Metal Hammer – Importado
Nota 10
Por Marcos Garcia
Vozes femininas guturais dentro dos estilos extremados do
Heavy Metal estão se tornado mais e mais comuns, e infelizmente, muitas vezes, as
moças não conseguem fugir da sombra de mitos como Sabina Classen e Angela
Gossow, que criaram modelos novos, mas existem aquelas poucas que conseguem mostrar
algo diferente e fazer um bom trabalho.
O quarteto Mortad,
vindos da Velha Inglaterra e capitaneados por Somi Arian, vocalista de origem
iraniana, é um desses e acaba de soltar o seu primeiro Full Lenght, The Myth of Purity, via Metal Hammer.
O disco em si é um autêntico torpedo, com peso opressivo o
tempo inteiro, associados a uma brutalidade absurda, muita técnica e alguma
melodia em seus solos de guitarra, sem priorizar a velocidade (embora a usem
vez por outra), além de letras para lá de azedas, atirando firme contra o Estabilishment.
Apoiados por uma gravação limpa e inetnsa (já que a produção
foi feita pelo experiente Russ Russel, que já trabalhou com nomes como Napalm Death, Dimmu Borgir, entre
outros), não poderia deixar de ser um CD ótimo, com riffs e solos de guitarra
bem compostos e postados, baixo sempre ali dando peso (e deixando de fazer
apenas o feijão com arroz em alguns momentos), bateria bastante técnica, sempre
pesada e bem variada, fazendo com que o trabalho da banda não fique enfadonho, e
vocalizações insanas e competentes o tempo todo, sem serem apenas urros e
gritos sem sentido. A capa não é muito complexa ou trabalhada, mas bem
chamativa e expõe bem o conteúdo lírico da banda.
Musicalmente, o Death Metal técnico do quarteto se mantém em
um nível alto durante todo o disco, mas há destaques nas faixas All That’s Born Must Be Destroyed, que
começa com uma esporreira daquelas, mas logo vira uma música bem trabalhada e
contagiante, mesmos elementos encontrados em Waste of my Rage; na cadenciada, técnica e densa Mirage; a agressiva e variada Myth of Purity, com ótimas vocalizações
da parte de Somi, que mostra-se mais uma grata revelação do estilo, bem como os
ótimos riffs e solo de guitarra (este então mostra forte apelo melodioso), e a
bateria mostra bastante técnica; e na avassaladora The Voice, outra pancada instigante, densa, climática e agressiva, com
excelente trabalho de guitarras e vocalizações, com trechos cantados em persa e
que tem vídeo oficial bem famoso na net, e a música é uma homenagem da banda à Neda
Agah Soltan, uma jovem morta em 2009 em protestos pró-democracia e Direitos
Humanos básicos no Irã (Uma curiosidade: o nome Neda significa ‘voz’), ou seja,
versa contra os abusos de teocracias no nosso mundo.
Uma das grandes revelações do ano, sem dúvida!
Espero que algum selo nacional os lance por aqui, pois a música do quarteto é viciante!
The Voice
Tracklist:
01. All That's Born Must Be Destroyed
02. Waste of My Rage
03. The Heights
04. Mirage
05. Feels Like Suffocation
06. The Myth of Purity
07. I'm Not Interested in Being Interesting
08. By Default
09. The Voice
10. That Which is Humane
Formação:
Somi Arian – Vocais
Jonathan Hughes – Guitarras
Joseph Perumal – Baixo
Szymek Lawik – Bateria
Contatos: