2016
Independente
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Músicas:
1. Desrespeitável Público
2. Abençoados por Deus
3. Diálogo
4. Fé Cega
5. Guerra
6. Marcas do Abandono
7. Lavagem Cerebral
8. Cartas de Um Suicida
9. Cólera Nação
10. Rede Social
11. Análise do Caos
12. Reflexão
Banda:
Duzinho - Vocal, guitarras
Leandro Viola - Guitarras
Chapolim - Guitarras, vocais
Vick - Baixo
Pedro - Bateria
Contatos:
Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Enquanto isso, em Mococa...
Existem discos que são surpreendentes, mostrando o quanto a cena do Rock feito no Brasil sabe ser diversificada. E entre as bandas que estão lançando trabalhos e buscando seu lugar ao sol, temos o quinteto MELANIE KLAIN, que soltou no dia 16 de julho deste ano (o dia do Rock) seu primeiro álbum, "Melanie Klein".
O quinteto faz uma sonoridade híbrida: buscando algo mais moderno e forte, o grupo aglutina influências de Rock'n'Roll, Metal, Hardcore e toques de modernidade são alguns dos elementos que o caldeirão de influências da banda cozinha, e nos concede em termos de som algo personalizado, fugindo do ponto comum. É moderno, ganchudo e cheio de energia. E sim, o trabalho deles difere bastante de tudo que estamos acostumados a ouvir, nos desafiando a cada momento da audição.
Produzido pelo próprio grupo e Fábio Dias, e com tudo gravado no SeteStudio em Guaxupé (MG), a sonoridade que a banda recebeu é suja como o Rock'n'Roll precisa ser, mas seca e com boa clareza instrumental, nos permitindo compreender o que a banda está tocando. Poderia ser melhor, mas por outro lado, soa espontânea e orgânica, longe da perfeição que muitos buscam.
Em termos de arte gráfica, o grupo realmente tem uma apresentação visual ótima, com uma capa interessante e ilustrações nas letras que realmente é bem diferente do usual, usando recortes de jornal, folhas de caderno, e o layout ficou muito bom. Belo trabalho de Carol Melo (ilustrações) e Paulo Júnior (direção de arte e design).
Indo do Rock rasgado até ao Hardcore, do sujo e intenso ao melancólico melodioso, o MELANIE KLAIN mostra-se uma banda de mil facetas, sempre surpreendente, e sempre de primeira. É uma mistura coerente e homogênea, bem arranjada e espontânea, e com letras que realmente são de primeira, com muita revolta contra o sistema (reparem na introdução "Desrespeitável Público", e terão uma idéia do que eu digo).
Melhores momentos:
"Abençoados por Deus" - Mezzo Hardcore, mezzo Rapcore em alguns momentos, esta canção tem peso, mais ao mesmo tempo, uma dose muito interessante de acessibilidade musical. O trabalho dos vocais são ótimos, com boas mudanças de timbres, além de backing vocals de primeira.
"Diálogo" - Esta aqui é outra cheia de mudanças de ritmo, e mesmo de enfoque musical. Ela mistura o Rock sujo e despojado com momentos cheios de teclados melancólicos e fúnebres. Sim, eles fazem isso de forma coerente, e o trabalho das guitarras é muito bom, diga-se de passagem.
"Fé Cega" - Uma música mais pesada, andamento um pouco mais cadenciado, cheia de momentos mais introspectivos densos (onde os vocais narrativos encaixam como uma luva), e uma dinâmica muito agressiva. Tudo para que as letras críticas encaixem de maneira perfeita.
"Guerra" - Outra com pegada mais pesada, mas com muitas mudanças de ritmo (algumas rápidas, outras mais cadenciadas, e mesmo momentos mais limpos e suaves), mas sempre mantendo o interesse do ouvinte. Fica clara a forte influência de Rapcore, mas de uma forma ainda mais densa e explosiva que os grandes nomes do estilo costumam usar.
"Marcas do Abandono" - O começo é acústico, usando bem de violões melodiosos e vocais macios, mais logo surge uma pegada mais soturna e dura, cheia de uma melancolia forte, vinda não só do instrumental, mas das letras (falar de crianças abandonadas realmente é algo sofrido). E que trabalho ótimo de baixo e bateria.
"Cólera Nação" - Um início bem ameno e tranqüilo, para logo surgirem partes mais funkeadas (onde o baixo se destaca bastante, com seu groove intenso), e então, um ataque de guitarras distorcidas se faz presente. Óbvio que baixo e bateria se destacam mais uma vez, mas sem que as guitarras fiquem muito distantes.
"Análise do Caos" - Mais uma em que a diversidade de influências bem diferentes torna tudo muito interessante. Óbvio que muito groove funkeado está presente (reparem na entonação dos vocais, bem como sua dicção), mas reparem que muito de HC se faz presente, e mesmo momentos de bateria extrema no 1 X 1.
Uma banda com muito ecleticismo, e que soube construir seu trabalho musical sem se importar com regras e limites. E assim, o MELANIE KLAIN crava com unhas e dentes sua presença no cenário, como uma das melhores revelações do ano.