minutos de música),
a banda vai nos ganhando pouco a pouco devido aos muitos arranjos musicais e às
mudanças de atmosferas. É algo diferente, surpreendente e, além disso,
maravilhoso.
“Isa” - Esta é cheia de lindas partes de vocais femininos
estilizados contrastando com vocais masculinos, mais o uso de percussões de
gelo, em uma aura pagã/Folk. Não chega a ser complexa, e por isso, é muito
envolvente.
“MannaR - Drivande” - Uma instrumental rica em detalhes
muito bem feitos, em partes de instrumentos de sopro ótimos. A aura introspectiva
e densa é apaixonante, e nos embala.
“MannaR - Liv” - Grandiosa, esta é preenchida de belíssimos
vocais e arranjos de cordas fenomenais, fora as percussões estarem lindas.
“Raido” - Outra que é valorizada pelo contraste de vocais
masculinos e femininos, que se complementam e vão sendo feitos sobre belíssimos
arranjos de cordas e percussões.
“Odal” - Como o grupo sabe usar bem os vocais e as partes
percussivas, além de flautas e adornos de cordas e flautas de primeira. É uma
canção focada mais em belíssimas linhas melódicas.
“Runaljod” - Justamente por ser a faixa que fecha o disco,
se espera algo apoteótico. E é isso que se encontra com muito uso de sopros e ótimas
partes percussivas, além de vocais em tons mais sombrios, criando uma
ambientação melancólica e densa.
No mais, o WARDRUNA mostra seu valor, e “Runaljod - Ragnarok”
se torna uma peça indispensável na coleção dos fãs de Folk/Pagan Music. Sim, não
falo apenas as vertentes voltadas ao Rock ou ao Metal, mas para todos os fãs de
boa música.
E tenho dito!