2017
Selo: Mutilation Records
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
“Where the Warriors Ride...” (Demo-Tape 1998):
1. Masters of the Old War
2. Majestic South
3. Imperial Moon
“Blood of Wolves” (Tape EP 2004):
4. Intro
5. Frostland
6. Night Hordes
7. Pandemonic Creation
8. Honored Throne
9. Outro
Ensaio de 1997:
10. Cold Souls of the Forest
11. Funeral Winter
12. The Immortal Warrior
Faixa inédita:
13. The Evil
Ensaio de 1995:
14. Into the Cold Mist
Ao vivo, ensaios e covers entre 2006 e 2012:
15. Brave Blood Hero (Live in Curitiba, PR 2007)
16. Imperial Moon (Live in Curitiba, PR 2007)
17. Majestic South (Live in Lages, SC 2006)
18. Prelude to the Victory on Battlefield (Live in Blumenau, SC 2012)
19. Ride of the Valkyries (Live in Blumenau, SC 2012)
20. Countess Bathory
21. Black Metal War
Banda:
Surgath - Vocais
Sallos - Guitarras
Amaymon - Baixo
Bacchus - Bateria
Contatos:
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Poucos hoje em dia se lembram do quanto foi prolífica a cena Black Metal do Brasil entre o final dos anos 90 e o início do atual milênio. Grandes nomes surgiram naquela época, alguns que as areias do tempo sepultaram, sem nem mesmo deixarem um testemunho de uma Demo Tape ou de um Demo CD. Podemos falar de nomes como o BLACK COMMUNION do Rio de Janeiro, o SAEVUS de Juiz de Fora, entre tantos outros que deixaram um registro em forma de Demo Tape ou Demo CD. E estas são preciosidades que todo bom fã deveria conhecer, para ver como o cenário nacional não devia nada a qualquer outro. E são veteranos como MYSTERIIS, OCULTAN, LUVART, SPELL FOREST, MIASTHENIA, MALKUTH e outros que estão mantendo a velha chama acesa. Mas não esqueçamos um nome que é tão importante quanto estes, e que tiveram destaque na época: o grupo curitibano GREAT VAST FOREST, uma das pioneiras do Pagan/Black Metal de nosso país. E está dando sinais de que está vivo, forte e disposto a erguer suas espadas, pois “The Years of Cold Winter and Darkness (Tapes Compilation)”, lançado pela Mutilation Records.
O CD é, antes de tudo, uma compilação de materiais raros da banda, onde encontramos as músicas presentes nas Demos “Where the Warriors Ride...” de 1998, um ensaio de 1997, uma faixa inédita (“The Evil”), um ensaio de 1995, e faixas ao vivo, outras de ensaios e covers entre os anos de 2006 e 2012. E digamos de passagem: ouvir estas músicas, para veteranos, é uma viagem no tempo; para os mais jovens, uma obrigação para conhecer uma banda excelente.
A masterização do material é de Lord Mephyr (do SPELL FOREST), que deu uma vida nova às essas canções de batalha de longos anos. Mas sem que as faixas perdessem a crueza e autenticidade da época. A rispidez do som obedece à estética usada pelas bandas da época, como um tributo à sonoridade da SWOBM, e mesmo assim, se ouve cada instrumento e detalhe vocal sem grandes esforços. E a arte criada por Hioderman Zartan é cheia de fotos, cartazes, ingressos e outras lembranças importantes nesses 22 anos de história que o grupo acumulou, além de estar disponibilizada em um belíssimo formato Digipack.
Musicalmente, o GREAT VAST FOREST sempre foi uma banda de personalidade muito forte, com uma musicalidade que mistura a agressividade, crueza e rispidez da SWOBM com melodias sinistras feitas por teclados, guitarras com riffs marcantes e arranjos bem encaixados, baixo e bateria técnicos e sólidos na base rítmica, e vocais rasgados que são entremeados por vocais pagãos vez por outra. Um delírio em termos de Metal extremo, uma personalidade pulsando voraz por fazer um trabalho sedutor e que nos seduz. Influências de bandas seminais se fundem para criar um som diferenciado, com uma estética de arranjos bem delineada e uma dinâmica instrumental e vocal perfeita.
Ao ouvir o lado mais épico e sujo do grupo em “Masters of the Old War”, “Majestic South” e “Imperial Moon”; o lado ainda mais agressivo e seco de “Frostland”, “Night Hordes” (deliciosamente cadenciada e azeda), “Pandemonic Creation” e “Honored Throne”; a qualidade mais tosca que ressalta o lado SWOBM da banda em de “Cold Souls of the Forest”, “Funeral Winter” e “The Immortal Warrior”, além de “Into the Cold Mist”; e a força indomável ao vivo em “Brave Blood Hero”, “Imperial Moon”, “Majestic South”, “Prelude to the Victory on Battlefield” e “Ride of the Valkyries”, percebe-se claramente que o GREAT VAST FOREST foi e continua sendo uma das grandes potências do Metal extremo nacional, e que tende a ser um nome fortíssimo, pois música eles têm para isso, sem exageros!
E isso é comprovado por “The Evil”, que apesar da qualidade de gravação bem ruim, mostra toda a potencialidade do grupo. Não parece ter fim!
E ao ouvirmos as versões da banda para “Countess Bathory” (do VENOM, gravada em 1997), e “Black Metal War” (do GRAVELAND, esta gravada em 2006) mostram uma banda que, desde sua mais tenra origem, soube amadurecer, evoluir e crescer a ponto de poder refazer de forma excelente o que já era ótimo.
Além disso, a formação da banda mudou muito nesses 22 anos, mas cada um que passou deixou algo, aglutinou um toque pessoal que permanece na música da banda. Ou seja, imortalizou e contribui para que o Black Metal brasileiro fosse melhor.
No mais, parabéns ao GREAT VAST FOREST por nos conceder um trabalho de primeira como “The Years of Cold Winter and Darkness (Tapes Compilation)”, que nos prepara para a vinda de “From the Dark Times to the Black Metal Legions”, segundo álbum da do grupo que deve sair em breve.
Mas fica um pedido ao GREAT VAST FOREST e à Mutilation: que tal um relançamento tremendão de “Battletales and Songs of Steel”?
Já passou da hora...