Nota 9,0/10
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
É incrível como o Brasil é capaz de gerar bandas de ótima qualidade musical em suas terras, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, mostrando que aos pessimistas que se pode, mesmo tendo que se matar um leão por dia a tapas, fazer música de alto nível e criativa por aqui. E uma banda que realmente surpreende nesse aspecto é o KAPPA CRUCIS, vindos de Apiaí (situado no Sul do estado de São Paulo), um quarteto já bem experiente e conhecido no underground da sua região natal, e que agora lança seu segundo disco, "Rocks".
Antes de tudo, tentar rotular o grupo é um trabalho bem difícil, pois mesmo com a energia do Rock'n'Roll e Hard Rock, a banda ainda esbanja a elegância de bandas setentistas como DEEP PURPLE, e é esta fusão, este "caminho do meio" a maior característica do grupo, o motivo de soar tão bem aos ouvidos. E o disco transpira, antes de tudo, espontaneidade, as músicas fluem, em cada acorde e nota, de uma maneira natural, sem pretensões de descer nossa goela abaixo, mas de seguir direto ao coração. Misturando vocais excelentes (o contraste entre os vocais principais mais melodiosos e o trabalho dos backing vocals é ótimo), ótimas guitarras (riffs ganchudos e brilhantes, além de solos bem compostos e com técnica na medida certa), baixo e bateria bem entrosados (criando uma base rítmica sólida, mas com bom nível técnico), arranjos de teclados muito bons (que remetem diretamente ao Progressivo dos anos 70), temos um produto musical vibrante e cheio de personalidade, capaz de erguer múmias do sarcófago com facilidade.
Kappa Crucis |
O bom gosto e requinte musical do grupo são de saltar os olhos em um trabalho muito equilibrado e bem feito, com sua pegada bem envolvente e forte, gerando um trabalho que chega a superar "Jewel Box" (primeiro disco do grupo), onde as músicas ficam em um nível bem alto de composição. Não há nada dispensável em "Rocks" do início ao fim.
Melhores faixas: a longa e pesada "What Comes Down" (que transita entre momentos mais progressivos, e outros mais pesados e cadenciados, com ótimo trabalho de guitarras e teclados), a mais acessível "Mechatronic" (a bateria e o baixo estão fantásticos aqui, com andamentos bem ganchudos), a totalmente Rock'n'Roll "School of Life" (ótimos vocais e riffs fortes), a belíssima e mais macia (mesmo em seus momentos mais intensos) "Invisible Man", a eclética "Flags and Lies" (vejam que os andamentos e arranjos remetem a certos aspectos orientais em meio à técnica quase progressiva do grupo), com o mesmo ecleticismo aparecendo em "Nobody Knows" (apenas mais voltado ao peso e intensidade do Metal setentista), e "The Braves and the Fools".
Um disco ótimo, que merece estar na coleção de qualquer um. E em formato físico!
Tracklist:
01. What Comes Down
02. Mecathronic
03. School of Life
04. Invisible Man
05. Strange Soul
06. Flags and Lies
07. Nobody Knows
08. Between Night and Day
09. When the Legs are Wheels
10. The Braves and the Fools
Formação:
G. Fischer - Guitarra, vocais
R. Tramontin - Baixo, backing vocals
A. Stefanovitch - Teclados, backing vocals
F. Dória - Bateria, vocal de harmonia
Contatos:
http://www.somdodarma.com.br (Imprensa)