13 de dez. de 2015

VOICELESS - Senseless (CD)


2015
Independente
Nacional

Nota: 9,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Ocorre muito no Metal em nível mundial a união de membros de várias bandas para criar um projeto paralelo, que pouco ou nada possui com as bandas principais. Muitas vezes, a coisa vai pro brejo, com trabalhos muito aquém do que esperamos. Outras vezes, surgem trabalhos que merecem aplausos, tão bons ou mesmo melhores que aqueles aos quais os músicos se dedicam integralmente. E mesmo no Brasil, isso não muda, e temos no trabalho do quinteto VOICELESS, de São Luís do Maranhão, algo ótimo. Basta uma audição cuidadosa de "Senseless" e perceber que estamos lidando com um trabalho de primeiríssima qualidade.

É preciso citar que temos membros do PÚRPURA INK e JACKDEVIL na banda, e ao mesmo tempo, sejamos francos: não procure nem o Hard Rock melodioso do primeiro ou o Thrash Metal Old School do segundo no trabalho do VOICELESS. Aqui, temos um Metal moderno, agressivo e bruto, recheado de vocais agressivos (sim, vocais extremos), mas assentados sobre base musical técnica, com um refinamento musical diferenciado. Aqui, não é algo que se vê em bandas de Death Metal melódico, longe disso. Eles realmente conseguiram um meio termo ótimo entre o lado mais tradicional e extremo da música. E isso faz a diferença, sendo um ótimo disco.

Felipe Stress produziu, mixou e masterizou tudo no Acústica Studio. O resultado é uma sonoridade moderna, abrasiva, mas limpa e ótima. Tudo que podemos querer do trabalho musical da banda está exposto, sem nada ficar oculto. E a arte de Arthur e Raul Tribuzi ficou ótima como um todo (deem uma olhadinha no encarte que a banda disponibilizou em seu site), sabendo ter uma capa bonita e um layout ótimo.

O VOICELESS consegue unir arranjos melodiosos e bem requintados com um lado bem agressivo em termos de Metal. Dadas as devidas proporções, imaginem "Painkiller" ou "Jugulator" sendo cantados por um vocal extremo, e terão uma idéia do que os aguarda, mas ao mesmo tempo, o material da banda é bem diversificado, com arranjos musicais bem feitos.

Em dez faixas preciosas, eles mostram uma qualidade absurda, e as melhores são:

InSanity - Faixa de divulgação do disco, com um lyric video disponibilizado. É recheada de mudanças de andamento, riffs ótimos e vocais bem encaixados, sem perder o lado melodioso um momento que seja. E alguns vocais mais limpos aparecem vez por outra.

End of Mankind (Your Own God) - Mais rápida e agressiva, onde baixo e bateria usam de boa técnica e abusam de mudanças de ritmo. É incrível não só a diversidade musical, mas como ela é harmoniosamente bem trabalhada.

Senseless - Um pouco mais cadenciada, com algumas "guitarradas" bem fortes. A técnica e bom gosto se alinharam para criar algo único e diferenciado, adorado por vocais urrados ótimos.

Devil Within - cheia de ritmos quebrados, o que mostra como a banda como um todo tem técnica. Mas basta observar os riffs e perceber uma certa dose de Thrash Metal neles em alguns momentos. E novamente o contraste entre vocais urrados e limpos é um dos pontos mais fortes da música.

Age of Revolution - Peso abrasivo se faz presente, usando algumas mudanças de tempo para tornar a música ainda mais interessante. Mas como é bom ver surgir no meio da agressividade alguns toques mais melodiosos nas guitarras.

Heartless Machines - Mais união entre agressividade, técnica e melodias na medida exata. E a banda mostra que a força de seus riffs e mesmo de momentos mais introspectivos são uma parte essencial de sua música.

Messengers of the Universe - Uma faixa empolgante e variadíssima em termos de andamentos. Arranjos muito bons de guitarras mais uma vez. E como os vocais brutos se encaixaram perfeitamente, além de alguns momentos onde os limpos aparecem, e mesmo alguns backing vocals dão as caras.

The Conquering - Como esses vocais fazem um trabalho ótimo! E é incrível como o encaixe deles na base instrumental é espontâneo. E vemos nessa faixa um lado um pouquinho mais moderno, mas com alguns arranjos que não são convencionais ao Metal.
Voice of Hope - QUE MÚSICA INCRÍVEL! O uso de algumas cordas mais limas, junto com toques mais melodiosos e introspectivos a tornam um dos pontos altos do disco, mesmo sendo rigorosamente uma canção instrumental!

Voiceless - Outra instrumental, só que mais calma e lenta. Serve como encerramento do disco e tem como convidado João Vitor Soares. O uso de violão é uma estratégia batida, mas sempre muito boa, e aqui, os frutos são ótimos.

O VOICELESS tem futuro, o disco pode ser ouvido na site oficial da banda ou no Spotify, logo, aproveitem a oportunidade de conhecer este excelente nome dessa nova safra do Metal brasileiro que está surgindo.




Músicas:

01. InSanity
02. End of Mankind (Your Own God) 
03. Senseless 
04. Devil Within 
05. Age of Revolution 
06. Heartless Machines 
07. Messengers of the Universe
08. The Conquering 
09. Voice of Hope
10. Voiceless


Banda:

Arthur Tribuzi - Vocais extremos
Alexandre Tanabe - Vocais, guitarras 
Chris Wiesen - Guitarras 
Raul Tribuzi - Baixo
Felipe Stress - Bateria


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