Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Mesmo ainda tão jovem, o quarteto Thrasher VORGOK ainda
angariando fãs e boas críticas da imprensa especializada com seu primeiro
disco, “Assorted Evils”.
Aproveitando o bom momento, lá fomos nós bater um papo com
Edu Lopez, vocalista/guitarrista do grupo, e saber sobre passado, presente e
futuro do grupo.
BD: Oi Edu. Agradeço demais pela entrevista, e vamos nós:
quem conhece a fundo sua estória do Metal carioca, sabe que nomes como
NECROMANCER e EXPLICIT HATE fazem parte de sua carreira. E mesmo com o
relançamento de “A View of Every Side” em 2012 (que trás o álbum “A View from
the Other Side” e a Demo do EXPLICIT HATE), e de “Forbidden Art” (do
NECROMANCER) em 2014, você preferiu fazer algo novo. Qual o motivo? Não seria
mais fácil continuar com uma das bandas acima, que já possuem nome estabelecido
no cenário?
Edu Lopes: Além das bandas citadas teve também o ANSCHLUSS, que foi
a primeira banda de Metal de que fiz parte. Ocorre que, embora eu tenha
assistido e feito parte do surgimento da cena Thrash Metal no RJ, a minha “carreira”
foi muito, muito errática à época. Coisa que pode acontecer com qualquer
moleque. Tive uma passagem relâmpago pelo EXPLICIT HATE antes mesmo do
lançamento do único álbum da banda. Em 2013 houve uma tentativa de retomada da
banda. Porém, essa sempre foi a banda do Rodrigo e do Gustavo Santoro e toda
iniciativa e direção musical sempre dependeram deles. Quem quer que seja que
complete a formação será sempre apenas um “tripulante”. Por uma série de
razões, a banda fez um único show com o Nervochaos e Headhunter D.C. e parou
novamente. Quanto ao NECROMANCER, que são também amigos lá dos anos 80, recebi
o convite para integrar a banda para promovermos o álbum que estava para ser
lançado (exclusivamente com material dos anos 80 e início de 90 que nunca havia
sido propriamente lançado). Mais uma vez, me vi na condição de “tripulante”, e
as diferenças de objetivo começaram a aparecer quando a banda decidiu iniciar
as composições para um álbum seguinte. Como “tripulante”, minhas composições
não estavam sendo aproveitadas porque havia na banda um desejo de seguir uma
linha, digamos, mais moderna de metal. Isso nunca me interessou, e é fácil
perceber isso: as músicas “Kill Them Dead”, “Deception in Disguise” e “Antagonistic
Hostility” foram compostas para o NECROMANCER e acabaram entrando no disco do VORGOK,
todas numa pegada muito Old School, que é o meu interesse. Para não ter dúvidas
disso, veja que a música “Hell’s Portrait” foi originalmente composta para o ANSCHLUSS,
lá por volta de 87, quando eu tinha 15 anos! Com exceção de um riff aqui, um
arranjo lá, das letras e do título (porra, não dá pra gravar, hoje, a letra
feita por um moleque de 15 anos! hahahahaha) a música é a mesma. Fico muito
feliz de ter gravado essa música, e a considero uma das mais elaboradas do CD.
Por tudo isso, continuar com uma das bandas que você mencionou não era sequer
uma opção, e senti que, desta vez, precisava de uma banda em que pudesse
expressar o tipo de Thrash Metal de que sou fã, com espaço para as minhas
composições e visão artística. Dessa necessidade surgiu a idéia de formar o
VORGOK. De outro lado, eu tinha uma “banda” de covers com o João Wilson (baixo)
só pra diversão. Aquele negócio de ir pro estúdio com os amigos pra tocar
músicas que todo mundo conhece sem compromisso nenhum, tomar umas cervejas e
tal. O baterista dessa “banda” se mudou pra Curitiba e aí convidei o João pra
montar uma banda autoral de Thrash e ele, que é o maior pilhado e adora esse
estilo de Thrash porradão, topou na hora. Assim começou o VORGOK. Atualmente, a
banda conta também com Bruno Tavares (guitarra; DEMOLISHMENT, FÓRCEPS) e, na
bateria, com nosso irmão Jean Falcão (ABSOLEM, DARK TOWER) como session drummer, que está dando essa
moral pra gente mesmo não sendo um membro efetivo.
BD: Sei que a pergunta deve estar enchendo sua paciência de
tantas vezes que já respondeu (risos), mas como teve a idéia para o nome
VORGOK, e o que ele significa?
EL: O
nome “VORGOK” surgiu da necessidade de uma palavra que fosse curta, soasse
forte e traduzisse a seguinte ideia: a coleção de todos os males passados,
presentes e futuros praticados e a serem praticados pela humanidade. Tendo em
vista a inexistência de uma palavra que designasse esse coletivo, fui fazendo
experiências, tipo juntando sílabas desconexas, até chegar em “VORGOK”. Esse
significado apresenta a temática lírica da banda.
Vorgok (da esquerda para direita): Edu Lopes, João Wilson, Bruno Tavares, Jean Falcão. |
BD: Essa é simples: como o VORGOK possui uma identidade
baseada no Thrash Metal e suas letras são bem feitas, quais seriam os temas
abordados? Há uma linha de raciocínio única por trás delas? Ou cada uma é
tratada separadamente, para depois serem juntadas em um mesmo contexto?
EL: Em “Assorted Evils”, os temas abordados foram intolerância
religiosa (“Kill Them Dead”), manipulação (“Deception in Disguise”), opressão (“Antagonistic
Hostility”), extermínio das espécies (“Last Nail in our Coffin”), direitos dos
povos do terceiro mundo à alimentação (“Hunger”), à educação (“Headless Children”),
ao refúgio (“Mass Funeral at Sea”), escravidão no século XXI (“Man Wolf to Man”)
e o ressurgimento de doutrinas nacionalistas xenofóbicas como o nazismo (“Hell’s
Portrait”). A maior parte das letras teve por base pesquisas de relatórios de
organismos da ONU como FAO, ACNUR, UNICEF e artigos doutrinários veiculados em
variadas publicações. Não tenho a ilusão infanto-juvenil de que uma banda
underground de Thrash Metal seja capaz de aplacar diretamente males históricos
de tamanha envergadura, mas acredito que é possível dar uma colaboração quanto
à conscientização das pessoas para sua existência e, assim, por via indireta,
fomentar a tomada de atitudes que, elas sim, possam se opor paulatinamente à
tais atrocidades com ações práticas tomadas no dia a dia.
BD: Edu, o VORGOK tem um jeito Old School de ser, óbvio,
então, a pergunta é: quais seriam as maiores influências musicais do grupo? E
as suas, individualmente falando?
EL: Eu citaria SLAYER antigo (isto é evidente e inevitável: em breve farei 45 anos e
conheço o SLAYER desde antes do lançamento do “Hell Awaits”. O troço está
entranhado em mim! rsrsrsrsrs), DARK ANGEL, SACRIFICE, DORSAL ATLÂNTICA,
SEPULTURA e KREATOR antigos, algum EXODUS e algum Death Metal Old School no
estilo da Flórida. Nossa preocupação com que algumas pessoas nos vejam como
clones é zero: perceba que quanto às bandas que citei, algumas estão inativas e
outras mudaram consideravelmente sua sonoridade. Pessoalmente - e me considero
um grande “garimpeiro” de bandas underground - fico muito satisfeito quando
encontro uma banda cujas referências consigo relacionar a essa abordagem mais
tradicional, brutal e crua do Thrash que as grandes bandas antigas ainda em
atividade deixaram para trás. Para mim, o importante mesmo é conseguir me conectar
com o som de uma banda, vindo essa mítica “originalidade pura” em segundo
plano. Individualmente falando, citaria Kerry King, Jeff Hanneman, Mille
Petrozza e, por causa do domínio no uso criativo da alavanca, Gary Holt. Mas
meu objetivo nunca foi ser um fritador virtuoso. Meus solos não esbanjam
técnica, e estão lá somente quando acho que é possível agregar alguma coisa à
composição. Acredito cegamente em que “o ódio está no riff” e compor é o que
mais gosto de fazer e o mais importante para uma banda. Essa certeza s tornou
inabalável pra mim depois que assisti a uma entrevista do Gary Holt, que, além
de tecnicamente sensacional, é um “riffmaker” de mão cheia, em que ele disse “Fuck
the solos, man. I’ve got a lot of riffs” rsrsrsrsrsrs.
BD: Mas mesmo com essa carga Old School, o som do VORGOK em
momento algum soa datado. Quando ouvi as primeiras faixas, a agressividade,
peso e brutalidade saltaram os olhos. Poderia nos explicar essa concepção
sonora diferente, mas que mantem a convicção Old School?
EL: Concordo com a sua afirmação, mas essa é uma pergunta
muito difícil de responder. Poderia respondê-la com o chavão de que, em que
pesem as influências, procuramos dar nossa identidade às músicas, mas não sei
se seria uma resposta completa. Acredito que o trabalho do nosso produtor, Celo
Oliveira, esteja diretamente associado a esse resultado. Ele é um profissional
altamente competente, jovem, porém muito experiente, com a cabeça muito aberta
e antenado. Creio que o trabalho desenvolvido na timbragem e na mixagem,
sobretudo pelo espaço que encontramos para o baixo aparecer, sejam elementos
importantes para o material não soar datado, tudo proporcionando um equilíbrio entre o antigo e
o moderno, isto é, uma sonoridade claramente compreensível e equilibrada, mas
que não fosse límpida como os padrões atuais, que muitas vezes te fazem sentir
falta do elemento humano.
BD: É hora de falar do CD em si. Como disse acima, a
gravação soa moderna, bem feita e bem cuidada, dando ênfase ao peso e à
agressividade das músicas. Logo, como foi trabalhar com o Celo Oliveira
(produtor do CD)? Teve muito quebra-pau (risos)?
EL: Trabalhar com o Celo foi a melhor coisa que poderia ter
acontecido para a banda. Além das qualidades que citei, ele compreendeu
rapidamente a proposta do som e manteve-se fiel a ela, não veio com “invencionices”
pra fazer algo “modernoso”. Simplesmente usou seu talento e conhecimento para
que, dentro da nossa proposta, o melhor resultado fosse alcançado. Por tudo
isso, o processo todo de produção foi muito suave e ficamos todos extremamente
satisfeitos e felizes com o resultado final.
Capa de “Assorted Evils”. |
BD: A capa trás uma arte estilizada dos Budas de Bamiyan,
destruídos pelo Taliban em 2001. Como foi que esta idéia veio à mente? Ela
parece ter uma ligação com a letra de “Kill Them Dead”, que trata da dualidade
fanatismo/intolerância, bem comum em nossos dias. No fundo, como você vê essa
questão? Sério: os atos de intolerância estão cada dia piores, e não somente
vindo de fundamentalistas muçulmanos, mas de outras religiões também. Parece
que o mundo enlouqueceu de vez!
EL: A letra de “Kill Them Dead”, de fato, trata da dualidade
fanatismo/intolerância, e teve por base um famoso artigo do grande Norberto
Bobbio chamado “As Razões da Tolerância”. Achei que a destruição dos Budas de
Bamiyan seria uma boa representação desse tema. Por tal razão, a arte da
contracapa é praticamente idêntica à arte da capa, porém o Buda não aparece
nela, pois, afinal, havia sido destruído. (existiam dois Budas e ambos foram
destruídos, mas utilizamos a imagem apenas do maior). No lyric video dessa
música foi feita uma animação da destruição. Foi difícil escrever sobre um tema
tão complexo em apenas uma letra, como é difícil abordá-lo nesse curto espaço.
Primeiro, é preciso distinguir entre a intolerância que decorre do desejo de
monopólio da verdade, algo que não é exclusivo do fanatismo religioso, podendo
aparecer até no meio acadêmico, muitas vezes apenas aparentemente neutro e
puramente científico, e a intolerância com relação ao diferente, por exemplo,
minorias e grupos sociais mais frágeis, como homossexuais. A letra cuida do
primeiro significado de intolerância a que me referi e tão somente dentro do
campo religioso. A intolerância religiosa tem crescido não apenas no Oriente Médio,
mas em todo o planeta. Isso é alarmante, pois marca um(a) claro(a)
retrocesso/estagnação civilizatório(a) já que a primeira aspiração aos chamados
“direitos de liberdade” foi justamente a liberdade de crença religiosa, que
motivou a Revolução Anglicana, se não estou enganado, lá pelo século XVII,
antes mesmo da Revolução Francesa. Minha visão sobre o tema está bem exposta na
letra da música, mas, aqui, repetiria o trecho em que escrevi que “o Estado
Secular é o antídoto para o fanatismo”. Mesmo com todas as falhas que o Estado
moderno e sua concepção apresentam, isso é o melhor que temos. E convém
esclarecer que “Estado Secular” não é apenas aquele separado da religião, numa
acepção estritamente omissiva, mas aquele que tem também o dever de
assegurar a todos igualmente a liberdade de suas próprias crenças religiosas,
numa acepção comissiva, isto é, que
adote uma política pública de regulamentação por lei do gozo igualitário dessa
liberdade individual e pratique atos concretos contra qualquer um que a
afronte. Não é difícil ver que estamos a zilhões de anos-luz dessa realidade...
Desculpe pela longa resposta, pois não quero soar professoral.
BD: Voltando a falar de música: como tem sido a recepção de “Assorted
Evils” pelos fãs, imprensa, ou seja, o feedback? Está melhor, pior ou era
aquilo que já esperavam?
EL: De fato, estamos recebendo
um grande retorno num tempo muito curto, algo que até nos surpreendeu, em que
pese trabalharmos duro para divulgar nossa música. Não apenas aqui no Brasil,
mas já recebemos resenhas positivas, convites para entrevistas e inserções em
programações de rádios na França, Austrália, Lituânia, EUA, Holanda e em alguns
países da América do Sul. Por fim, embora a surpresa, nos sentimos confortáveis
com a boa repercussão, pois trabalhamos sempre com planejamento e, exatamente
por isso, estamos preparados para crescer e ganhar cada vez mais visibilidade,
creio.
BD: Vocês estão escalados para o No Class Festival, onde
tocarão com várias bandas nacionais, mais o ANGELCORPSE. E aí, como estão os
preparativos e a vontade de tocar nesse show?
Particularmente, já vejo como algo matador, histórico em termos de RJ.
EL: Os preparativos vão a todo vapor e a vontade de
participar desse evento é absurdamente gigantesca. Não é todo dia que se tem a
oportunidade de subir no mesmo palco que FORCEPS,
D.I.E, CAUTERIZATION, WOSLOM, REBAELLIUN, LACERATED AND CARBONIZED e ANGELCORPSE.
Outra motivação é que, tendo em vista que o festival está sendo produzido em
parceria pela No Class Agency e pela Cronos Entertainment, isso significa que
será um evento de excelente estrutura tanto para as bandas como para o público.
Retomando a pergunta anterior, nossa participação partiu de um convite da No
Class Agency, o que, para nós, já é por si só um puta elogio e um estímulo para
trabalhar cada vez mais forte. Também acredito que será um evento histórico, de
que os headbangers do RJ falarão durante anos e anos e anos.
BD: E outros shows, mais alguns em vista?
EL: Quem cuida do nosso booking é a Over Metal Agency, do
Phil Lima, parceiro que conta com nossa total confiança. Temos recebido algumas
propostas e acredito que antes do No Class Festival outras datas já serão
anunciadas, inclusive fora da cidade do Rio de Janeiro. Todos sabemos que as
condições para tocar ao vivo no underground, por uma série razões, são muito
duras. Tudo tem que ser muito bem planejado para que a experiência seja sempre
proveitosa para a banda e para o público. Para trabalhar assim, você tem que
aceitar que terá poucas datas, mas disso não abrimos mão. Por enquanto, a única
data confirmada é o No Class Festival.
BD: Edu, você, assim como eu e alguns outros, somos daquela
geração que conheceu o início do cenário underground carioca, os shows no
Caverna II e Circo Voador, e bem como aquele sentimento da época, bem como
algumas coisas ruins, como o radicalismo. O que acha que poderíamos resgatar de
bom do passado, e quais as lições dele e do presente para termos um futuro
melhor no cenário?
EL: Essa pergunta retoma o tema da intolerância. É visível
que há atores da cena underground que se portam como se fossem os donos da
verdade sobre “o que é ser metal”, o que pode e o que não pode. Mais uma vez,
vejo isso com tristeza. Como disse antes, não que lá fora não exista
intolerância (e dentro do underground, pense nos exemplos do white power e do
NSBM), mas veja que os grandes eventos, realizados em nível profissional, são
multifacetados, misturando bandas e públicos de variadas vertentes. Isso é um
bom exemplo que deveríamos adotar sempre. Outro exemplo ruim do passado é a
mentalidade de que “underground tem que ser tosco”. Mil vezes não. Ser um ator
(banda, produtor, mídia, etc.) da cena underground não é desculpa para
amadorismo. O lado
positivo é que, mesmo assim, há inúmeras bandas excelentes nos mais variados estilos
de Metal e que levam sua arte à sério e que, junto com esses poucas casas,
produtores e público, conseguem manter a cena viva e pujante. Acredito que uma
nova época começa a se desenhar na cena carioca, com muitos dos envolvidos
adotando uma visão empreendedora e não se deixando seduzir cegamente pela
paixão que temos pelo Metal, o que pode levar, por falta de racionalidade e
excesso de emoção, à tomada de decisões equivocadas sobre os rumos a seguir.
Acredito firmemente que estão sendo plantadas sementes para um futuro muito
melhor. O próprio No Class Festival - Brutal Edition é uma prova disso.
BD: Sei que é consciente politicamente falando, então,
gostaria que desse uma análise profunda do que estamos vivendo atualmente no
Brasil: crise econômica, impeachment, estados e municípios falindo,
Lava-Jato... Tudo isso da forma que uma pessoa com conhecimento mais profundo
pode fazer.
EL: Agradeço pelo elogio, mas devo dizer que não sou um
sábio, um oráculo ou qualquer coisa dessas. Sou apenas curioso e leio muito.
Agora, é tanta merda acontecendo ao mesmo tempo no Brasil que é até maldade
pedir uma análise profunda em uma única pergunta rsrsrsrsrsrs. Porém, perceba
que todos os temas que você mencionou têm uma origem comum: a corrupção
endêmica, sistemática e histórica. Ao invés de uma análise, vou dizer o
seguinte: tem muita gente que se acha politizada, inclusive entre as bandas de
Metal, mas, na verdade, é meramente partidarizada. Gente que tem “bandido de
estimação” e adota raciocínios binários tipo esquerda X direita, socialismo X
capitalismo e por aí vai. Esses pares de categorias - que foram importados -
NUNCA serviram pra explicar satisfatoriamente as relações
sócio-político-econômicas no Brasil. Quem acredita nisso deveria procurar por
ovos de chocolate no quintal na Páscoa e colocar a meia na janela no Natal. O
que existe é uma elite dividida em facções - cada uma delas tem integrantes
divididos entre “virtuosos” partidos políticos e não menos “virtuosos” agentes
econômicos - que lutam sem nenhum escrúpulo pelo poder para enriquecer às
custas da riqueza produzida pela população. O fenômeno é complexo, pois a
formação dessas facções é como as nuvens, mudando de forma a todo instante, e
há agentes que são membros de mais de uma facção. Tem sido assim desde o
Império e continua a ser assim nesta republiqueta de merda. Infelizmente, a
verdade é que “o dinheiro faz o mundo girar”, mas na pior acepção possível. O
poder econômico decide quem exerce o poder político e desse consórcio resulta
quem será socialmente marginalizado e terá uma vida (?) desgraçada. A
Constituição de 1988, a tal “Constituição cidadã”, que teria supostamente
inaugurado uma “Nova República”, está exaurida e desmoralizada. A única solução
é a indignação popular chegar ao ponto de tomar as ruas para exigir a
convocação de uma Assembléia Constituinte, entre outras qualidades, cujos
membros não possam ser detentores de mandatos eletivos nem integrantes dos 1o
e 2o escalões da Administração Pública Federal, Estadual ou
Municipal. É imprescindível que a sociedade civil, mesmo com toda a sua
diversidade (olha o problema da intolerância aí novamente...), seja a
protagonista desse processo. Para isso, porém, é preciso esquecer esse papo
furado de coxinha X petralha: enquanto nos dividimos, ELES imperam. De certa
maneira, essa situação é o tema da letra para a música “Antagonistic Hostility”.
BD: Mais uma: o VORGOK trabalha com a Roadie Metal Press na
assessoria de imprensa. Quais suas impressões dessa parceria?
EL: Sim, nossa assessoria de imprensa está aos cuidados da
Roadie Metal Press, do Gleison Jr. Essa parceria tem rendido muitos bons
frutos, e certamente tem contribuído para a bom atenção que a banda tem
recebido do público e da crítica especializada.
BD: Quero agradecer demais pela oportunidade, Edu, e o
espaço é seu para sua mensagem final para nossos leitores.
EL: Gostaria
de agradecer ao espaço para a entrevista e convidar os leitores para subscrever
nosso canal no Youtube para receber notícias atualizadas da banda - não se
preocupem porque não vamos encher o saco de ninguém com babaquices irrelevantes
“pra estar em evidência”! Além disso, lá está disponível um videomenu em que é
possível ouvir o álbum todo e acompanhar as letras em tempo real de execução.
Também os convidados para nos seguir através do Instagram e do Facebook, onde é
possível adquirir o CD físico e merchan. Por fim, nosso CD está disponível em
todas as plataformas de streaming. Fiquem ligados porque 2017 promete! Thrash on!
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Veja os vídeos para "Hunger" e "Kill Them Dead":