2015
Nacional
Nota 8,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Nada como alguns anos de experiência não possam fazer por uma banda que tenha vontade de mostrar a cara.
Há alguns anos, lembro de citações bem negativas ao Death/Doom Metal do quarteto alemão PYOGENESIS. Mas como expressa um velho ditado, "bom cabrito não berra", ou seja, eles insistiram, sobreviveram a tudo e todos, e evoluíram, ao ponto de começarem um trabalho ótimo, fugindo de padrões e criando uma identidade. E hoje, mais voltado ao Metal mais melodioso e limpo (embora ainda traga elementos do lado mais extremo do Metal), eles mostram que podem ser relevantes em "A Century in the Curse of Time", que ganha sua versão nacional pela Shinigami Records.
O quarteto usa de um híbrido entre Metal tradicional com alguns toques de Stoner e Hard Rock antigos, mais alguma coisa das melodias envolventes do Pop Rock/Rock Alternativo à lá ALICE IN CHAINS e SOUNDGARDEN, e se sai muito bem, criando uma música ganchuda, atraente devido às boas doses de acessibilidade musical e cheia de vitalidade. E sim, é bem personalizado, a cara deles.
Flo V. Schwarz (guitarrista/vocalista/tecladista do grupo) fez a produção do CD, bem como acompanhou a gravação e fez a mixagem em parceria com Arne Neurand, e com a masterização de Olman Viper. O resultado é uma sonoridade forte, com boa dose de peso e permite que cada elemento musical que forma a personalidade do PYOGENESIS esteja bem evidente, com boas doses de peso e bons timbres, mas com clareza instrumental muito boa.
A arte de Stanis-W Decker ficou excelente e refinada, desde uma capa criativa ao layout bem rico em detalhes e muito bem acabado.
O PYOGENESIS realmente deu uma guinada enorme, mas foi para algo com mais qualidade e acessível, e que lhes permite serem mais originais, musicalmente falando. O trabalho do quarteto se baseia mesmo em músicas mais melodiosas e ganchudas, com arranjos não muito complexos, mas sempre com bom gosto.
Pyogenesis |
O disco todo é muito bom, e uma aula de como se faz Rock'n'Roll.
Steam Paves Its Way (The Machine) - Uma faixa com muito vigor e bem trabalhada, alternando momentos mais melodiosos e outros mais intensos, com alguns vocais urrados e certa dose de agressividade (alguns riffs chegam a lembrar o Death Metal sueco). Mas o ponto forte da canção é sua base rítmica, com baixo e bateria dando uma aula de peso e força.
A Love Once New Has Now Grown Old - Começa rápida e com riffs bem agressivos, mas logo vemos uma faixa que transita entre aspectos do Hard Rock e Pop Rock, ganchuda e com belo trabalho das guitarras.
This Won't Last Forever - Mais introspectiva e acessível, é quase uma balada, exceto pelo fato que existem riffs de guitarra com distorção forte. Mas nos momentos mais amenos, é uma música envolvente e com ótimas melodias, além de uma dose saudável de acessibilidade e bons vocais.
The Best is Yet to Come - Aqui, temos um Pop experimental à lá anos 70, mas sendo a típica música mais comercial do disco. Tem um jeitão bem ameno e de fácil assimilação por um público mais, com um belo trabalho dos backing vocals.
Lifeless - Oscilando entre momentos mais introspectivos e melodiosos, é uma faixa que desafia o radicalismo do ouvinte, pois ela gruda nos ouvidos e não saem mais. Óbvio que um radicalóide sem cérebro nem se exporá em nome do que acredita, mas é uma canção certeira, melodiosa e envolvente, mesmo mostrando uma dose de introspecção muito forte.
The Swan King - Outra canção bem eclética, com alguma coisa nas guitarras que lembram os timbres do DEF LEPPARD em alguns momentos. Mas como a cançã transita entre o Hard Rock e o Pop Rock, não é de se estranhar.
Flesh and Hair - Também bem eclética, com belos backing vocals em meio à colcha de riffs mais amenos e com timbres bem sacados. Sim, eles não possuem medo de ousar, e vão fundo no que querem. Destaque para os vocais, que oscilam de timbres fortes, outros mais suaves e outros bem Goth.
A Century in the Curse of Time - Uma canção bem variada, cheia de mudanças rítmicas, pois por ser longa (mais de 14 minutos de duração). Ela oscila entre o peso e intensidade melodiosos e momentos mais introspectivos e limpos sem pudores.
Pode ser que "A Century in the Curse of Time" não satisfaça os mais radicais, mas é um disco muito bom, e de uma ousadia muito grande.
Músicas:
1. Steam Paves Its Way (The Machine)
2. A Love Once New Has Now Grown Old
3. This Won't Last Forever
4. The Best is Yet to Come
5. Lifeless
6. The Swan King
7. Flesh and Hair
8. A Century in the Curse of Time
Banda:
Flo V. Schwarz - Guitarras, vocais, teclados
Gizz Butt - Guitarras, backing vocals
Malte Brauer - Baixo, backing vocals
Jan Räthje - Bateria
Contatos: