Independente
Nota 8,5/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Raçudo, com um discurso político extremamente feroz, a banda gaúcha EU ACUSO! (cujo nome é baseado no manifesto "Eu Acuso", de Émile Zola, contra injustiças cometidas no julgamento do Capitão Dreyfus, acusado de traição contra a França. E esse manifesto é um marco histórico na luta contra o autoritarismo governamental) chega cuspindo fogo em "Liberdade Presumida", seu primeiro disco.
Fazendo um trabalho sonoro intenso, bem próximo ao Crossover com fortes influências de bandas de HC e Rapcore, se preparem, pois temos excelentes vocais (com boas noções melódicas e dicção clara), riffs de guitarra muito bem feitos (seja nos momentos mais distorcidos ou nos mais limpos), base rítmica bem pesada e com nível técnico, resultando assim em uma músico forte e vigorosa, e muito ganchuda.
Gravado, mixado e masterizado por Felipe Haider (que produziu o trabalho em parceria com o quarteto) no estúdio Felipe Live, temos uma qualidade sonora de bom nível, fazendo com que as músicas soem claras e cada instrumento esteja em seu devido lugar, com timbres bem sacados (e para o grupo, isso é essencial, já que os momentos mais Rapcore necessitam de timbres de baixo bem peculiares). A arte, um projeto criado por Sandré Sarreta (vocalista do grupo) e com ilustrações de Ronaldo Sabin, é extremamente bem antenada com o conteúdo lírico do grupo, usando tons de vermelho, preto e branco, dando um certo toque de anarquismo político ao aspecto visual.
Eu Acuso! |
E anarquismo é o que eles pregam em suas letras, acusando o sistema político de nosso país por cada evento ruim que nosso povo sofre, tudo isso embalado por uma música de boa qualidade e bom nível técnico, mas ao mesmo tempo, percebe-se que o grupo teve uma preocupação imensa em arranjar bem suas canções e soube polir cada uma ao ponto em que não se perca a agressividade, mas que fiquem com um técnica bem evidente. E este equilíbrio, especialmente neste estilo, não é lá algo simples de ser conseguido.
O trabalho do grupo é bem homogêneo, mantendo o nível, mas podemos destacar músicas como "A Verdade" (uma paulada na cara, com ótimos vocais e um refrão intenso), a pesada e azeda "Bala Perdida" (com um jeitão meio HCNY, bem BIOHARZARD, com bateria e baixo mostrando uma dinâmica ótima, fora o solo de guitarra muito bem pensando, sangrando melodias), a intensa e bem balanceada "Idade Mídia" (a influência de Rapcore é bem sensível, especialmente pelos vocais), a grooveada "Lona Preta" (com muito peso e riffs bem ganchudos), "Não Conte a Ninguém" (o baixista da banda é monstruoso, pois não só segura bem o ritmo, mas mostra uma técnica ótima, como nessa música), e a extremamente rapeada "Olho Por Olho/Sangue Por Óleo" (reparem na dicção dos vocais).
Uma ótima banda, um disco fantástico e que pode ser baixado gratuitamente aqui, mas vamos deixando de ser mão de vaca e comprando a cópia física, pessoal.
Tracklist:
01. A Verdade
02. Bala Perdida
03. Choque de Ordem
04. Choveu Sangue na Cidade
05. Mano Lugar
06. Idade Mídia
07. Lona Preta
08. Não Conte a Ninguém
09. Olho Por Olho/Sangue Por Óleo
10. Pela Janela do Bunker
Banda:
Sandré Sarreta - Vocais
Carlos Lots - Guitarras
Marcelo Cougo - Baixo
Ale Mandes - Bateria
Contatos:
www.euacuso.com.br
https://soundcloud.com/euacuso
https://new.myspace.com/euacuso
http://www.youtube.com/user/euacuso