2016
Independente
Nacional
Nota: 8,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
O Brasil, com toda sua diversidade em termos de Metal, tem
permitido que sonoridades do passado e do presente convivam juntas (embora
muitas vezes, de forma desarmônica, graças ao radicalismo vazio de muitos). É
importante perceber que isso faz parte de uma dinâmica complexa, pois a
formação e sonoridade de uma banda dependem muito do "background"
musical de cada um de seus integrantes. E o mais legal é quando não há tanto
entendimento entre todos os envolvidos, já que isso vai acrescendo influências
diversificadas à música de um grupo. E mesmo que de forma sutil, é o que se
percebe em "Future Into Dust", primeiro álbum do quinteto AEON PRIME,
de São Paulo.
Podemos aferir que o grupo usa como base de sua música o
Heavy Metal tradicional, trazendo contribuições tanto da NWOBHM como do American
Metal, além de uma dose bem sensível do Metal tradicional moderno. Soa pesado e
melodioso, mas ao mesmo tempo possui uma dinâmica agressiva e intensa, além de ter
energia de sobra. É uma banda que ainda vai render bem mais no futuro, mas que
no momento, já está muito bom e dando sinais que pode se agigantar.
Pedro Esteves (do Masterpiece Studio, e guitarrista do LIAR
SYMPHONY) foi o produtor do disco, sendo que ainda mixou e masterizou tudo. O
resultado é uma sonoridade limpa e cristalina, permitindo que tudo do trabalho
musical do grupo possa ser assimilado sem esforços. Mas ao mesmo tempo, existe
um peso intenso aliado a melodias preciosas, algo que ficou muito evidenciado.
Já a arte é de Ed Anderson para um conceito concebido por
Fernando Laruccia, dando uma visão um pouco soturna sobre o futuro que pode ser
criado a partir das experiências do hoje. E por isso, encaixa como uma luva na
música do quinteto.
A música do AEON PRIME se destaca pelo conjunto, pela
solidez da banda como um todo, já que arranjos e dinâmica entre os instrumentos
privilegiam justamente a força da fusão dos talentos individuais. É bem feito, com
muita melodia e energia de sobra.
Músicas como "Coliseum" e sua forte carga
melodiosa (com uma pegada envolvente, recheada por um trabalho muito bom de
baixo e bateria), assim como as guitarras de "Future Into Dust" (que
mostram belos solos bem construídos), passando pela força introspectiva e densa
de "Revolving Melody" e suas linhas vocais de primeira, além da mais
moderna "The Commandments" e seus arranjos um pouco mais técnicos, a
macia e introspectiva "About Dreams and Lies" (com seu trabalho acústico
de cordas de primeira, fora o jeitão meio obscuro em certas partes), a grudenta
"Newborn Star" e seus arranjos ótimos de guitarra, e a agressividade melodiosa
de "In the Depths of Me" (com belos backing vocals, além de baixo e
bateria mostrarem uma precisão absurda, e um peso fantástico) são mostras de
uma banda que ainda tem muita lenha para queimar, e muito que provar, mas que
está no caminho certo.
Uma bela revelação, verdade seja dita.
Músicas:
1. Coliseum
2. Future
into Dust
3.
Revolving Melody
4. Ghost
5. The
Commandments
6. Deadly
Sacrifice
7. About
Dreams and Lies
8. Newborn
Star
9. In Gold
We Trust
10. In the
Depths of Me
Banda:
Michel de Lima - Vocal
Yuri Simões - Guitarras
Felipe Mozini - Guitarras
André Fernandes - Baixo
Rafael Negreiros - Bateria
Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)