2017
Independente
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
Disco 1 (Sand Crusader):
1. Scourge of Humanity
2. Thorns of Joy
3. Sand Crusader
4. The Awakening I
5. The Awakening II
6. Power to Believe
7. Mira
Disco 2 (Ancient Conquerors 2016):
1. Genghis Khan
2. Salah El Dine
3. Atilla the Hun
4. Xerxes I
5. Hiram
DVD:
Vídeos animados:
1. Scourge of Humanity
2. Thorns of Joy
3. Sand Crusader
4. The Awakening (I e II)
5. Power to Believe
6. Mira
7. Genghis Khan
8. Salah El Dine
9. Atilla the Hun
10. Xerxes I
11. Hiram
Guitar play through
12. Genghis Khan
13. Power to Believe
14. Salah El Dine
Banda:
Wael Daou - Guitarras, baixo
Emmanoel Penna - Bateria
Convidados:
Bruno Dourado - Vocais em “Scourge of Humanity”
Leon Penna - Vocais em “Thorns of Joy”
Eduardo Lobo - Vocais em “Sand Crusader”
Luiz Klaud - Vocais em “Sand Crusader”
Mira Said - Vocais em “Sand Crusader” e “Salah El Dine”
Marcelo Shiozaki - Vocais em “Power to Believe”
Victória Petra - Vocais em “Power to Believe”
Ana Rosa - Vocais em “Power to Believe”
Arlen Monteiro - Vocais em “Power to Believe”
André Gaby - Vocais em “Power to Believe”
Rabih El Banna - Vocais em “Power to Believe”
Marcos Saraiva - Baixo em “Scourge of Humanity”, “Genghis Khan” e “Salah El Dine”
Gleison Souza - Baixo em “Thorns of Joy”, “Awakening I” e “Awakening II”
Contatos:
Site Oficial: http://waeldaou.com
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Instagram: http://www.instagram.com/waeldaouofficial
Bandcamp:
Assessoria: http://heavyandhellpress.com.br/
E-mail: contato@waeldaou.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Uma das coisas mais difíceis dentro do Metal, e até mesmo do Rock como um todo, é um guitarrista conseguir se expressar para um público mais amplo em seus álbuns. Isso porque o paradigma que dita a obrigatoriedade da existência de um vocalista ainda é dominante. E por outro lado, existem aqueles discos orientados para guitarra onde ou se tem a impressão de ouvir uma aula, ou uma mostra desmedida de técnica auto-indulgente. Mas existem aqueles que fazem de sua música algo a mais, os guitarristas cuja expressão técnica/musical é sinônimo de musicalidade, bom gosto e completitude, ou seja, existe uma universalidade, pois sua música é para todos. E o Brasil tem em WAEL DAOU, guitarrista paraense, um dos seus grandes nomes nesse ponto. E após o maravilhoso EP “Ancient Conquerors”, ele agora retornar com seu primeiro álbum, o fantástico e perfeito “Sand Crusader”.
Muita técnica nos solos, doses infinitas de feeling e bom gosto, músicas extremamente bem arranjadas, algumas com vocais, as músicas de Wael fogem do ponto comum dos “guitar orientated albums”, que causam sono: as músicas são tão cheias de momentos e atmosferas diferentes que nos mantém atentos a cada momento. E é importante citar que "Sans Crusader" recebeu apoio da Lei Semear, do governo do Pará.
E não há como comparar a técnica de Wael com outros, uma vez que tendo estudado com Ziza Padilha (guitarrista, compositor e produtor) e com o libanês Elias Njeim (guitarrista), pois ela transpira influências de Metal (que vão do tradicional ao extremo), mais de música clássica, Jazz e um alinhavo melódico vindo da World/Ethnic Music (os traços de música árabe, herança cultural do guitarrista). Pode parecer quase que díspares entre si, mas estas influências fluem para um estilo fluido, sólido e único de se tocar.
Em termos que qualidade sonora, “Sand Crusader” beira o conceito de perfeição.
Gravando no Lgecy Studio, em Belém (PA), tendo Wael na produção, mais Marcos Saraiva na co-produção, e com o mago Brendan Duffey fazendo a mixagem e a masterização, é obvio esperar por uma qualidade sonora de alto nível. E é isso que temos, com tudo soando claro aos ouvidos, com seus timbres bem selecionados e suas devidas e equilibradas doses de peso e agressividade.
Além disso, a arte gráfica de Gustavo Sazes valorizou demais o CD, com uma capa linda, layout inteligente e uma diagramação ótima. Reparem como cada gravura vai despertando nossos sentidos para a mensagem musical e lírica das canções. E isso tudo em um luxuoso formato Digipack.
Se repararem, as canções de “Sand Crusader” representam um conceito único, embora se possa analisar cada uma separadamente. E justamente pela expressão que vem dos sentimentos mais íntimos da estória, a diversidade musical é envolvente, linda e terna, com lindas melodias contrastando com momentos pesados e brutais. Ira, melancolia, dor, amor, depressão, esperança... Todos são encontrados nas linhas do disco.
Abrindo o disco 1, temos a agressiva e pesada “Scourge of Humanity”, que apresenta vocais urrados e muita técnica, com tempos quebrados e momentos mais jazzístiscos (e reparem nos solos cheios de feeling e elementos diferenciados), seguida da envolvente e também agressiva “Thorns of Joy”, também cantada com vocais ríspidos e cheia de passagens técnicas, bom trabalho de baixo e bateria (nesta, se sente o feeling moderno do Death Metal melódico, e que solo cheio de influência de Jazz Fusion). A grandiosa e longa “Sand Crusader”, onde os elementos de World/Ethnic Music são mais claros, com lindas passagens de teclados, e que belíssimos vocais (quatro tipos de vozes diferentes, uma com jeitão de David DeFeis, outra mais agressiva em timbres rasgados, outros vocais extremamente guturais, e lindas vozes femininas dando aquele toque árabe essencial), sem falar que as guitarras aclimatam perfeitamente o ouvinte a cada um desses momentos. Seguindo, temos duas belíssimas instrumentais técnicas e cheias de nuances melódicas, que são “The Awakening I” (mais rápida e com enfoque mais Rocker) e “The Awakening II” (linda, mais introspectiva e sentimental), onde Wael expressa muito bem seu estilo fluido e melódico, sem que soe enjoativo (aliás, este é o ponto mais forte de seu trabalho). Em “Power to Believe”, o número de mudanças de passagens é imenso, lindíssimos arranjos e em seus mais de oito minutos, os vocais declamados dão a clara impressão de que há uma mensagem maior nela (como realmente há, se permitam captá-la com seus sentimentos). Fechando o álbum, temos “Mira”, com um uso bem pensado de pianos sob os solos cheios de feeling de Wael, e passagens Ethic e progressivas vão deixando cada vez mais claro qual o apelo do disco.
O disco 2 é o maravilhoso “Ancient Conquerors”, EP de estréia de Wael, já resenhado no Metal Samsara, que ganharam novas e modernas roupagens. E poder ouvir mais uma vez “Genghis Khan”, “Salah El Dine”, “Atilla the Hun”, “Xerxes I” e “Hiram”, com suas devidas explicações no encarte, não tem preço.
O disco 3, um belo DVD, temos as versões animadas de vídeos para todas as canções dos discos 1 e 2, cada uma delas com sua devida animação (tendo por fundo as imagens vistas no encarte do CD). E fechando “Sand Crusader”, temos 3 Guitar play throught de Wael para “Genghis Khan”, a linda “Power to Believe”, e “Salah El Dine”, e se percebe que a técnica dele é realmente transcendental em termos técnicos, pois sem exageros técnicos ou “shreds”, Wael surpreende pelo toque eclético e versatilidade, por estar fora de modelos pré-estabelecidos de como tocar as seis, sete ou oito cordas.
Não é a toa que Ibanez e Laney endorsam esta fera das guitarras!
Ah, sim: a mensagem que transpira em “Sand Crusader” é de evolução e paz, que todos possam dar as mãos, que o mal representado pelo preconceito e violência entre os povos seja extinto de nosso mundo. E de que todos, seja lá sua etnia ou religião, são iguais em tudo.
No mais, “Sand Crusader” é um disco fenomenal, agradável aos ouvidos e olhos, e um dos melhores discos de 2017, sem sombra de dúvidas!
10 é pouco!