2016
Independente
Nacional
Nota: 8,0/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
A fertilidade do Brasil para bandas de Metal extremo é algo
realmente surpreendente.
Basta olhar para publicações de confiança, como sites,
revistas e zines e ver no número de bandas que se dedicam às vertentes mais esporrentas
do Metal. O grupo não é pequeno, e poderíamos aferir que 75% das bandas
nacionais dedicam seus esforços ao Thrash Metal, ao Death Metal, ao Black Metal
ou alguma de suas vertentes. E isso torna o trabalho de se sobressair em meio
ao dilúvio bem difícil.
Mas ainda bem que temos sorte, pois vez por outra surgem
bandas promissoras, como o quinteto VULTURE WINGS, de Teresópolis (RJ), que
chega com seu primeiro lançamento, o EP "Funeral Grounds".
A banda segue uma linha mais clássica dentro do Death Metal,
algo próximo a bandas como ENTOMBED e DISMEMBER de seus primeiros trabalhos,
embora não se furtem a usar elementos um pouco mais modernos. E assim, a música
da banda se destaca justamente por ter uma gama de influências que os retira do
bojo das bandas que só fazem mais do mesmo, ou daquelas que nem chegam a tanto.
O VULTURE WINGS veio para acrescentar, para somar, e não para ser apenas mais
um em meio a tantos.
O conhecido produtor Daniel Escobar foi quem pôs a mão na
massa e acompanhou a gravação, mixou e masterizou o EP, tudo feito no HR
Studio, tendo a própria banda com ele na produção. Óbvio que o trabalho soa
brutal e cru nas medidas certas, com o peso vindo das músicas em si, e não da
gravação. E, aliás, que se diga de passagem: a banda está com uma sonoridade seca
e translúcida, nos permitindo entender o que eles estão fazendo. Óbvio que
ainda não é o auge do que pode ser feito, mas está em um bom nível.
Tanto a arte como o layout ficaram nas mãos de Augusto
Miranda, que mesmo na simplicidade de cores, fez algo muito bom e funcional, e
que se encaixou como uma luva na proposta do grupo.
Musicalmente, o VULTURE WINGS se mostra uma banda que foge
da acomodação, de repetir as fórmulas já erodidas pelo uso abusivo, e busca dar
sua contribuição. E justamente pela diversidade musical das influências
individuais de cada músico que tudo ganha uma vida diferenciada, aquele toque
essencial, aquele algo a mais que faz o trabalho ter sentido, fluindo em cada
detalhe, em cada arranjo. E em "Funeral Grounds", eles usam de
músicas com média de duração de cinco minutos, logo, conseguem exibir bastante
dinâmica, nunca ficando em um único tipo de andamento ou arranjos.
"Oath With No Words" é uma instrumental bruta e
climática que vai preparando o ouvinte para o porradeiro que se aproxima. E ele
chega de forma grotesca e explosiva em "Tower of Silence", uma música
com uma bela dinâmica de andamentos e belo trabalho das guitarras (reparem como
os detalhes para o grupo são importantes) e mesmo alguns momentos em que o
baixo se destaca. Em "Walking Corpse Syndrome", o ritmo é mais
cadenciado, com a bateria mostrando sua força e técnica, ao mesmo tempo em que
os vocais usam bastante o contraste entre urros guturais e gritos rasgados, mas
reparem bem como mais uma vez as guitarras estão com riffs ótimos e solos não
muito convencionais. Fechando, temos "Necrophagous Majesty", um
pesadelo sonoro que é cheio de elementos fora do Death Metal em termos de baixo
e bateria, mas que poucos podem perceber, e, além disso, é recheada de mudanças
rítmicas e vocais guturais no melhor estilo.
Teresópolis está se tornando uma nova força do Metal no RJ,
e pelo visto, o VULTURE WINGS deve se tornar umas das forças do Metal na
cidade.
Tem muito futuro, e isso chega a ser óbvio.
Músicas:
1. Oath
With No Words
2. Tower of
Silence
3. Walking
Corpse Syndrome
4. Necrophagous
Majesty
Banda:
João Valentim - Vocais
Alan Machado - Guitarras
Willian Passos - Guitarras
Ted Fernandes - Baixo
Wellington Cunha - Bateria
Contatos: