2016
Tornhate
Records / Metal Hatred / Rock Animal / Pictures From Hell Distro / Impaled Records
/ Violent Records / Genocídio Records / Metal Rocl Studio Wear / Infernal Rites
Discos / Heavy Metal Rock
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Tracklist:
1. In All
the Places
2. Obscure
Ancient War
3. For
Profanation
4. Hunting
in the Darkness
5. Road of
Evil
6. Past I:
The End of Hope
7. Old
Memories of the Past
8. Past II:
The Consequence
9. Devil
Eyes
10. Raise
the Dead
Banda:
Vox Morbidus - Vocais, guitarras, baixo, bateria, teclados
Contatos:
Sangue Frio Produções (Assessoria de Imprensa)
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
Cada vez mais, um “assemble” de parcerias parece ser a via
para bandas de Metal, de qualquer vertente que seja, conseguirem lançar seus
discos. E muitas vezes, tem discos que pensamos “por que diabos algum selo não
se interessou por este CD?”, de tão bom é o resultado que nos chega aos
ouvidos. E o MORTUO, uma one man band de Curitiba (PR) nos chega com seu
devastador “Old Memories of the Past”.
O trabalho de Vox Morbidus é focado no Black Metal da
segunda geração, a famosa SWOBM (Second Wave of Black Metal, sigla criada por
este autor), ou seja, a leva vinda de Noruega, Grécia e Suécia, com expoentes
como MAYHEM, BURZUM, DARKTHRONE, SATYRICON, EMPEROR, ROTTING CHRIST e tantos
outros que já conhecemos. E aqui, não é diferente, já que a música é
atmosférica, soturna, mórbida, mas ainda assim violenta e agressiva. O
diferencial está justamente na personalidade com que as músicas foram criadas,
pois Vox Morbidus faz sua música conforme deseja, não conforme regras
pré-existentes. E por isso, “Old Memories of the Past” soa, ao mesmo tempo,
diferente e saudosista da época em que o Black Metal era algo que desafiava o
ouvinte.
Todo o trabalho de produção, mixagem e masterização, bem
como a parte gráfica do disco, são do próprio Vox Morbidus. Em termos de
gravação, temos aquela junção perfeita de timbres crus, gravação agressiva e
ríspida (mas com bom nível de clareza, para que possamos compreender o que é
tocado), e peso. Sim, ele acertou em cheio, apostando em algo um pouco mais
simples do que atualmente se faz, ganhando aquele som mórbido e orgânico da
SWOBM.
E a arte gráfica, focada em tons de preto, branco e cinza,
com alguns detalhes em vermelho, ficou excelente, dando aquele clima soturno
essencial ao estilo. E isso em uma forma bem simples, sem exageros. E a
diagramação, também bem simples está ótima.
Vocais em timbres rasgados extremos, baixo e bateria com bom
trabalho e peso cavalar, riffs cortantes e alguns solos, teclados perfeitos.
Esses elementos, que cada vez ficam mais raros de serem encontrados hoje em
dia, formam uma música intensa, cheia de vida, e com personalidade. E a
dinâmica dos arranjos é perfeita.
Aconselho o leitor a não deixar de ouvir uma faixa que seja,
pois todas são jóias preciosas. Mas a violenta e climática “Obscure Ancient War”
com seu andamento variado e belos arranjos de teclados, a soturna e crua “Hunting
in the Darkness” e seus belos riffs de guitarra (foram um trabalho ótimo de
vocais e um alinhavo melódico dado pelos teclados), a opressiva e cadenciada “Road
of Evil” (que até possui alguns momentos mais velozes, mas sem quebrar o clima
denso e introspectivo, além de um trabalho muito bom de baixo e bateria), a
também lenta e azeda “Past I: The End of Hope” com alguns momentos mais
trabalhados, e a amargura da SWOBM expressada em “Old Memories of the Past” com
partes lentas se alternando com outras mais rápidas. Mas calma que ainda temos
duas pérolas: a versão para “Devil Eyes” do EVILUSIONS (primeiro nome do grupo,
quando ainda era apenas feito com partes de teclados e cordas limpas, mas aqui,
em uma versão trabalhada e cheia de melodias sinistras), e a destruição em
massa de “Raise the Dead”, canção clássica do BATHORY, com uma roupagem
própria, guitarras cortantes e mesmo teclados aumentando o clima sinistro da
versão original.
Isso é Black Metal de verdade!
Palmas para o MORTUO, e que o projeto não fique apenas nesse
lançamento.