2016
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Nos domínios do Metal extremo, a fusão do Death Metal com o
Thrash Metal é algo antigo, feito desde a segunda metade dos anos 80 e um
pedaço da década de 90. E nos dias de hoje, muitas bandas buscam equilibrar esta
mistura, sem descaracterizar o gênero. No Brasil, o estilo já possui uma
escola, onde novos nomes estão surgindo e ampliando fronteiras com novas
possibilidades. E um nome ótimo é o do quarteto DYSNOMIA, de São Carlos (SP),
que após lançarem o EP "As Chaos Descends" de 2013, agora voltam com
seu primeiro álbum, o destruidor de pescoços chamado "Proselyte".
A banda refinou um pouco mais o estilo, mantendo a
brutalidade e agressividade do Death Metal com a técnica e pegada do Thrash
Metal, mas incorporou certo fundo melódico que mantém suas canções mais
concisas (reparem bem como os solos estão bem mais trabalhados e mantendo
coerência melódica). Mas não se preocupem: a esporreira infernal de antes está
intacta, apenas mais robusta e objetiva. E é bom prepararem os pescoços para o
torcicolo!
Gabriel do Vale e o próprio quarteto dividiram a
responsabilidade de produzir "Proselyte", e Gabriel ainda mixou e
masterizou o disco no Nova Estúdio, e a banda conseguiu um bom nível em termos
de qualidade sonora. Os timbres dos instrumentos estão muito bem, conseguindo
aliar todos os aspectos musicais que compõem a personalidade do DYSNOMIA de
maneira harmoniosa e coesa. E o melhor de tudo: a agressividade da banda está
muito bem equilibrada com a limpeza necessária.
Do lado artístico, falar de Gustavo Sazes é chover no
molhado. Mais uma vez, uma bela arte, que captou perfeitamente a mensagem azeda
que a palavra "Proselyte" tem, e soube esboçá-la em forma de arte. E
isso tudo embalado em um Slipcase providencial.
"Prosélito" (tradução do termo para nossa língua) era
uma denominação dada aos convertidos ao Judaísmo na antiguidade, mas que foi
adaptado não só ao âmbito religioso, mas mesmo ideológico/social/político. E
realmente, é tão atual que nunca vimos as pessoas se degladiando por tudo, em
especial nas mídias sociais. E é esse o lado que o DYSNOMIA trabalha suas
letras críticas.
A música da banda atingiu um nível de maturidade ótimo desde
"As Chaos Descends", e "Proselyte" é justamente um passo
adiante, mostrando que tudo no grupo evoluiu bastante. É ouvir e ficar grudado!
Destaques: a brutal e bem trabalhada "Ascension"
com suas mudanças de tempo e excelente trabalho de baixo e bateria; a feroz e
agressiva "Palingenesis" com mais mudanças de ritmo, mas mesmo assim,
as guitarras da banda mostram um serviço de primeira nos riffs e solos; "Proselyte"
e seu ataque de riffs opressivos e contagiantes, além de vocais urrados muito
bem encaixados nas partes instrumentais; a bela e criativa "Sisyphus",
que tem um início melodioso e com partes de guitarras limpas, mas que vira um
caos de peso e rispidez logo, sempre mantendo a qualidade musical do grupo em
arranjos de primeira (reparem como algumas melodias sombrias dão as caras); e a
avassaladora e rápida "Obsolete Humachinery" com seus arranjos mais
brutais, mas sem perder a noção técnica.
"Proselyte" vem coroar um bom momento para o
DYSNOMIA, que tem tudo para ir ainda mais longe. Por agora, é bom arrumarem cremes
para torcicolo!
Músicas:
1. Ascension
2. Palingenesis
3. Proselyte
4. Spiralling into Oblivion
5. Sisyphus
6. Begotten
7. The
Storm Arrives
8. Obsolete
Humachinery
Banda:
João Jorge - Vocais, guitarras
Julio Cambi - Guitarras
Denilson Sarvo - Baixo
Érik Robert - Bateria
Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)