2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Bem, não é novidade para ninguém que, desde a década de 70, diferentes influências musicais e ideológicas foram sendo aglutinadas ao Metal como o conhecemos, a ponto das novas gerações não perceberem o quanto esse movimento foi intenso. E uma das maiores é, sem sombra de dúvidas, a influência do Punk Rock e do Hardcore. Ou o caro leitor acha que a questão "underground X mainstream", o famoso "Do It Yourself", a consciência de uma cena local que se une à nacional, além da própria influência no que tange a música vieram de onde?
Minhas palavras podem chocar muitos, mas que seja: não existiriam IRON MAIDEN (pois lembro-os que Paul Di'Anno é oriundo da cena Punk inglesa), nem mesmo METALLICA (quem se esqueceu que James e Kirk, em um passado remoto, usavam camisas de bandas de Hardcore?) existiriam. E nem ao menos existiria Metal extremo, pois Thrash, Death e Black Metal são estilos que receberam uma carga de influências bem pesada do Punk/Hardcore. É algo inegável esta influência.
E como é ver que um dos pioneiros do Hardcore na ativa, lançando discos e cuspindo anarquia e caos em sua música.
Sim, o DISCHARGE, clássico grupo inglês do gênero e um dos maiores responsáveis pela popularização do estilo, está de volta com "End of Days", que ganhou versão brasileira graças à Shinigami Records.
O que a banda está tocando em "End of Days" nada mais é que o estilo que a popularizou, aquela mesma forma crua e direta de Hardcore, feita com canções curtas, sem muitas firulas (embora o quinteto não se prive de certa qualidade técnica), com vocais rasgados em timbres normais bem intensos, riffs de guitarra certeiros e solos com ótima noção melódica, e uma base rítmica coesa e firme, dando condições da banda evoluir muito bem suas músicas. Ou seja, é o bom e velho DISCHARGE da época dos clássicos "Why?" e "Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing", que tinha legiões de fãs entre os headbangers brasileiros nos anos 80 (entre eles, Max Cavalera, que chega a usar uma camisa com o logo do grupo em fotos bem antigas, da época do "Morbid Visions"). É cru, direto e cheio de energia, além de cativante.
A produção sonora do grupo é daquelas que resgatam a sonoridade antiga da banda, desfilando suas canções com uma sonoridade crua e seca. Os timbres são bem simples, o mais perto possível do natural. Mas mesmo assim, é possível compreender o que a banda está tocando, bem como entender seus arranjos. Ou seja: é a qualidade sonora que o grupo quis para sua música, e na qual ela ganha vida e intensidade. Até a capa faz referência ao passado mais direto e anárquico do quinteto.
O DISCHARGE não fez de "End of Days" um disco como uma "comeback" às suas raízes Hardcore, apenas deu seqüência ao estilo que eles mesmos criaram lá nos anos 70. Temos aqui um apanhado de 15 músicas muito boas, com arranjos musicais simples, mas a energia é absurda.
"End of Days" nasceu um disco de primeira linha, e é difícil destacar uma ou outra canção. Cito a crueza cheia de energia de "New World Order", o caos anárquico que é ouvido em "Raped and Pillage" (esta com vocais gritados de primeira) e "End of Days" (que é tão cativante e cheia de energia que é impossível ficar parado), a mais cadenciada e crua "The Broken Law" (que apresenta um trabalho interessante de baixo e bateria), a curta e grossa "Meet Your Maker", a infecciosa "Infected" (cheia de riffs e solos de primeira, mostrando de onde veio a influência dos riffs de Thrash Metal), e a abrasiva "Population Control".
E cuidado, pois "End of Days" é tão grudento que você vai ficar viciado.
Compre sua cópia, e não seja um idiota que faz downloads ilegais. O DISCHARGE merece, pois "End of Days" é um dos melhores discos do ano, sem sombra de duvidas!
The Nightmare Continues...
Músicas:
1. New World Order
2. Raped and Pillaged
3. End of Days
4. The Broken Law
5. False Flag Entertainment
6. Meet Your Maker
7. Hatebomb
8. It Can't Happen Here
9. Infected
10. Killing Yourself to Live
11. Looking at Pictures of Genocide
12. Hung Drawn and Quartered
13. Population Control
14. The Terror Alert
15. Accessories by Molotov (Part 2)
Banda:
JJ - Vocais
Bones - Guitarra solo
Tezz - Guitarra base
Rainy - Baixo
Dave Caution - Bateria
Contatos: